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Estado de Democrático III

A invenção da política
A política foi inventada quando surgiu a figura do espaço público, por meio da invenção
do direito e da lei (isto é, a instituição dos tribunais) e da criação de instituições públicas
de deliberação e decisão (isto é, as assembleias e os senados).
o gregos e romanos não dispunham de modelos; assim, tiveram que inventar sua
própria maneira de lidar com os conflitos e divisões sociais.
o poder político foi separado de três autoridades, cujas figuras são: chefe de família, chefe
militar e chefe religioso.
o Essas figuras, nos impérios antigos, estavam unificadas numa chefia única, a do
rei.
Poder político

Chefe de família: autoridade do poder privado ou econômico


Chefe militar
Chefe religioso

Aristóteles e Maquiavel
Um ponto de aproximação entre eles ao tratarem da POLÍTICA: ambos partem da
divisão social
o Aristóteles: divisão entre ricos e pobres
o Maquiavel: divisão entre opressores e oprimidos
Justamente por haver separado o público e o privado, Aristóteles também distinguiu
entre virtudes privadas e virtudes públicas, isto é, pensou numa ética pública, na qual a
virtude central é a justiça.
Distinguiu a justiça partilhável e a distributiva

Aristóteles
Justiça distributiva

se refere ao que pode ser dividido nem distribuído, mas somente participado
Uma política é injusta, do ponto de vista distributivo, quando trata os desiguais de modo
igual e justa quando trata os desiguais de modo de desigual.
A função da justiça distributiva é produzir a igualdade por que, segundo Aristóteles, a
política deve levar à igualdade
Justiça participativa

se refere ao que não pode ser dividido, distribuído, partilhado


A justiça participativa se refere ao que só pode ser participado, ou seja, ao poder político,
que pertence a todos os cidadãos igualmente
Uma política é injusta, neste caso, no sentido exatamente inverso ao da justiça
distributiva, isto é, quando trata desigualmente os iguais, excluindo uma parte dos
cidadãos do exercício do poder
Justiça democrática

A prática democrática pertence a essa justiça participativa.


Por isso a distinção entre práxis e técnica é significativa: se a política for considerada uma
técnica, isto é, uma prática reservada a especialistas, excluindo os cidadãos, ela não será
politicamente ética, pois comete a injustiça quanto ao direito de igual participação no
poder.

Definição liberal de democracia


Regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais (= liberdade e competição)

liberdade = competição econômica + competição política


redução da lei à potência judiciária para limitar o poder político
identificação entre a ordem e a potência dos poderes executivo e judiciário para conter os
conflitos sociais
Embora compreendida como bem e valor, de fato se perfaz pela ideia de eficácia no
legislativo (políticos profissionais) e no executivo (elite de técnicos)
A democracia é, assim, reduzida a um regime político eficaz, baseado na ideia de cidadania
organizada m partidos políticos, e se manifesta no processo eleitoral de escolha dos
representantes, a rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas para os problemas
econômicos e sociais.

Crítica à ideia liberal de democracia


As eleições simbolizam o essencial da democracia, ou seja, que o poder não se identifica
com os ocupantes do governo, não lhes pertence, mas é sempre um lugar vazio.
É também característica da democracia que somente nela se torne claro o princípio
republicano da separação entre o público e o privado; somente na democracia os
governantes não podem identificar-se ao pod er, nemapro priar-s privadamente dele.
Quanto às ideias de situação e oposição, maioria e minoria: significam que a sociedade
não é uma comunidade una e indivisa voltada para o bem comum obtido por consenso,
mas, ao contrário, que está internamente dividida e que as divisões são legítimas e devem
expressar-se publicamente.
Cerne da democracia: a criação de direitos; está necessariamente aberta aos conflitos e às
disputas

Sociedade Democrática
Porque opera com o conflito e com a criação de direitos, a democracia não pode se
confinar a um setor específico da sociedade no qual a política se realizaria o Estado ,
mas determina a forma das relações sociais e de todas as instituições, ou seja, é o único
regime político que é também a forma social da existência coletiva.
Assim: como a democracia atua na sociedade e em suas instituições dando-lhes formas,
isso nos leva a concluir que democracia é a forma social da existência coletiva ->
sociedade democrática
Dizemos, então, que uma sociedade e não um simples regime de governo é democrática
quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da república, respeito à
vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo, que é condição do próprio
regime político, ou seja, quando institui direitos e que essa instituição é uma criação social, de tal
maneira que a atividade democrática social realiza-se como um poder social que determina,
dirige, controla e modifica a ação estatal e o poder dos governantes. (Marilena Chauí)

Dimensão criadora no Estado moderno


Essa dimensão criadora torna-se visível quando consideramos os três grandes direitos
que definiram a democracia desde sua origem, isto é, a igualdade, a liberdade e a
participação nas decisões.
o Igualdade: direitos e tratamento iguais
o Liberdade: ampliação do campo da liberdade no Estado moderno
o Participação no poder: participar das discussões e deliberações públicas, votando
ou revogando decisões.

