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Profe Ale Lopes

Aula 01: Curso de História para ENEM 2020

Aula 01 —
Livro
História Digital
Antiga II
Curso de História para
ENEM 2020

Profe. Alê Lopes

Aula 01 — História Antiga II 1


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SUMÁRIO

1. Roma ............................................................................................................................ 3
1.1 – Monarquia: 753 a.C. – 509 a.C. .............................................................................. 4
1.2 – República 509 a.C.– 27 a.C. ................................................................................... 6
1.2.1 – Estrutura política na República Romana ......................................................... 7
1.2.2 – Lutas sociais e conquistas da plebe ................................................................. 9
1.2.3 – Expansão Territorial...................................................................................... 11
1.2.4 – Crise da República ........................................................................................ 17
1.3 – Império Romano: 27 a.C. – 476 d.C. ..................................................................... 21
1.3.1- Alto Império ................................................................................................... 22
1.3.2 - Crise do século III e Baixo Império ................................................................. 25
2. Lista de questões ........................................................................................................ 37
2.1 - gabarito ............................................................................................................... 52
3. Questões comentadas ................................................................................................. 52
Considerações Finais ....................................................................................................... 83

Queridas e Queridos Alunos,


Nessa aula veremos a segunda parte de Antiguidade Clássica: ROMA.
Quero lembrar você de fazer seu controle de temporalidade. Atente-se para o período que
começamos a estudar e em que momento terminaremos na aula de hoje. Ao longo da teoria
coloquei questões de fixação que podem ser de outros vestibulares/provas. Não se preocupe, o que
importa nesse momento é construir seu edifício de conhecimento.
Não deixe de fazer todos os exercícios da lista de questões! Se pintar dúvidas, vá no Fórum de
Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, não tem pergunta boba, ok?
Vamos começar? Pegue seu café e sua ampulheta. Bora!!

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Como cai no ENEM esse tema?


Pela análise de todas as edições anteriores do ENEM, podemos perceber que a principal cobrança
no que se refere à Roma Antiga são os aspectos políticos, sobretudo, a história jurídico-política.
Isso quer dizer que o ENEM gosta de perguntar sobre as leis, instituições, direitos, comportamentos
e ideias que marcaram a vida da Roma Antiga.
Mas atenção: saber essa abordagem central não significa que não possa cair outro tema. Então,
vamos nos preparar para o futuro e não deixar passar qualquer surpresa

1. ROMA
Para começar o assunto vou te fazer uma pergunta: você acha que Roma é importante para
o mundo Ocidental atual?
- Aí, não sei profe!!!!

Então, querida e querido aluno, pense sua vida sem a língua portuguesa, sem o sistema jurídico
e sem o cristianismo? Imaginou? Pois é... essas coisas todas são legados do Mundo Romano.
Por isso, estudar os caras daquele tempo tem a ver com entender grande parte do mundo
em que vivemos hoje. O professor Pedro Paulo Funari, no livro A Vida Quotidiana na Roma Antiga,
afirma que nosso mundo moderno deve muito à civilização romana e por isso é importante estudar
essa sociedade1. Então, vamos localizar o Mundo Romano no tempo e no espaço.
• Em relação ao tempo, a historiografia divide os estudos sobre Roma em 3 períodos, segundo
o modo de organização política:

Monarquia República Império

• 753 a.C. - 509 a.C. • 509 a.C. - 27 a.C. • 27 a.C. - 476 d.C.
Período de Formação Período de expansão Período de consolidação
territorial do território
conquistado, surgimento
do cristianismo,
fragmentação territorial
e, por fim, queda do
Império

1
FUNARI, Pedro Paulo. A Vida Cotidiana em Roma. São Paulo: Ed. AnnaBlume. 2003.

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• Quanto à questão o espaço territorial, observe o mapa a seguir. Ele representa a dimensão
mais extensa a que chegou o Império Romano. Tudo começou na Península Itálica, é verdade,
mas não parou por lá! Veremos essa história toda ao longo da aula de hoje. Estude esse mapa,
veja e repare nos detalhes. Faça relações com os gregos, os persas, os mesopotâmicos, os
egípcios – povos que já estudamos!

1.1 – MONARQUIA: 753 A.C. – 509 A.C.


A Monarquia Romana foi o regime político que se desenvolveu a partir do processo de
ocupação da Península Itálica. Inicialmente, por volta dos anos 2000 a.C., a região estava ocupada
por diferentes povos:
➢ no Centro-Norte, fixaram-se os italiotas (sabinos e latinos);
➢ no Sul, foram os gregos que ali permaneceram (na chamada Magna Grécia).
Nesse momento, a organização social era gentílica (trabalhamos esse conceito na aula
passada, volta lá se você esqueceu, ok?) ou, no máximo, pequenas cidades-estados no sul.
Pesquisas arqueológicas apontam que, aproximadamente por volta de 900 a.C., os povos
etruscos ocuparam a região central da Península e, em seguida, expandiram seus domínios até o
Norte. Entre os séculos VIII e VII a.C., os Etruscos fundaram, às margens do Rio Tibre, uma cidade
chamada ROMA, baseada na atividade agrícola.

2
VICENTINO, Claudio. Atlas Histórico: Geral e Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2011, p. 47

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O processo de organização política e social dos etruscos, a partir da unificação de alguns


desses povos, deu origem à MONARQUIA ARISTOCRÁTICA. Isso porque, no início da formação de
Roma, os patriarcas das famílias (os chefes dos clãs), que se reuniam em um Conselho de Anciãos
para governarem o território, optaram por eleger um rei com funções religiosas, militares e
judiciais. Esses patriarcas eram conhecidos como PATRÍCIOS e eram os membros do Conselho de
Anciãos. Proprietários de terras, os patrícios formavam uma verdadeira aristocracia. Eles foram
personagens importantes na história romana porque existiram praticamente em todos os três
períodos: durante a Monarquia; na República; e no Império.
Posteriormente, ainda sob a Monarquia, o Conselho de Anciãos se transformou em uma
organização política mais complexa, o SENADO. Por sinal, Senado significa, literalmente (do latim),
Conselho de Anciãos. Com efeito, durante a Monarquia, as atividades mais importantes do Senado
eram a de escolher os reis e a de aconselhar o monarca.
Importante frisar que, ainda neste período inicial do que viria a ser a República e o Império
Romano, o Senado não possuía plenos poderes para limitar a atuação dos reis. Em muitas ocasiões,
o Senado se encontrava subordinado aos ditames do detentor do poder central. No geral, as leis
eram apresentadas pelos reis e podiam, ou não, sofrer limitações pelo Senado. Os senadores podiam
vetar uma proposta de lei apesentada pelo rei. Além disso, havia um outro órgão na organização do
poder político, a Assembleia das Cúrias (eram 30 cúrias). Esta era composta pelos cidadãos em idade
militar e era responsável pela ratificação de alguns decretos dos reis.
Com relação à divisão social durante a monarquia romana, havia uma estratificação
hierárquica formada por 4 grupos sociais: os PATRÍCIOS, os PLEBEUS, os CLIENTES e os ESCRAVOS.

patrícios

cleintes

plebeus

escravos

➢ Os plebeus eram pequenos camponeses, proprietários de pequenas terras que


produziam, praticamente, para sua subsistência. Era comum os plebeus contraírem
grandes dívidas com os patrícios, especialmente nos períodos em que eram
convocados para guerras de conquista ou para defender a cidade de alguma ameaça
exterior. Por terem que deixar suas pequenas propriedades para atuarem nessas
guerras, estas perdiam sua capacidade produtiva. Assim, ao voltarem para sua terra,
após o conflito, os plebeus faziam altos empréstimos para poderem recuperar a terra
e a produção. Se, por qualquer motivo, os plebeus não pagassem as dívidas viravam
escravos.
➢ Já os clientes eram plebeus agregados aos patrícios. Em geral, moravam na
propriedade dos patrícios e lhes serviam em funções de altíssima confiança. Por isso,
detinham alguns privilégios e oportunidades de negócios que os plebeus não-
agregados não possuíam. Por exemplo, nunca viravam escravos por dívidas. Por isso,
ao longo do tempo, os clientes enriqueceram!

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➢ Por último, os escravos eram plebeus endividados- como falamos antes. Os povos
derrotados em guerras também poderiam virar escravos, mas, neste momento,
encontravam-se em número reduzido em Roma. Foi no período republicano que a
expansão territorial e as guerras de conquistas tiveram maior importância e, por isso,
o número de escravos aumentou. Veremos melhor esse processo na próxima seção.

A Monarquia entrou em decadência porque alguns reis etruscos se sobrepuseram política


e militarmente ao Senado e aos patrícios. O último rei foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi deposto em
509 a.C. por uma insurreição de patrícios que o acusaram, dentre outros, de desrespeitar a
aristocracia patrícia. Nesse processo, a Monarquia foi abolida e o SENADO passou a ser o Poder
Supremo em Roma. Fruto dessa disputa entre poder e interesses do rei e poder e interesses dos
Senadores, venceram os últimos, meus caros!!
Assim, inicia-se a instalação da República Romana – assunto que veremos na próxima seção.

(FUVEST-2001 – adaptada para ENEM)


“Em verdade é maravilhoso refletir sobre a grandeza que Atenas alcançou no espaço de cem
anos depois de se livrar da tirania... Mas acima de tudo é ainda mais maravilhoso observar a
grandeza a que Roma chegou depois de se livrar de seus reis.” (Maquiavel, Discursos sobre a
primeira década de Tito Lívio). Nessa afirmação, o autor
a) critica a liberdade política e a participação dos cidadãos no governo.
b) celebra a democracia ateniense e a República romana.
c) condena as aristocracias ateniense e romana.
d) expressa uma concepção populista sobre a antiguidade clássica.
e) defende a polis grega e o Império romano.
Comentário
Essa passagem de Nicolau Maquiavel aborda com precisam cirúrgica a tensão da disputa entre
reis romanos do período monárquico e o Senado. Como vimos, o Senado saiu vitorioso da
disputa de poder e constituiu a República. Uma forma de você pensar rápido e responder essa
questão, sem entrar muito na história é: em Roma, o que veio depois dos reis? Pronto, não
poderia ser o Império, pois este se formou após a República.
Gabarito: B

1.2 – REPÚBLICA 509 A.C.– 27 A.C.


Querida e querido aluno, vem aqui comigo articular uma coisa: quando os patrícios se sublevaram
e derrubaram o rei Tarquínio o poder não ficou vazio, certo? Corretíssimo!

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Os patrícios elevaram o SENADO ao posto de Poder Supremo de Roma. Além disso, criaram
outras instituições políticas: a MAGISTRATURA; e quatro diferentes tipos de ASSEMBLEIA (a Curial,
a Centurial, a Tribal e a Plebeia).

Instituições
Políticas

SENADO MAGISTRADO ASSEMBLEIA

Quero que você saiba que esse novo arranjo político-


institucional conformou a República – uma nova maneira de
organizar o poder na qual este era exercido por meio de
instituições com o objetivo de organizar a coisa pública – res-
publica, em latim. Assim, o Senado, a Magistratura e as Assembleias compunham essa
nova estrutura de organização política-administrativa. Nesse modelo não havia
concentração de poder nas mãos de uma única pessoa. Mas fica esperto com as
mudanças que foram ocorrendo ao longo do tempo, porque são elas que nos ajudam a
entender o porquê a República se desintegrou e deu lugar ao Império. Beleza? 😊
Dito isso, vejamos como eram, na prática, as instituições da República Romana?

1.2.1 – Estrutura política na República Romana

É importante saber como estava dividido o poder na Roma Republicana. O SENADO era
composto por 300 patrícios. - Só patricinhos, profe? !!! -Sim, queridos!! E os cargos eram
vitalícios, ou seja, duravam até a pessoa morrer! A função do Senado foi aprimorada para criarem
leis, organizarem as finanças e, também, as estratégias de guerra, se necessário.
Já a MAGISTRATURA, cuidava das questões executivas, ou seja, administrar e executar o que
era decidido pelo SENADO, reunia cargos práticos como:
• cônsules: esse cargo era superimportante e quero que vocês memorizem o cargo de Cônsul.
Duas pessoas ocupavam o cargo, logo, dois cônsules. Um presidia o SENADO e, outro, a
Assembleia Centurial. Ambos podiam propor leis. Portanto, eles faziam uma ponte entre as
3 principais instituições republicanas. Sacaram?
• pretores: eram responsáveis por administrar a justiça.
• censores: os censores organizavam o censo da população. O censo era importante, pois era
feito com base na renda e a renda era elemento decisivo para a localização das pessoas na
estrutura institucional da República Romana. Ademais, a título de curiosidade, o censor
também garantia a "moralidade pública" e supervisionava certos aspectos das finanças

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governamentais. Dessa condição surgiu a origem do sentido moderno das palavras "censor"
e “censura".
• ditadores: eram nomeados pelo SENADO, mas apenas no caso de guerra civil e convulsão
social grave. Tinham um prazo de 6 meses para resolverem as situações críticas.
- Mas Profe Alê, magistratura não tem a ver com juiz, como assim, função executiva?
– Pois é, gente, na Roma Antiga, magistratura não tinha a ver com poder judiciário. A palavra
magistratus, em latim, quer dizer “o cargo de governar”. Ou seja, aqueles que ocupam cargos
políticos. Os magistrados eram eleitos para mandatos de 1 ano para executar diferentes atividades,
como afirmei acima.
Outro elemento importante: embora não fosse proibido aos plebeus ocupar cargos na
magistratura, na maioria das vezes, eles não participavam, pois precisavam trabalhar em outras
ocupações uma vez que as funções públicas não eram remuneradas. Ao longo da aula você vai notar
que, diferentemente da Roma monárquica, durante a República alguns cargos de poder passaram a
ser gradualmente acessíveis aos plebeus. Fica ligado!
Sobre as ASSEMBLEIAS, anote o seguinte: a Assembleia Curial, era responsável por assuntos
religiosos; a Assembleia Centurial reunia a organização militar de Roma, sendo dividida em
centúrias (98 centúrias patrícias e 95 centúrias plebeias); a Assembleia Tribal era responsável por
assuntos civis e dividida por região (35 Assembleias Tribal); por fim, as Assembleias da Plebe, ou
Conselhos da Plebe, eram o espaço em que os plebeus votavam leis. No início, as Assembleias da
Plebe apenas deliberavam sobre questões que afetassem os plebeus, depois, por volta de 287 a.C.,
projetos de leis gerais – sobre todas as questões de Roma – também podiam ser discutidos e votados
nesse espaço político dos plebeus.
Dessas ASSEMBLEIAS, com certeza, a CENTURIATA era a mais importante politicamente. O
critério para esta divisão era censitário, ou seja, em cada camada podia participar pessoas com
determinada renda. Logo, não havia uma distribuição harmônica do número de pessoas em cada
camada já que o número de plebeus era muito maior que o número de patrícios. Além da
característica de organização militar, ela possuía as seguintes competências: eleger os cargos da
MAGISTRATURA; votar leis referentes à declaração de guerra e de paz; decretar a pena capital (de
morte) aos cidadãos romanos.
Observe a seguir o Sistema censitário de distribuição de votos na Assembleia:

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A distribuição dos votos em cada camada era proporcional à riqueza (era um critério censitário, não
se esqueça disso), e não à quantidade de pessoas de cada grupo social. Por isso, muitos historiadores
afirmam que mesmo com o fim da Monarquia não houve alteração substancial na distribuição de
poder em Roma. Assim, o poder foi exercido majoritariamente na aristocracia patrícia e nas camadas
mais ricas da sociedade devido ao fato de ocuparem os cargos do SENADO e a maioria dos cargos
mais importantes. Dessa forma, os estudiosos desse assunto classificam a República romana como
uma “República Aristocrática”.
Veja que havia grande desigualdade em Roma e, por vezes, os plebeus se sentiam
marginalizados das principais decisões da República. Essa situação era uma fonte de tensão social
permanente. Roma era uma “panela de pressão”. Os plebeus estavam prontos para a insurgência!
O resultado desses conflitos, ao longo da história romana, alterou a participação política e o
sistema de votação nessas instituições. Os plebeus, especialmente os mais enriquecidos, lograram
êxito e ampliaram sua participação nos processos decisórios em Roma.
As mudanças no contexto, decorrentes da expansão territorial romana, também foram
responsáveis por alterar as relações sociais e políticas vigentes no início da República. Vamos lá,
muita atenção na próxima seção da aula, pois vou explicar as implicações da expansão territorial.

1.2.2 – Lutas sociais e conquistas da plebe


As desigualdades econômicas e políticas entre patrícios e plebeus causavam uma situação
tensa em Roma. Apesar de o poder não estar completamente concentrado no grupo dos patrícios,
como vimos acima, estes detinham diversos privilégios não acessíveis aos plebeus.
Perry Anderson afirma que a estrutura de poder não era exatamente oligárquica na forma -
em relação às instituições - e sim profundamente aristocrática no conteúdo das leis e da política,
“pois atrás dela configura-se uma estratificação econômica da sociedade romana de ordem bastante
diversa” (1989, p. 56).
Portanto, por mais que houvesse previsão para participação política de diferentes grupos
sociais, a questão da desigualdade social impactava a disputa equilibrada de interesses. Assim,
patrícios conseguiam continuar aprovando leis que os beneficiavam. Um exemplo disso é a
existência da escravidão por dívidas, até 326 a.C., que assolava o plebeu mais empobrecido. Na
ampla maioria das vezes essas dívidas eram contraídas com os patrícios.
Contudo, o funcionamento e a proteção militar da cidade dependiam dos plebeus, já que
eles garantiam a superioridade numérica das forças militares em Roma. Por isso, nas primeiras
décadas republicanas, nesse contexto conflituoso, os plebeus foram percebendo sua importância
para a cidade e iniciaram uma série de lutas sociais e políticas que durariam mais de cem anos.
Vejamos como começou:
Em 494 a.C., portanto 15 anos após a queda da monarquia, os plebeus fizeram uma espécie de
greve (paralisação coletiva de atividade profissional). Essa mobilização ficou conhecida como
Revolta do Monte Sagrado. Todos os plebeus saíram da cidade deixando-a desprotegida e
desabastecida. Subiram uma montanha chamada Monte Sagrado. De lá, emitiram exigências

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pedindo ampliação na participação política dos plebeus nas instituições políticas da República. Caso
não fossem atendidos, construiriam uma nova cidade.
O desfecho desse conflito foi a criação do cargo TRIBUNO DA PLEBE. Era um cargo no SENADO
a ser ocupado por um Plebeu, eleito entre os mesmos. Lembra-se de que, até antes da Revolta, no
Senado, só podiam participar os patrícios? Então, agora, os plebeus também podiam! Eram 2 vagas
de Tribuno da Plebe. Eles tinham a função de vetar leis que fossem inapropriadas para a classe que
representavam.
Em diversos outros momentos, alguns mais tensos e outros menos, houve Revoltas Plebeias.
Acompanhe abaixo a cronologia e o significado de cada uma dessas conquistas, cujo sentido
histórico foi aumentar a participação política dos plebeus, bem como garantir mais direitos de
cidadania a esse grupo. Se liga aí!!
➢ 450 a.C.: Lei das 12 Tábuas – até então, o direito era oral e baseado nas tradições
populares. Assim, havia situações em que a aplicação do direito dependia dos interesses e dos
poderes das pessoas envolvidas. Com a Lei das 12 Tábuas, as leis passaram a ser escritas. Foi feita
a compilação e harmonização das leis ao princípio da igualdade. Essa situação possibilitou que as
leis se tornassem mais acessíveis a parcelas mais amplas da população.
➢ 445 a.C.: Lei da Canuleia – essa norma tornava legal o casamento entre grupos sociais
distintos, ou seja, patrícios e plebeus podiam se casar. Isso potencializou a ascensão social dos
plebeus enriquecidos. Com o tempo, essa relação matrimonial entre esses dois grupos sociais deu
origem a um terceiro grupo conhecido como nobilitas.
➢ 367 a.C.: Lei de Licínia – essa lei marcou outro momento importante da história política
das lutas dos plebeus por maior participação nas instituições da República. A partir dela, os
Plebeus puderam ocupar o maior cargo da Magistratura, o de Cônsul. Em 366 a.C. foi eleito o
primeiro Consul Plebeu. Além disso, a mesma lei definiu que as terras conquistadas em guerra
deveriam ser distribuídas.
➢ 326 a.C.: Lei de Poetélia – garantiu direitos civis aos plebeus, pois aboliu a possibilidade de
escravidão por dívida. Com isso, os plebeus não ficavam completamente submetidos aos grupos
mais ricos.
➢ 300 a.C.: Lei de Ogúlnia – essa norma dizia respeito a outro elemento fundamental da vida
social e dos direitos civis dos cidadãos: o direito à igualdade religiosa. Na Roma Antiga, os plebeus
não podiam adorar diretamente os deuses mais importantes. O historiador Fustel de Coulanges
afirma sobre as religiões politeístas da antiguidade que: “Não somente não oferecia à adoração
dos homens a um único deus, mas ainda seus deuses não aceitavam a adoração de todos os
homens”3. Na prática, isso significava que plebeus não podiam ocupar postos religiosos mais
relevantes. Essa Lei concedeu igualdade religiosa a todos, permitindo que os plebeus, enfim,
alcançassem altos cargos sacerdotais.
➢ 287 a.C.: Lei de Hortênsia – estabeleceu que as decisões da Assembleia tinham força de
lei.

