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Taxonomia

O gato doméstico foi denominado Felis catus por Carolus Linnaeus na sua obra Systema


Naturae, de 1758.[17] Johann Christian Daniel von Schreber chamou o gato
selvagem de Felis silvestris, em 1775. De acordo com critérios filogenéticos, os gatos
caseiros são considerados uma das subespécies do gato selvagem. Não é incomum, aliás,
o cruzamento entre gatos domésticos e selvagens, formando espécimes híbridos.[18]
Pelas regras de prioridade do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, o nome da
espécie deveria ser Felis catus. No entanto, na prática, a maioria
dos biólogos utilizam Felis silvestris para as espécies selvagens e Felis catus somente
para as formas domesticadas. Na opinião n.º 2 027, publicada no Volume 60 (Parte I)
do Bulletin of Zoological Nomenclature (31 de março de 2003),[19] a Comissão Internacional
de Nomenclatura Zoológica confirmou a utilização de Felis silvestris para denominar o gato
selvagem e Felis silvestris catus para as subespécies domesticadas. Felis catus segue
sendo válido para a forma domesticada, se esta for considerada uma espécie separada. [20]

História e domesticação

Felis silvestris lybica, uma das mais antigas evidências da associação entre homens e gatos.

Os gatos, assim como todos os felinos, foram originados a partir da evolução do miacis,
um mamífero predador, que habitou a Terra no Período Paleoceno, há aproximadamente
55 milhões de anos, época em que surgiram os mais antigos mamíferos carnívoros. [21] O
primeiro felino identificado por meio de fósseis é o Dinictis, datado de 37 milhões de anos,
do qual derivou o proailurus, ancestral comum de todos os gatos, o qual viveu há
aproximadamente de 20 milhões de anos.[22]
Os gatos domésticos são membros da família Felidae, a qual apresentava o proilurus
como ancestral em comum há cerca de 10 ou 20 milhões de anos.[23] O gênero Felis, ao
qual pertencem os gatos, divergiu geneticamente dos Felidae há 6 ou 7 milhões de anos.
[24]
 Este gênero inclui diversas espécies de gatos selvagens, incluindo o Felis silvestris e
o Felis silvestris lybica, entre outros.[25] Pesquisas confirmam que os gatos têm
ancestralidade ligada a esses animais e provavelmente se desenvolveram em função
de seleções artificiais empreendidas por antigas sociedades humanas.[26][27][28]

Domesticação
Máscara da múmia de um gato do Antigo Egito.

Os gatos domésticos atuais são uma adaptação evolutiva dos gatos selvagens.


Cruzamentos entre diferentes espécimes os tornaram menores e menos agressivos
aos humanos.[29] Os gatos foram domesticados primeiramente no Oriente Médio nas
primeiras vilas agriculturais do Crescente Fértil.[30][31] Os sinais mais antigos de associação
entre homens e gatos datam de 9 500 anos atrás e foram encontrados na ilha de Chipre.[31]
Quando as populações humanas deixaram de ser nômades, a vida das pessoas passou a
depender substancialmente da agricultura. A produção e armazenamento de cereais,
porém, acabou por atrair roedores. Foi neste momento que os gatos vieram a fazer parte
do cotidiano do ser humano.[9] Por possuírem um forte instinto caçador, esses animais
espontaneamente passaram a viver nas cidades e exerciam uma importante função
na sociedade: eliminar os ratos e camundongos, que invadiam os silos de cereais e outros
lugares onde eram armazenados os alimentos.[30][31]

Mosaico de um gato matando um perdiz na Casa do Fauno, em Pompeia.

