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Neste exemplo, a palavra direito tem o sentido de receita aduaneira, que é o imposto que
o Estado cobra pela importação de bens. Num sentido mais amplo, é possível encontrar
neste exemplo a ideia do direito subjectivo bem como o direito objectivo dependendo
das situações, visto que os direitos aduaneiros são definidos por lei.
O direito tem o sentido de uma vantagem, ou beneficio que um trabalhador tem. Por
isso tem poderes de exigir que lhe seja pago, correspondente ao direito subjectivo.
O direito como norma jurídica a qual proíbe a pena de morte. Encontramos aqui um
princípio constitucional correspondente ao direito objectivo
Do exemplo acima exposto pode-se concluir que o termo direito admite várias acepções
uns de carácter abstracto e outros de carácter técnico, contudo, para efeitos desta
disciplina importa-nos distinguir entre o direito objectivo e o direito subjectivo, que
adiante iremos proceder a sua análise.
No sentido técnico direito constitui um conjunto de regras com carácter geral, abstracto
e de cumprimento obrigatório que visam garantir a convivência social e estabelecer
padrões de conduta entre os membros de uma sociedade. Também pode ser definido
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como um sistema ou conjunto de normas de um determinado ramo de direito, como é o
caso de Direito das Sucessões, Administrativo, Família, Direito das Coisas, ou como
jurisdição quando nos referimos ao conjunto de normas de um determinado país.
As noções que vamos ver não são perfeitas, mas sim, é uma aproximação, porque o
direito é um fenómeno cultural e como tal esta em constante mudança por isso não é
determinável em conceitos. A noção do direito é sempre relativa ou aproximativa.
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- imperatividade isto porque as normas jurídicas são de cumprimento obrigatório
para os seus destinatários. Aos membros da sociedade não lhes é reservado a
possibilidade de optar entre cumprir ou não cumprir a norma. Daqui decorre o
princípio de que as normas jurídicas são imperativas, obrigatórias, injuntivas,
porque se impõe a todos sem excepção. Contudo, podem surgir algumas
excepções porque nem todas normas do direito têm carácter imperativo;
- regulação das relações sociais porque as normas jurídicas existem para regular
as relações entre os indivíduos, razão pela qual, o direito não regula o
comportamento do homem isolado.
Apesar de existirem vários sentidos da palavra direito, há dois que são fundamentais,
designadamente, Direito objectivo que é o mesmo que direito efectivo e corresponde ao
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conjunto de regras gerais, abstractas, hipotéticas e dotadas de coercibilidade que regem
as relações intersubjectivas e sociais numa dada sociedade. Nesta perspectiva o Direito
desempenha as funções de instrumento de disciplina social fundamental visando realizar
valores como a justiça e segurança e o bem-estar ou seja, desempenha funções de norma
ou conjunto de normas sem fazer referência às pessoas individualizadas a quem venha a
reportar-se ou aplicar-se e, direito subjectivo que é o poder ou faculdade provindos do
direito objectivo, de que dispõe um sujeito de direito e que se destina a realização de um
interesse juridicamente relevante.
Apesar desta oposição aparente das palavras, não estamos perante duas realidades
diferentes, mas sim perante dois pontos diferentes de observação da mesma realidade
isto porque, os dois elementos são inseparáveis visto que, o direito objectivo só existe
como tal na medida em que faz nascer direitos subjectivos e, os direitos subjectivos só
são concebidos na medida em o direito o objectivo os faz nascer ou seja, direito
objectivo que nunca chegue a subjectivar nunca chega a ser efectivo1.
É costume nos referimos ao Direito para significar o ponto de vista de norma que visa
regular uma determinada situação e provém de um órgão com competência legislativa e
direito para exprimir a ideia de que alguém goza de uma certa posição favorável para se
beneficiar de algo. O seja o Direito corresponde a lei que é o direito objectivo e direito
corresponde a faculdade que é direito subjectivo.
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José Hermano Saraiva, pág. 31 e 32.
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valores, sendo de destacar dois valores fundamentais, a justiça e a segurança que
correspondem aos fins que o Estado visa realizá-los.