3
Fustel de Coulanges. A cidade antiga. http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cidadeantiga.html. Acesso
em 4-02-2019.

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1.2.3 – Expansão Territorial

Nesse tempo todo, enquanto as instituições romanas eram aperfeiçoadas e as crises políticas
internas entre patrícios e plebeus se aprofundavam, o Senado e os Cônsules organizaram um
processo de expansão territorial de Roma. Veja no mapa acima a legenda com os períodos de
conquista.
Sim, caro aluno e aluna, tratou-se das famosas conquistas territoriais romanas, as quais
mudaram completamente a estrutura política, econômica e social de Roma. Essa é a principal
característica do período Republicano, que durou quase 300 anos. Esse processo pode ser dividido
em 3 momentos:

Processo de expansão
territorial romana

Projeto Mare Nostrum

2- Conquista de terras na costa do


3- Expansão pelo
1- Unificação de todo o Mar Mediterrânea. 3 guerras
Mediterrâneo Oriental e na
território da Península Itálica contra Cartago, conhecidas como
Península Ibérica
Guerras Púnicas

Séc. IV ao III a.C. 264 a.C. até 146 a.C Século II e I a.C.

CRESCIMENTO DA ESCRAVIDÃO, DISPUTAS POR TERRAS E PODER DO EXÉRCITO ROMANO

Depois de passar o 1º Momento de unificação dos povos da Península Itálica, motivado pela
necessidade de organizar o abastecimento de produtos e por eliminar as ameaças regionais,
ocorreram as Guerras Púnicas. É importante lembrar desse assunto porque evidencia o momento
em que povos da Antiguidade Oriental e Ocidental se cruzaram.

Cartago era uma cidade de origem fenícia que ficava no Norte da África. Portanto, podemos afirmar
que ela tinha um papel importante no comércio marítimo no Mar Mediterrâneo. Para que Roma
concretizasse seu Projeto Mare Nostrum (dominar territórios banhados pelo mediterrâneo para
controlar todo o comércio marítimo dessa região) era necessário conquistar o lugar ocupado por
Cartago, até então.

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Cartago ficava muito próxima à Ilha de Sicília – aliás, Cartago dominava esta Ilha Italiana. Por
isso, a cidade fenícia conseguia monopolizar a movimentação marítima entre os povos do
mediterrâneo Ocidental e Oriental.

Agora, articula comigo:

i- Essa posição não é bem estratégica?


ii- Não é útil tanto para Cartago quanto para os romanos?
iii- Vocês acham que os cartagineses iriam abrir mão de controlar o comércio marítimo no
mediterrâneo?
Se suas respostas para as perguntas acima foram SIM, SIM e NÃO, você está ligado que isso
só podia dar em guerra, certo? Pois bem, a causa das Guerras Púnicas (Roma versus Cartago) foi
essa disputa pela hegemonia comercial na região do Mediterrâneo.
O primeiro round começou em torno da posse da Sicília. E demorou muito para essa “treta”
acabar (ei, não vá escrever treta na prova, hein?). Entre 246-146 a.C. Roma e Cartago travaram
batalhas que dariam muitos capítulos de alguma série da Netflix.
O último capítulo dessa história real foi Roma, em 146 a.C., atacando definitivamente Cartago
que, durante 3 anos, defendeu-se até ser completamente destruída. Diz a lenda (lenda mesmo
porque trabalhos arqueológicos na região não conseguem encontrar o local exato dessa batalha)
que o General Romano, Cipião Emiliano, deu ordem para matar todos os soldados e toda a
população. Os sobreviventes teriam sido escravizados e a terra salgada para que nela nada mais
germinasse (meio lenda mesmo, porque o sal era mega caro naquela época, mas vai que...).
Depois de ter eliminada sua principal rival, segue o terceiro momento do processo de
expansão territorial romana. Roma partiu para dominar regiões na Península Ibérica e no
Mediterrâneo Oriental - nas terras do Império Macedônio. Também chegou a conquistar o Egito (em
30 a.C.).
De qualquer maneira, o objetivo de tornar Roma hegemônica no Mar Mediterrâneo passou
a ser uma realidade, tanto que foi implementado uma moeda romana com a inscrição “mare
nostrum” para a realização do comércio marítimo nessa região. Há alguns historiadores que
afirmam ter se consolidado uma política imperialista (política de dominação – veja a explicação do
conceito no final da aula, na seção Dicionário Conceitual) por parte de Roma.
Essa longa experiência de expansão territorial acarretou várias consequências. Vamos
começar a discuti-las?
1.2.3.1 – Consequências da expansão romana
Pensa comigo: expandir território por meio de guerras significava, na prática, conquistar
terras e pessoas, certo? Essas foram as duas medidas de riqueza na República Romana. Assim, a
expansão do território romano, por meio das conquistas que comentamos anteriormente, deu
origem a uma nova sociedade com nova estrutura econômica e social.

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Leia o que escreve o professor Perry Anderson:


“O crescimento prematuro da República Romana seguiu o curso normal de qualquer Cidade-Estado clássica
ascendente: guerras locais com cidades rivais, anexação de terras, sujeição de “aliados”, fundação de
colônias. Em aspecto crítico, no entanto, o expansionismo romano se distinguia em princípio da experiência
grega”4
Perry Anderson afirma, na citação acima, que o expansionismo romano se distinguia
da experiência grega. Em quais aspectos? Você é capaz de dizer?
Veja bem, a expansão grega, especialmente a ateniense, teve um sentido ligado à
fundação de colônias para a consolidação do comércio marítimo. Além disso, a escala de conquistas
era infinitamente menor, uma vez que, na Grécia não havia Estado centralizado. Já em Roma, os
objetivos eram: conquistar terras para a agricultura, mão de obra escrava e, por consequência,
controlar o comércio do Mar Mediterrâneo. Tudo isso em grande escala!! Por fim, Roma era uma
República com uma estrutura centralizada de poder – como vimos. Fica MUITO ligado nessas
comparações.

Economicamente, a agricultura de subsistência ganhou escala mercantil e o máximo controle


da terra pelos grandes proprietários. Os novos territórios conquistados foram incorporados como
propriedade privada dos já enriquecidos nobilitas. Assim, os historiadores afirmam que houve
aumento da concentração fundiária, ou seja, poucas pessoas detinham grande parte dos latifúndios
que se formavam nesse processo. As riquezas advindas das conquistas não eram distribuídas de
maneira igualitária, harmônica ou proporcional à participação da população nas guerras. Tal
situação levou os pequenos lavradores à falência, pois não podiam concorrer com os latifundiários
que mantinham sua produção em larga escala por meio do trabalho escravo.

- Mas, Profe Alê, porque os plebeus também não podiam ficar com as terras, eles não foram para as
guerras?
Querida e querido aluno, para entender isso devemos nos atentar para o modo como estava
organizado esse processo de expansão territorial. Preste atenção:
Não havia apenas um único exército romano, centralizado a partir do SENADO ou da
MAGISTRATURA. As conquistas territoriais eram parte de empreendimentos privados organizados
por pessoas muito enriquecidas. No entanto, cada guerreiro arcava individualmente com seus
instrumentos de guerra - como escudos, capacetes e espadas. A maioria da população era formada

4
ANDERSON, P. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989, p. 51

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por plebeus, então, eram estes que garantiam a força numérica de Roma sobre seus conquistados.
Sacou? Aliás, uma prática que vinha desde o período da Monarquia.

E quem era o plebeu, meus caros? Só para lembrar porque já falamos dele, lá na seção sobre
Monarquia, ele era o pequeno proprietário que, na maioria das vezes, hipotecava suas poucas terras
para conseguir financiar as investidas militares de conquista e, com isso, tentar acompanhar a
expansão romana. Tratava-se de um investimento. Ou seja, o plebeu era um pequeno
empreendedor que assumia sozinho todos os riscos pela empreitada.
Acontece que as “campanhas militares” (incursões de tentativa de conquista sobre territórios
fora de Roma), geralmente, eram organizadas pelos grandes proprietários – patrícios e nobilitas,
não era isso? Então, ao final da conquista - quando bem-sucedida - eram estes que ficavam com a
amplíssima maioria das riquezas conquistadas – quer fossem terras, quer fossem pessoas (os
escravizados). Ao plebeu endividado, na maioria das vezes, caberia entregar suas terras como parte
do pagamento de suas dívidas e ir para a cidade em busca de alguma colocação profissional.
Sob esse cenário de concentração fundiária, muitos plebeus passaram a ficar ociosos nas
cidades, sem oportunidades! Em outras palavras, ocorreu o êxodo rural em direção às cidades.

- Mas Profe, aff Alê, por que a cidade não oferecia oportunidade? Não “tô” entendendo!
Mas, calma, querida e querido aluno!!! Para entender essa questão vamos acrescentar uma
nova informação. Vamos comigo!!
No contexto das conquistas militares, consolidou-se o modo de produção escravista, ou seja,
a estrutura econômica/produtiva passou a utilizar a mão de obra escrava em larga escala. Tudo
em Roma era operacionalizado com escravos. Eles atuavam na agricultura, como artesãos, em
atividades domésticas, no comércio, como gladiadores e, até mesmo, como professores! UAU!
Diferentemente da escravidão entre os povos do Oriente Próximo, na Roma Antiga o escravo
era uma riqueza privada ou uma mercadoria comercializável nos mercados especializados. Há
documentos estatísticos da época que dão conta da entrada de milhares de escravos por dia em
Roma. Um estudo demográfico sobre a Itália, de P.A Brunt, Italian Manpower, estima que em 225
a.C. havia 600 mil escravos; já em 43 a.C. esse número chegou a 3 milhões para uma população em
torno de 7 milhões!!!!
É por isso que ao plebeu não restava oportunidade, afinal, todas as atividades antes exercidas
por plebeus livres passaram a ser realizadas por escravos conquistados nas guerras pela expansão
territorial. Percebe o problema e a bola de neve que se formava?

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Então, agora, vamos pensar juntos: imagine as duas condições, a dos plebeus e a dos
escravos, como uma engrenagem que produzia uma determinada situação social. Qual seria o
produto dessa interação entre plebeus, escravos, patrício e nobilitas no contexto das conquistas
territoriais? Amplas tensões sociais, Bixo!!

O produto desse contexto e dessas interações foi


uma cidade abrigando uma massa de ociosos
miseráveis, os plebeus, que não encontravam
empregos. E os escravos, igualmente miseráveis!

Assim, em 133 a.C., os plebeus elegeram um


Tribuno da Plebe que tinha como plataforma
política a reorganização da distribuição das
terras públicas – reforma agrária. Essa figura era
o famoso Tibério Graco. Leia um trecho do
discurso de Tibério sobre os plebeus:

"Os homens que combatem e morrem pela Itália têm o ar, a luz e mais nada (...). Lutam
e perecem para sustentar a riqueza e o luxo de outro, mas embora sejam chamados
senhores do mundo, não têm um único torrão de terra que seja seu."5

Quero chamar sua atenção para o fato de que a proposta de Tibério tratava sobre terras
públicas e não sobre as privadas. A proposta da Lex Sempronia Agraria estabelecia que nenhum
cidadão podia possuir mais do que 125 hectares de terras públicas e que todas as terras além deste
limite seriam confiscadas. Os patrícios ocupantes dos cargos do SENADO se opuseram à ideia.
A proposta de Tibério foi a distribuição de pequenos lotes para os pobres para que
plantassem e comessem. Sem apoio no SENADO, Tibério contou com a aprovação das leis na
Assembleia, apesar da resistência de patrícios e nobilitas. No entanto, não foi colocada em prática
porque os patrícios sabotaram a destinação de recursos para viabilizar a reforma agrária e porque
Tibério e mais 300 de seus seguidores foram assassinados a pauladas por uma multidão a mando de
alguns senadores mais radicais. Segundo o historiador grego Plutarco (46 d.C. a 120 d.C.), esse
linchamento foi o primeiro ato de violência civil em Roma.

5
Tibério Graco apud ANDERSON, Passagem da antiguidade ao feudalismo, 1989, p.60.

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Alguns anos mais tarde, em 124 a.C., o irmão de Tibério, Caio Graco, também foi eleito
Tribuno da Plebe. Tal como seu irmão, sua plataforma era diminuir a desigualdade social e a
situação insustentável dos plebeus na cidade romana. Porém, diferentemente de Tibério, Caio teve
mais êxito e conseguiu aprovar:
✓ a lei de distribuição de lotes públicos.
✓ um subsídio para a venda do trigo – que era a base da refeição da população pobre urbana.
Além disso, o irmão Graco sabia que seus maiores opositores estavam no SENADO, portanto,
para resolver o problema pela raiz era necessário descentralizar o poder político fortalecendo
outros grupos e outras instituições.
Assim, Caio Graco fez uma série de propostas que objetivavam fortalecer o poder político
dos cavaleiros – generais comerciantes enriquecidos com algumas conquistas romanas. Estes eram
favoráveis às medidas para amenizar as tensões geradas pela desigualdade social e pela miséria
urbana, as quais, como vimos, eram decorrentes da concentração de terras e de riquezas.
Nesse contexto, os cavaleiros se tornaram responsáveis pelas
operações financeiras e pela cobrança de impostos, bem como
passaram a integrar o tribunal do júri. Essas medidas foram
precursoras de uma situação que veremos adiante: o poder
político acumulado pelo exército.
Caio foi eleito duas vezes, na terceira eleição foi assassinado. Na sequência, suas
medidas foram revogadas. Entretanto, suas ideias não podiam ser apagadas, pois tinham ganhado
mentes e corações de uma parcela significativa da sociedade romana! Os seguidores do Caio Graco
organizaram um grupo, algo como um “partido”, conhecido como “os populares”. Os populares
faziam oposição ao grupo político dos senadores chamado de “os melhores”. As tensões sociais só
aumentariam daí em diante.
Diante de um contexto de instabilidade política e de descrédito das instituições
Republicanas, especialmente do SENADO, os generais romanos começaram a se destacar e, cada
vez mais, ocupavam espaços políticos importantes. Alguns generais eram muito carismáticos, outros
tinham origem plebeia e, assim, ganhavam muito prestígio entre as camadas mais baixas. Caio
Mario, por exemplo, foi um general defensor da plebe, eleito Cônsul por sete vezes. Além disso,
também havia generais que eram apoiados pela aristocracia patrícia, como Sila (ou Sula), e atuavam
politicamente para defender os interesses das camadas altas da sociedade romana. Sob esse
quadro, é possível afirmar que grande parte da sociedade romana apoiava um governo formado
por generais.

Você está percebendo que a situação política em Roma era insustentável? Percebe que
apesar de ser uma República, as instituições desse regime político já não serviam às novas
configurações da estrutura econômica, social e política? É, querido e querida, estamos próximos
de ver o desfecho da República Romana. Fiquem espertos!!

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1.2.4 – Crise da República

Percebam que as instituições republicanas não estavam sendo capazes de dar uma solução
republicana para as tensões sociais e políticas que marcaram o último século da Era antes de Cristo
(século I a.C.)? Por isso, nesse contexto de crise republicana, houve a ascensão dos generais ao
poder político. Tome nota dessa informação e vamos ver como isso ocorreu. Espera, alguém
perguntou algo?
- Mas, Profe, o que seria uma solução republicana?

Podemos adotar uma perspectiva geral e dizer que uma


resposta republicana para uma crise política e social seria os
governantes primarem pelo diálogo e pela transparência na
busca do equilíbrio político a fim de harmonizar os interesses
e as expectativas dos diferentes grupos sociais em disputa.
Tudo isso sem nunca esquecer que a solução final deve servir
ao interesse público. Aliás, os próprios romanos, algumas
vezes, dedicaram-se a estudar quais seriam as melhores mudanças institucionais para
solucionar crises políticas, como quando foi criado o Tribuno da Plebe. Entendido?
Continuemos!

Em 107 a.C., como dito acima, o carismático General Mário foi eleito Consul. No seu mandato,
procurou amenizar as tensões sociais por meio do acolhimento de demandas populares. Veja:
✓ profissionalizou o exército;
✓ criou uma carreira com hierarquia e ascensão de cargos;
✓ criou o soldo (salário);
✓ definiu critérios para distribuir as riquezas das conquistas;
✓ instituiu o direito a um pedaço de terra para soldados que completassem 25 anos de carreira.
Isso representava uma garantia aos plebeus, pois lhes dava condições de sobrevivência.
Consequentemente, mais pessoas foram atraídas para as carreiras militares de modo que o número
de soldados cresceu. Nesse sistema de salários e recompensas, os comandantes eram os
responsáveis por remunerar as tropas, elemento que facilitava a obediência e a lealdade de seus
subordinados.
Veja, embora as medidas do General Mário tivessem sido fundamentais
para amenizar as tensões sociais com os plebeus, a guerra entre os plebeus
e o grupo “dos melhores” continuava cada vez mais forte a ponto de uma
iminente guerra civil estourar em plena Roma. Isso porque, o problema era
estrutural, do sistema romano como um todo.
Então, em 86 a.C., outro general apareceu no cenário. Foi o General Sila, incontestável aliado
dos Senadores patrícios conservadores, aqueles que não desejavam mudanças! Ele invadiu Roma,
fechou o Senado, instaurou um regime ditatorial e iniciou uma perseguição aos “os populares” para
atender aos interesses de seus parceiros.

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Porém, Sila não ficou muito tempo no poder. Em 79 a.C., ele abandonou o posto. Não
aguentou a pressão das exigências de parte dos patrícios, das revoltas plebeias, das revoltas dos
escravos, em suma, dos conflitos entre “os populares” e “os melhores”. Será que era mais fácil
vencer uma guerra do que resolver crises políticas internas? (brincadeirinha ). Nos anos
subsequentes, vários generais tentaram comandar o poder em Roma.

Estamos falando bastante das revoltas sociais impulsionadas pelos plebeus


e homens livres em geral. Mas quero que você se lembre-se de que foram
centenas as revoltas de escravos contra o sistema que os subjugava. A mais
famosa dela, que inclusive inspirou filmes, foi a de Spartacus. A Revolta de
Spartacus ocorreu entre os anos de 73 e 70 a.C. Esse período histórico está inserido no auge
da escravização na República de Roma e nas mudanças político-sociais da época. No meio
desse fuzuê todo, o que ninguém contava era com um simples gladiador na região de Cápua
chamado Spartacus. Você não sabe, gente.... o cara já tinha uma tendência a ser “o loco das
ideias” e ficava doutrinando contra a escravidão! A liderança de Spartacus, somada ao
cansaço da vida humilhante como mercadoria, fez ele virar um “mito”. Então, ele elabora um
plano: primeiramente, organizou uma pequena revolta com os que compartilhavam da
mesma realidade. Já o governo romano apenas mandou algumas tropas para abafar o caso,
botando muita pouca fé nesse movimento. Assim, Espartacus e seus parceiros ganharam a
batalha e ainda conseguiram mais marginalizados e descontentes para somar.
Dessa vez, o exército romano massacrou. A maioria dos revoltosos foi morta e a parte
pequena dos sobreviventes foi crucificada ao longo da Via Áppia (dá uma olhadinha no
próximo quadrinho de curiosidades as informações sobre a via Áppia) com a intenção de
mostrar ao resto da população o que aconteceria se saíssem da casinha. “Os loucos das ideias”
não tinham vez em Roma.
6
Até que em, 59 a.C., surgiu um general que é famoso até os dias de
hoje: Júlio César!!!
Júlio César era sobrinho do General Mário e, como o tio, tinha grande
carisma entre a população romana. Habilidoso politicamente, ele
assumiu como Cônsul em meio a uma forte instabilidade política.
Ele sabia que seria muito difícil governar sozinho. Assim, articulou a
divisão do cargo de Cônsul em 3 partes, fruto de uma aliança entre
ele, Pompeu e Marco Crasso. Isso significou uma desconcentração do
poder de direção de Roma, pois seria um governo formado por 3
pessoas, na verdade, 3 generais.
Esse governo dos 3 generais ficou conhecido como 1º Triunvirato
e durou de 60 a. C. a 53 a.C. De certa forma, essa formação procurava
Estátua de Júlio César.