Registros encontrados no Egito Antigo, como gravuras, pinturas e estátuas de gatos,


indicam que a relação desse animal com os egípcios data de pelo menos 5 000 anos.
[32]
 Elementos encontradas em escavações indicam que, nessa época, os gatos eram
venerados e considerados animais sagrados.[33] Bastet (Bast ou Fastet), a deusa da
fertilidade e da felicidade, considerada benfeitora e protetora do homem, era representada
na forma de uma mulher com a cabeça de um gato e frequentemente figurava
acompanhada de vários outros gatos em seu entorno. [34][35]
Na verdade, o amor dos egípcios por esse animal era tão intenso que havia leis proibindo
que os gatos fossem "exportados".[36] Qualquer viajante que fosse encontrado traficando
um gato era punido com a pena de morte. Quem matasse um gato era punido da mesma
forma e, em caso de morte natural do animal, seus donos deveriam usar trajes de luto.[37]

Difusão mundial
Um Maneki Neko do Japão.

Não tardou para que alguns animais fossem clandestinamente transportados para outros
territórios,[38] fazendo com que a popularidade dos gatos aumentasse. Ao chegarem
à Pérsia antiga, também passaram a ser venerados. Ali havia a crença de que, quando
maltratados, corria-se o risco de estar maltratando um espírito amigo, criado
especialmente para fazer companhia ao homem durante sua passagem na Terra. Desse
modo, ao prejudicar um gato, o homem estaria atingindo a si próprio. [34]
Devido ao fato de serem exímios caçadores e auxiliarem no controle de pragas, por
muitos séculos os gatos tiveram uma posição privilegiada na Europa cristã. Porém, no
início da Idade Média, a situação mudou: gatos foram acusados de estarem associados a
maus espíritos e, por isso, muitas vezes foram queimados juntamente com as pessoas
acusadas de bruxaria.[39] Até hoje, ainda existe o preconceito de que as bruxas têm
um gato preto de estimação, sendo esse animal associado aos mais diversos tipos de
sortilégios; dependendo da região, porém, podem ser considerados animais que trazem
boa sorte. É muito comum ouvir histórias de sorte e azar associadas aos animais dessa
cor.[40]

Winston Churchill afaga o gato que era mascote do navio militar HMS Prince of Wales (53), agosto
de 1941.

Ao fim da Idade Média, a aceitação dos gatos nas residências teve um novo impulso.
[39]
 Com o passar do tempo, a visão mística e preconceituosa vinculada às crendices em
bruxaria perdeu lugar para o prazer advindo da domesticação desses pequenos animais.
[41]
 A capacidade de associar independência e sociabilidade fez com que os gatos
ganhassem o status de desejáveis animais de companhia e, ao mesmo tempo, passassem
a ser parte integrante dos grupos familiares.[41] Em diversos textos literários e acadêmicos
esse animal é descrito como portador de inúmeras virtudes, as quais os colocam em uma
posição privilegiada perante à sociedade humana. [41]
O fenômeno relacionado à aceitação dos felinos após o fim da idade média também se
estendeu às embarcações, nas quais passou a ser muito comum aos navegadores terem
gatos como mascotes. Conhecidos como gatos de navios, esses animais assumiam
também a função de controlar a população de roedores a bordo da embarcação.[39]
Com o passar do tempo, muitos gatos passaram a ser considerados animais de luxo,
ganhando uma boa posição do ponto de vista social, sendo até utilizados como
"acessórios" em eventos sociais pelas damas. Nessa época, o gato começou a passar por
melhoramentos genéticos para exibição em exposições, dando origem a criação de raças
puras, com pedigree. Uma das primeiras raças criadas para essa finalidade foi a persa,
que ficou conhecida após sua introdução no continente europeu, realizada pelo
viajante italiano Pietro Della Valle.[42] A primeira grande exposição de gatos aconteceu em
1871, na cidade de Londres, Reino Unido. A partir desse momento, o interesse em se
expor gatos desenvolvidos dentro de certos padrões propagou-se por toda a Europa.[18]

Características

Anatomia de um gato macho.

