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Projeto

Enem na porta!

TEMA DE REDAÇÕES ENEM

Material produzido pelo Professor Vinícius de Oliveira

Campos dos Goytacazes - RJ


2022

ENEM DIGITAL 2021


INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 linhas.
3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões Digital terá o
número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

 A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa
sobre o tema “O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil”, apresentando proposta
de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Na década de 1970, o Brasil não era apenas um país pobre. A maior parte dos seus municípios era habitada
por elevada concentração de pobres, e a carência de serviços essenciais era generalizada. Nos últimos quarenta
anos, ocorreu sensível melhora nas condições de vida das cidades brasileiras. A renda per capita aumentou, a
concentração de pobres diminuiu e a cobertura de serviços de infraestrutura física, bem como a oferta de médicos e
os níveis de escolaridade melhoraram sensivelmente. Entretanto, a desigualdade de riqueza entre os municípios
brasileiros permaneceu rigorosamente estável, a desigualdade territorial da concentração da pobreza aumentou e
diminuíram as desigualdades no acesso a serviços básicos de energia elétrica, água e esgoto, coleta de lixo e níveis
de escolaridade.
A trajetória da melhora teve, contudo, marcada expressão regional. Nos últimos quarenta anos, ela se iniciou
nos municípios mais ricos, nos quais a universalização dos serviços antecede — em muito — a expansão da
cobertura aos demais. A melhora das coberturas nas Regiões Sul e Sudeste constitui o primeiro ciclo de expansão
para todas as políticas, ainda que com ritmos diferentes para cada política setorial. A melhora da cobertura para
Regiões Sul e Centro-Oeste constitui o segundo ciclo de expansão para todas as políticas. Por fim, as Regiões Norte e
Nordeste são a última área de expansão da oferta de serviços.

ARRETCHE, M. Trazendo o conceito de cidadania de volta: a propósito das desigualdades territoriais. In: ARRETCHE, M. (Org.). Trajetórias das
desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: Ed. Unesp/CEM, 2015 (adaptado).

TEXTO II
O IBGE divulgou dados sobre a renda em cada estado em
2019. A pesquisa mostrou uma disparidade grande entre
as diferentes unidades da federação. Distrito Federal, São
Paulo e Rio de Janeiro aparecem como os locais com maior
rendimento domiciliar per capita.

Além de mostrar as distâncias entre cada estado, os


números do IBGE revelam disparidades expressivas entre
as regiões brasileiras no ano de 2019. Em especial, fica
evidente o menor rendimento por pessoa em estados das
Regiões Norte e Nordeste.

Todos os estados das Regiões Norte e Nordeste tiveram


rendimentos per capita menores que os estados das
Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em 2019. Isso significa
que os 16 estados do Brasil com menor renda domiciliar
per capita foram os 16 estados pertencentes às Regiões
Norte e Nordeste. Da mesma forma, as 11 unidades com
maior rendimento em 2019 são as que compõem o Sul,
Sudeste e Centro-Oeste.

Disponível em: https://www.nexojornal.com.br. Acesso


em: 30 set. 2020 (adaptado).

TEXTO IV
Qual momento específico da ocupação do território
brasileiro acentuou de modo mais relevante as
desigualdades sociais?
Santos — A globalização. Ela representa mudanças brutais
de valores. Os processos de valorização e desvalorização
eram relativamente lentos. Agora há um processo de
mudança de valores que não permite que os atores da vida
social se reorganizem. Até a classe média, que parecia
incólume, está aí ferida de morte.
Em "O Brasil" o sr. diz que a globalização agrava as
diferenças regionais brasileiras. Até que ponto ela
também integra?
Santos — Ela unifica, não integra. Há uma vontade de
homogeneização muito forte. Unifica em benefício de um
pequeno número de atores. A integração é mais possível
do que era antes. As novas tecnologias são uma formidável
promessa. A globalização é uma promessa realizável e a
integração será realizada.
Entrevista de Milton Santos em 2001. Disponível em:
folha.uol.com.br. Acesso em: 18 jul. 2020.
TEXTO III

MODELO 1
Na obra distópica "A Rainha Vermelha" da escritora Victória Aveyard, é retratada
uma sociedade dividida pela cor do sangue - Vermelhos e Prateados -, na qual os
Prateados são detentores de riquezas e luxos, enquanto que os Vermelhos vivem da
pobreza e miséria. Paralelamente à ficção, na contemporaneidade brasileira é notável
as graves desigualdades entre as regiões do país. Nesse viés, cabe analisar os
desafios confrontados para reduzir a problemática: a concentração de renda e a
globalização.