6
Fonte: https:<//www.shutterstock.com/pt/download/confirm/267726527?size=medium_jpg>. Acesso
em 7-02-2019.

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representar a diversidade de forças políticas e interesses presentes no contexto. Veja no esquema


os generais que formaram o triunvirato:

Apesar dessa tentativa, Pompeu –


ligado aos interesses senatoriais – tinha
relações estremecidas com Júlio César. Em 54
a.C., Crasso morreu em uma Batalha .
Nesse momento, o Senado tentou reaver sua
importância política e nomeou Pompeu como
único Cônsul, acabando com a fórmula do
triunvirato de César. Por sua vez, César, que
estava em Batalha na Gália, voltou com sua
legião para Roma e iniciou uma guerra civil.
Venceu e proclamou-se ditador romano!!!!
O Governo de Júlio César, entre 54 a.C.
e 44 a.C., foi marcado por uma concentração
de poder em suas mãos. O SENADO (que, vamos combinar: já estava no pó da rabiola – como
diríamos lá no interior) teve seu poder diminuído. Evidentemente, as conspirações contra César
foram muitas! Em 44 a.C., quando nomeado pelo SENADO ditador vitalício (permanência no cargo
até o fim da vida da pessoa), ele foi assassinado sob encomenda de um grupo de senadores
incomodados com a concentração de poderes nas mãos de César.

(FUVEST-1990- adaptada para ENEM) A expansão de Roma durante a República, com o


consequente domínio da bacia do Mediterrâneo, provocou sensíveis transformações sociais e
econômicas, dentre as quais:
a) marcado processo de industrialização, êxodo urbano, endividamento do Estado.
b) fortalecimento da classe plebeia, expansão da pequena propriedade, propagação do
cristianismo.
c) crescimento da economia agropastoril, intensificação das exportações, aumento do trabalho
livre.
d) enriquecimento do Estado romano, aparecimento de uma poderosa classe de comerciantes,
aumento do número de escravos.
e) diminuição da produção nos latifúndios, acentuado processo inflacionário, escassez de mão-
de-obra escrava.
Comentário

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Veja aluno e aluna, o enunciado da questão menciona o “domínio da bacia do Mediterrâneo”


e o que sabemos sobre a relação entre economia e Mediterrâneo? Sabemos que as rotas
marítimas eram importantes para a expansão comercial e que, por meio do Mediterrâneo,
Roma fez sua expansão territorial, fato que levou à escravização de povos vencidos. E mais,
expandindo comercialmente, os beneficiários da riqueza gerada pelo comércio só podiam
ascender socialmente, uma nova classe. Portanto, a questão quer saber se você, vestibulando,
consegue articular os elementos dados no próprio enunciado. Sacou? Basta ter atenção!!! A
letra a) alega que houve industrialização e êxodo urbano, situações fora de contexto. A
industrialização foi algo de século mais tarde e o êxodo urbano foi uma característica do final
do Império Romano, no momento da República, ocorreu o contrário, os pequenos agricultores
tiveram que migrar para as cidades. A letra b) também apresenta um aspecto fora de contexto,
sobre o cristianismo. O cristianismo foi uma religião que passou a fazer parte da vida social
romana no período do Império (veja mais adiante na aula). Sobre a expansão da pequena
propriedade, ela não expandiu, por mais que os irmãos Graco tivessem tentado leis favoráveis
aos plebeus. Já a alternativa c) fala de trabalho livre, viagem total, além dos povos escravizados
na expansão territorial romana, os plebeus e agricultores endividados também viravam
escravos. Por fim a d) faz uma afirmação contrária ao que, de fato, ocorreu na história: os
latifúndios em Roma só cresceram, característica que faço questão de realçar nesta aula, pois
era algo próprio da estrutura do sistema econômico dos romanos.
Gabarito: D
Logo na sequência da morte de César, em 43 a.C., um novo triunvirato se formou, o 2º
Triunvirato. Os generais dessa formação eram de confiança de Júlio César, inclusive, um deles –
Otávio – era seu sobrinho. Mas, cuidado com essa informação: até aqui já deu para perceber que,
nesse finalzinho de República, ninguém confiava em ninguém. E com razão, né? Além disso, havia
algo de diferente nesse governo tripartido: cada um desses generais recebeu uma parte do
vastíssimo território romano para governar. Vejamos o novo triunvirato e a parte do território que
foram designados a exercer seu poder:

A história conta que Otávio exilou Lépido, que não voltou mais a aparecer nesse cenário.
Enquanto isso, Marco Antônio estava no Egito. Conheceu a bela Cleópatra. Os dois se uniram com a
intenção de concentrarem poder. Marco Antônio achava que teria acesso a mais recursos
disponíveis no vale fértil do Egito e a rainha egípcia acreditava que, com Marco Antônio, ela poderia

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recuperar o legado do antigo império macedônico – que já estava praticamente todo dominado por
Roma.
Mas isso não entrava nos planos do grande Otávio, pois, na prática, o sucesso de Marco
Antônio e de Cleópatra acabaria enfraquecendo-o. A situação piorou quando, no Ocidente, chegou
a notícia de que Marco Antônio reivindicava ser o verdadeiro herdeiro de César. Imediatamente,
Otávio responde: herdeiro sou eu!!! Brincadeiras à parte, Otávio realmente declarou guerra Marco
Antônio, pois via seu casamento com Cleópatra como uma traição a Roma e uma ameaça direta ao
seu poder.
Surpreendentemente, como um Shakespeare anacrônico, Cleópatra e Marco A. se suicidam!
Otávio conquistou o Egito – que foi transformado em uma colônia romana – e passou a ser
reconhecido como o grande líder até se tornar o primeiro Imperador de Roma.
Agora, ATENÇÃO! Esse momento marca a transição do período republicano para o terceiro, e
último, momento da história romana: o IMPÉRIO!
É a concentração de poder e de títulos concedidos a Otávio pelo SENADO que caracteriza essa
transição. Veja OS TÍTULOS:

❖ Primeiro Cidadão
❖ Chefe do Senado
❖ Princeps (o primeiro e o mais eminente)

Em 27 a.C. – Recebe o título de IMPERADOR


Augustos (o mais ilustre) – este último só atribuído aos deuses, até então!

1.3 – IMPÉRIO ROMANO: 27 A.C. – 476 D.C.


O período do Império Romano foi bastante extenso, de 27 a.C. até 476 d.C e, como sempre
acontece com grandes períodos históricos, houve uma série de transformações. A ampliação e
consolidação do Império, o surgimento do cristianismo, o esgotamento do modelo escravista e, por
fim, a desagregação territorial com a chegada de povos não-romanos fazem desse período de 501
anos bastante intenso para se estudar. Para começar, quero que tome nota da periodização que os
estudiosos fazem:

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Alto Império
(sec. I a.C- III
d.C)

CRISE DO
SÉCULO III

• FIM DO
Baixo Império (sec. IMPÉRIO
III d.C - V d.C)
ROMANO

1.3.1- Alto Império

O Alto Império é caracterizado por ser um período de esplendor romano, com avanço na
organização administrativa, no direito, nas artes, na literatura e na arquitetura. Os imperadores
desse período eram comandantes do exército. Além disso, desde Otávio, com seu título de augustus
(divino), aos imperadores era atribuído um caráter divinizado de sua pessoa.
Como visto, o primeiro dos Imperadores desse período foi Otávio Augustus. Sua política foi
conhecida como Pax Romana, pois ele iniciou o período da paz em Roma. Ele se dedicou a implantar
uma política de administração pública na vasta extensão territorial, inclusive com o aprimoramento
do controle das finanças. Essa era uma questão fundamental para a consolidação e para o sucesso
de Roma. As conquistas territoriais anteriores, que a partir desse momento diminuíram o ritmo,
atingiram uma dimensão difícil de controlar e de administrar. Assim, a primeira medida de Otávio
foi criar uma burocracia administrativa, com critério censitário. Com isso, ele atingia dois objetivos:
✓ aumentar o controle sobre o Império;
✓ garantir privilégios às classes sociais ricas (patrícios e nobilitas). Veja, querida e querido aluno,
ele ganhou muitos likes dessa galera que há muito se sentia desprestigiada por generais
plebeus ou com práticas de apelo aos plebeus revoltosos. Espertinho, né?
Otávio Augustus também precisou encontrar uma forma de atenuar as amplas tensões sociais
que dominavam Roma e outras cidades do Império. Quero que você saiba que em Roma viviam mais
de 1.200.000 pessoas e na Península Itálica toda por volta de 7.500.000 pessoas. Cara, isso é muita
gente para uma cidade da Antiguidade!! Bomba relógio, concordam?
Dessa forma, o Imperador criou a política de
distribuição do trigo e ampliação de espetáculos de
jogos, disputas e combates entre gladiadores. Você já
deve ter escutado a famosa expressão: “Política do Pão
e Circo”. Alguns historiadores afirmam que essa política
era parte de uma tentativa de despolitização e manobra
dos poderosos para afastar os plebeus e as pessoas
empobrecidas das questões políticas. Quem nunca
assistiu ao filme Gladiador e não torceu para o General
Maximus?

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Podemos relacionar essas duas políticas de Otávio, burocratização do estado e “pão e circo”,
com elementos estruturais arquitetônicos surgidos em Roma:
 construção de prédios públicos destinados
aos espetáculos, como o Coliseu – que até hoje
tem ruínas para visitarmos ;

 construção de estradas. Calcula-se que


existiram mais de 80 mil quilômetros de estradas
pavimentadas interligando as diversas regiões.
Manu, isso é muita coisa, né? Eram ruas e mais
ruas de paralelepípedo. Hoje, podemos caminhar
nelas. É conhecida na Itália como Via Áppia Antiga.

 construção dos Aquedutos, responsáveis


por transportar água de locais distantes até os
centros urbanos.
Com essa administração, intensificada pelas
vias de comunicação, no plano econômico, o
comércio entre as províncias se desenvolveu
intensamente. Também foi criada uma moeda
comum para garantir a estabilidade da economia.
Só para não esquecermos do SENADO, os
senadores também tiveram suas atribuições na vida político-administrativa de Roma diminuídas.
Repare que, de século em século, o SENADO se transformou em uma instituição quase que
figurativa.
Após Otávio Augusto, que reinou até 14 d.C., outros imperadores assumiram o poder: Tibério
(14 a 37 d.C ); Calígula (37 a 41 d.C.); Nero (54 a 68 d.C.); Marco Aurélio e Trajano (161 a 192 d.C.).
Durante os séculos que se seguiram houve continuidade do processo de expansão territorial.
Contudo, o descontrole sobre as áreas conquistadas e a desconcentração de poder aumentaram.
O estudioso inglês, Perry Anderson, afirma que houve um processo de “provincialização” do
poder central do Império. Para o estudioso, a composição do Senado e a origem dos imperadores
demonstram esse argumento – muitos deles eram originários da região onde hoje é a Espanha e o
norte da França, como é o caso de Trajano e Marco Antonio, últimos imperadores da fase
expansionista. Uma das explicações para essa situação é a vastidão do Império Romano. Havia
grande dificuldade de ampliar as fronteiras devido à distância e ao custo desse empreendimento.
Além disso, as classes dirigentes e ricas de muitas cidades conquistadas por Roma (que,
inclusive, tiveram o papel de controlar os escravos de seus próprios territórios) iniciaram um
processo de exigência de cidadania romana. Exatamente isso! Povos conquistados por Roma,
durante todos esses séculos reivindicavam sua efetiva participação política e os privilégios de ser
um romano. Contudo, essa conquista apenas foi alcançada no século III d.C., em 212 d.C., quando o

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Imperador Caracala concedeu cidadania romana a praticamente todos os habitantes livres do


Império.
Assim, por volta de 192 d.C., ao final do Governo de Trajano, ocorreram as últimas anexações do
Império e se chegou a fase final do apogeu romano. As fronteiras foram fechadas!! Isso mesmo,
minha gente: era o fim do grande período de conquistas romanas. Daquele momento em diante a
preocupação passou a ser assegurar os limites fronteiriços do vasto Império.
A questão para Roma (e para você entender, meu caro) é que a origem do
crescimento econômico e de todo esplendor romano estava ligado às guerras de
conquistas - lembram-se de que as duas grandes riquezas de Roma eram terra e
escravos? Como fazer para manter o Império quando a fonte de riqueza seca? Essa
é a discussão da nossa próxima seção!

(FUVEST-2014- adaptada para ENEM) César não saíra de sua


província para fazer mal algum, mas para se defender dos agravos dos inimigos, para
restabelecer em seus poderes os tribunos da plebe que tinham sido, naquela ocasião, expulsos
da Cidade, para devolver a liberdade a si e ao povo romano oprimido pela facção minoritária.
Caio Júlio César. A Guerra Civil. São Paulo: Estação Liberdade, 1999, p. 67.
O texto, do século I a.C., retrata o cenário romano de
a) implantação da Monarquia, quando a aristocracia perseguia seus opositores e os forçava ao
ostracismo, para sufocar revoltas oligárquicas e populares.
b) transição da República ao Império, período de reformulações provocadas pela expansão
mediterrânica e pelo aumento da insatisfação da plebe.
c) consolidação da República, marcado pela participação política de pequenos proprietários
rurais e pela implementação de amplo programa de reforma agrária.
d) passagem da Monarquia à República, período de consolidação oligárquica, que provocou a
ampliação do poder e da influência política dos militares.
e) decadência do Império, então sujeito a invasões estrangeiras e à fragmentação política
gerada pelas rebeliões populares e pela ação dos bárbaros.
Comentário
Para você que está estudando por este material, questão fácil!!! Nem seria preciso uma grande
reflexão baseada no texto, basta associar os fatos à data I a.C. e lembrar em que contexto Cesar
apareceu na história. Neste momento, sabemos que ocorreu o fim da República, que estava
em crise, e início do protagonismo dos generais, portanto, início do Império. Aliás, sabendo o
básico da sequência história Monarquia, República e Império, dá para resolver essa questão
tranquilamente. Não é mesmo?
Gabarito: B

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1.3.2 - Crise do século III e Baixo Império

Vamos pensar um pouco comigo: o fechamento das fronteiras e o fim da política de expansão
territorial foi consequência das causas que elencamos acima – dificuldades militares e econômicas
para manter o império, bem como sua vastíssima extensão e a pressão de forças políticas exteriores
à Capital. Portanto, podemos pensar que o modelo expansionista havia chegado ao seu
esgotamento. Contudo, o sistema romano era alimentado pelos despojos dessas conquistas, que
não haveria mais de abastecer Roma. Isso gerou consequências que aceleraram a desintegração
política, econômica e social do Império Romano. O Século III da Era Cristã mostrou a intensidade
dessa crise. Vejamos!
A principal consequência do fim da expansão foi uma crise do sistema escravistas. Foram
700 anos utilizando a mão de obra escrava para sustentar a economia. A dependência que a
estrutura produtiva adquiriu desse tipo de mão de obra fez com que todos os setores sentissem as
consequências da diminuição do número de escravos e o consequente aumento do custo pela sua
aquisição. Essa situação gerou insuficiência produtiva, aumento do custo dos produtos e, assim, do
custo de vida nas cidades. Portanto, podemos
afirmar que a crise do sistema escravista gerou
uma crise econômica.
Esse cenário também enfraqueceu o
poderio econômico do estado romano que se
sustentava, inclusive, por meio dos impostos
cobrados dos cidadãos. Menos conquistas,
menos despojos, menos produção e
comércio...menos impostos!
Por que é importante frisar isso? Porque
com o fim das invasões, a preocupação do
governo foi fortalecer a fronteira para garantir a
segurança do Império. Mas, para isso, era
fundamental ter um grande, bom e equipado exército. E como tê-lo se o estado estava cada vez
menos monetarizado? Percebem as contradições que vão se acumulando com o do fim da expansão
territorial? Acrescenta-se que, essa situação com a manutenção do exército se aplicava às demais
estruturas político-administrativas do Império. Portanto, havia uma crise de sistema político e da
capacidade de manter a governabilidade do vasto império.

(FUVEST-2016- adaptada para ENEM) Os impérios do mundo antigo tinham ampla


abrangência territorial e estruturas politicamente complexas, o que implicava custos
crescentes de administração. No caso do Império Romano da Antiguidade, são exemplos
desses custos:
a) as expropriações de terras dos patrícios e a geração de empregos para os plebeus.

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b) os investimentos na melhoria dos serviços de assistência e da previdência social.


c) as reduções de impostos, que tinham a finalidade de evitar revoltas provinciais e rebeliões
populares.
d) os gastos cotidianos das famílias pobres com alimentação, moradia, educação e saúde.
e) as despesas militares, a realização de obras públicas e a manutenção de estradas.
Comentário
A letra a) menciona a expropriação das terras dos patrícios, algo que não ocorreu, na verdade,
as terras expropriadas foram as dos povos conquistados e as terras dos pequenos camponeses
endividados. Expropriar terras dos patrícios seria um movimento contrário ao latifúndio,
característica marcante na Roma antiga. Além disso, os plebeus ficavam cada vez mais
desempregados e miseráveis, pois o sistema escravista romano alocava escravos em todo tipo
de atividade, no campo e nas cidades. Por isso, não havia trabalho para os plebeus. As letras
b) e d) apresentam tipos de benefícios sociais que só aparecerão na história séculos adiante, a
previdência social, por exemplo, é própria do trabalho assalariado capitalista (século XVIII em
diante). Já gasto estatal com educação é uma viagem total. A letra c) fala em redução de
impostos nas províncias, colocação errada, pois os impostos altos eram fundamentais para
manter as despesas militares e as obras da Roma antiga. Por fim, sobrou a letra e), alternativa
correta que nos traz os elementos redondinhos das principais despesas do Estado na Roma
antiga: aparato militar; obras (lembre-se do Coliseu); estradas (lembre-se da Via Appia e de
que todos os caminhos levam a Roma).
Gabarito: E

1.3.2.1 - Cristianismo: das catacumbas ao apogeu


Nesse contexto de crise que estamos tratando, é fundamental dedicarmos atenção especial
ao tema da religião cristã surgida no começo do Império.
Para a historiografia, há um inegável paralelo entre a evolução do cristianismo e a queda de
Roma. O historiador Rostovtzeff estabelece que “à medida que a decadência do império se
acentuava, a força da Igreja crescia”7. Mas vejamos um pouco sobre o desenvolvimento e a relação
que os romanos mantiveram com as ideias cristãs.
A religião cristã começou a se desenvolver na Palestina, uma província que passou a ser
ocupada pelos romanos a partir de 64 a.C. e governada por Herodes, o Grande. Basta você se
lembrar de que Jesus Cristo nasceu no tempo do Imperador Otávio Augusto e que a data do
nascimento de Jesus foi assumida como o ano Zero do calendário cristão (adotado praticamente em
todo o ocidente) – vimos isso no comecinho da aula 00.
Antes do surgimento do cristianismo, a religião de Roma e de seus Imperadores era
politeísta, baseada em pressupostos da mitologia greco-romana. Além disso, ainda segundo o

7
ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro: Ed. Zahar. 1973, p. 283.

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historiador Rostovtzeff8, embora os deuses gregos e romanos fossem venerados nas províncias,
cada região do Império Romano contava com deuses próprios e locais. Os celtas tinham Deuses da
natureza e do Estado e fadas beneficentes. Os sírios admitiam variedades do deus-sol. O Egito
mantinha a antiga religião do tempo dos faraós. No geral, todo mundo podia crer no que quisesse
desde que prestasse culto aos deuses oficiais e respeitasse o Império9. Por isso, os romanos
toleravam as religiões não oficiais, ou seja, a religião dos povos conquistados.
Na Palestina, Jesus sustentava uma fé monoteísta segundo a qual existia um único Deus
criador da vida e do universo. A pregação religiosa de Jesus estava baseada no amor, na fraternidade
e no livre-arbítrio das pessoas. Tais elementos, do ponto de vista da força das ideias, constituíam-
se em uma ameaça potencial à dominação romana na Palestina. Afinal, Roma oprimia e explorava
os povos que viviam nas províncias e, além disso, os Imperadores eram tidos como seres divinizados.
Lembra do título de augustos?
Iniciada por Jesus e por um grupo pequeno de discípulos, o cristianismo começava a incomodar os
governantes romanos, pois questionava as leis, os costumes romanos e a divindade do Imperador.
Neste momento, ainda na Palestina, os cristãos passaram a ser discriminados, sofreram chacotas e
violência do governo. Em 33 d.C., como é sabido, Jesus foi crucificado e morto.
Durante o Império de Nero, que durou de 54 a 68 d.C., os cristãos chegaram a ser acusados
de terem incendiado Roma. É isso mesmo! Lembra daquela história que Nero incendiou Roma? Pois
é, depois ele jogou toda a culpa nos cristãos e usou o fato para persegui-los e matá-los. Sofreram as
mais absurdas atrocidades como, por exemplo, serem devorados por leões nos Coliseus a título de
entretenimento dos plebeus. De certa forma, os cristãos foram vítimas da política do Pão e Circo e
da enorme alienação das massas.
Porém, ao invés de a discriminação e a repressão aos cristãos enfraquecer esse grupo em
formação, ocorreu o contrário. Ele se desenvolveu e aperfeiçoou a doutrina como religião. Ademais,
a doutrina de Cristo de amor ao próximo e auxílio e caridade aos pobres encontrava terreno fértil
na situação de desigualdade social das cidades dominadas pelos romanos. O apóstolo Pedro,
conhecido com o pescador, levou o cristianismo à cidade de Roma e cativou os humildes, os pobres
e os escravos. Posteriormente, Pedro foi preso e crucificado.
No início do cristianismo, com ênfase no século II, a religião se desenvolveu gradualmente,
penetrou vastas camadas da sociedade e até mesmo as fileiras do exército romano. Mas, no século
III, os Imperadores Maximino, Décio e Valeriano declararam guerra ao cristianismo. Dentre as
motivações políticas para vetar o cristianismo nos territórios romanos estava a pregação cristã
contra a escravidão. Ou seja, o cristianismo passou a questionar uma base estrutural do sistema
econômico romano. Repare que esse elemento da crítica cristã é um dos pontos de encontro com
o período de crise e decadência de Roma.