Os gatos geralmente pesam entre 2,5 e 7 kg; entretanto, exemplares de algumas raças,
como o Maine Coon, podem exceder os 12 kg. Já foram até mesmo registrados
exemplares com peso superior a 20 kg, aspecto que normalmente ocorre devido ao
excesso de alimentação.[43]
Em cativeiro, os gatos vivem tipicamente de 15 a 20 anos, porém o exemplar mais velho já
registrado viveu até a idade de 38 anos.[44][45] Os gatos domésticos têm a expectativa de
vida aumentada quando não saem pelas ruas, pois isso reduz o risco de ferimentos
ocasionados por brigas e acidentes. A castração também aumenta significativamente
a expectativa de vida desses animais, uma vez que reduz o interesse do animal por fugas
noturnas e também o risco de incidência de câncer de testículos e ovários.[46]
Gatos selvagens que vivem em ambientes urbanos têm expectativa de vida reduzida.
Gatos selvagens mantidos em colônias tendem a viver muito mais. O Fundo Britânico de
Ação para Gatos (British Cat Action Trust[47]) relatou a existência de uma gata de rua com
cerca de 19 anos de idade.[48]
Os gatos possuem trinta e dois músculos na orelha, o que lhes permite ter um tipo
de audição direcional, movendo cada orelha independentemente da outra. Assim, um gato
pode mover o corpo numa direção, enquanto move as orelhas para outro lado. [49] A maioria
dos gatos possui pavilhões auditivos orientados para cima. Diferentemente dos cães,
gatos com orelhas dobradiças são extremamente raros. Os Scottish Folds são uma das
exceções a essa regra, devido a uma série de mutações genéticas. Quando irritados ou
assustados, os gatos repuxam os músculos das orelhas, o que faz com que elas se
inclinem para trás.

Um crânio de um gato.
O método de conservação de energia dos gatos compreende dormir acima da média da
maioria dos animais, sobretudo à medida que envelhecem. A duração do período de sono
varia entre 12–16 horas, sendo de 13–14 horas o valor médio. Alguns espécimes, contudo,
podem chegar a dormir 20 horas num período de 24 horas. [46] A temperatura normal do
corpo desses animais varia entre 38 e 39 °C. O animal é considerado febril quando tem a
temperatura superior a 39,5 °C, e hipotérmico quando está abaixo de 37,5 °C.
Comparativamente, os seres humanos têm temperatura normal em torno de 37 °C. A
pulsação do coração desses pequenos mamíferos vai de 140 a 220 batidas por minuto e
depende muito do estado de excitação do animal. Em repouso, a média da frequência
cardíaca fica entre 150 e 180 bpm.[49]
Um adágio popular diz que os gatos caem sempre de pé. Durante a queda, o gato
consegue, por instinto, girar o corpo e prepará-lo para aterrar em pé graças ao sentido
agudo de equilíbrio e flexibilidade. Um gato precisa de aproximadamente 90 centímetros
para se virar. Mesmo os gatos sem cauda como grande parte dos indivíduos da
subespécie Gato manês da Ilha de Man têm esta habilidade, pois o gato usa
principalmente as patas traseiras e depende da conservação do momento angular para
endireitar o corpo.[50]
Assim como a maioria das espécies de mamíferos, os gatos são capazes de nadar. No
entanto, somente o fazem quando extremamente necessário, como em caso de
queda acidental na água.[51] Assim como os cães, os gatos são digitígrados: andam
diretamente sobre os dedos; os ossos das suas patas compõem a parte mais baixa da
porção visível das pernas. São capazes de passos precisos, colocando cada pata
directamente sobre a pegada deixada pela anterior, minimizando o ruído e os trilhos
visíveis.[49]

Alimentação

Um gato comendo um pardal-doméstico.

Em situações de caça, os gatos alimentam-se de insetos, pequenas aves e roedores. Os


