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DIREITO DE FAMÍLIA

- PONTO 02 -

DAS FORMALIDADES DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

Prof. Marcos Ganem

I - GENERALIDADES

O Estado pode a pode assumir duas atitudes diferentes em relação ao


casamento:

1. Atitude preventiva: verifica o cumprimento das obrigações legais


através da análise de documentos.
2. Atitude repressiva: após verificar que o casamento foi realizado
irregularmente, será declarado nulo pelo Estado.

II - PRESSUPOSTOS DO CASAMENTO

❖ Consentimento dos nubentes


❖ Celebrado por autoridade competente
❖ Idade núbil
❖ Inexistência de impedimentos matrimoniais

III - PROCESSO DE HABILITAÇÃO DO CASAMENTO

É o processo pelo qual os nubentes devem demonstrar sua capacidade


especial para o casamento.
O casamento é um ato eminentemente formal, uma vez que deve ater-se
às prescrições formais de ordem pública.

Finalidade: Impedir que o casamento se realize sem a observância de


formalidades legais, de algum impedimento que a lei consigna. Revela a
atitude preventiva do Estado no propósito de evitar casamentos vedados
por lei.

A atitude preventiva do Estado se revela através da publicidade dos atos.

1º - Documentação

Artigo 1525 do Código Civil

I - Proíbe o casamento de pessoas sujeitas ao pátrio poder tutela ou


curatela, enquanto não autorizadas pelo pai tutor ou curador.

2 - Autorização dos pais até 18 anos

• Se os pais recusarem a dar autorização. A lei permite que os nubentes


vão à juízo e peçam suprimento da autorização, quando houver
recusa injusta. Nesse caso, busca-se evitar o despotismo dos Pais

3 - Pessoas que conheciam os nubentes e assevera em desistência dos


impedimentos

4 - Memorial, caso os noivos residam em circunscrições diferentes de


Registro Civil diferentes.

5 - Evitar o matrimônio de pessoas já casadas.


2º - Proclamas

É o edital publicado com fim de levar ao conhecimento público o intento


dos nubentes. Esse edital será publicado durante 15 dias.

Está previsto no artigo 1527 do Código Civil

Caso haja impugnação pelo Ministério Público ou algum


interessado encaminhasse o fato para o juiz de direito decidir.

3º - Certidão de Habilitação

Publicados os editais e nada havendo ou resolvidas as questões, entrega-se


aos noivos uma declaração de casamento, que se chama certidão de
habilitação, válida por 3 meses. Esse prazo é decadencial. Se os noivos não
casarem, nesse prazo legal, terão que renovar todo o procedimento.

Pode haver a dispensa dos proclamas, como por exemplo, em casos de


urgência, em casos de moléstia grave, viagem inadiável, situações em que
o juiz deve apreciar cada caso em concreto, já que a lei não faz a previsão
de quais são essas hipóteses.

Vale salientar que mesmo no caso de dispensa dos proclamas, o casal deve
apresentar a documentação do artigo 1525.

4º - Exame pré-nupcial

A igreja não vê com bons olhos essa ideia, pois não admite que se trate o
ato matrimonial com operação, estritamente fisiológica. Para a igreja o ato
matrimonial não é um mero meio de satisfazer os instintos. O direito do
indivíduo de procurar a felicidade no casamento e na vida familiar. Constitui
um de seus direitos fundamentais. Vedá-lo a pessoa sem condições
eugênicas seria puni-la sem ter cometido falta alguma.

Não obstante a este posicionamento da igreja o direito pátrio vigente exige


o exame pré-nupcial para casamento entre parentes colaterais de terceiro,
vale dizer, casamento entre tio e sobrinho. Tal como prevê o Decreto-lei n.
3.200 de 1941.

Nesse caso, o juiz nomeará dois médicos isentos de suspeição para


examinar o casal e atestar a sanidade, afirmando não haver inconveniente
para eles e para a prole.

* Se não houver o exame para oficial o casamento será nulo.

IV- DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

1 - Solenidade

A solenidade celebra-se na sede do cartório ou, querendo as partes e


consentindo o juiz de paz, em edifício particular.

No caso de casa particular, as portas devem estar abertas, pois a


publicidade apresenta garantia essencial e é de ordem pública.

Deve-se, portanto, permitir o livre acesso no local de qualquer pessoa


interessada em opor algum eventual impedimento, mesmo que a festa do
casamento esteja prevista para ocorrer no mesmo local. Exemplo: clube

Duas situações devem ser analisadas para celebrar o casamento fora da


sede do cartório:
1ª - Se houver motivo de força maior: o celebrante não tem escolha. Por
exemplo, no caso de moléstia grave.

2ª - se não houver força maior: o casamento somente será celebrado se o


celebrante anuir, consentir.