8
ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro: Ed. Zahar. 1973, pp. 275-277.
9
DREHER, Martin N. A Igreja no Império Romano. Coleção História da Igreja, V.1. São Leopoldo: Ed.
Sinodal. 2004, p. 51.

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Apesar da perseguição do século III, ocorreu que o cristianismo cresceu e alguns governantes
romanos calcularam que mais valeria a pena aliar-se a ele do que o combatê-lo. Além disso, a crise
do Império no final do século III exigia novas formas de controle da população. Por isso, no ano de
313 d.C., o Imperador Romano Constantino se converteu ao cristianismo e publicou o Édito de Milão.
Leia um trecho do documento:

Deliberamos [Constantino Augusto e Licínio Augusto] conceder aos


cristãos e a quem quer que seja, a liberdade de praticar a religião de sua
preferência a fim de que a Divindade que nos céus reside venha a ser
favorável e propícia para nós e para todos os nossos súditos. Parece-nos ser
medida boa, razoável, não recusar a nenhum de nossos súditos, seja ele
cristão ou adepto de qualquer outro culto, o direito de seguir a religião que
melhor lhe convenha. Assim sendo, a Divindade que cada um reverenciar a
seu modo, livremente, poderá também estender a nós sua benevolência e
seus habituais favores.”

Em 325 d.C Constantino promoveu o Concílio de Nicéia. Uma reunião para definir quais seriam
as crenças e as condutas dos cidadãos romanos. Nesse cenário de reconhecimento do cristianismo,
no ano de 380 d.C., o Imperador Teodósio, por meio do Édito de Tessalônica, declarou o cristianismo
como a religião oficial do Império Romano.

Memorize: foi a partir desse reconhecimento que a Igreja católica iniciou sua
consolidação como “Igreja Católica Apostólica Romana”. Uma instituição chave para as
relações de poder que iriam se constituir na próxima fase da história ocidental, a Idade
Média.
Diante de tal quadro de instabilidade, a historiografia costuma destacar alguns imperadores
que tentaram promover soluções mais estruturais para a situação. Destacamos os governos de
Diocleciano, Constantino e Teodósio. Dá um bizu em cada:

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O Governo de Diocleciano ocorreu entre 284-


305 d.C. Para diminuir os conflitos de interesses
locais, especialmente, entre os generais, ele criou a
tetrarquia: dividiu o Império em 4 regiões
administrativas. Além disso, para tentar controlar a
crise inflacionária do aumento acelerado do custo de
vida impôs uma lei: Edito Máximo - Congelamento do
preço dos alimentos.
Evidentemente, essa política teve um efeito
apenas momentâneo já que, como estamos
discutindo, a crise em Roma é estrutural. Congelar
preços é medida paliativa!!
Estátua de Diocleciano

Edito Máximo: ficam congelados os preços em geral e os salários!

-Criou a Segunda
Capital: Constantinopla
-Instituiu o colonato
-Deu liberdade de culto
aos cristãos

Estátua de Constantino

Para falar do Governo de Constantino, ocorrido entre 306 e 337 d.C., gostaria de chamar sua
atenção para o seguinte: embora houvesse essa crise generalizada, os efeitos desse processo foram
sentidos de maneira diversa a depender da região do Império. Por exemplo, enquanto na Gália (atual
região da França) o comércio estava em completa decadência e a produção agrícola chegava ao nível

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de subsistência, na região oriental do Império o comércio com os povos do Oriente Médio e da Ásia
continuava florescendo. Foi o caso da área da região da atual Turquia. Assim, o Imperador
Constantino criou uma segunda Capital para o Império na cidade da atual Istambul, antiga
Bizâncio. Mudaram o nome e ela passou a se chamar Constantinopla – em homenagem ao
Imperador. A ideia, com essa medida, era aumentar a importância da região oriental do Império e,
assim, valorizar o rico comércio que se estabelecia naquela região.
Portanto, podemos afirmar que na “parte Europeia do Império”, a crise social se aprofundava. As
cidades não eram mais um atrativo para as pessoas. Ao contrário, sua precariedade de
oportunidades, os custos insustentáveis e nenhuma política assistencialista aos miseráveis
desencadeou um processo de ruralização da sociedade romana, ou seja, havia um movimento
migratório cidade-campo. Nas terras dos grandes senhores patrícios, os empobrecidos buscavam
refúgio e trabalho em troca de comida. Para regularizar essa situação, Constantino criou o sistema
de colonato: fixação do camponês à terra. Assim, iniciava-se a transição de trabalho escravo para
servil (que será consolidado no feudalismo, como veremos nas próximas aulas).

Busto de Teodósio

Tornou o cristianismo a religião oficial do Império


Decretou a divisão do Império em 2: Império Romano do
Ocidente e do Oriente

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Observe com atenção o esquema e o mapa abaixo:

Império Romano Império Romano


do Ocidente - do Oriente -
IROC IROR

Capital:
Capital: Roma
Constantinopla

descentralização centralização
política e política e
econômica econômica

Formação do
476 d.C FIM do
Império
IROC
Bîzantino

Formação dos
Reinos Bárbaros

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Agora, querida e querido aluno, nós precisamos estudar as duas


partes do Império de maneira separada, pois as experiências
históricas das duas regiões foram distintas. Essa diferença,
inclusive, foi responsável pela explicação da transição da Idade
Antiga para a Idade Média. Atente-se e não se confunda, ok? Na
continuidade da aula, logo abaixo, eu vou dar sequencia para o
que ocorreu na porção Ocidental do Império, ou melhor, no Império Romano do Ocidente. Se liga aí, bixo!

1.3.2.2 – Invasões (?) bárbaras (?) e a desorganização final do Império Romano do Ocidente

Outra questão agravou a situação do Império Romano


do Ocidente: as chamadas Invasões Bárbaras. Este é
outro assunto que precisa de um pouco de reflexão.
Vamos lá! E quero que você MEMORIZE algo que eu
disse logo acima sobre as fronteiras do Império
Romano: em determinado momento as fronteiras foram fechadas e os romanos pararam a
expansão.
Primeiramente, conforme o professor italiano Jérôme Baschet10, o termo “bárbaro” vem
do grego e é uma referência às pessoas que não falavam grego ou compartilhavam das culturas
gregas. Na era antes de Cristo (a.C.), a expressão “bárbaro” não tinha o peso negativo que as pessoas
comumente usam hoje. Da mesma forma, para o Império Romano, o termo se referia aos povos que
não faziam parte do Império, povos não-romanos.
A expressão negativa foi gradualmente construída para se referir a povos considerados
incivilizados – lembra da discussão que fizemos, na aula 00, sobre o conceito de civilização?
Leia essa citação de Baschet:

Mas a conotação negativa adquirida por este termo torna difícil empregá-lo hoje sem
reproduzir um julgamento de valor que faz de Roma o padrão de civilização e de seus
adversários os agentes da decadência, do atraso e da incultura. (p. 49)

Assim, a melhor expressão para esses povos seria simplesmente povos germânicos
“expressão aceitável em sua neutralidade descritiva”, conforme leciona o professor italiano. Os
bárbaros, ou melhor, os povos germânicos, não eram nada incivilizados. Tinham um modo de vida
próprio, diferente dos romanos.
A economia era bastante baseada na agricultura e no pastoreio de modo que não havia o
desenvolvimento do comércio. A sociedade organizava-se em tribos fundadas em clãs, isto é, nas

10
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Ed. Globo Livros,
2014.

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grandes famílias cujos laços eram estabelecidos pelo parentesco e por relações de lealdade e de
proteção. As leis dos germânicos originavam-se nos costumes seculares das tribos – leis
consuetudinárias - transmitidos oralmente de geração para geração. Quanto à organização político-
administrativa, havia um sistema comunitário, ou seja, não havia a propriedade particular da terra
e dos instrumentos de produção. Dessa forma, também não havia um Estado centralizado.
Novamente, vamos ler um trecho do livro do professor Baschet para firmar nosso conhecimento
sobre esse tópico:

“(...) sua coesão social e política em torno de seu chefe, ou ainda, sua habilidade em matéria de
artesanato e, principalmente, do trabalho com metais, superior à do mundo romano,
asseguram-lhes vantagens e permitem que eles se aproveitem das fraquezas de um Império em
dificuldade” (p.50)

Percebem que as diferenças do modo de vida dos povos não romanos, naquele contexto de
crise estrutural de Roma, foi um elemento positivo para sua penetração e posterior fixação nas
terras do decadente Império?
- Mas quem eram esses povos, Profe? Eles moravam onde, chegaram como e por quê?
Então, queridas e queridos, esses povos não-romanos viviam no norte e no leste da Europa e
no leste da Ásia. Dividiam-se em, pelo menos, três grandes grupos nômades:
 os hunos (originários da região da Mongólia), também conhecidos, junto com os
turcos, como tártaro-mongóis;
 os eslavos (originalmente da Rússia central);
 os germânicos (norte e leste europeu). Estes, por sua vez, podem ser subdivididos
nos seguintes agrupamentos: uevos, lombardos, saxões, teutônicos, francos
(originários do norte da Europa); e godos, visigodos, vândalos, hérulos
(provenientes do leste europeu).
Outra discussão importante a ser feita sobre esse assunto é o que se considera como
“invasões bárbaras”. Elas foram, na verdade, incursões dos germânicos no território do Império
Romano do Ocidente. Por isso, também é comum a referência ao deslocamento dos bárbaros como
migrações bárbaras. Esse deslocamento ocorreu tanto porque os bárbaros germânicos buscavam
terras férteis quanto porque foram coagidos por outros povos a se deslocarem na direção do
Império Romano. A historiografia indica que os primeiros contatos entre romanos e germanos
foram pacíficos, por isso, não é correto a referência a esse processo como “invasões”. As invasões
aconteceram, mas não se pode generalizar.
Nesse sentido, em um primeiro momento, houve relativa integração entre as duas culturas.
Muitos germânicos, por exemplo, viveram durante muito tempo como colonos campesinos no
Império Romano. No período da crise de mão de obra, chegaram até a prestar serviço militar em
troca de cidadania. Isso teria ocorrido porque os imperadores romanos calcularam que, diante da
decadência de Roma, seria melhor buscar alianças com os bárbaros germanos do que confrontá-los.

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A zona fronteiriça teve papel fundamental para a integração dos dois mundos no sentido de
produzir uma realidade intermediária, qual seja: a da formação de uma cultura romano-germânica
– que se consolidou ao longo do período medieval. Foi no lime (na fronteira) que romanos e
germânicos se encontraram por muitos séculos, mas especialmente, no período decadente de
Roma.
Porém, no final do século V, os povos germânicos vindos do leste europeu fizeram incursões
nada pacíficas!! Elas foram fruto de um deslocamento massivo de germânicos que fugiam das
perseguições dos hunos da Ásia Central. Ou seja, meus queridos, germânicos e romanos sentiam o
mesmo medo e passavam pelos mesmos riscos com a vinda agressiva dos hunos. Diz Baschet:
“Assim, quando os razias dos hunos, vindos da Ásia central, se abatem sobre a Europa, os
visigodos que pedem autorização para entrar no Império são agricultores tão inquietos diante
desse novo perigo quanto os próprios romanos.” (p. 50)
Em suma, guarde que os germânicos se relacionaram com os romanos tanto de forma pacífica
quanto de forma violenta. Para evidenciar os confrontos entre bárbaros e romanos, veja alguns
principais momentos:

403 – os visigodos invadiram a Itália;

410 – os visigodos atacaram Roma;

451 – confronto entre tropas romanas, também composta de germanos, e hunos.


Essa batalha ficou conhecida como Campos Catalúnicos e contou com o destaque de
Meroveu, considerado herói franco (germânico, portanto) nesse confronto. Veja
que as disputas já não estavam tão marcadas como romanos versus bárbaros!

476 – os hérulos conquistam a capital do Império, ROMA, e destituem o último


imperador, Rômulo Augusto

. Na historiografia esse evento marca o FIM do Império Romano Ocidental.

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ATENÇÃO: nessa altura do campeonato, precisa estar claro para você que as “invasões
bárbaras” não foram a única variável causal (causa) da desagregação do Império Romano.
Entre os séculos III e V, Roma estava em decadência, como vimos acima. Desse modo,
lembro também que a crise escravista e a insuficiência produtiva-econômica de Roma tornaram o
Império Romano mais vulnerável. Por isso, no Baixo Império Romano (séculos III a V), iniciou-se a
derrocada dos romanos, a qual foi aprofundada pelas investidas dos germânicos nas regiões
romanas. Vulnerável, a escalada de invasão germânica mais violenta contribuiu mais ainda para
enfraquecer Roma.
Além disso, se articulamos a adoção do colonato com as invasões germânicas, veremos que essas
experiências contribuíram decisivamente para o processo de ruralização da sociedade romana
ocidental. As pessoas passaram a optar pela vida no campo. O desfecho dessa ruralização
desemboca na ordem feudal, como veremos na próxima aula.
O ato final foi em 476 d.C., quando um povo germânico, os hérulos, derrotou o último Imperador da
Roma Ocidental: Rômulo Augusto. Foi o fim da Antiguidade!!!! Pegou? Qualquer coisa: Fórum de
Dúvidas!

(Adaptada para ENEM) A crise do Império Romano foi marcada por um


processo que:
a) alterou as relações sociais e políticas determinando novos vínculos, assentados,
principalmente, na posse de terras.
b) foi responsável pela consolidação e expansão das instituições políticas e sociais romanas por
toda a Europa.
c) criou novas atividades econômicas e intensificou as relações comerciais entre o Império
Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.
d) favoreceu o crescimento das cidades, devido ao êxodo rural provocado pelos constantes
ataques dos invasores bárbaros.
e) transformou as terras de cultivo em pastagens cercadas, tornando-as propriedades
privadas, o que ocasionou a marginalização dos agricultores.
Comentário
Essa questão é típica de “felling”, ou seja, você precisa saber o sentido mais geral do que a
crise do Império Romano provocou social, econômica e politicamente em Roma. Primeiro, se
houve uma crise, o mais provável é que ela afetou aspectos da vida social, por isso, a
alternativa a) já soa bem no ouvido. A alternativa a) também nos apresenta algo que faz
sentido, qual seja, novos vínculos em função da posse de terra. Numa primeira leitura você
pode pensar: “ah, ok!! A o item não está ruim, nem bom, é melhor eu ler as demais”. E é isso
que você deve fazer na prova. Ficou com dúvida se uma alternativa está certa ou errada, veja

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se você descobre erro nas demais. Então vamos lá!! A b) chuta o balde e afirma que as
instituições romanas tomaram TODA a Europa. Sabemos que havia limites no território
romano, basta pegar os mapas e conferir que os romanos não dominaram TODA a Europa. A
alternativa c) afirma que houve um processo que não condiz com a crise do Império Romano:
se estava tudo desmoronando, como as relações comerciais se fortaleceriam? Contraditório
isso aé, meu!!!! A letra d) também está errada porque o êxodo rural e o crescimento das
cidades não foram uma marca do momento da crise do Império Romano, vimos que esse
processo ocorreu na Monarquia e na República. Pense que no final do Império Romano, as
invasões bárbaras só poderiam produzir o movimento contrário ao crescimento das cidades:
as pessoas fugiam das cidades!!! A alternativa e) nos traz o debate da propriedade privada. Os
patrícios até tinham terras privadas, mas a formação dessas terras foi láaaa no momento em
que Roma estava em formação. Além disso, como o sistema romano contava com terras
privadas e terras públicas, esse elemento nem é top 10 para as explicações da Roma antiga.
Por fim, a alternativa relaciona que a propriedade privada marginalizou dos agricultores, veja:
vimos que a perda das terras dos pequenos agricultores, os quais também tinha propriedade
privada, foi ocasionada por endividamentos, processo de concentração de terras, modelo
escravagista, etc. A relação de causa e efeito dessa alternativa está errada. Feita toda essa
análise, você volta na alternativa a) e crava o X nela.
Gabarito: A
Queridas e queridos, chegamos ao fim da Idade Antiga, ou Antiguidade. Na próxima aula,
veremos o desenrolar da história da Roma Oriental ou do Império Romano do Oriente – que, na
verdade, passa a ser chamado de Império Bizantino. Um grande Império que existiu durante toda a
Idade Média. Mas esse é assunto do próximo Livro Digital.
Agora faça seu controle de temporalidade. Anota em qual momento da história estamos
parando: Século V da Era Cristã!!!!
Faça todos os exercícios. E se surgirem dúvida, manda para mim lá no Fórum de dúvidas.
Nos vemos na próxima aula!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado, de amor sem fim!
Alê

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2. LISTA DE QUESTÕES

1. (Enem 2017)
TEXTO I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas
juntas. Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem
precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não
podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou
de pequenas concessões.
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013
(adaptado).
TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das
principais heranças romanas que chegaram até nos. A publicação dessas leis, por volta de 450
a.C., foi importante pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um
instrumento favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio
dos poderosos.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na
ideia de que a
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.
2. (Enem (Libras) 2017)
TEXTO I
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram denunciados como cristãos: perguntei
a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e
uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram, mandei
executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível
deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos
que devem ser enviados a Roma.

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Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana situada na Ásia Menor, ao


imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. Disponível em: www.veritatis.com.br. Acesso em:
17 jun. 2015 (adaptado).
TEXTO II
É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa administração pratiquem a religião que
o apóstolo Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem
esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos
dementes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não
receberão o nome de igrejas e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança e,
depois, também pela nossa própria iniciativa.
Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média:
textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

Nos textos, a postura do Império Romano diante do cristianismo é retratada em dois


momentos distintos. Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a permanência da
seguinte prática:
a) Ausência de liberdade religiosa.
b) Sacralização dos locais de culto.
c) Reconhecimento do direito divino.
d) Formação de tribunais eclesiásticos.
e) Subordinação do poder governamental.
3. (Enem PPL 2016)
Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos
povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si
própria com a finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude
da lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra e
aqueles que são filhos de nossas escravas.
CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.
A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na
Roma antiga. No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma
a) mão de obra especializada protegida pela lei.
b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.
c) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.
d) condição legal independente da origem étnica do indivíduo.
e) comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas.
4. (Enem 2ª aplicação 2016)

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A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fixou por escrito um velho direito
costumeiro. No relativo às dívidas não pagas, o código permitia, em última análise, matar o
devedor; ou vendê-lo como escravo “do outro lado do Tibre” – isto é, fora do território de
Roma.
CARDOSO, C. F. S. O trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou que os plebeus
a) modificassem a estrutura agrária assentada no latifúndio.
b) exercessem a prática da escravidão sobre seus devedores.
c) conquistassem a possibilidade de casamento com os patrícios.
d) ampliassem a participação política nos cargos políticos públicos.
e) reivindicassem as mudanças sociais com base no conhecimento das leis.
5. (Enem 2016)
Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de não desejar saber como e sob que espécie
de constituição os romanos conseguiram em menos de cinquenta e três anos submeter quase
todo o mundo habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca antes ocorrido? Ou, em outras
palavras, quem seria tão apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou estudos a ponto
de considerar qualquer outro objetivo mais importante que a aquisição desse conhecimento?
POLÍBIO. História. Brasília: Editora UnB, 1985.
A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse texto escrito no século II a.C., é a
a) ampliação do contingente de camponeses livres.
b) consolidação do poder das falanges hoplitas.
c) concretização do desígnio imperialista.
d) adoção do monoteísmo cristão.
e) libertação do domínio etrusco.
6. (Enem 2013)
Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de
uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular
a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma
comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas,
na Grécia, para estudar a legislação de Sólon.
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à
a) adoção do sufrágio universal masculino.
b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.

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d) implantação de direitos sociais.


e) tripartição dos poderes políticos.
7. (Enem 2012)

A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na
cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma
característica política dos romanos no período, indicada em:
a) Cruzadismo — conquista da terra santa.
b) Patriotismo — exaltação da cultura local.
c) Helenismo — apropriação da estética grega.
d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo — diversidade dos territórios conquistados.
8. (Enem 2000)
"Somos servos da lei para podermos ser livres."
Cícero
"O que apraz ao príncipe tem força de lei."
Ulpiano

As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica que viveram praticamente no mesmo
século, quando ocorreu a transição da República (Cícero) para o Império (Ulpiano).
Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações:
I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não levavam
em consideração as normas jurídicas.