gatos não-domesticados, abandonados e sem dono, ou gatos domesticados que se
alimentem livremente, consomem entre 8 a 16 refeições por dia. Apesar disso, os animais
adultos podem adaptar-se a apenas uma refeição por dia. [52] Os gatos não produzem a sua
própria taurina, que consiste em um ácido orgânico essencial para a vida dos mamíferos.
Como essa substância está presente no tecido muscular dos animais, o gato precisa se
alimentar de carne para sobreviver. Assim, os gatos apresentam dentição e aparelho
digestivo especializado para processamento de carne. O intestino diminuiu de extensão ao
longo da evolução para ficar apenas com os segmentos que melhor processam
as proteínas e gorduras de origem animal.[53]
Apesar da fisiologia do gato ser essencialmente orientada para o consumo de carne, é
comum que os gatos complementem a sua dieta carnívora com a ingestão de pequenas
quantidades de ervas, folhas, plantas domésticas ou outros elementos de origem vegetal.
Uma teoria sugere que este comportamento ajuda os gatos a regurgitar em caso de difícil
digestão; outra teoria aponta que ingerir pequenas doses de vegetais fornece fibras e
minerais diversos, não presentes em uma dieta exclusivamente carnívora. Neste contexto,
é necessária prudência aos donos dos gatos porque algumas plantas podem
ser venenosas para os animais.[54] As folhas de algumas espécies de lírios podem causar
dano nos rins, que pode mesmo ser fatal; também as plantas do género Philodendron são
venenosas para os gatos.[55] Outro exemplo é o do abacateiro, do qual algumas partes
são tóxicas, mas cujo fruto (exceto o caroço) é um ingrediente em várias marcas de
comida para gatos.[56]

A evolução tornou os gatos excelentes caçadores.

Os gatos são bastante seletivos em sua alimentação, o que pode ser decorrente, pelo
menos em parte, da mutação que causou à espécie a perda da capacidade de detectar o
sabor doce nos alimentos. Apesar de exigentes, precisam alimentar-se constantemente,
pois, de modo geral, não toleram mais de 36 horas de jejum sem que os seus rins sofram
algum risco de dano.[57]
O gato exibe alguma preferência pela planta designada por nepeta, popularmente
conhecida como erva-dos-gatos, ou catnip. Muitos gatos gostam de comer esta planta, que
tem efeitos diversos no seu comportamento, enquanto outros apenas rastejam sobre esse
vegetal e brincam com suas folhas e flores.[58] Os gatos também podem sofrer de distúrbios
alimentares diversos. Alguns contraem uma doença chamada pica,[59] que consiste em um
transtorno que os impele a mastigar objetos alheios a sua dieta, tais
como terra, plástico, papel, lã, carvão e outros materiais, o que pode ser perigoso para a
sua própria sobrevivência, dependendo da toxicidade desses materiais.[54]
O meio de alimentação mais recomendado para os gatos domésticos é o consumo livre,
ou seja, deve-se procurar deixar o alimento à vontade para o animal ao longo do dia. Essa
prática tem a vantagem de diminuir o pH da urina, evitando, desse modo, a formação
de cálculos renais. No entanto, alguns veterinários costumam recomendar que o dono
controle a quantidade de alimento ingerida, oferecendo ao gato porções limitadas, visando
evitar que o animal fique com sobrepeso.[60]

Comportamento

O gato doméstico costuma dormir durante a maior parte do dia para conservar sua energia.
Gatos demonstram boas capacidades de socialização entre si, inclusive com o auxílio humano.

O temperamento dos filhotes varia conforme a ninhada e a socialização. Os gatos de pelo