Precipuamente, é imperativo ressaltar que a centralização de riquezas no Brasil


contribui para essa discrepância. Nesse sentido, na Ditadura Militar - período que vai
de 1964 a 1985 - houve o chamado Milagre Econômico, que promoveu o crescimento
econômico do país, no entanto, ficou exclusivo à elite e aos militares. Por essa razão,
a desigualdade social se fortaleceu no país, principalmente, em regiões como o
Nordeste e Norte, em que o subdesenvolvimento é explícito à medida que constata-se
uma maior precariedade na saúde e educação, se comparado às regiões mais
avançadas, a exemplo do Sul e do Sudeste. Dessarte, a concentração de bens em
locais economicamente avançados assegura a marginalização das demais regiões.

Ademais, é vital salientar o processo de globalização como propulsor da


controversa. Nesse contexto, o sistema de multinacionalização está relacionado com a
integração tecnológica e capitalista entre as diferentes localidades do planeta. Assim,
o capitalismo ficou concentrado nas mãos de uma minoria, o que propiciou uma
desigual forma de renda, já que, o instalamento de empresas transnacionais e
nacionais desestimula o empreendedorismo das periferias e regiões pobres do país, o
que culmina no desemprego crescente e o acentuamento da desigualdade. Logo, é
preciso que esse cenário seja revertido.

Infere-se, portanto, a necessidade de extinguir os obstáculos supracitados. Para


isso, é imprescindível que o Ministério da Economia - órgão responsável pela política
econômica nacional - fortaleça os programas de redistribuição de renda - em especial
o Bolsa Família -, por meio do aumento salarial, predispondo do rendimento de um
salário mínimo para as famílias mais carentes, bem como, deve equilibrar o sistema
tributário e suprimir a concentração de renda, com o fito de abdicar a desigualdade
social no Brasil. Somente assim, se consolidará um corpo social mais igualitário, no
qual o dilema presente em "A Rainha Vermelha" não seja uma realidade do Brasil.

MODELO 2
Modernismo atualizado

Na segunda década do século XX, um movimento cultural brasileiro ficou


marcado por buscar entender o Brasil como ele é, e não como, de forma reduzida e
superficial, vinha sendo tratado até então. O Modernismo, com destaque para a
segunda frase, deixou como legado obras artísticas diversas, da Bahia de Jorge
Amado ao Rio de Janeiro de Vinícius de Moraes. No entanto, apesar do evidente
holofote gerado pelo movimento, essa diversidade do país está longe de ser um fato
celebrado e valorizado por todos. Ela, na realidade, se configura em inúmeras
desigualdades, sendo a regional uma delas, dadas as proporções geográficas
continentais do nosso país.

Em primeiro lugar, pode-se evidenciar uma herança histórica cruel. Sabe-se que,
desde o seu descobrimento, o Brasil foi ocupado a partir do litoral, fazendo com que
essa parte do país fosse mais povoada e recebesse mais investimentos, além de ser
também a mais industrializada. E isso não mudou de lá para cá, apenas se
intensificou, como comprova uma pesquisa do IBGE que mostra que a renda per capta
do Sudeste, a região mais desenvolvida, é cerca de três vezes maior do que a do
Nordeste. Assim, reforça-se um abismo construído ao longo de séculos, e que não
parece ser do interesse das elites detentoras do puder mudar, relegando boa parte do
interior do nosso país a uma posição de coadjuvante sem muito destaque.

Além disso, é bastante evidente como a mídia possui um papel relevante nesse
reforço de desigualdades. Não é muito difícil notar que a grande maioria dos produtos
audiovisuais, como novelas e filmes, produzidos em nosso país têm como cenário as
grandes metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo. Quando a Bahia, por exemplo, é o
contexto da obra, é comum que ela seja retratada de forma estereotipada, com foco
apenas nas belezas naturais e em alguns traços identitários, como o sotaque, como se
isso fosse capaz de resumir o lugar em questão e sem levar em consideração pautas
sociais de extrema urgência e importância. Assim, em um país tão imenso e diverso,
constrói-se uma ideia reduzida do Brasil para os próprios brasileiros.

Portanto, fica claro que a desigualdade regional no Brasil se dá por fatores


bastante enraizados e já naturalizados em nossa sociedade. Por isso, são necessárias
ações conjuntas e intensas para dirimir o problema. Uma boa forma para tal seria o
Ministério da Educação, em parceria com entidades midiáticas, inserir nos currículos
escolares e em campanhas o destaque para a diversidade regional brasileira longe de
estereótipos e visões preconceituosas pré-definidas, a fim de diminuir preconceitos e
dar luz a questões relevantes. Isso poderia ser feito por meio do estudo e da
manifestação não só de questões sociais que merecem ênfase, mas também da
riqueza de cada área brasileira e do quanto cada uma é responsável por construir
quem somos. Assim, poderíamos, de fato, retornar aos ideais modernistas originais, e
valorizar a multiplicidade que só o Brasil tem.

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