Testemunhas do casamento:

Uma particularidade importante para as testemunhas do casamento que


chamamos de “padrinhos” do casamento, é que as testemunhas podem ser
parentes do noivo, ou seja, em matéria de casamento há uma exceção à
regra geral do processo civil em relação as testemunhas. Podem ser
parentes dos noivos. Isso ocorre por quê os padrinhos são os maiores
interessados na segurança do ato e na regularidade do matrimônio.

2 - Número de testemunhas

❖ Casamento ordinário: 2 testemunhas


❖ Casamento celebrado em prédio particular ou se os noivos não sabem
escrever: 4 testemunhas
❖ No caso de moléstia grave: 2 testemunhas
❖ Iminente risco de vida: 6 testemunhas

3 - Consentimento dos noivos

Os cônjuges devem manifestar a vontade pessoal e verbalmente.


No momento da cerimônia, registre-se, o juiz não pode se contentar com o
mero silêncio. Os nubentes devem imprimir em viva voz claramente a sua
vontade. Se não houver manifestação de vontade o casamento é
inexistente. A resposta deve ser pura e simples, sem condições ou termo.

4 - Suspensão do casamento

Ocorrerá a suspensão da celebração do casamento nas seguintes hipóteses:

❖ Recusa à solene afirmação de sua vontade.


❖ Declarar que não é livre espontânea.
❖ Manifestar arrependimento

* Vale registrar que no caso de suspensão do casamento não será admitida


a retratação no mesmo dia.

5 - Assento

Depois de celebrado o casamento se lavrará assento no livro do registro do


cartório, que tem como finalidade a publicidade e meio de prova do
casamento.

6 - Casamento nuncupativo

Também chamado in extremis ou in articulo mortis.


É o casamento celebrado quando um dos contraentes se acha em iminente
perigo de vida, não havendo tempo para a celebração do matrimônio com
todo formalismo prescrito pela lei civil.

Podem ser dispensados:

1 - o processo de habilitação

2 - a expedição de proclamas

3 - a presença do juiz de paz

Nesse caso, a legislação prevê uma hipótese excepcional, propiciando um


remédio excepcional.

O casamento é celebrado perante seis testemunhas que com os nubentes


não tenham parentesco em linha reta ou na colateral até segundo grau. No
caso ordinário o interesse dos parentes, em geral, coincide com um dos
nubentes. No casamento nuncupativo o interesse pode ser oposto
(herança). Por isso, neste último há restrição em relação ao grau de
parentesco.

Procedimento do casamento nuncupativo:

Celebração - testemunhas vão ao juízo em 10 dias - emitem declaração -


assinam declaração mediante justificação avulsa - autua-se o pedido - o juiz
verifica a regularidade – profere a sentença.

Após transitada em julgado, a sentença será transcrita o cartório de registro

* O termo de declaração deverá constar que as testemunhas foram


convocadas por parte do enfermo e que este parecia em perigo de vida,
mas em seu juízo. E, ainda, que na presença delas declararam os
contraentes livre e espontaneamente receber-se por marido e mulher.

Se o enfermo convalescer pode haver a dispensa dessas formalidades, basta


ir ao cartório e retificar o casamento. Mas se já houver ocorrido a
transcrição no registro civil da sentença que julgou regular o casamento
nuncupativo não há necessidade de retificar o casamento. Que continua
absolutamente eficaz.

Se a testemunha não comparecer espontaneamente, qualquer interessado


poderá requerer sua intimação.

7 - Casamento por procuração

O sistema brasileiro admite o casamento por procuração, desde que essa


confira poderes especiais ao mandatário para receber em nome do
outorgante o outro contraente. Nesse caso, a procuração deve ser feita por
Escritura Pública.

O prazo de eficácia dessa procuração é de 90 dias.

8 - Casamento religioso com efeito civil

Pode ocorrer a habilitação matrimonial do casamento religioso no civil. Se


tal não ocorrer o casamento religioso equivale apenas a união estável.

Habilitação: pode ser prévia ou posterior.


a) Habilitação prévia: ocorre perante o oficial do registro civil observando-
se o disposto nos artigos 1525, 1526, 1527, 1531 e 1532 do Código
Civil. Nesse caso, o casal pede que lhe forneça a certidão para se
casarem perante ministro religioso. Terão o prazo de 90 dias para se
casar. Após, o ministro religioso ou qualquer interessado tem o prazo de
90 dias para requerer a inscrição no civil. Se porventura não houver o
registro nesse prazo, presume-se a desistência dos efeitos civis do
casamento
b) Habilitação posterior: requisitos: requerimento dos nubentes, prova do
casamento religioso, documentos do artigo 1525, processamento da
habilitação, emitir a certidão. Faz o registro. Nessa hipótese habilitação
poderá ocorrer a qualquer tempo.

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