A justiça é um dos grandes fins que o Direito visa alcançar e segundo o jurista Italiano
de nome Ulpiano refere-se a vontade perpétua e constante de dar a cada um o seu
direito – iustitia est constants er perpeua voluntas ius suum cuique tribuendi. É difícil
apresentar um conceito de justiça porque são vários os valores mais susceptíveis de
serem instituídos e ilustrados com o modo de aplicar-se do que serem racionalmente
descritos. Ela representa um ideal de que se deve nortear ao ordenamento jurídico.
A Justiça deve surgir como um meio de proporção ou seja, deve existir uma ideia de
proporção entre a consequência jurídica e o facto que a determina. A relação entre o
tratamento dos diversos casos deve guardar entre si uma determinada proporção, quer
na medida em que, se deve dar a cada um segundo os seus méritos ou deméritos que é a
justiça distributiva, quer na medida em que, quando se violam os interesses existentes,
deve haver uma compensação adequada à violação cometida através da justiça
correctiva.
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Em conclusão: É necessário realçar que a justiça deve ter em conta os princípios básicos
de ordem social. O justo aplica-se aos princípios básicos que devem reger um sistema
social e jurídico (por exemplo: não discriminação). Estes critérios são precisamente os
que temos de aplicar à justiça como proporção e à justiça como igualdade de tratamento
dos iguais, até a ideia de segurança no sentido mais amplo de protecção está implícita
neste conceito de justiça.
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1.4. A Equidade
As normas jurídicas são gerais e abstractas, sendo-lhes impossível prever todos os casos
singulares. Assim, podem preceituar soluções que não se mostrem as mais adequadas e
justas na sua aplicação a determinados casos concretos. Seria então mediante a equidade
que se resolveriam esses casos, facultando-se ao juiz afastar-se da norma, para que,
atendendo às particularidades de cada caso, encontrasse a solução mais justas.
A mudança social assume nos nossos dias características particulares pela rapidez com
que ocorre e extensão dos domínios que abrange, a que não são estranhos factores como
a mundialização e a globalização. O Direito como ciência social tem de acompanhar
esta mudança, pois, enquanto fenómeno cultural (influenciado pelas realidades sociais,
económicas, culturais ou políticas), o legislador tem de estar atento às mudanças que
vão surgindo na sociedade para adaptar a legislação às novas realidades emergentes.
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A tomada de consciência que os cidadãos foram adquirindo ao longo do tempo
contribuiu para que muitos dos seus interesses passassem a ser objecto de tutela jurídica.
É disso exemplo a regulamentação das políticas de defesa do consumidor, do ambiente e
da informação.
Capítulo V
O Direito é uma ciência que no seu campo de regulação engloba várias áreas do saber e
com elas se relaciona pois que, esta ciência por si só não pode se concretizar visto que
entre as diversas áreas do saber existem elementos de conexão que são determinantes
para a compreensão uma da outra. Não vamos nos debruçar sobre todas as ciências com
as quais o direito se relaciona ou as que estudam o direito, vamos nos limitar a análise
daquelas que permitem uma maior distinção entre o seu objecto de estudo e os factos
estudados pelo direito. De entre estas ciências se destacam as seguintes:
O estudo da ciência do direito não deve ser feito sem ter em conta que a mesma, para
sua compreensão, faz cruzamento de várias ciências sociais. O direito não vale por si só
sem que estabeleça uma relação com as outras ciências pois que entre as mesmas é
possível que fazer uma relação entre os respectivos objectos de estudo.
São várias as ciências com as quais o direito se relaciona, contudo, não nos é possível
elencar neste documento todas as áreas, vamos nos cingir a algumas deixando para o
estudante o dever de identificar e analisar os objectos de estudo das outras ciências que
se relacionam com o direito mas não foram previstas neste documento.
Esta ciência apoia-se no método jurídico para estudar a vertente normativa do direito.
