INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE
Parte 1
Dois eventos são ditos independentes quando a ocorrência de um deles não interfere na
probabilidade de ocorrência do outro.
Generalizando:
Os eventos A1, A2,..., An , são independentes se e somente se a independência for verificada
para todos os subconjuntos de dois ou mais eventos desta família.
Se Ai, i= 1, 2, 3, ..., n , é uma família finita de eventos independentes, então
Observar que:
Resolução:
A : A resolve
B : B resolve
A B: A e B resolvem
A B : A ou B resolvem => o problema é resolvido
Exercício: Em uma caixa existem 10 peças, das quais 4 são defeituosas. São retiradas duas
peças da caixa, uma após a outra, com reposição. Calcule a probabilidade de:
a) ambas sejam boas
b) a primeira seja defeituosa e a segunda seja boa.
II - VARIÁVEL ALEATÓRIA
1. Conceitos Básicos
Definição 1.
Sejam E um experimento e um espaço amostral associado ao experimento. Uma função X que
associe a cada elemento wi um número real, X(wi), é denominada variável aleatória.
R
X
w1 x1
w2 x2
w3 x3
w4 x4
Uma variável aleatória X é, portanto, uma função cujo domínio é o espaço amostral e contradomínio
é conjunto dos números reais, ou seja, X:
Exemplo:
a) E: Lançamento de uma moeda.
Assim, = {cara, coroa}={w1, w2}
Exemplo:
E: Sorteia-se um aluno para medir a estatura. Suponha que nesta escola o menor tem 1,50 m e o
maior tem 1,95 m.
Seja X uma v.a. discreta que assume os valores x1, x2,...,xn.... A distribuição de probabilidades de X
é o conjunto de pares de valores que associa a cada valor da variável xi a probabilidade P(X = xi):
(x1, P(X = x1)), (x2, P(X = x2)), ..., (xn, P(X = xn)),...
i) Função de Probabilidade
É a função que associa a cada valor assumido pela variável aleatória, a probabilidade do evento
correspondente: P(X = xi) = p(xi) = pi, i = 1,2, . . .
ou
X x1 x2 x3 ...
pi p1 p2 p3 ...
De maneira que,
a)
b) P(X=x) = p(x) 0
Resultados X Probabilidade
(Cara, Cara) 2 1/4
(Cara, Coroa) 1 1/4
(Coroa, Cara) 1 1/4
(Coroa, Coroa) 0 1/4
Obtemos então,
P(X=0) = 1/4
P(X=1) = 1/4 + 1/4 = 1/2
P(X=2) = 1/4
ii) Média (ou valor esperado) de uma Variável Aleatória Discreta:
E(X) = xi p(xi).
0 1/4 0 -1 1 0,25
w1
1 2/4 2/4 0 0 0
w2 e w3
2 1/4 1/2 1 1 0,25
w4
E(X) = 1 Var(X) = 0,50
Propriedades da variância
Exemplo: Uma população de 1000 crianças foi analisada num estudo para determinar a efetividade de
uma vacina contra um tipo de alergia, as crianças recebiam uma dose de vacina e após um mês
passavam por um novo teste. Caso ainda tivessem tido alguma reação alérgica, recebiam outra dose
da vacina. Ao fim de 5 doses todas as crianças foram consideradas imunizadas. Os resultados estão na
tabela a seguir. Qual a probabilidade da criança ter recebido até duas vacinas?
Doses 1 2 3 4 5
Freqs. 245 288 256 145 66
Duas variáveis aleatórias discretas são independentes, se a ocorrência de qualquer valor de uma
delas não altera a chance de ocorrência de valores da outra. Ou seja,
para todos os possíveis valores (x, y) das variáveis (X, Y). Como definição alternativa e equivalente,
podemos usar:
para qualquer (x, y).
Obs: se existe pelo menos um par (x0, y0) tal que: p(x0, y0) p(x0) p(y0)
Então X e Y não são independentes.
Exercícios:
a) Suponha que X seja uma v.a. discreta e sua função de probabilidade seja P(X=k) = ck , para k =
1,2,3,4 e 5. Determine o valor da constante c.
i) Distribuição de Bernoulli
Muitos experimentos são tais que os resultados possíveis apresentam ou não uma determinada
característica.