curto tendem a ser mais magros e fisicamente mais ativos, enquanto os gatos de pelo
comprido tendem a ser mais pesados e letárgicos. Entretanto, a maioria dos gatos partilha
um mesmo comportamento: são extremamente curiosos. Não é por acaso que existe um
dito popular que diz "A curiosidade matou o gato". Quando abandonados em áreas
remotas, distante da sociedade humana, filhotes de gatos podem converter-se ao meio de
vida selvagem, passando a caçar pequenos animais para sobreviver.[61] A expectativa de
vida de um gato de rua é de apenas três anos. Já um gato que seja cuidado por humanos
pode superar os 20 anos de idade.[62] O gato no estado selvagem é um animal muito social,
chegando a estabelecer colônias mais ou menos hierarquizadas, podendo formar colônias
como a dos leões. Possui um instinto natural de caça. Mesmo quando domesticados, os
machos tendem a marcar o seu território com urina. Os gatos possuem um cérebro
bastante evoluído, sendo capazes de sentir emoções. Podem sofrer diversos distúrbios
psicológicos, tais como estresse e depressão. Assim como um ser humano, quando
estressados, tendem a ter um comportamento neurótico.[46]
Esses animais costumam copular somente quando a fêmea entra no cio. Este pode
ocorrer várias vezes ao longo de um ano e dura aproximadamente uma semana. O macho
procura cercar a fêmea, que normalmente tenta resistir ao máximo à cópula. Se o macho é
hábil, ele conseguirá mordê-la na parte posterior do pescoço, imobilizando-a. Até
conseguir isso, é comum que os dois soltem miados altos, diferentes do miado usual.
A penetração é dolorosa. A cópula estimula o início do processo de ovulação das fêmeas:
elas têm sensores nervosos que, com a dor, ativam o processo. Desse modo,
poucos óvulos são perdidos.[49]
Sua velhice ocorre de forma abrupta, não sendo gradual como a humana. Dura
aproximadamente um ano e finda com a morte. É possível que o gato tenha doenças
típicas da idade avançada, como catarata e perda olfativa. Nesta fase, o animal
geralmente dorme durante todo o dia, mostrando extremo cansaço e fraqueza muscular. [63]
As fêmeas apresentam um temperamento variável: podem simular ignorar seu dono, dar
atenção a ele ou ronronar. O comportamento dos gatos depende de cada indivíduo, do
momento do dia e até mesmo das condições climáticas. Enquanto um felino pode ser
muito sociável, o outro pode ser completamente arisco. Alguns gatos ficam agitados e
adversos ao contato com humanos à noite. Ainda é possível observar que alguns desses
animais ficam agitados quando uma tempestade está por vir, outros adotam uma posição
defensiva, em que ficam deitados com as patas recolhidas, aguardando o início da chuva.
Em algumas ocasiões, um gato filhote pode apresentar variações de energia, ficando
algumas vezes mais calmo, outras mais agitado. Gatos adultos mantêm-se calmos por
mais tempo que gatos pequenos, por serem maiores e mais pesados. [18]
As papilas enganchadas na língua de um gato agem como uma escova de cabelo para ajudar a
limpar e desembaraçar os pelos.

Os gatos são animais muito higiênicos, sendo que passam muitas horas por dia cuidando
da limpeza de seus pelos. Para isso, utilizam a superfície áspera de suas línguas para
remover partículas de pó e sujeira. Devido ao modo que tratam da sua higiene, lambendo-
se e ingerindo muito pelos, os gatos eventualmente regurgitam esse material na forma de
pequenas bolas contendo suco gástrico e material piloso. Outro aspecto característico da
higiene desses felinos é o fato dele enterrar a sua urina e fezes, evitando assim que o
cheiro denuncie sua presença a uma possível presa ou predador. Com isso, quando o gato
é criado em locais sem a presença de solo exposto, há a necessidade de se manter uma
caixa com areia sanitária à sua disposição, sendo que instintivamente ele irá utilizá-la para
o descarte de seus resíduos fisiológicos. Alguns fabricantes disponibilizam areias
perfumadas para eliminar o cheiro forte que suas fezes poderiam deixar em um ambiente
fechado (casas e apartamentos).[64] No entanto, o que pode ser bom para humanos não é
para o animal. Absorvente sem perfume e natural é o mais recomendado.