Nesta ciência o cientista preocupa-se em perceber a validade das soluções encontradas
para cada situação concreta. Para proceder a análise da validade das soluções
apresentadas pelo direito o cientista recorre do método jus científico. As outras ciências
que estudam o direito como direito comparado e a história do direito surgem do
resultado do método empregue na Ciência do Direito.
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1.1.2. História do Direito
É o ramo do saber que se ocupa da ordem jurídica que vigorou no passado. Procura
através de certas orientações reconstituir um sistema de normas logicamente coerentes e
susceptíveis de serem aplicadas a situações reais. A história do direito aproxima-se da
ciência do direito só que enquanto esta se dedica ao estudo do direito actual, a história
do direito debruça-se sobre as normas que cessaram a sua vigência.
Para além de estudar a evolução do direito no tempo, esta ciência auxiliar do direito
também se ocupa da evolução temporal das instituições jurídicas. Os aspectos mais
importantes da história do direito são: o estudo das fontes de direito de cada época; o
estudo das instituições sociais; o estudo do sistema de aplicações das normas jurídicas;
o estudo das ideias jurídicas, isto é, das conceptualizações feitas com base nas
instituições.
A história do direito tem uma importante função de auxiliar o direito, pois, o estudo das
situações passadas permite com frequência compreender melhor as situações actuais,
contribui assim com importantes orientações para a reforma do direito vigente ou seja,
os ordenamentos jurídicos são o resultado de um longo processo de evolutivo, e só a
análise do passado permite compreender muitos dos aspectos do sistema presente,
também o conhecimento do passado esclarece o legislador, evitando a repetição de erros
e serve como lição da experiência realizada.
Para além desta função que é explicativa, a história confere ao direito uma contribuição
directa, que consiste na investigação das fontes de direito quando tais fontes se situam
no passado mas não são produtoras de direito no presente2.
Desde sempre os filósofos se debruçaram sobre os temas jurídicos não para conhecer o
Direito vigente, pois este é tarefa da Ciência do Direito, mas sim, para especularem
sobre eles. Durante largo tempo o núcleo fundamental da filosofia do direito foi o
direito justo ou seja o direito natural.
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los a um sistema de normas, que se considerassem universalmente válidas. Enquanto o
direito visa o estabelecimento de uma ordem justa, os valores inerentes a essa ordem são
estudados pela filosofia do direito e por força disto que afirmamos que a filosofia do
direito estuda a vertente valorativa do direito. A filosofia do direito preocupa-se com o
fundamento do direito ou seja, a razão de ser do direito, isto é, indaga sobre a essência
do direito.
Esta é uma ciência especializada que se dedica ao estudo dos nexos existentes entre a
ordem jurídica, enquanto conjunto de normas e a sociedade a que esta corresponde.
Procura assim explicar as normas existentes ou as mutações através da análise da
realidade social e pesquisa também os modos sob os quais o direito se revela, bem como
os pressupostos das próprias doutrinas jurídicas. A Sociologia do Direito assume grande
relevância quer no campo da Ciência do Direito quer no campo da Política Legislativa,
pois o direito só se compreende tendo em conta a sociedade em que surge e os fins que
visa realizar. É a observância social permite a apreensão de qual o objectivo do direito
tem em vista e qual o seu fim último.
No mundo não existe uma só, mas sim uma multiplicidade de ordens jurídicas ou seja,
pelo menos tantos quantos os Estados existentes. Entre estas ordens jurídicas existem
certas afinidades que permitem agrupá-las em sistemas jurídicos para mais facilmente se
poderem estudar. Ao Direito Comparado compete proceder ao confronto das várias
ordens jurídicas fazendo ressaltar as suas analogias e diferenças. O Direito Comparado
assume grande importância na medida em que facilita o conhecimento do direito
interno. Muitas vezes o legislador procura inspiração em leis estrangeiras e tem que
conhecer essas leis para melhor interpretar a lei nacional.
Esta ciência também conhecida por Política do Direito, tem como objectivo estudar as
formas de aperfeiçoamento da ordem jurídica existente através da legiferação. Ela
estuda o Direito não no sentido do que ele é mas sim do que ele deverá ser.
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1.1.7. Etnologia Jurídica
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