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II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os
representantes escolhidos pelo povo romano.
III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam os
direitos de outro cidadão.
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana.
Estão corretas, apenas:
a) I e III.
b) I e III.
c) Il e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
9. (UEPA/2012)

A imagem acima nos remete à luta entre gladiadores. Um jogo importante na composição da
política do “pão-e-circo” instituída no Império Romano. Na arena, escravos se enfrentavam até
a morte para o deleite dos espectadores. Neste contexto, a violência se transforma em
espetáculo público, e nele se observa:
a) a capacidade de articulação dos gladiadores para as revoltas contra a ordem estabelecida,
da qual a luta dos gladiadores era a principal representação pública.
b) o vínculo entre a morte de um gladiador na arena e a ascensão dos mártires cristãos ao
Panteão Romano, como ato de regeneração social.
c) o sentimento de remissão dos gladiadores pelas culpas das mortes causadas em suas lutas
nos espaços públicos e privados.
d) a inserção dos escravos nas esferas públicas após a conquista de vitórias consecutivas nas
arenas.
e) a diversão das camadas sociais mais afetadas pela política expansionista de Roma e pelo
crescimento do número de escravos nas cidades.

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10. (UEMA/2016) PARA FIXAÇÃO DE CONTEÚDO!


O Império Romano (27 a.C – 476 d.C), instaurado após a República, correspondeu ao momento
de maior esplendor da Civilização Romana, refletido, por exemplo, nas grandiosas obras
urbanísticas, no apogeu da produção cultural e na prosperidade econômica.

Com base nas informações presentes na charge, identifique uma característica do Império
Romano do Ocidente. A seguir, explique-a historicamente.
11. (UECE/2018)
As Guerras Púnicas, que se constituíram por uma série de combates entre Roma e Cartago no
período entre o século III e o século II a.C., assinalaram uma mudança radical na história de
Roma e do mundo antigo, porque
a) mesmo tendo Roma sofrido algumas derrotas, triunfou com as vitórias de Aníbal.
b) os conflitos entre Roma e Cartago duraram mais de um século.
c) após o fim do conflito, Roma se aproximou de uma civilização mais avançada e rica.
d) redesenhou toda a organização do mundo antigo e Roma transformou-se na grande
potência do Mediterrâneo.
12. (UECE/2017)
Plutarco atribuiu ao Tribuno da Plebe, Tibério Graco, o seguinte discurso dirigido aos pobres
de Roma:
“As feras que atravessam os bosques da Itália têm cada uma seus abrigos e suas tocas; os que
lutam e morrem pela defesa da Itália só têm o ar e luz e nenhuma outra coisa mais. Sem teto
para se abrigar, eles vagueiam com seus filhos e suas mulheres. Os enganam seus generais
quando, nas batalhas, os estimulam a combater pelos templos de seus deuses, pelas sepulturas
de seus pais. Isto porque, de um grande número de romanos, não há um só que tenha o seu
altar doméstico nem seu jazigo familiar. Eles combatem e morrem para alimentar a opulência
e o luxo de outros, e, quando dizem que são senhores de todo o mundo, eles não são donos
sequer de um pedaço de terra”.

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Apud Plutarco. Vidas Paralelas. Tomo VI. P. 209-210. Disponível em:


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra
=6712
Com essas palavras, o Tribuno Tibério Graco nos informa que Roma
a) possuía uma grande camada social desprovida de acesso à propriedade, contudo, era essa
camada que garantia o sucesso militar e o poderio das elites romanas.
b) tinha uma organização social baseada numa justa distribuição da riqueza e era alicerçada
pelo poderio militar.
c) tinha uma sociedade baseada na tradição de culto aos antepassados e todos os romanos
tinham sua terra e um lugar para cultuar seus entes.
d) vivia sobre uma constante tensão social em função do apoio irrestrito dos pobres aos
militares, já que estes garantiam ao povo a propriedade da terra, mesmo a contragosto dos
latifundiários.
13. (UECE/2007)
A história política da Roma antiga é dividida em três etapas: a Monarquia, a República e o
Império.
Sobre a participação dos plebeus no Regime Republicano, é correto afirmar:
a) a instalação da República foi um ato revolucionário dos plebeus, que afastaram os patrícios
do poder, criando a Assembleia Popular.
b) a criação da Assembleia da Plebe resultou da resistência dos plebeus contra o controle do
poder político republicano nas mãos dos patrícios.
c) o envolvimento da plebe na "res publica" (coisa pública) romana rompeu com a estrutura
social, afastando os patrícios do poder.
d) o controle do poder pelos plebeus, criando leis populares, justificou o apoio dos patrícios à
instalação do Império de Júlio César.
14. (UFPE/2000)
O Edito de Milão, assinado pelo Imperador romano Constantino em 313 d.C., mudou as
relações entre a Igreja Católica e o Estado, porque:
a) conseguiu a submissão dos cristãos ao culto oficial ao Imperador.
b) proibiu definitivamente a religião cristã em todo o Império Romano.
c) tornou oficial a religião cristã em todo o Império Romano.
d) conduziu a Igreja e O Estado a um acordo, tolerando o cristianismo e mantendo os cultos
pagãos.
e) contribuiu para a aceitação do politeísmo pelos cristãos.
15. (UFG/2014)

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Leia o verbete a seguir.


vândalo (do latim vandalus). S. m. 1. Membro de um povo germânico de bárbaros que, na
Antiguidade, devastaram o Sul da Europa e o Norte da África. 2. Fig. Aquele que destrói
monumentos ou objetos respeitáveis. 3. Fam. Indivíduo que tudo destrói, quebra, rebenta.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado).
O verbete “vândalo” indica que o mesmo termo adquire diferentes significados. O sentido
predominante no dicionário citado, e amplamente empregado na cobertura midiática das
recentes manifestações no Brasil, decorre da prevalência, na cultura ocidental, de uma
a) visão de mundo dos romanos, que, negando a cultura dos povos germânicos, consolidou a
dicotomia entre civilização e barbárie.
b) mentalidade medieval, que, após a queda do Império Romano, se apropriou da herança
cultural dos povos germânicos conquistadores, valorizando-a.
c) concepção renascentista, que resgatou os valores cristãos da sociedade romana, reprimidos
desde as invasões dos povos bárbaros.
d) imagem construída por povos dominados pelo Império, que identificaram os vândalos como
símbolo de resistência à expansão romana.
e) percepção resultante dos conflitos internos entre os povos germânicos que disseminou uma
imagem negativa em relação aos vândalos.
16. (Unicamp 2017)

A imagem acima retrata parte do mosaico romano de


Nennig, um dos mais bem conservados que se encontram
até o momento no norte da Europa. A composição conta
com mais de 160m² e apresenta como tema cenas próprias
de um anfiteatro romano.

https://fr.wikipedia.org/wiki/Perl_(Sarre)#/media/File:Retiarius_stabs_secutor_(color).jpg.
Acessado em: 12/08/2016.
A partir da leitura da imagem e do conhecimento sobre o período em questão, pode-se afirmar
corretamente que a imagem representa
a) uma luta entre três gladiadores, prática popular entre membros da elite romana do século
III d. C, que foi criticada pelos cristãos.

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b) a popularidade das atividades circenses entre os romanos, prática de cunho religioso que
envolvia os prisioneiros de guerra.
c) uma das ações da política do pão e do circo, estratégia da elite romana que usava cidadãos
romanos na arena, para lutarem entre si e, assim, divertir o povo.
d) uma luta entre gladiadores, prática que tinha inúmeras funções naquela sociedade, como a
diversão, a tentativa de controle social e a valorização da guerra.
17. (ETEC-CENTRO PAULA SOUZA 2019)
“Todos os caminhos levam a Roma”.

A frase e o mapa fazem referência a uma


característica marcante do Império
Romano (30 a.C. a 476 d.C.).
Assinale a alternativa que apresenta essa
característica.
a) A grande extensão territorial do Império
impediu a construção de qualquer sistema
de ligação entre a capital e a periferia,
fazendo com que somente a cidade de
Roma dispusesse de estradas pavimentadas
para a circulação de pessoas e bigas.
b) Em seu processo de expansão, o Império Romano fundou colônias nos cinco continentes e
estabeleceu órgãos administrativos que, em escala reduzida, reproduziam a administração
central e davam aos habitantes de todas as partes a sensação de viver na própria capital, a
cidade de Roma.
c) Diferentes pontos do Império Romano estavam ligados à capital, a cidade de Roma, e entre
si por milhares de quilômetros de estradas pavimentadas por onde circulavam,
principalmente, os mensageiros do Império.
d) O processo de desintegração do Império Romano levou à construção de estradas que tinham
o objetivo de facilitar a fuga dos habitantes da cidade de Roma, aterrorizados pela violência
praticada pelos povos germânicos, que saquearam a cidade.
e) Devido à grande influência do catolicismo na formação do Império Romano, os habitantes
da capital, a cidade Roma, financiaram a pavimentação de milhares de quilômetros de estradas
que eram utilizadas para a peregrinação à Terra Santa.
18. (UFPR/2019)
Leia o trecho abaixo, escrito por Agostinho de Hipona (354-430) em 410, sobre a devastação
de Roma:
Não, irmãos, não nego o que ocorreu em Roma. Coisas horríveis nos são anunciadas:
devastação, incêndios, rapinas, mortes e tormentos de homens. É verdade. Ouvimos muitos

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relatos, gememos e muito choramos por tudo isso, não podemos consolar-nos ante tantas
desgraças que se abateram sobre a cidade.
Santo Agostinho. Sermão sobre a devastação de Roma. Tradução de Jean Lauand. Disponível
em: <http://www.hottopos.com/mp5/agostinho 1.htm#_ftn2>. Acesso em 11 de agosto de
2018.
Considerando os conhecimentos sobre a história do Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) e as
informações do trecho acima, assinale a alternativa que situa o contexto histórico em que
ocorreram os problemas relatados sobre Roma e a sua consequência para o Império, entre os
séculos IV e V.
a) Trata-se do contexto das invasões dos povos visigodos, sendo uma das causas do final do
Império Romano do Oriente.
b) Trata-se do contexto dos saques de povos vândalos, sendo uma das causas do final do Sacro
Império Romano-Germânico.
c) Trata-se do contexto das pilhagens de povos ostrogodos, sendo uma das causas do final do
Império Bizantino.
d) Trata-se do contexto das incorporações de povos vikings, sendo uma das causas do final do
Sacro Império Romano do Oriente.
e) Trata-se do contexto das invasões de povos bárbaros, sendo uma das causas do final do
Império Romano do Ocidente.
19. (UPF/2018)
O historiador romano Tácito escreveu sobre o tratamento dado aos cristãos em Roma:
“[...] uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio, mas por ódio
contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram
amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em
cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna.”
(TÁCITO, Cornelius. Anais. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1964).
Sobre o tratamento dado aos cristãos pelo Estado Romano, é correto afirmar:
a) A perseguição violenta desencadeada contra os seguidores do cristianismo foi praticada até
a queda do Império Romano.
b) A violência contra os cristãos foi decorrente da fraqueza doutrinária da sua religião, o que
facilitava a aplicação da justiça por parte do Estado Romano.
c) As perseguições aos cristãos foram circunstanciais, motivadas pelo fanatismo de alguns
governantes, pois o Estado Romano tolerava a presença de todas as religiões.
d) Apenas os principais líderes cristãos foram perseguidos, pois o Estado Romano se
caracterizava pela tolerância religiosa.
e) As razões da violenta perseguição ao cristianismo no Império Romano têm relação com o
fato de que os cristãos não aceitavam que o Imperador fosse adorado como um deus.

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20. (UEL/2018)
Durante o século II, o Império Romano atingiu sua máxima extensão territorial, dominando
quase toda a atual Europa, o norte da África e partes do Oriente Médio. No final do século IV,
porém, essa unidade começaria a ser desfeita com a divisão do império em duas porções: a
ocidental, com a capital em Roma, e a oriental, com a capital em Bizâncio. Nos séculos IV e V,
a fragmentação territorial se aprofundou ainda mais e o Império Romano do Ocidente acabou
desaparecendo para dar lugar a diversos reinos germânicos.
Quanto à desagregação e queda do Império Romano do Ocidente, assinale a alternativa
correta.
a) O êxodo rural causado pelos ataques dos povos germânicos resultou num crescimento
desordenado das cidades, criando instabilidade e desordem política nos centros urbanos e
forçando a abdicação do último imperador romano.
b) O paganismo introduzido no Império Romano pelas tribos germânicas enfraqueceu o
cristianismo e causou a divisão entre cristãos católicos e ortodoxos, encerrando o apoio da
Igreja ao imperador e consequentemente fazendo ruir o império.
c) A língua oficial do Império Romano, o latim, ao se fundir com os idiomas falados pelos
invasores, deu origem às línguas germânicas, dificultando a administração dos territórios que
se tornaram cada vez mais autônomos até se separarem de Roma.
d) A disputa entre os patrícios romanos e a plebe pelas terras férteis facilitou a invasão do
império pelos “povos bárbaros”, pois o exército romano foi obrigado a deixar as fronteiras
desguarnecidas para defender os proprietários das terras das constantes rebeliões.
e) Com o fim das conquistas territoriais, o escravismo e a produção entraram em declínio,
somado às “invasões bárbaras” e à ascensão do cristianismo, que aceleraram a fragmentação
e queda de Roma.
21. (UFPR/2018)
Leia o texto a seguir:
Foi a República Romana que primeiro uniu a grande propriedade agrícola com a escravidão em
grupos no interior em maior escala. O advento da escravidão como um modo de produção
organizado inaugurou – como na Grécia – a fase clássica que distinguia a civilização romana, o
apogeu de seu poder e de sua cultura. Mas enquanto na Grécia isso havia coincidido com a
estabilização da pequena agricultura e de um compacto corpo de cidadãos, em Roma foi
sistematizado por uma aristocracia urbana a qual já gozava de um domínio social e econômico
sobre a cidade. O resultado foi a nova instituição rural do latifundium escravo extensivo. A mão
de obra para as enormes explorações que emergiam do século III a.C. em diante era abastecida
pela espetacular série de campanhas que deu a Roma o poder sobre o mundo mediterrâneo.
(ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1995, p.
58.)
Tendo como alvo a República Romana, assinale a alternativa correta.

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a) A desestruturação agrária em Roma, que estabeleceu sistemas de latifúndios, beneficiou os


grupos empobrecidos, uma vez que estes podiam abandonar o campo e se estabelecer em
cidades.
b) As guerras constantes ajudaram as classes dominantes da Roma republicana a desviar a
atenção dos problemas fundiários derivados do latifundium nos séculos seguintes.
c) Foi por meio da intervenção dos irmãos Graco que o problema da reforma agrária foi
resolvido no século II, pois os poderes políticos foram transplantados ao senado e, assim, Roma
viu mais um século de paz.
d) Os tribunos da plebe tiveram um papel importante no processo da reforma agrária romana,
possibilitando a transformação do modo de vida de maneira a permitir que todo pequeno
agricultor transformasse sua propriedade em um Domus.
e) O domínio social e econômico das cidades provinha de delicada relação entre a manutenção
de sistemas agrários em que a mão de obra escrava era aproveitada de forma esporádica e a
utilização ocasional de grandes extensões de terra.
22. (UFRGS/2001)
No século II a.C., o Estado romano atravessou uma importante crise social. Esta crise colocou
em campos opostos aristocratas, controladores do Senado romano, e a plebe, aglutinada pelos
Tribunos da Plebe. Assinale a alternativa que apresenta os principais tribunos e suas propostas
de reforma.
a) Tibério e Caio Graco – fundação de colônias agrícolas nas províncias para camponeses sem
terra e venda do trigo com preço inferior ao do mercado.
b) Tito Lívio e Cícero – venda do trigo com preço inferior ao do mercado e libertação dos
escravos.
c) Augusto e Otávio – reforma agrária e serviço militar para todos os homens.
d) Mário e Sila – libertação dos escravos e concessão de asilo aos estrangeiros.
e) Cláudio e Espártaco – reforma agrária e concessão de asilo aos estrangeiros.
23. (UFRGS/2019)
Considere as seguintes afirmações sobre a história antiga de Roma.
I. Com o fim do período monárquico, a hierarquia social na República deixou de estar fundada
na descendência familiar e na propriedade de terras, valorizando as ocupações ligadas ao
comércio urbano e à prática da magistratura.
II. No contexto dos séculos III e II a.C., a manumissão de estrangeiros, escravizados a partir de
conquistas bélicas, possibilitava a tais indivíduos liberdade social e cidadania política.
III. Entre as principais causas do fim da República, estão a invasão de tribos normandas
oriundas do norte da Europa, a difusão do cristianismo e a crise econômica provocada pela
chamada “Conspiração de Catilina”.
Quais estão corretas?

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a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
24. (UFSC/2002)
Leia o texto a seguir com atenção:
Até as feras selvagens que vagam pela Itália têm cada uma sua caverna, um covil onde
repousar. Mas aqueles que combatem e morrem pela Itália não têm nada além da luz e do ar
que respiram.
Sem casa, sem ter onde se abrigar, vagam com a mulher e os filhos [...]
Vocês os fazem combater e morrer para defender a riqueza e o luxo dos outros [...] Vocês os
chamam de senhores do mundo, mas eles não possuem nem um pedacinho de terra.
(Texto romano do século II. Apud DUARTE, Gleuso Damasceno. "Jornada para o nosso tempo."
Belo Horizonte: Editora Lê, 1997. p.101.)
De acordo com o texto acima e seus conhecimentos, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
O texto ...
01. justifica as precárias condições de vida dos camponeses romanos, atribuindo-as à
necessidade de serem pobres para poderem defender a pátria.
02. refere-se às determinações das "Leis das XII Tábuas", que proibiam aos plebeus e patrícios
a posse da terra.
04. critica as condições de vida dos soldados romanos, a quem a cidade devia sua riqueza e
glória, mas que quase nada recebiam em troca.
08. reflete a situação dos patrícios, clientes e plebeus, que eram forçados a entregar ao Estado
o excedente da sua produção, vivendo em condições miseráveis.
16. analisa a situação dos romanos pobres. Nas guerras, serviam como soldados. Nos períodos
de paz, sofriam sérias discriminações. A terra, riqueza fundamental, era quase toda
propriedade dos patrícios.
25. (FT Itajubá/s/d)
O sistema econômico, social e político do Império Romano funcionou bem nos três primeiros
séculos da Era Cristã; a partir de então, começou uma crise que o levou à desintegração no
século V. Qual dos itens a seguir indica uma das causas reais da queda do Império Romano?
a) O governo de Sila, que entre outras medidas, elevou para 600 o número de senadores
romanos.
b) O assassinato de Júlio César.

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c) A redução na produção dos latifúndios, em razão da falta de escravos.


d) A reforma agrária instituída por Tibério Graco.
e) O abalo causado ao Império pelas Guerras Púnicas.
26. (Cefet- Paraná)
Durante a crise da República romana surgiram no cenário político os irmãos Graco. Estes
tribunos da plebe propuseram algumas reformas políticas, sendo que as que mais se
destacaram foram a reforma agrária e a Lei Frumental. Sobre esta última é correto afirmar:
a) Estipulava o incentivo estatal para os pequenos colonos que cultivassem em suas
propriedades o trigo e a aveia.
b) Estipulava a distribuição de trigo para a população subvencionada pelo Estado.
c) Estabelecia um preço mínimo a ser pago pela arroba de trigo produzida em Roma.
d) Estabelecia um preço máximo a ser pago pela arroba de trigo produzida em Roma.
e) Consistia numa prática do governo republicano, que visava, com isto, reduzir custos e
aumentar as exportações agrícolas de Roma.
27. (PUCSP/2017)
Sobre a criação da República Romana, em 509 a.C., é correto afirmar:
a) apesar do regime republicano, o Cônsul romano concentrava os poderes em suas mãos e
não precisava ouvir as Assembleia de patrícios para tomar decisões importantes.
b) o Estado romano passou a ser dirigido por dois Cônsules, que dividiam o poder com o Senado
e com a Assembleia Popular.
c) a República romana instalou, pela primeira vez na História, um regime representativo e
democrático, onde todos, sem distinção, poderiam participar de todos os órgãos de governo.
d) o consulado e o senado eram formados por patrícios, mas a Assembleia Popular, órgão mais
importante e poderoso da República, era formado por todos, inclusive mulheres, estrangeiros
e escravos.
28. (PUCRS/ 2016)
Considere as afirmativas sobre as reformas no Império Romano promovidas por Diocleciano e
seus sucessores, no século III d.C.
I. As reformas visavam enfrentar a grave crise econômica e política por que passava o Império,
reforçando a autoridade imperial e reestruturando o Estado por meio da incorporação de
concepções orientais às instituições romanas.
II. No período de Diocleciano, os exércitos imperiais foram drasticamente reduzidos, restando
a metade do número anterior de legiões, com o intuito de reforçar o poder civil, concentrado
na classe senatorial.
III. Durante o período, um grande número de estrangeiros, particularmente os germanos,
passou a ser admitido no exército romano, alguns dos quais chegando ao oficialato profissional
e compondo uma nova aristocracia provincial.