Ciclo biológico

Uma gata amamentando seus filhotes

O gato apresenta vários ciclos reprodutivos ao longo do ano, que podem durar de 4 a 7
dias. Durante esse período, as gatas miam mais frequentemente e vários gatos podem
lutar por uma mesma fêmea no cio; o vencedor ganha o direito de copular. Ainda que a
fêmea, a princípio, rechace a relação sexual, ela acaba aceitando o macho. Depois da
cópula, a fêmea se limpa e pode ficar muito violenta até que termine todo o ato do
acasalamento, uma vez que o ciclo se repita. As gatas podem ter cada óvulo fecundado
por um macho diferente, tendo assim, na mesma ninhada, filhotes de pais diferentes. [54]
As gatas alcançam a maturidade sexual entre 4 a 10 meses de idade, e os gatos entre 5 a
7 meses após o nascimento. A gestação dura de 63 a 65 dias, aproximadamente e pode
gerar de um a oito filhotes.[54] Os recém-nascidos devem manter-se com a mãe por 60 dias,
já que então o gatinho já terá recebido os nutrientes necessários. Separá-los antes desse
período seria um erro, devido à possibilidade de que eles morram por falta de alimentação
adequada. Pode-se esterilizar os gatos, procedimento normalmente realizado em machos
antes que eles comecem a marcar território; isto deve evitar que eles perpetuem esse
comportamento ao longo de suas vidas.[49]

Características genéticas
Gata com heterocromia, anomalia genética na qual o indivíduo possui um olho de cada cor.

O gato apresenta 38 cromossomos e são conhecidas cerca de 200 patologias associadas,


muitas delas comuns aos seres humanos. O projeto "Genoma do Gato", do Laboratory of
Genomic Diversity, pretende descobrir seu genoma.[65]
Existe uma crença de que os gatos brancos de olhos azuis são surdos, a não ser que
tenham um olho de cada cor, característica conhecida por heterocromia, cujos portadores
são denominados gatos de olhos ímpar. Isto está certo em parte, já que há uma maior
probabilidade de gatos com essas características físicas serem também surdos, mas este
fato não é determinante.[18] O gene da surdez é próprio dos gatos brancos, chama-se alelo
w, e é o causador da coloração branca e da surdez nos gatos. Nem todos os gatos
brancos são surdos, só são os que apresentam o tal gene. O gene w faz com que o gato
seja branco, ainda que seus genes digam que ele é um gato escuro; este gene tem a
peculiaridade de "mascarar" o resto das colorações para fazê-los brancos. [49] Além disso,
estes gatos só tem os olhos azuis ou verdes. Outra característica genética é o fato de, em
alguns animais, os dentes caninos da mandíbula superior serem proeminentes,
semelhantemente ao observado nos fósseis do tigre-dentes-de-sabre.[18]

Pelagem

Um gato persa.

Em respeito às cores, os gatos podem ter uma única coloração, como os completamente
brancos ou pretos, que só tem pelos contrastantes soltos em algumas partes do corpo.
Também podem ter duas cores, como o branco e preto, branco e amarelo, pardo e branco,
ou cinza e branco. Podem possuir um padrão de cores tigrado em laranja, pardo e branco;
em tons cinza e alaranjados (gatos romanos), com o pelo de uma só cor em toda a sua
extensão ou de dois tipos de cores (as extremidades diferentes do resto do corpo).
Também podem ter um padrão de cor siamês com cores mais escuras na face, rabo, patas
e orelhas. Outro tipo de coloração é a tricolor, como, por exemplo, branco, laranja e preto.
As gatas costumam ter os pelos mais lustrosos e brilhantes do que os machos, em contra
partida elas costumam soltar mais pelos do que os gatos, principalmente nos períodos do
início do cio. Os gatos tricolores ou de até quatro cores são normalmente fêmeas; quando
são machos, são estéreis. Em contrapartida, os gatos romanos laranjas são em sua
maioria machos, porém é possível deparar-se com fêmeas. O tipo de pelo vai desde o
muito curto (como o Sphynx, cujo pelo é quase invisível), o encaracolado (no caso
do Devon rex), o pelo curto normal com uma cor somente ou com pontas de outras cor, o
pelo semi-longo, até o pelo mais longo procedentes das cruzas com o Bosque da Noruega,
persa ou qualquer outra raça de pelo longo. [66]
Bolsa primordial
A bolsa primordial é aquele pedaço de pele, pêlo e gordura que é uma camada protetora.
Ele é posicionado ao longo do comprimento da barriga de um gato. Essas bolsas são
perfeitamente normais e saudáveis e todos os gatos têm bolsas primordiais, mas variam
muito em tamanho; alguns são quase indetectáveis. É mais fácil ver uma pequena bolsa
quando ela balança para frente e para trás enquanto um gato corre. [67] As bolsas
primordiais não são exclusivas dos gatos domésticos. Grandes felinos, como leões e
tigres, os têm pelos mesmos motivos. Em gatos domésticos, a bolsa começa a se
desenvolver por volta dos 6 meses de idade em machos e fêmeas. [68]
Existem três teorias principais sobre o motivo pelo qual os gatos têm bolsas primordiais. A
primeira é que ele protege os órgãos internos em uma luta, adicionando uma camada extra
entre as garras ou dentes e o interior do felino. Uma segunda teoria é que a bolsa permite
que os gatos se movam mais rápido. Ele se estende conforme os felinos correm, dando-
lhes flexibilidade extra e a capacidade de ir mais longe a cada salto - qualidades que
podem ajudá-los a fugir de predadores ou capturar suas presas. Outra possibilidade é que
a bolsa seja um espaço extra para armazenar alimentos após uma grande refeição. Na
natureza, os gatos não comem duas refeições regulares por dia; eles comem quando
podem e podem armazenar gordura de uma grande caça em sua bolsa para o sustento
dias depois.[69]