Exemplos:
a) Uma rua é escolhida, ao acaso, dentre 50 para ver se tem ou não calçamento;
b) Uma pessoa é escolhida, ao acaso, dentre 1000 e verifica-se se é ou não do sexo masculino;
c) Uma pessoa é escolhida, ao acaso, entre os moradores de uma cidade, e questionada se é
favorável ou não a um projeto governamental.
Em um experimento aleatório com apenas dois resultados possíveis podemos associar o valor 1, se
sucesso ocorre e o valor 0, se fracasso ocorre. Um experimento deste tipo é chamado de ensaio de
Bernoulli. Suponha que um sucesso ocorra com probabilidade p.
X 1 0
P(X=x) p 1-p =q
ii) Distribuição Binomial
Seja a variável aleatória X o número de sucessos nos n ensaios. Nestas condições dizemos que X
tem distribuição binomial com parâmetros n e p, onde:
Exemplo1:
Uma usina hidroelétrica tem 5 geradores que funcionam independentemente, cada um com
probabilidade 0,98 de estar em operação. Qual a probabilidade de que exatamente dois estejam em
funcionamento em determinado instante?
X = número de geradores em funcionamento
p = 0,98 = probabilidade de um gerador estar em funcionamento (a probabilidade de sucesso)
Entre os 5 estabelecimentos, ou seja, n = 5, qual a probabilidade de 2 terem tratores:
5
P(X = 2) = (0,98)2 (1 - 0,98)5 - 2 = 10. (0,98)2.(0,02)3 = 0,000077
2
• Esperança e Variância
Exercício:
No Brasil a probabilidade de uma estação de tratamento de esgoto usar como sistema o escoamento
superficial é de 0,25. Selecionando 8 estações aleatoriamente para inspeção, qual a probabilidade de:
a) três usarem como sistema o escoamento superficial;
b) no máximo duas usarem como sistema o escoamento superficial.
iii) Distribuição de Poisson
Em muitos casos, conhece-se o número de sucessos, porém se torna difícil e, às vezes, sem sentido,
determinar o número de fracassos ou o número total de provas. Por exemplo: automóveis que passam
numa esquina. Pode-se num determinado intervalo de tempo anotar o número de carros que
passaram, porém, o número de carros que deixaram de passar pela esquina não poderá ser
determinado.
A distribuição de Poisson é largamente usada quando de deseja contar o número de eventos de certo
tipo, que ocorrem em um intervalo de tempo, superfície ou volume.
Exemplos:
a) número de chamadas telefônicas recebidas por uma central durante um curto intervalo de tempo;
b) número de falhas de um computador em um ano de operação;
c) número de glóbulos sanguíneos existentes na área de superfície visíveis do microscópio.
Seja a variável aleatória X o número de eventos de certo tipo, que ocorrem em um intervalo
de tempo ou superfície ou volume. Suponha que estes eventos ocorrem em instantes aleatórios de
tempo ou de espaço e que as hipóteses abaixo sejam válidas:
Notação:
Se a variância é DP(X) =
Exemplo: Em média há duas chamadas por hora num certo telefone. Calcular a probabilidade de se
receber no máximo 3 chamadas em duas horas e a probabilidade de nenhuma chamada em 90
minutos.
Então,
= 2 (número médio chamadas por hora)
t = 2 horas
= t = 4 (número médio chamadas em duas horas)
3 3
e−4 4x
P(X 3) = P(X = x ) = = 0,4331
x =0 x =0 x!
Y= número de chamadas telefônicas 90 minutos
Então,
t = 90 minutos
e −3 (3)
0
P(Y = 0) = = 0,0498
0!
• Aproximação da Distribuição Binomial
A distribuição de Poisson pode ser usada como uma aproximação da distribuição Binomial quando
n é grande e p é pequeno (np 7).
Exemplo:
Consideremos 1000 ensaios independentes de Bernoulli cada um com probabilidade p = 0,0001
de sucesso. Qual a probabilidade de observarmos exatamente 2 sucessos?
e −0,1 (0,1) 2
P(X=2) = 0,0045
2!
Exemplo:
Determinado tipo de fotorreceptor é vendido em caixas com 5000 peças. É uma característica da
fabricação produzir 0,03% de peças defeituosas. Qual a probabilidade de que em uma caixa haja
mais de dois defeituosos?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• MORETTIN, Pedro Alberto; BUSSAB, Wilton de Oliveira. Estatística básica. 9ª. ed.