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Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s)


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
29. (Fuvest 2019)
(…) o “arco do triunfo” é um fragmento de muro que, embora isolado da muralha, tem a forma
de uma porta da cidade. (...) Os primeiros exemplos documentados são estruturas do século II
a.C., mas os principais arcos de triunfo são os do Império, como os arcos de Tito, de Sétimo
Severo ou de Constantino, todos no foro romano, e todos de grande beleza pela elegância de
suas proporções.
PEREIRA, J. R. A., Introdução à arquitetura. Das origens ao século XXI. Porto Alegre: Salvaterra,
2010, p. 81.
Dentre os vários aspectos da arquitetura romana, destaca‐se a monumentalidade de suas
construções. A relação entre o “arco do triunfo” e a História de Roma está baseada
a) no processo de formação da urbe romana e de edificação de entradas defensivas contra
invasões de povos considerados bárbaros.
b) nas celebrações religiosas das divindades romanas vinculadas aos ritos de fertilidade e aos
seus ancestrais etruscos.
c) nas celebrações das vitórias militares romanas que permitiram a expansão territorial, a
consolidação territorial e o estabelecimento do sistema escravista.
d) na edificação de monumentos comemorativos em memória das lutas dos plebeus e do
alargamento da cidadania romana.
e) nos registros das perseguições ao cristianismo e da destruição de suas edificações
monásticas.
30. (Fuvest 2008)
Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos, no Brasil e no mundo, dizem-se
defensores de padrões democráticos e de valores republicanos. Na Antiguidade, tais padrões
e valores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense, quanto na república romana,
quando predominaram
a) a liberdade e o individualismo.
b) o debate e o bem público.
c) a demagogia e o populismo.
d) o consenso e o respeito à privacidade.
e) a tolerância religiosa e o direito civil.

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2.1 - GABARITO

1- E 16- D
2- A 17- C
3- D 18- E
4- E 19- E
5- C 20- E
6- B 21- B
7- E 22- A
8- E 23- B
9- E 24- (20)
10- (COMENTÁRIO) 25- C
11- D 26- B
12- A 27- B
13- B 28- C
14- D 29- C
15- A 30- B

3. QUESTÕES COMENTADAS

1. (Enem 2017)
TEXTO I
Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à mente quando terra e dívida são mencionadas
juntas. Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador” em Atenas, com poderes sem
precedentes, porque a exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das dívidas não
podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio da força ou
de pequenas concessões.
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013
(adaptado).
TEXTO II
A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos fundamentais do direito romano, uma das
principais heranças romanas que chegaram até nos. A publicação dessas leis, por volta de 450

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a.C., foi importante pois o conhecimento das “regras do jogo” da vida em sociedade é um
instrumento favorável ao homem comum e potencialmente limitador da hegemonia e arbítrio
dos poderosos.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).
O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas indicadas nos textos consiste na
ideia de que a
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia.
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as aristocracias
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as sociedades.
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos de interesses.
e) criação de normas coletivas diminuiu as desigualdades de tratamento.
Comentários:
Olha que questão interessante. Compara aspectos da vida política de Grécia e Roma. Não é
uma questão tão simples. Mas tem técnicas. Quando se trata de questões comparativas, você deve
caracterizar cada elemento a ser comparado. Nesse caso, trata-se de decifrar as realidades
sociopolíticas tratadas nos textos I e II. Depois disso, ver o que há de convergência, ou o que é
comum, entre essas realidades.

➢ Sobre o Texto I: Trata-se das Reformas Políticas propostas pelo legislador grego Sólon, Diante
dos abusos e da concentração de poder e privilégios pela aristocracia, começou uma série de
revoltas. Veja que o texto diz que “exigência de redistribuição de terras e o cancelamento das
dívidas não podiam continuar bloqueados pela oligarquia dos proprietários de terra por meio
da força”. Relembre quais foram essas reformas:

➢ Sobre o texto II: As desigualdades econômicas e políticas entre patrícios e plebeus causavam
uma situação tensa em Roma. Portanto, por mais que houvesse previsão para participação
política de diferentes grupos sociais, a questão da desigualdade social impactava a disputa
equilibrada de interesses. Assim, patrícios conseguiam continuar aprovando leis que os

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beneficiavam. Em diversos outros momentos, alguns mais tensos e outros menos, houve
Revoltas Plebeias. É nesse contexto que foi aprovada a Lei das 12 Tábuas:
450 a.C.: Lei das 12 Tábuas – até então, o direito era oral e baseado nas tradições populares. Assim,
havia situações em que a aplicação do direito dependia dos interesses e dos poderes das pessoas
envolvidas. Com a Lei das 12 Tábuas, as leis passaram a ser escritas. Foi feita a compilação e
harmonização das leis ao princípio da igualdade. Essa situação possibilitou que as leis se tornassem
mais acessíveis a parcelas mais amplas da população.
Concluindo a análise, os dois textos apresentam um contexto institucional de mudança na legislação
que permitiu um caminho de igualdade jurídica. Tempo isso em mente, agora vamos à análise de
cada alternativa:
a- Em nenhum dos casos há o estabelecimento da democracia. Na Grécia, por exemplo, a
democracia ocorreu algumas décadas depois.
b- Em nenhum dos casos a aristocracia foi desarticulada. A igualdade jurídica tornou a vida social
mais complexa porque foi inserindo mais estratos sociais na política e na vida civil.
c- A sociedade já estava organizada, contudo, com grandes níveis de desigualdades.
d- Olha que interessante, as mudanças não foram no campo da MORAL, mas sim no campo das
INSTITUIÇÔES. Leis são instituições porque moldam a forma como a sociedade se organiza.
e- Bingo, essa é a correta. Justifica-se por tudo o que comentamos acima.
Gabarito: E

2. (Enem (Libras) 2017)


TEXTO I
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram denunciados como cristãos: perguntei
a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e
uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram, mandei
executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível
deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos
que devem ser enviados a Roma.
Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana situada na Ásia Menor, ao
imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. Disponível em: www.veritatis.com.br. Acesso em:
17 jun. 2015 (adaptado).
TEXTO II
É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa administração pratiquem a religião que
o apóstolo Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem
esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos
dementes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não
receberão o nome de igrejas e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança e,
depois, também pela nossa própria iniciativa.
Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média:
textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

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Nos textos, a postura do Império Romano diante do cristianismo é retratada em dois


momentos distintos. Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a permanência da
seguinte prática:
a) Ausência de liberdade religiosa.
b) Sacralização dos locais de culto.
c) Reconhecimento do direito divino.
d) Formação de tribunais eclesiásticos.
e) Subordinação do poder governamental.
Comentários:
Essa é uma questão que aborda a histórica cultural e política, pois aborda o aspecto da religião, mais
precisamente as políticas do Estado Romano em relação à religião. Além disso, trata-se de uma
questão de comparação de dois contextos históricos distintos representados por cada um dos
textos. Veja que o comando quer que você identifique o que é permanente, comum entre 2 cenários
distintos.
Analisemos os textos. No texto I, fala-se em perseguição das pessoas que professavam a religião
cristã. O texto II trata sobre a perseguição aos não cristãos, depois que esta religião se tornou oficial
no Império Romano.
Logo, o que permanece de um contexto para o outro é a política de intolerância religiosa e, portanto,
de perseguição às pessoas que professam determinada fé.
Tendo essa avaliação em mente, vamos à análise das alternativas:
a) Bingo. Segundo o que comentamos, os dois textos tratam sobre a intolerância religiosa.
b) Nenhum dos dois textos fala em sacralização de espaços religiosos.
c) Direito Divino é uma teoria desenvolvida durante a Idade Moderna e não na Antiguidade.
d) Os tribunais eclesiásticos, como o Tribunal da santa Inquisição surgiu na Idade Média.
e) Olha essa alternativa escorregadia. Nos dois casos há a descrição de políticas de estado. Mas
era a religião que estava subordinada ao poder governamental e não o contrário.
Gabarito: A

3. (Enem PPL 2016)


Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos
povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si
própria com a finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude
da lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra e
aqueles que são filhos de nossas escravas.
CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.
A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na
Roma antiga. No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma
a) mão de obra especializada protegida pela lei.
b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.

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c) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.


d) condição legal independente da origem étnica do indivíduo.
e) comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas.
Comentários:
O texto fala sobre a amplitude da escravidão na Roma Antiga. O comando da questão lhe pede
para a posição e a condição dos escravos nessa sociedade. Levando em consideração as
informações do texto jurídico, passemos à análise de cada alternativa.
a) Os escravos não ocupavam algum trabalho especializado, mas poderiam fazer qualquer
coisa. Além disso, seu trabalho não era protegido porque o escravo é considerado uma
mercadoria.
b) Essa alternativa é confusa, mas, segundo o texto, o ex-cidadão pode ser considerado
aquele que se vendeu e se tornou uma mercadoria. Então, entre os escravos tem sim
ex-cidadão.
c) Erradíssimo. Não há critério para tornar-se cidadão. A única distinção é a jurídica, a
escravidão não é determinada pela etnia.
d) Correto. Ser escravo é condição jurídica de mercadoria.
e) Os escravos não compõem uma comunidade separada. Como falamos na alternativa
anterior, são um grupo constituído juridicamente pela condição de mercadorias.
Gabarito: D

4. (Enem 2ª aplicação 2016)


A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fixou por escrito um velho direito
costumeiro. No relativo às dívidas não pagas, o código permitia, em última análise, matar o
devedor; ou vendê-lo como escravo “do outro lado do Tibre” – isto é, fora do território de
Roma.
CARDOSO, C. F. S. O trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou que os plebeus
a) modificassem a estrutura agrária assentada no latifúndio.
b) exercessem a prática da escravidão sobre seus devedores.
c) conquistassem a possibilidade de casamento com os patrícios.
d) ampliassem a participação política nos cargos políticos públicos.
e) reivindicassem as mudanças sociais com base no conhecimento das leis.
Comentários:
Essa é uma questão clássica. Cobra o conhecimento sobre as leis de conquista plebeias na Roma
Antiga. Vamos lembrar das principais leis que garantiram direitos aos plebeus

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450 a.C.: Lei das 12 Tábuas – até então, o direito era oral e baseado nas
tradições populares. Assim, havia situações em que a aplicação do direito
dependia dos interesses e dos poderes das pessoas envolvidas. Com a Lei das 12
Tábuas, as leis passaram a ser escritas. Foi feita a compilação e harmonização
das leis ao princípio da igualdade.
445 a.C.: Lei da Canuleia – essa norma tornava legal o casamento entre
grupos sociais distintos, ou seja, patrícios e plebeus podiam se casar. Isso
potencializou a ascensão social dos plebeus enriquecidos. Com o tempo, essa
relação matrimonial entre esses dois grupos sociais deu origem a um terceiro
grupo conhecido como nobilitas.
367 a.C.: Lei de Licínia – essa lei marcou outro momento importante da história
política das lutas dos plebeus por maior participação nas instituições da República. A
partir dela, os Plebeus puderam ocupar o maior cargo da Magistratura, o de Cônsul. Em
366 a.C. foi eleito o primeiro Consul Plebeu. Além disso, a mesma lei definiu que as
terras conquistadas em guerra deveriam ser distribuídas.

326 a.C.: Lei de Poetélia – garantiu direitos civis aos plebeus, pois aboliu a
possibilidade de escravidão por dívida. Com isso, os plebeus não ficavam
completamente submetidos aos grupos mais ricos.

300 a.C.: Lei de Ogúlnia – essa norma dizia respeito a outro elemento fundamental da
vida social e dos direitos civis dos cidadãos: o direito à igualdade religiosa. Na prática,
isso significava que plebeus não podiam ocupar postos religiosos mais relevantes. Essa
Lei concedeu igualdade religiosa a todos, permitindo que os plebeus, enfim, alcançassem
altos cargos sacerdotais.

Tendo isso em mente, o único gabarito possível é a alternativa E


Gabarito: E

5. (Enem 2016)
Pois quem seria tão inútil ou indolente a ponto de não desejar saber como e sob que espécie
de constituição os romanos conseguiram em menos de cinquenta e três anos submeter quase
todo o mundo habitado ao seu governo exclusivo – fato nunca antes ocorrido? Ou, em outras
palavras, quem seria tão apaixonadamente devotado a outros espetáculos ou estudos a ponto
de considerar qualquer outro objetivo mais importante que a aquisição desse conhecimento?
POLÍBIO. História. Brasília: Editora UnB, 1985.
A experiência a que se refere o historiador Políbio, nesse texto escrito no século II a.C., é a
a) ampliação do contingente de camponeses livres.
b) consolidação do poder das falanges hoplitas.
c) concretização do desígnio imperialista.
d) adoção do monoteísmo cristão.
e) libertação do domínio etrusco.
Comentários:
Sabemos que um dos capítulos mais importantes da História romana é o processo de expansão
territorial. Primeiro como República, fase de maior expansão. O texto fala em desígnio imperialista,
desenvolvido principalmente a partir da República, quando Roma domina todas as terras em torno
do Mar Mediterrâneo, passando a chamá-lo de Mare Nostrum.

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E depois como Império, quando ocorreu sua decadência. Tendo isso me mente, vamos à análise das
alternativas:
a) Essa alternativa está errada porque o processo de ocupação territorial tem como
consequência a ampliação do escravismo e não do trabalho livre.
b) As falanges hoplitas são da Grécia Antiga e não da Roma

Traje Militar - Espartano Hoplita

Hoplitas eram cidadãos-soldados. Viviam na Grécia Antiga. O termo


Hoplita advém do escudo que esses soldados carregavam, o hóplo.
Falange é termo utilizado devido à forma como os hoplitas lutavam, qual
seja, em colunas. Formavam densas colunas para lutar corpo-a-corpo.
No filme 300 vemos os hoplitas espartanos lutando contra os Persas. Já
viram esse filme. Sugiro, é bom para visualizarmos um pouco sobre
aquele momento histórico.

c) Essa alternativa está mal escrita, já que a expansão e conquista tratada por Políbio em seu
texto não foi fruto do Império, mas, sobretudo, da República. Mas, quando pensamos na
prática de dominação e conquista que marcou a expansão territorial, então, podemos falar
em práticas imperialistas. Nesse sentido, esse é o gabarito da questão.
d) O período tratado por Políbio não havia cristianismo. A religião romana era politeísta.
e) Os etruscos são povos originários da península itálica e constituíra a última dinastia da
Monarquia romana, período anterior à expansão de que trata Políbio.
Gabarito: C

6. (Enem 2013)
Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de
uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular
a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma
comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas,
na Grécia, para estudar a legislação de Sólon.
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve relacionada à
a) adoção do sufrágio universal masculino.
b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.

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d) implantação de direitos sociais.


e) tripartição dos poderes políticos.
Veja, como o tema da normatização dos direitos por meio da elaboração das leis é tema recorrente
no ENEM. Nesse caso, a questão não cobra exatamente seu conhecimento sobre as leis romanas,
mas sobre as consequências e sentidos da existência de leis escritas as quais substituíram a tradição
oral. Como a própria questão explicita: quando a legislação era transmitida oralmente, as classes
superiores "manipulavam a justiça de acordo com seus interesses". Sendo assim, posto, quando a
legislação passou a ser escrita, houve o aumento do direito à cidadania pelas classes inferiores. Ou
seja, trata-se do avanço da igualdade jurídica.

Gabarito: B

7. (Enem 2012)
A figura apresentada é de um mosaico, produzido por
volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod,
atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos
que representam uma característica política dos
romanos no período, indicada em:
a) Cruzadismo — conquista da terra santa.
b) Patriotismo — exaltação da cultura local.
c) Helenismo — apropriação da estética grega.
d) Imperialismo — selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo — diversidade dos territórios
conquistados.

Comentários:
Veja outra questão do ENEM cobrando seu conhecimento sobre uma das principais marcas da
história da Roma Antiga: O expansionismo! Relembre a periodização.

• 753 a.C. - 509 a.C. • 509 a.C. - 27 a.C. • 27 a.C. - 476 d.C.
Império
Monarquia

República

Período de Período de Período de


Formação. expansão consolidação do
território
• Últimos reis territorial. conquistadoe
etruscos. • Domínio do também,
SENADO. fragmentação
territorial e, por fim,
queda do Império

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Veja que a questão aborda o momento do Império, 300 d.C. Foi o período do auge da expansão
territorial quando Roma dominava todos os territórios ao redor do Mediterrâneo, incluindo a
Palestina. O mosaico de animais demonstra a quantidade e diversidade desses territórios.
Tendo isso em mente, vamos analisar cada item:
a) As cruzadas ocorrem a partir do século XII.
b) Patriotismo é uma prática do mundo contemporâneo.
c) O Helenismo é a fusão da cultura grega com a oriental ocorrida na desagregação Grega.
d) Imperialismo poderia ser, mas a definição está completamente errada ao falar de selvageria
dos povos conquistados.
e) Gabarito da questão.
Gabarito: E

8. (Enem 2000)
"Somos servos da lei para podermos ser livres."
Cícero
"O que apraz ao príncipe tem força de lei."
Ulpiano
As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica que viveram praticamente no mesmo
século, quando ocorreu a transição da República (Cícero) para o Império (Ulpiano).
Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações:
I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não levavam
em consideração as normas jurídicas.
II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os
representantes escolhidos pelo povo romano.
III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam os
direitos de outro cidadão.
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana.
Estão corretas, apenas:
a) I e III.
b) I e III.
c) Il e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Comentários:
As duas frases expressas visões distintas sobre o papel e a legitimidade da lei. Historicamente,
representam características de dois regimentos políticos, respectivamente: República e Império.
Partindo dessa noção, vamos analisar os itens:

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I- A diferença não é aparente, mas de conteúdo. Além disso, as leis sempre tiveram importância
central na Roma Antiga. Item errado.
II- Aqui está uma pegadinha porque no Período Imperial o Senado continuou existindo, mas ficou
subjugado ao poder do Imperador. Item errado
III- Aqui se trata da ideia formal da liberdade e igualdade jurídica. Item correto.
IV- O poder acima da legislação era o do Imperador. Item correto.
Sendo assim, apenas os itens III e IV são corretos. Gabarito letra E.

Gabarito: E

9. (UEPA/2012)
A imagem acima nos remete à luta entre gladiadores. Um jogo
importante na composição da política do “pão-e-circo”
instituída no Império Romano. Na arena, escravos se
enfrentavam até a morte para o deleite dos espectadores.
Neste contexto, a violência se transforma em espetáculo
público, e nele se observa:
a) a capacidade de articulação dos gladiadores para as revoltas
contra a ordem estabelecida, da qual a luta dos gladiadores era
a principal representação pública.
b) o vínculo entre a morte de um gladiador na arena e a
ascensão dos mártires cristãos ao Panteão Romano, como ato
de regeneração social.
c) o sentimento de remissão dos gladiadores pelas culpas das mortes causadas em suas lutas
nos espaços públicos e privados.
d) a inserção dos escravos nas esferas públicas após a conquista de vitórias consecutivas nas
arenas.
e) a diversão das camadas sociais mais afetadas pela política expansionista de Roma e pelo
crescimento do número de escravos nas cidades.
Comentário
Boa questão para lembrarmos do papel da política do “Pão e Circo”. Essa política era parte de uma
tentativa de despolitização e manobra dos poderosos para afastar os plebeus e as pessoas
empobrecidas das questões políticas. Nesse sentido, as lutas tinham três funções: entreter o povo
em espetáculos públicos, estabelecer o controle das classes altas sobre as mais baixas e valorizar o
espírito guerreiro romano. Além disso, a maioria dos gladiadores era escrava. As constantes
apresentações de lutas só eram possíveis graças ao grande fluxo de escravos, vindos das diversas
frentes de batalhas do expansionismo romano.
Assim, a letra A já poder ser eliminada, pois o espetáculo das lutas, diferentemente de ressaltar a
capacidade de articulação dos gladiadores para se revoltar, expressa uma política de controle. Um
controle, tanto sobre os lutadores, quanto sobre os espectadores.

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Além disso, durante o Império de Nero, que durou de 54 a 68 d.C., os cristãos chegaram a ser
acusados de terem incendiado Roma. Pois é, depois ele jogou toda a culpa nos cristãos e usou o fato
para persegui-los e matá-los. Sofreram as mais absurdas atrocidades como, por exemplo, serem
devorados por leões nos Coliseus a título de entretenimento dos plebeus. De certa forma, os cristãos
foram vítimas da política do Pão e Circo e da enorme alienação das massas. Repare, então, que a
alternativa B também poder ser eliminada, pois os cristãos não eram vistos como mártires, muito
menos homenageados no Panteão Romano. Os cristãos foram perseguidos.
A alternativa C, por sua vez, tenta induzir o vestibulando a uma compreensão estranha à própria
imagem do enunciado. Não é possível inferir que há um “sentimento de remissão dos gladiadores”,
afinal, uma vez colocados forçadamente nas arenas, era matar ou morrer.
A alternativa D está errada porque sugere que os escravos deixavam essa condição quando
obtivessem vitórias nas lutas. A vida pública era reservada aos cidadãos romanos. Os escravos
seguiam como tal, ganhando ou perdendo nos espetáculos.
Por fim, a E é nosso Gabarito.
Gabarito: E

10. (UEMA/2016) PARA FIXAÇÃO DE CONTEÚDO!


