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13160-Texto Do Artigo-58368-1-10-20220923
13160-Texto Do Artigo-58368-1-10-20220923
http://dx.doi.org/10.21527/2179-1309.2022.119.13160
Autora correspondente: Instituto Federal da Bahia – Ifba. Rua Emídio dos Santos, S/N, Barbalho. Salvador/BA, Brasil. CEP 40301015. http://
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DO BACHARELADO À SALA DE AULA:
FORMAÇÃO DE DOCENTES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Mário Sérgio Machado Souza – Miria Alves Ramos de Alcantara
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente estudo é discutir a formação de docentes para a Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) da Rede Federal, com ênfase nos limites e perspectivas
socialmente construídos. O intuito de compreender a formação docente na EPT
origina-se da análise de evidências acerca do impacto deste fenômeno, em especial na
trajetória dos(as) professores(as) e estudantes de diversos cursos. Outro aspecto que
instiga tal discussão encontra-se no fato de não haver desenvolvimento suficiente de
estudos acerca da formação de professores para a EPT, embora importantes iniciativas
tenham sido produzidas nesse sentido.
Optou-se por discutir aspectos relevantes na compreensão dos vetores que
determinam a formação de professores para a EPT, a partir das definições de um
marco legal que ampara e normatiza esse processo. Além disso, discute-se questões
essenciais ao contexto macro da formação docente na EPT, como a necessidade de (re)
construção das ideias e práticas didático-pedagógicas e a avaliação acerca do lugar dos
saberes experienciais nos currículos dos cursos de formação. Tais elementos formam
um amálgama intrínseco à práxis docente da EPT.
Embora haja uma lacuna de pesquisas acerca da formação de professores(as)
para EPT no Brasil, não podemos ignorar que houve um crescimento no número de
trabalhos e contribuições de estudiosos sobre o tema, bem como algumas iniciativas
governamentais, a partir do 8º Simpósio da série educação superior em debate, que
reuniu em 2006 especialistas para tratar da formação de professores para a Educação
Profissional e Tecnológica. Naquele mesmo ano, o Conselho Nacional de Educação (CNE)
recomendou o planejamento e a oferta de cursos de Licenciatura destinados à formação
de professores para a EPT organizados em habilitações especializadas por componentes
curriculares, no caso do Ensino Médio Integrado, por campo de conhecimento ou campo
de atuação profissional, no caso da educação profissional.
Entre as produções sobre o tema destaca-se o trabalho de Lucília Machado sobre
os “Diferenciais inovadores na formação de professores para a Educação Profissional e
Tecnológica” (2008), e o trabalho de Dante Moura, intitulado “A formação de docentes
para a Educação Profissional e Tecnológica’’. (2008). Ressalta-se, ainda, trabalhos mais
recentes como o de Jair Maldaner, intitulado “A formação docente para a educação
profissional e tecnológica: breve caracterização do debate” (2017), além do artigo de
Isabel Carneiro e Maria Cavalcante, “A produção acadêmica da formação de professores
na educação profissional” (2018), no qual as autoras analisam a produção acadêmica
acerca da formação de professores para a EPT.
Apesar de haver significativa literatura sobre a formação e os saberes docentes
na Educação Básica, os aspectos relacionados à Educação Profissional e Tecnológica
permanecem pouco investigados, como constatam Alves e Brancher (2020). Na
perspectiva destes autores, além da baixa produção de estudos sobre este tema, o que
torna a formação docente para EPT e, em específico, a atuação maciça de docentes
bacharéis/tecnólogos um objeto que demanda estudos acadêmicos, os artigos
publicados são limitados a demandas específicas do cotidiano escolar.
Contexto & Educação
Editora Unijuí • ISSN 2179-1309 • Ano 37 • nº 119 • Set./Dez. 2022
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daqueles que foram excluídos, pois não é sequer assegurado um emprego estável por
intermédio da formação educacional.
No Brasil, tendo em vista principalmente o período da década de 2010, em que
o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu o índice de 7,5%, ocorreram intensos debates
sobre a qualificação dos trabalhadores para acompanhar o então processo de expansão
econômica. É nessa perspectiva que as discussões sobre a EPT, em todas as suas especifi-
cidades, assumem posição de destaque e disputa tanto nas instituições públicas quanto
privadas, tornando importante e necessária a expansão de sua oferta.
Enquanto evidência concreta da crescente preocupação com a Educação
Profissional nos últimos anos, destaca-se o estabelecimento do Plano de Expansão da
Rede Federal EPT, em 2005, o qual determinou a meta de instalar 214 novas unidades
até 2010. Entre 2011 e 2013 foram inauguradas 116 unidades e, até o fim de 2014,
estavam previstas mais 92, totalizando 562 unidades em funcionamento (BRASIL, 2014).
Em 2021 a Rede Federal era composta por 38 Institutos Federais, 2 Centros Federais de
Educação Tecnológica (Cefet), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 22
escolas técnicas vinculadas às Universidades Federais e o Colégio Pedro II. Considerando
os respectivos campi associados a estas instituições federais, tem-se ao todo 661
unidades distribuídas entre as 27 unidades federativas (BRASIL, 2021). Acrescenta-se
a essa expansão os convênios firmados com os Sistemas Nacionais de Aprendizagem,
entidades sem fins lucrativos, e instituições de ensino. Se considerarmos o período a
partir de 1909, quando foi fundada a primeira escola técnica federal até o momento
atual, sem dúvida o crescimento deste último período foi bastante significativo.
É em meio a esse contexto marcado por mudanças constantes no cenário
econômico e social que se situa um dos mais importantes desafios (se não o mais
importante) para a EPT no Brasil. Refere-se ao poder de (re)inserção social, laboral e
política de seus atores (MOURA, 2004), ou seja, diz respeito a uma formação integral de
um dos importantes sujeitos da EPT – os docentes – para que atuem com competência,
autonomia e eticidade. O autor entende que o eixo compreensivo acerca da EPT no
Brasil é marcadamente neoliberal, baseado em parâmetros externos de demanda e
produtividade a determinar um lugar para a tecnologia e para a formação de professores
para a EPT. Fortemente associado à racionalidade técnica e científica, dissocia grupos e
relações de trabalho, induz à fragmentação e à prevalência da lógica da produtividade,
lucratividade e qualidade total sobre as necessidades sociais e humanas.
Outro modelo, no entanto, norteia a EPT na constituição dos Institutos Federais,
e por conseguinte, na formação de professores, pautado em uma racionalidade ética
que se opõe ao viés tecnicista e pragmático de formação. Moura (2008) delineia as
características deste modelo originalmente estruturado na omnilateralidade, cidadania,
indissociabilidade entre ciência, tecnologia e sociedade. Traz, ainda, o trabalho como
princípio educativo e a pesquisa científica como princípio pedagógico. Apenas uma
formação profissional com viés humanista, integral ou politécnico teria o potencial de
proporcionar a formação de um educando integral, com suas lateralidades desenvolvidas
na politecnia.
Tendo em vista este sucinto histórico das políticas para formação de professores da
EPT e todo o cenário descrito anteriormente, discute-se desafios, possibilidades e conceitos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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