Sentidos
Visão

Gatos têm a visão muito nítida.

Medir e classificar os sentidos dos animais pode ser difícil, principalmente por que não
existem meios explícitos de comunicação entre o objeto do teste e o examinador.
Entretanto, testes indicam que a visão aguçada dos gatos é largamente superior
no período noturno em comparação aos humanos, mas menos eficaz durante o dia. Os
olhos dos gatos possuem o tapetum lucidum, uma membrana posicionada dentro do globo
ocular que reestimula a retina ao refletir a luz na cavidade. Enquanto este artifício melhora
a visão noturna, parece reduzir a acuidade visual na presença de luz abundante. Quando
há muita luminosidade, a pupila em formato de fenda fecha-se o máximo possível, para
reduzir a quantidade de luz a atingir a retina, o que também resguarda a noção de
profundidade. Os gatos têm, em média, campo visual com abertura estimada em 210°, dos
quais 120° são binoculares, contra 180° dos humanos, com sobreposição binocular mais
estreita que a dos humanos.[70]
O campo de visão depende principalmente do posicionamento dos olhos estruturalmente
semelhantes aos humanos, mas também pode estar relacionada com a construção dos
olhos. Ao invés da fóvea, que dá aos humanos excelente visão central, os gatos têm uma
faixa central marcando a intersecção binocular. Aparentemente, os gatos conseguem
diferenciar cores, especialmente à curta distância, mas sem sutileza apreciável, em termos
humanos, já que estas não são interpretadas da mesma forma - a menos que o animal
seja devidamente treinado para desenvolver tal percepção. Os gatos também possuem
uma terceira membrana protetora dos olhos, a membrana de nictação, que é o ato de
fechar os olhos instintivamente na presença de luz intensa. [71] Essa membrana fecha
parcialmente quando o animal está doente. Se o gato mostra frequentemente essa
terceira pálpebra, é um indicativo de doença.[63] Os gatos não conseguem ver a menos de
20 cm de distância, daí levarem a boca à comida, confiando no olfato. [72] Seu ponto cego é
logo abaixo do nariz.[73]
Audição

O formato das orelhas dos gatos ajuda-os a identificarem com precisão a fonte dos sons.

Os seres humanos e os gatos têm limites similares de audição em baixa frequência, que
devem rondar os 20 Hz. Já na escala de alta frequência, os gatos têm ampla vantagem,
alcançando os 60 kHz, superando até mesmo os cães. Os gatos podem ouvir até
duas oitavas acima dos humanos (20 kHz) e meia oitava além dos cães. Quando detectam
um som, as orelhas do gato imediatamente voltam-se para o ruído. Os gatos podem
precisar com margem de erro de 7,5 cm a localização de uma fonte sonora a um metro de
distância. Trinta e dois músculos individuais na orelha os permitem ouvir direccionalmente.
Os gatos podem mover uma orelha independentemente da outra. Diferentemente dos
humanos, os gatos têm sua orelha coberta interna e externamente por pelos. Quando está
enojado ou atemorizado, o gato instintivamente abaixa as orelhas para trás da cabeça,
cobrindo seus canais auditivos. Juntamente com esta ação, arrepia seus pêlos, coloca
as garras para fora e emite um som ameaçador com a boca, deixando os dentes à mostra.
[74]