O Império Romano (27 a.C – 476 d.C), instaurado após a República, correspondeu ao momento
de maior esplendor da Civilização Romana, refletido, por exemplo, nas grandiosas obras
urbanísticas, no apogeu da produção cultural e na prosperidade econômica.

Com base nas informações presentes na charge, identifique uma característica do Império
Romano do Ocidente. A seguir, explique-a historicamente.
Comentário
Além da resposta ter que se basear na charge, repare que o enunciado da questão nos orienta a
responder com pelo menos dois elementos: há uma definição temporal do período do Império; e,
há um destaque para a prosperidade romana. Já a charge, além de confirmar o luxo do Império
Romano, também nos apresenta dois personagens, o Obelix e o Asterix, ambos gauleses. Portanto,
trata-se da relação do Império Romano com as províncias.

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Uma característica da relação de Roma com as regiões conquistadas é que elas passaram a pagar
diversos tributos para a capital administrativa e novos produtos passaram a fazer parte do cotidiano
da elite romana. Veja que, o romano da charge oferece produtos. Dessa foram, a característica do
expansionismo romano está evidenciada na charge.
Uma outra característica que poderia ser mencionada é sobre a escravidão, tema motivado pela
presença da escrava na charge. O expansionismo romano, processo já iniciado na fase da República,
aumentou a escravidão e, junto com isso, a desigualdade social. Surgiram novos problemas que
levaram à crise que pós fim à República em 27 a.C.., momento em que o Império Romano ascende.
No plano político, havia no Império Romano uma centralização do poder nas mãos do imperador, o
césar era um Augusto, ou seja, cultuado como um Deus. Repare o romano da foto se coloca como
uma figura poderosa. A charge confirma que, no plano social, os indivíduos dividiam-se em cidadãos,
escravos e povos de províncias (no causo, os gauleses).

11. (UECE/2018)
As Guerras Púnicas, que se constituíram por uma série de combates entre Roma e Cartago no
período entre o século III e o século II a.C., assinalaram uma mudança radical na história de
Roma e do mundo antigo, porque
a) mesmo tendo Roma sofrido algumas derrotas, triunfou com as vitórias de Aníbal.
b) os conflitos entre Roma e Cartago duraram mais de um século.
c) após o fim do conflito, Roma se aproximou de uma civilização mais avançada e rica.
d) redesenhou toda a organização do mundo antigo e Roma transformou-se na grande
potência do Mediterrâneo.
Comentário
Lembre-se de que Cartago era uma cidade de origem fenícia que ficava ao Norte da África. Ela tinha
um papel importante no comércio marítimo no Mar Mediterrâneo. Para que Roma concretizasse
seu Projeto Mare Nostrum (dominar territórios banhados pelo mediterrâneo para controlar todo o
comércio marítimo dessa região) era necessário conquistar o lugar ocupado por Cartago, até então.
Assim, nas Guerras Púnicas, ocorridas entre 264-146 a.C, Roma e Cartago disputavam,
principalmente, a hegemonia no mar Mediterrâneo. Forma 3 Guerras Púnicas.
No final do conflito, na 3ª Guerra Púnica, Roma venceu Cartago e expandiu muito seu poder,
conquistando um vasto território.
Considerando esse contexto das Guerras Púnicas, vamos começar pela alternativa B.
Por que a letra B está errada se, de fato, o conflito durou mais de um século? Veja, caro e cara aluna,
temos que entender o que o enunciado pede. Está sendo cobrado uma explicação do porquê houve
uma mudança radical na história de Roma e do mundo antigo. A resposta “os conflitos entre Roma
e Cartago duraram mais de um século” não diz nada sobre a pergunta, é como se te perguntassem
o motivo de você ter escolhido determinado curso de graduação e você respondesse: “sim, eu nasci
na virada do século XX para o século XXI”. Ou seja, não é porque o item diz algo certo que ele
responde ao que se pede no enunciado. Atenção, a reposta tem que fazer sentido.

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Da mesma forma, a alternativa A não tem sentido, pois Aníbal foi o chefe dos cartagineses e Cartago
foi derrotada por Roma. Agora, é preciso ressaltar: Aníbal marchou sobre o território romano
impondo diversas derrotas às tropas de Roma em batalhas que, na prática, chegaram a humilhar o
exército inimigo. Porém, enquanto Aníbal marchava em direção a Roma, o general romano Cipião
invadia Cartago. Aníbal retornou para defender Cartago, mas o líder cartaginense acabou derrotado
na Batalha de Zama pelo próprio Cipião, em 202 a.C.
A alternativa C, até esboça um certo sentido, mas há muitos relativismos que temos de considerar
e até mesmo dúvidas do sentido da alternativa em relação à pergunta feita no enunciado. Os
relativismos envolvem a compreensão do que seria uma “civilização mais avançada”. De fato, para
os patrícios a prosperidade com o expansionismo romano chegou, mas para a plebe e os escravos,
não. Por sinal, a desigualdade social gerada no fim da República Romana foi uma das crises que
levou ao fim da fase republicana e início do Império. Com relação à coerência da alternativa com a
pergunta do enunciado, veja que também é solicitada uma percepção sobre mudança na história do
mundo antigo. Dessa forma, a frase da alternativa C está restrita à Roma.
Por isso, a alternativa D nos apresenta uma resposta mais completa e recheada de sentido,
principalmente porque reflete a disputa de hegemonia entre Cartago e Roma, ou seja, Roma venceu
e consolidou-se como potência.
Gabarito: D

12. (UECE/2017)
Plutarco atribuiu ao Tribuno da Plebe, Tibério Graco, o seguinte discurso dirigido aos pobres
de Roma:
“As feras que atravessam os bosques da Itália têm cada uma seus abrigos e suas tocas; os que
lutam e morrem pela defesa da Itália só têm o ar e luz e nenhuma outra coisa mais. Sem teto
para se abrigar, eles vagueiam com seus filhos e suas mulheres. Os enganam seus generais
quando, nas batalhas, os estimulam a combater pelos templos de seus deuses, pelas sepulturas
de seus pais. Isto porque, de um grande número de romanos, não há um só que tenha o seu
altar doméstico nem seu jazigo familiar. Eles combatem e morrem para alimentar a opulência
e o luxo de outros, e, quando dizem que são senhores de todo o mundo, eles não são donos
sequer de um pedaço de terra”.
Apud Plutarco. Vidas Paralelas. Tomo VI. P. 209-210. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra
=6712
Com essas palavras, o Tribuno Tibério Graco nos informa que Roma
a) possuía uma grande camada social desprovida de acesso à propriedade, contudo, era essa
camada que garantia o sucesso militar e o poderio das elites romanas.
b) tinha uma organização social baseada numa justa distribuição da riqueza e era alicerçada
pelo poderio militar.
c) tinha uma sociedade baseada na tradição de culto aos antepassados e todos os romanos
tinham sua terra e um lugar para cultuar seus entes.

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d) vivia sobre uma constante tensão social em função do apoio irrestrito dos pobres aos
militares, já que estes garantiam ao povo a propriedade da terra, mesmo a contragosto dos
latifundiários.
Comentário
O texto de Plutarco remete às consequências sociais da expansão romana ocorrida durante a
República, 509-27 a.C. Em decorrência desta expansão, inúmeras transformações ocorreram na
sociedade. Dentre elas, o aumento da desigualdade social. As terras conquistadas pelos exércitos
formados por plebeus tonaram-se propriedades públicas, ou seja, do Estado. Dessa forma, embora
responsável pela sustentação material do Estado, o homem humilde e pobre foi o maior prejudicado
com esta expansão. Confirma-se essa percepção no seguinte trecho: “Eles combatem e morrem
para alimentar a opulência e o luxo de outros (...)”.
Diante disso, o gabarito é a alternativa A. Vamos ver o que está errado nas demais.
B - a parte “organização social baseada numa justa distribuição da riqueza” invalida essa alterantiva,
pois a sociedade romana possuía desigualdade social.
C – o trecho “todos os romanos tinham sua terra” deixa a alternativa errada, pois, como vimos, as
terras conquistas em guerras ficavam, em sua maioria, com o Estado. Além disso, os patrícios eram
grandes proprietários de terra.
D – a parte da frase que sugere que o povo tinha propriedade de terra está errada.
Gabarito: A

13. (UECE/2007)
A história política da Roma antiga é dividida em três etapas: a Monarquia, a República e o
Império.
Sobre a participação dos plebeus no Regime Republicano, é correto afirmar:
a) a instalação da República foi um ato revolucionário dos plebeus, que afastaram os patrícios
do poder, criando a Assembleia Popular.
b) a criação da Assembleia da Plebe resultou da resistência dos plebeus contra o controle do
poder político republicano nas mãos dos patrícios.
c) o envolvimento da plebe na "res publica" (coisa pública) romana rompeu com a estrutura
social, afastando os patrícios do poder.
d) o controle do poder pelos plebeus, criando leis populares, justificou o apoio dos patrícios à
instalação do Império de Júlio César.
Comentário
Vamos analisar cada alternativa, pois a questão demanda um bom conhecimento sobre a história
romana.
A – Aqui precisamos saber como Roma saiu da fase monárquica e entrou na fase republicana. Para
nos ajudar, vamos lembrar de um trecho da aula:

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A Monarquia entrou em decadência porque alguns reis etruscos se sobrepuseram política


e militarmente ao Senado e aos patrícios. O último rei foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi
deposto em 509 a.C. por uma insurreição de patrícios que o acusaram, dentre outros, de
desrespeitar a aristocracia patrícia. Nesse processo, a Monarquia foi abolida e o SENADO
passou a ser o Poder Supremo em Roma.
Repare, então, que foram os patrícios que instalaram a República e não “um ato revolucionário dos
plebeus” como afirma a alternativa. Por isso, a letra A está errada.
B – De acordo com a parte teórica do livro digital, explique que, em 494 a.C., portanto 15 anos após
a queda da monarquia, os plebeus fizeram uma espécie de greve (paralisação coletiva de atividade
profissional). Essa mobilização ficou conhecida como Revolta do Monte Sagrado. Todos os plebeus
saíram da cidade deixando-a desprotegida e desabastecida. Subiram uma montanha chamada
Monte Sagrado. De lá, emitiram exigências pedindo ampliação na participação política dos plebeus
nas instituições políticas da República. Caso não fossem atendidos, construiriam uma nova cidade.
O desfecho desse conflito foi a criação do cargo TRIBUNO DA PLEBE.
Assim como na Revolta do Monte Sagrado, em diversos outros momentos, alguns mais tensos e
outros menos, houve Revoltas Plebeias contrárias ao controle do poder político dos patrícios. Diante
disso, a alternativa B está correta. Mas, atenção, você ainda não deve marcar o Gabarito e passar
para a próxima questão, pois tem que ter certeza de que as outras alternativas estão erradas. OK?
C – a participação dos plebeus na vida política nem rompeu a estrutura social hierarquiza, em que
os patrícios estavam no topo da pirâmide, nem afastou os patrícios do poder.
D – a alternativa erra ao afirmar que o poder político passou a ser controlado pelos plebeus. Houve,
de fato, uma tensão fruto da participação dos plebeus na política, fato que contribuiu para a crise
da República. Mas, isso não significou que eles dominaram a política.
Gabarito: B

14. (UFPE/2000)
O Edito de Milão, assinado pelo Imperador romano Constantino em 313 d.C., mudou as
relações entre a Igreja Católica e o Estado, porque:
a) conseguiu a submissão dos cristãos ao culto oficial ao Imperador.
b) proibiu definitivamente a religião cristã em todo o Império Romano.
c) tornou oficial a religião cristã em todo o Império Romano.
d) conduziu a Igreja e O Estado a um acordo, tolerando o cristianismo e mantendo os cultos
pagãos.
e) contribuiu para a aceitação do politeísmo pelos cristãos.
Comentário
Questão conteudista. O que é o Édito de Milão? Decreto que garantiu a liberdade de culto aos
cristãos e a adeptos de outras religiões, até mesmo as consideradas pagãs. Ponto!

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Assim, não poderia ser o item A, pois, expressa sentido contrário ao conteúdo do Édito. O mesmo
se aplica ao item B que também está em sentido oposto à liberdade de culto cristão concedido por
meio do decreto de Constantino. O item C traz o conteúdo de outro Édito, o da Tessalônica, assinado
pelo Imperador Teodósio em 380 d.C.
O item D é o Gabarito. Para verificarmos a dimensão da ideia de acordo, vejamos um trecho do
Édito de Milão, de 312 d. C., ocasião em que o Imperador Constantino se converteu ao cristianismo:
Deliberamos [Constantino Augusto e Licínio Augusto] conceder aos cristãos e a quem quer que seja,
a liberdade de praticar a religião de sua preferência a fim de que a Divindade que nos céus reside
venha a ser favorável e propícia para nós e para todos os nossos súditos. Parece-nos ser medida
boa, razoável, não recusar a nenhum de nossos súditos, seja ele cristão ou adepto de qualquer outro
culto, o direito de seguir a religião que melhor lhe convenha. Assim sendo, a Divindade que cada um
reverenciar a seu modo, livremente, poderá também estender a nós sua benevolência e seus
habituais favores.”
Por fim, o item E traz uma consequência contrária ao que se verificou na história, uma vez que, com
o Édito, o cristianismo começou a ser respeitado e mais pessoas se converteram a essa doutrina – e
não o contrário, como afirma a sentença.
Portanto, queridos e queridas, o gabarito é a letra D.
Gabarito: D

15. (UFG/2014)
Leia o verbete a seguir.
vândalo (do latim vandalus). S. m. 1. Membro de um povo germânico de bárbaros que, na
Antiguidade, devastaram o Sul da Europa e o Norte da África. 2. Fig. Aquele que destrói
monumentos ou objetos respeitáveis. 3. Fam. Indivíduo que tudo destrói, quebra, rebenta.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado).
O verbete “vândalo” indica que o mesmo termo adquire diferentes significados. O sentido
predominante no dicionário citado, e amplamente empregado na cobertura midiática das
recentes manifestações no Brasil, decorre da prevalência, na cultura ocidental, de uma
a) visão de mundo dos romanos, que, negando a cultura dos povos germânicos, consolidou a
dicotomia entre civilização e barbárie.
b) mentalidade medieval, que, após a queda do Império Romano, se apropriou da herança
cultural dos povos germânicos conquistadores, valorizando-a.
c) concepção renascentista, que resgatou os valores cristãos da sociedade romana, reprimidos
desde as invasões dos povos bárbaros.
d) imagem construída por povos dominados pelo Império, que identificaram os vândalos como
símbolo de resistência à expansão romana.
e) percepção resultante dos conflitos internos entre os povos germânicos que disseminou uma
imagem negativa em relação aos vândalos.

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Comentário
Boa questão para notarmos diferentes visões de mundo. Na origem, vândalos eram os povos de
determinada região localizada na Germânia oriental. Porém, a expressão sofreu ressignificações
fruto de uma visão cultural determinada pelos latinos (gregos e romanos). A civilização Grega criou
o termo “bárbaro” considerando que os outros povos eram inferiores no campo da cultura. Os
romanos, herdeiros da cultura Grega, retomam a expressão “bárbaro” associando a todos os povos
que não pertenciam ao Império Romano. Dentro dessa perspectiva de inferiorizar outros povos, os
romanos reforçaram a dicotomia entre civilização e barbárie. Portanto, a alternativa A está correta.
A alternativa B está incorreta, pois a cultura medieval passou a ser vinculada à Igreja católica e
procurou converter os bárbaros ao cristianismo.
A C também está equivocada porque o Renascimento Cultural se inspirou nos valores humanistas e
antropocêntricos da Antiguidade Clássica Greco-Romana e não resgatou os valores cristãos da
sociedade romana. Aliás, na maior parte da história romana o cristianismo foi condenado.
As alternativas D e E estão incorretas porque sugerem uma outra origem para a concepção de
“vândalo”. A D, por exemplo, afira que os próprios povos dominados criaram o termo.
Gabarito: A

16. (Unicamp 2017)

A imagem acima retrata parte do mosaico romano de


Nennig, um dos mais bem conservados que se encontram
até o momento no norte da Europa. A composição conta
com mais de 160m² e apresenta como tema cenas próprias
de um anfiteatro romano.

https://fr.wikipedia.org/wiki/Perl_(Sarre)#/media/File:Retiarius_stabs_secutor_(color).jpg.
Acessado em: 12/08/2016.
A partir da leitura da imagem e do conhecimento sobre o período em questão, pode-se afirmar
corretamente que a imagem representa
a) uma luta entre três gladiadores, prática popular entre membros da elite romana do século
III d. C, que foi criticada pelos cristãos.
b) a popularidade das atividades circenses entre os romanos, prática de cunho religioso que
envolvia os prisioneiros de guerra.
c) uma das ações da política do pão e do circo, estratégia da elite romana que usava cidadãos
romanos na arena, para lutarem entre si e, assim, divertir o povo.

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d) uma luta entre gladiadores, prática que tinha inúmeras funções naquela sociedade, como a
diversão, a tentativa de controle social e a valorização da guerra.
Comentário
Olha essa questão. A Unicamp traz uma pergunta de 1ª. fase na qual há dois tipos de texto: um
escrito e um não escrito ( a imagem). Você pode combinar as informações de ambos. No caso,
percebemos claramente que o quadro se refere a uma luta de gladiadores. A luta entre os
gladiadores era uma prática comum romana, iniciada no fim da República e adotada por todo o
Império. Os gladiadores provinham das classes sociais inferiores ou dos escravos de conquista de
Roma.
Já no texto há uma referência ao anfiteatro. Mais do que isso, o texto afirma que o mosaico
representa uma cena PRÓPRIA de um anfiteatro.

Assim, pensou em anfiteatro, pensou em


espetáculos de entretenimento, pois, o
teatro romano não tem uma função
catártica.
As lutas dos gladiadores faziam parte da
política do Pão e Ccirco. Dito isso, as lutas
tinham três funções: entreter o povo em
espetáculos públicos, estabelecer o
controle das classes altas sobre as mais
baixas e valorizar o espírito guerreiro
romano.
Fonte: Shutterstock

Política do Pão e
Entretenimento Anfiteatro Entreter o povo
Circo

Estabelecer
controles social valorizar o
sobre a massa espírito guerreiro
empobrecida

Repare que a alternativa C está errada quando afiram que eram usados cidadãos romanos nos
espetáculos.
Gabarito: D

17. (ETEC-CENTRO PAULA SOUZA 2019)

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“Todos os caminhos levam a Roma”.


A frase e o mapa fazem referência a uma
característica marcante do Império Romano (30
a.C. a 476 d.C.).
Assinale a alternativa que apresenta essa
característica.

a) A grande extensão territorial do Império


impediu a construção de qualquer sistema de
ligação entre a capital e a periferia, fazendo com
que somente a cidade de Roma dispusesse de estradas pavimentadas para a circulação de
pessoas e bigas.
b) Em seu processo de expansão, o Império Romano fundou colônias nos cinco continentes e
estabeleceu órgãos administrativos que, em escala reduzida, reproduziam a administração
central e davam aos habitantes de todas as partes a sensação de viver na própria capital, a
cidade de Roma.
c) Diferentes pontos do Império Romano estavam ligados à capital, a cidade de Roma, e entre
si por milhares de quilômetros de estradas pavimentadas por onde circulavam,
principalmente, os mensageiros do Império.
d) O processo de desintegração do Império Romano levou à construção de estradas que tinham
o objetivo de facilitar a fuga dos habitantes da cidade de Roma, aterrorizados pela violência
praticada pelos povos germânicos, que saquearam a cidade.
e) Devido à grande influência do catolicismo na formação do Império Romano, os habitantes
da capital, a cidade Roma, financiaram a pavimentação de milhares de quilômetros de estradas
que eram utilizadas para a peregrinação à Terra Santa.
Comentário
Questão fácil, pois, pega na sua mão e te leva ao tema: a construção de estradas que ligavam Roma
a outros pontos do vasto Império. Ao longo do período da República Romana, 509-27 a.C, ocorreu
o processo de expansão territorial romana. Com isso, foi possível dominar diversos povos, montar
um sistema de cobranças de impostos e criar diversas estradas para facilitar a comunicação entre
as regiões periféricas em relação à capital. Durante o Império, esse processo se intensificou com
uma política de organização administrativa e a criação da burocracia pública. Ressalto que, nesse
contexto, burocracia tem a ver com eficiência administrativa. A mais famosa das estradas é a Via
Áppia (leram o quadrinho de curiosidades no meio da aula?). Assim, a máxima “todos caminhos
levam a Roma” expressa a política expansionista romana. Portanto, a resposta se encontra no item
C.
Vejamos o que exclui os demais itens:
• O item A está errado porque expressa ideia diversa a que comentei acima.