Sociedade democrática: cria e amplia direitos


a democracia é a única sociedade e o único regime político que considera o conflito legítimo.
Assim, O conflito não é obstáculo; é a constituição mesma do processo democrático. --> a
democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às
transformações, ao novo e às regressões

O século XIX
A busca pelo bem-estar material passa a ocupar o lugar da ação política, e em vez de
indivíduos preocupados com assuntos políticos comunitários, os indivíduos se
apresentam mais egoístas, preocupados apenas com seus interesses particulares; nasce
uma sociedade de mercado;
O direito de voto, apesar de ser notável conquista operária do século, passa a ser um
simples ritual, deixando intacta a estrutura política e social, caso não venha acompanhada
de outras formas de intervenção política;
O Estado, que se apropriou de mecanismos decisórios, incorporando em sua estrutura o
destino da sociedade, passa a ficar à mercê de uma elite industrial, política e agrária.
A democracia, a decisão no público, que busca o bem estar em sintonia com os valores
da sociedade, pode acompanhar esse Estado, ou este incorporar um governo autoritário,
totalitário, deixando a democracia e suas raízes atenienses de lado.

O surgimento do Estado do Bem estar social


Surge no final do século XIX, desenvolvendo-se no século XX, e prevê a participação
ativa do Estado para a conquista do bem estar do indivíduo:
o O Estado Moderno não estava interessado no indivíduo e seu bem estar, mas
sim, em se tornar a arena política onde se toma decisões políticas;
o O Estado do Bem Estar, ao contrário, deve agir para buscar o bem estar do
indivíduo, e portanto, nasce para o Estado o dever de agir;
Na continuidade dos avanços anteriores, nos séculos XIX e XX, o direito de voto foi
estendido a todos os adultos reconhecidos como cidadãos, independentemente de sexo,
cor da pele, posição social, filiação ideológica ou crença religiosa; nesse período surgiram
também os sistemas partidários que consolidariam a competição eleitoral como centro da
disputa pelo poder;
Para contornar o que alguns chamaram de falácia eleitorialista, foi proposto o conceito
de qualidade da democracia com o objetivo de mensurar a efetividade de três dimensões
do processo democrático:
o os princípios (igualdade e liberdade);
o os procedimentos (império da lei, divisão de poderes, participação popular,
obrigação dos governantes prestarem contas de sua ação, etc.);
o e os resultados (extensão da cidadania, objetivo dos gastos públicos, diminuição
das desigualdades, etc.)

O Estado social no século XX


Surgimento dos direitos sociais na virada do século XX: direito à educação, saúde,
previdência, alimentação, trabalho, moradia, transporte, etc.
Direitos previstos inicialmente nas Constituições mexicana e de Weimar
O Estado do Bem-Estar Social: passa a ser construído efetivamente com o Beveridge
Report (Social Insurance and Allied Service) e
ciedade: miséria, ignorância, carência, ociosidade e doença.
Características:
o Intervencionismo estatal, e organização internacional de proteção aos direitos
humanos
O Estado social é abalado com duas situações: a crise do petróleo nos anos de 1980 e o
fim da URRS

Estado Democrático de Direito


Com a reconstitucionalização dos países Ibéricos após regimes ditatoriais, formula-se o
Estado Democrático de Direito

Pérez Luño: o Estado Democrático de Direito não se vincula a um modelo econômico,


embora tenha um compromisso efetivo com a maior inclusão dos cidadãos nos desígnios
políticos do Estado.

Sistemas constitucionais
O Brasil vive num sistema constitucional desde 1824, quando da promulgação da
primeira Constituição
A República nasce com a Constituição de 1891, sem se diferenciar muito o ambiente
republicano do ambiente imperial:
o Os interesses comerciais nas mãos dos grandes proprietários
o Coronelismo ou caciques políticos
Outras constituições: 1934; 1937; 1946; 1967/69; 1988

Democracia Direta
Uma DEMOCRACIA DIRETA é qualquer forma de organização na qual todos os
cidadãos podem participar diretamente no processo de tomada de decisões.
Presente nos dias de hoje através de cinco instrumentos de participação popular:
1. Referendo popular
2. Plebiscito
3. Iniciativa popular
4. Veto popular
5. Recall
Os três primeiros estão previstos no art. 14 da Constituição/88

Democracia representativa
Democracia representativa é o exercício do poder político pela população eleitora através
de seus representantes, eleitos com mandato para atuar em seu nome e por sua
autoridade, legitimados pela soberania popular.
Para Paulo Bonavides, a democracia representativa tem hoje por base:
o soberania popular
o sufrágio universal
o observância constitucional
o princípio da separação dos poderes
o igualdade de todos perante a lei
o manifesta adesão ao princípio da fraternidade social
o itação de prerrogativas
dos governantes
o Estado de Direito
o temporariedade dos mandatos eletivos
o direitos e possibilidades de representação, inclusive das minorias nacionais

Democracia semidireta ou participativa


Democracia semidireta ou participativa (sistema híbrido): envolve formas variadas de
participação do cidadão e busca-se maior representação política do que a democracia
representativa tradicional.
Uma democracia semidireta é um regime democrático em que existe a combinação de
representação política com formas de democracia direta.
Permitiria, segundo Bobbio, um equilíbrio operacional entre a representação política e a
soberania popular direta.
Os autores dão como exemplo a Suíça, que parece combinar instrumentos de participação direta
do povo com formas de representação política.

Representação Política hoje


Representação política, a cargo dos partidos políticos
o Sistema multipartidário
o Sistema bipartidário
o Sistema de partido único
Partidos de quadros
o Partidos que buscam reunir figuras notáveis, capazes de formarem opinião,
influenciando um grupo significativo de pessoas, ou de figuras mais abastadas,
dispostos a oferecerem contribuição financeira
Partidos de massas
o Buscam o maior número de pessoas indiscriminadamente, possibilitando que
indivíduos sem condições financeiras adequadas e suficientes aspirem à posições
de governo

Representação hoje
Representação profissional
Representação corporativa
Representação institucional
Representação de grupos minoritários

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