Tato
Os gatos geralmente apresentam uma dúzia de vibrissas, dispostas em quatro fileiras
sobre os lábios superiores, as vibrissas dessa região em particular são comumente
chamadas coletivamente de bigode, alguns nas bochechas, tufos sobre os olhos e no
queixo. Os Sphynx - gatos quase sem pelos - podem ter bigodes normais, curtos ou nem
sequer apresentá-los. Os bigodes auxiliam na navegação e tato. Podem detectar
pequenas variações nas correntes de ar, possibilitando ao gato descobrir obstruções sem
vê-las, facilitando o deslocamento na penumbra. As fileiras mais elevadas dos bigodes
movem-se independentemente das inferiores para medições ainda mais precisas.
Especula-se que os gatos podem preferir guiar-se pelos bigodes especializados que dilatar
as pupilas na totalidade, o que reduz a habilidade de focar objetos próximos. Esses pelos
também alcançam aproximadamente a mesma largura do corpo do bicho, permitindo-o
julgar se cabe em determinados espaços.[75]
O posicionamento dos bigodes é um bom indicador do humor do felino: apontados para
frente, indicam curiosidade e tranquilidade; colados ao rosto, indicam que o gato assumiu
uma postura defensiva e agressiva. Recentes estudos de fotografias infravermelhas de
gatos caçando demonstram que eles também utilizam seus bigodes para determinar se a
presa mordida já está morta. Observa-se nas fotos que, ao aplicar a mordida fatal
à vítima e posteriormente a manter apertada entre as mandíbulas, seus bigodes "abraçam"
ou rodeiam completamente o corpo da presa para detectar uma possível mínima vibração
como sinal de que a caça ainda possa estar com vida. Crê-se que este fenômeno é usado
para proteger o próprio corpo do felino, porque muitas de suas vítimas, como os ratos,
ainda podem mordê-lo e/ou lesioná-lo, se o predador as leva à boca quando ainda estão
com vida.[75]
Paladar e olfato

Os gatos têm olfato e paladar muito aguçados.

Uma curiosidade sobre o paladar dos gatos é que, de acordo com a edição norte-
americana da National Geographic (de 8 de dezembro de 2005), eles não são capazes de
saborear o doce, por falta de receptores desse tipo. Alguns cientistas acreditam que isso
se deve à dieta dos gatos incluir quase que exclusivamente alimentos ricos em proteínas,
embora seja incerto se essa é a causa ou o resultado dessa falta de células adaptadas. [63]

Os gatos têm o sentido do olfato 14 vezes mais potente que o apresentado pelos seres humanos.

Entretanto, através da observação de gatos domésticos, percebe-se que, uma vez que
sejam oferecidos doces, eles parecem gostar, embora não seja saudável deixá-los comer
tais guloseimas, pois podem causar excessiva fermentação dentro do aparelho digestivo,
gerando gases e cólicas desconfortáveis no animal.[76] Ainda que não reconheçam o gosto
doce, esses animais apresentam grande sensibilidade aos
sabores ácidos, salgados e amargos, o que os torna animais muito exigentes quanto ao
paladar dos alimentos que lhes são oferecidos, podendo recusar a refeição fornecida, caso
notem algo de errado ou diferente em seu sabor.[77]
O olfato é fundamental para que o gato conheça o meio ambiente. [78] Um gato doméstico
possui o olfato 14 vezes mais potente e duas vezes mais células receptoras que os
humanos, portando 19 milhões de terminações nervosas ligadas ao cheiro, portanto,
podendo sentir odores dos quais um ser humano nem sequer registra ou reconhece. [79]

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