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• O item B está errado, pois, apesar de muito poderosa, ela não colonizou os 5 continentes,
mas apenas: Partes da Europa, Ásia e África.
• O item D não pode ser, pois, a construção de estradas NUNCA teve o objetivo de garantir a
fuga dos habitantes, até porque elas foram construídas durante a expansão romana e não na
fase de desintegração do Império.
• O item E não pode ser, afinal, como vocês já estão carecas de saber, as estradas foram
construídas para interligar Roma a outros lugares do Império. Nada tinha a ver com a igreja.
Gabarito: C

18. (UFPR/2019)
Leia o trecho abaixo, escrito por Agostinho de Hipona (354-430) em 410, sobre a devastação
de Roma:
Não, irmãos, não nego o que ocorreu em Roma. Coisas horríveis nos são anunciadas:
devastação, incêndios, rapinas, mortes e tormentos de homens. É verdade. Ouvimos muitos
relatos, gememos e muito choramos por tudo isso, não podemos consolar-nos ante tantas
desgraças que se abateram sobre a cidade.
Santo Agostinho. Sermão sobre a devastação de Roma. Tradução de Jean Lauand. Disponível
em: <http://www.hottopos.com/mp5/agostinho 1.htm#_ftn2>. Acesso em 11 de agosto de
2018.
Considerando os conhecimentos sobre a história do Império Romano (27 a.C. – 476 d.C.) e as
informações do trecho acima, assinale a alternativa que situa o contexto histórico em que
ocorreram os problemas relatados sobre Roma e a sua consequência para o Império, entre os
séculos IV e V.
a) Trata-se do contexto das invasões dos povos visigodos, sendo uma das causas do final do
Império Romano do Oriente.
b) Trata-se do contexto dos saques de povos vândalos, sendo uma das causas do final do Sacro
Império Romano-Germânico.
c) Trata-se do contexto das pilhagens de povos ostrogodos, sendo uma das causas do final do
Império Bizantino.
d) Trata-se do contexto das incorporações de povos vikings, sendo uma das causas do final do
Sacro Império Romano do Oriente.
e) Trata-se do contexto das invasões de povos bárbaros, sendo uma das causas do final do
Império Romano do Ocidente.
Comentário
Caríssimo, essa questão é conteudista. Santo Agostinho (354-430) viveu durante o contexto da
profunda crise que contribuiu para o fim do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. O cenário
foi caracterizado por uma crise econômica, política, escravista, êxodo urbano e,
consequentemente, ruralização da sociedade, etc. Entre tantos problemas, o Império Romano
sofreu com uma intensa onda de “invasões bárbaras” marcadas por muita violência, na sua fase
final. Santo Agostinho de Hipona descreve este momento.

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Portanto, para responder à questão, você precisaria lembrar de que esta fase violenta da invasão
dos povos não-romanos (germânicos ou bárbaros) acelerou e intensificou o final o Império Romano
do Ocidente. O Império Bizantino é sinônimo para o Império Romano do Oriente e, diferentemente
do Império Romano do Ocidente, manteve a centralização política, as fronteiras intactas e conseguiu
evitar as invasões de outros povos. Sacro Império Romano do Oriente é uma formação política na
região da atual Alemanha que se deu devido a fragmentação do Reino Franco, na Alta Idade Média
(não se desespere, esse conhecimento você construirá nas aulas seguintes de idade média, ok)
Gabarito: E

19. (UPF/2018)
O historiador romano Tácito escreveu sobre o tratamento dado aos cristãos em Roma:
“[...] uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio, mas por ódio
contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram
amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em
cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna.”
(TÁCITO, Cornelius. Anais. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1964).
Sobre o tratamento dado aos cristãos pelo Estado Romano, é correto afirmar:
a) A perseguição violenta desencadeada contra os seguidores do cristianismo foi praticada até
a queda do Império Romano.
b) A violência contra os cristãos foi decorrente da fraqueza doutrinária da sua religião, o que
facilitava a aplicação da justiça por parte do Estado Romano.
c) As perseguições aos cristãos foram circunstanciais, motivadas pelo fanatismo de alguns
governantes, pois o Estado Romano tolerava a presença de todas as religiões.
d) Apenas os principais líderes cristãos foram perseguidos, pois o Estado Romano se
caracterizava pela tolerância religiosa.
e) As razões da violenta perseguição ao cristianismo no Império Romano têm relação com o
fato de que os cristãos não aceitavam que o Imperador fosse adorado como um deus.
Comentário
As ideias cristãs abalaram as estruturas do Império Romano culminando na crise da fase imperial.
Diferente da religião romana, os cristãos eram monoteístas e não aceitavam que os imperadores
fossem cultuados como divindades. Por isso, a alternativa B está errada, pois afirma que a violência
contra os cristãos foi decorrência da fraqueza doutrinária.
Além disso, durante boa parte da história romana, os cristãos foram perseguidos. Contudo, no final
do Império, no ano de 313 d.C., o Imperador Romano Constantino se converteu ao cristianismo e
publicou o Édito de Milão. Esse Édito concedeu liberdade de religião aos cristãos. Dessa forma, a
letras A e C estão erradas.
A D também está errada porque os cristãos de uma forma geral foram perseguidos e o Estado não
tolerava o cristianismo. Isso só mudou com o Édito de Milão.

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Por fim, nosso Gabarito é a alternativa E.


Gabarito: E

20. (UEL/2018)
Durante o século II, o Império Romano atingiu sua máxima extensão territorial, dominando
quase toda a atual Europa, o norte da África e partes do Oriente Médio. No final do século IV,
porém, essa unidade começaria a ser desfeita com a divisão do império em duas porções: a
ocidental, com a capital em Roma, e a oriental, com a capital em Bizâncio. Nos séculos IV e V,
a fragmentação territorial se aprofundou ainda mais e o Império Romano do Ocidente acabou
desaparecendo para dar lugar a diversos reinos germânicos.
Quanto à desagregação e queda do Império Romano do Ocidente, assinale a alternativa
correta.
a) O êxodo rural causado pelos ataques dos povos germânicos resultou num crescimento
desordenado das cidades, criando instabilidade e desordem política nos centros urbanos e
forçando a abdicação do último imperador romano.
b) O paganismo introduzido no Império Romano pelas tribos germânicas enfraqueceu o
cristianismo e causou a divisão entre cristãos católicos e ortodoxos, encerrando o apoio da
Igreja ao imperador e consequentemente fazendo ruir o império.
c) A língua oficial do Império Romano, o latim, ao se fundir com os idiomas falados pelos
invasores, deu origem às línguas germânicas, dificultando a administração dos territórios que
se tornaram cada vez mais autônomos até se separarem de Roma.
d) A disputa entre os patrícios romanos e a plebe pelas terras férteis facilitou a invasão do
império pelos “povos bárbaros”, pois o exército romano foi obrigado a deixar as fronteiras
desguarnecidas para defender os proprietários das terras das constantes rebeliões.
e) Com o fim das conquistas territoriais, o escravismo e a produção entraram em declínio,
somado às “invasões bárbaras” e à ascensão do cristianismo, que aceleraram a fragmentação
e queda de Roma.
Comentário
Questão super conteudista. Avalia se o candidato entende do processo de desagregação do Império
Romano. Tenha em mente o seguinte esquema de análise: Um processo é causado por distintos
elementos que, em interação uns com os outros, geram um resultado. Assim vejamos:
✓ Com a Pax Romana, interrompe-se a expansão territorial do Império.
✓ Uma vez que não se conquistavam novos territórios, os escravos, em geral prisioneiros de
guerra, começaram a escassear, dando início a uma profunda crise de mão de obra e
produção agrícola.
✓ As cidades perderam sua importância e os habitantes buscaram proteção e subsistência no
campo. A esse processo chamamos ruralização.
✓ As invasões das tribos germânicas se tornaram cada vez mais comuns.
✓ A ascensão do cristianismo chocou-se com a tradição religiosa romana.
Diante dos elementos acima:

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• o item A não poderia ser assinalado porque afirma que houve processo de êxodo rural – saída
do campo para cidade.
• o item B é anacrônico e completamente errado. Igreja católica e ortodoxa são processos da
Idade Média, nada tem a ver com Império Romano.
• o item C trata sobre a fusão das línguas é verdade, tanto que do latim surgirá o francês, o
italiano, o português, por exemplo. Mas, isso não tem relação com a desagregação do Império
Romano.
• o item D não tem nenhuma veracidade. O exército deixou as fronteiras porque o Império
Romano não tinha condições econômicas para manter sua estrutura militar e administrativa.
Gabarito: E

21. (UFPR/2018)
Leia o texto a seguir:
Foi a República Romana que primeiro uniu a grande propriedade agrícola com a escravidão em
grupos no interior em maior escala. O advento da escravidão como um modo de produção
organizado inaugurou – como na Grécia – a fase clássica que distinguia a civilização romana, o
apogeu de seu poder e de sua cultura. Mas enquanto na Grécia isso havia coincidido com a
estabilização da pequena agricultura e de um compacto corpo de cidadãos, em Roma foi
sistematizado por uma aristocracia urbana a qual já gozava de um domínio social e econômico
sobre a cidade. O resultado foi a nova instituição rural do latifundium escravo extensivo. A mão
de obra para as enormes explorações que emergiam do século III a.C. em diante era abastecida
pela espetacular série de campanhas que deu a Roma o poder sobre o mundo mediterrâneo.
(ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1995, p.
58.)
Tendo como alvo a República Romana, assinale a alternativa correta.
a) A desestruturação agrária em Roma, que estabeleceu sistemas de latifúndios, beneficiou os
grupos empobrecidos, uma vez que estes podiam abandonar o campo e se estabelecer em
cidades.
b) As guerras constantes ajudaram as classes dominantes da Roma republicana a desviar a
atenção dos problemas fundiários derivados do latifundium nos séculos seguintes.
c) Foi por meio da intervenção dos irmãos Graco que o problema da reforma agrária foi
resolvido no século II, pois os poderes políticos foram transplantados ao senado e, assim, Roma
viu mais um século de paz.
d) Os tribunos da plebe tiveram um papel importante no processo da reforma agrária romana,
possibilitando a transformação do modo de vida de maneira a permitir que todo pequeno
agricultor transformasse sua propriedade em um Domus.
e) O domínio social e econômico das cidades provinha de delicada relação entre a manutenção
de sistemas agrários em que a mão de obra escrava era aproveitada de forma esporádica e a
utilização ocasional de grandes extensões de terra.
Comentário

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Uma questão de história sempre nos coloca em um tempo e em um espaço. Assim, a primeira coisa
que você deve fazer é capitar isso na questão. No caso, trata-se de Roma República. Com isso,
mobilizamos nosso conhecimento de que esse momento é marcado pelas guerras de conquista,
expansão territorial, concentração fundiária, consolidação do modo de produção escravista e
empobrecimento massivo dos plebeus. Tendo essa análise em mente, vamos para a análise de cada
item:
• Item A faz duas conexões erradas, pois, a desestruturação agrária não cria latifúndio. Ainda
que o criasse, isso não seria bom para os grupos empobrecidos, pois estes são expulsos da
terra porque substituídos por escravos.
• Item B afirma que as guerras constantes do período republicano – até aqui correto – foram
uma forma de desviar a atenção em relação aos problemas fundiários (desigualdade, miséria,
fome). De certa forma, isso está certo, pois, as conquistas geravam riqueza para distribuir o
trigo e gladiadores para os espetáculos de arena. Política do Pão e Circo. Esse é um item
correto.
• Item C afirma que a reforma agrária foi resolvida no século II. Informação incorreta, pois,
como vimos ambos foram assassinados e suas políticas, mesmo aprovadas foram revogadas.
• Item D, também, afirma que a reforma agrária foi uma realidade. Sabemos que não houve
reforma agrária em Roma, ao contrário, houve a formação do latifúndio.
• Item E está erradona!A mão de obra escrava foi usada esporadicamente? Aff... O próprio
texto da questão explica que a mão de obra foi usada sistematicamente e em grande escala
e, por isso, constituiu-se em modo de produção escravista, em Roma.
Gabarito: B

22. (UFRGS/2001)
No século II a.C., o Estado romano atravessou uma importante crise social. Esta crise colocou
em campos opostos aristocratas, controladores do Senado romano, e a plebe, aglutinada pelos
Tribunos da Plebe. Assinale a alternativa que apresenta os principais tribunos e suas propostas
de reforma.
a) Tibério e Caio Graco – fundação de colônias agrícolas nas províncias para camponeses sem
terra e venda do trigo com preço inferior ao do mercado.
b) Tito Lívio e Cícero – venda do trigo com preço inferior ao do mercado e libertação dos
escravos.
c) Augusto e Otávio – reforma agrária e serviço militar para todos os homens.
d) Mário e Sila – libertação dos escravos e concessão de asilo aos estrangeiros.
e) Cláudio e Espártaco – reforma agrária e concessão de asilo aos estrangeiros.
Comentário
Cara, tatua na mente: falou em Tribuno da Plebe você responde automático: Irmãos GRACO –
Tibério e Caio. Item correto A. Agora vou contar a real dos outros nomes que aparecem nos demais
itens:
B – Tito Lívio e Cícero foram historiador e filósofo, respectivamente.

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C – Augusto e Otávio eram a mesma pessoa, hehe. General que derrotou Marco Antonio, no Egito.
D – Mário e Sila foram os ditadores no período de instabilidade política e crise social na república.
E – Cláudio foi um imperador e Espártaco foi um escravo rebelde.
Gabarito: A

23. (UFRGS/2019)
Considere as seguintes afirmações sobre a história antiga de Roma.
I. Com o fim do período monárquico, a hierarquia social na República deixou de estar fundada
na descendência familiar e na propriedade de terras, valorizando as ocupações ligadas ao
comércio urbano e à prática da magistratura.
II. No contexto dos séculos III e II a.C., a manumissão de estrangeiros, escravizados a partir de
conquistas bélicas, possibilitava a tais indivíduos liberdade social e cidadania política.
III. Entre as principais causas do fim da República, estão a invasão de tribos normandas
oriundas do norte da Europa, a difusão do cristianismo e a crise econômica provocada pela
chamada “Conspiração de Catilina”.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
Comentário
Sobre o item I, lembre-se de que foram os patrícios – os proprietários de terras – que se
insurgiram contra a monarquia e estabeleceram a República. Dessa foram, a estrutura social e a
hierarquia fundada nas propriedades de terra foram mantidas. A afirmação I está errada.
Já o item II requer que você saiba o significado da palavra “manumissão”, mas é possível resolver
o item a partir do sentido geral da ideia da frase. Manumissão significa alforria: ato pelo qual um
proprietário de escravos liberta os seus próprios escravos. Dessa forma, o item afirma que em
caso de vitórias militares em guerras, os escravos que ajudaram nas batalhas podiam se tornar
livres. A afirmação está correta.
O item III está errado porque as invasões normandas e a difusão do Cristianismo aconteceram
durante a fase do Império Romano, após a República. A Conspiração de Catilina, por sua vez,
apesar de ocorrida na República, não provocou uma crise econômica, mas sim uma crise
institucional e política. Na verdade, essa Conspiração foi uma tentativa de golpe. Na década de
60 a.C., Lúcio Sergio Catilina, que era senador, pretendia ser designado cônsul da República. Mas
Catilina era encarado com desconfiança por seus pares. Muitos viam nele um risco para as
instituições republicanas. Em retaliação, Catilina, junto a seus aliados, entre eles o ex-cônsul

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Públio Cornélio Lêntulo Sura, procurou organizar uma sublevação, ou golpe, contra a República.
Esse golpe consistia no assassinato dos dois cônsules e na subjugação do Senado. Nesse sentido,
Os interesses particulares teriam norteado seus planos em promover uma conjuração contra Roma, já que, após ser
derrotado por seguidas vezes nas eleições consulares, o romano teria se disposto a construir planos desconectados com as
leis e os costumes romanos, a fim de tornar concretas suas idealizações pessoais no campo da política. 11

Apesar da ameaça de golpe, os senadores descobriram os planos de Catilina. Cícero, que havia
sido designado como um dos cônsules, naquele ano de 63 a.C., encarregou-se de desmascarar
Catilina dentro do próprio senado, por meio de seus discursos.
Gabarito: B

24. (UFSC/2002)
Leia o texto a seguir com atenção:
Até as feras selvagens que vagam pela Itália têm cada uma sua caverna, um covil onde
repousar. Mas aqueles que combatem e morrem pela Itália não têm nada além da luz e do ar
que respiram.
Sem casa, sem ter onde se abrigar, vagam com a mulher e os filhos [...]
Vocês os fazem combater e morrer para defender a riqueza e o luxo dos outros [...] Vocês os
chamam de senhores do mundo, mas eles não possuem nem um pedacinho de terra.
(Texto romano do século II. Apud DUARTE, Gleuso Damasceno. "Jornada para o nosso tempo."
Belo Horizonte: Editora Lê, 1997. p.101.)
De acordo com o texto acima e seus conhecimentos, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
O texto ...
01. justifica as precárias condições de vida dos camponeses romanos, atribuindo-as à
necessidade de serem pobres para poderem defender a pátria.
02. refere-se às determinações das "Leis das XII Tábuas", que proibiam aos plebeus e patrícios
a posse da terra.
04. critica as condições de vida dos soldados romanos, a quem a cidade devia sua riqueza e
glória, mas que quase nada recebiam em troca.
08. reflete a situação dos patrícios, clientes e plebeus, que eram forçados a entregar ao Estado
o excedente da sua produção, vivendo em condições miseráveis.
16. analisa a situação dos romanos pobres. Nas guerras, serviam como soldados. Nos períodos
de paz, sofriam sérias discriminações. A terra, riqueza fundamental, era quase toda
propriedade dos patrícios.
Comentário

11
CORDÃO, Michelly Pereira de Sousa; LIMA, Marinalva Vila de. Discursos ciceronianos: a oratória como
estratégia política na Roma Antiga. Clássica – Revista Brasileira de Estudos Clássicos. 20. 2, 2007. p.
282.

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A alternativa 01 estabelece uma relação de causa e consequência não condizente com o contexto
histórico. A razão, a condição, dos pobres não era para defender a pátria. A pobreza era uma
condição imposto por razões sociais e econômicas, com a diferente de posse de terras entre
patrícios e plebeus.
Sobre as “Leis das XII Tábuas”, trata-se da publicação de normais que, até 451 a. C., eram de
conhecimento dos patrícios. A publicação foi uma exigência dos plebeus, com destaque para o
plebeu Terentílio. A Lei das Doze Tábuas reúne sistematicamente todo o direito que era praticado
na época. Contém uma série de definições sobre direitos privados e procedimentos, considerando
a família e rituais para negócios formais. Assim, não havia proibição aos patrícios de terem posse
de terra. Na verdade, bastava você se lembrar da organização geral da sociedade romana para
logo identificar que essa afirmação é contraditória com o papel social dos patrícios. Da mesma
forma, o item 08 atribui uma condição social aos patrícios fora do que realmente ocorreu na
história romana. Os patrícios eram os ricos e não os miseráveis.
Por fim, os itens 04 e 16 estão corretos.
Gabarito: 04 + 16 = 20

25. (FT Itajubá/s/d)


O sistema econômico, social e político do Império Romano funcionou bem nos três primeiros
séculos da Era Cristã; a partir de então, começou uma crise que o levou à desintegração no
século V. Qual dos itens a seguir indica uma das causas reais da queda do Império Romano?
a) O governo de Sila, que entre outras medidas, elevou para 600 o número de senadores
romanos.
b) O assassinato de Júlio César.
c) A redução na produção dos latifúndios, em razão da falta de escravos.
d) A reforma agrária instituída por Tibério Graco.
e) O abalo causado ao Império pelas Guerras Púnicas.
Comentário
Interessante que a questão pede uma causa real da crise iniciada no século III, portanto, a crise do
Império. Os itens A, B e D são parte do contexto republicano. O item E é falso, pois as Guerras Púnicas
são do contexto republicano e não atingiram o Império, ao contrário, elas foram passo fundamental
para a expansão territorial republicana e posterior formação do Império.
Assim, é o item C o único correto. De fato, a crise da escravidão gerada pelo fim das guerras de
conquistas, gerou uma crise estrutural no sistema. Isso afetou a produção no campo, tal como
propõe a questão.
Gabarito: C

26. (Cefet- Paraná)

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Durante a crise da República romana surgiram no cenário político os irmãos Graco. Estes
tribunos da plebe propuseram algumas reformas políticas, sendo que as que mais se
destacaram foram a reforma agrária e a Lei Frumental. Sobre esta última é correto afirmar:
a) Estipulava o incentivo estatal para os pequenos colonos que cultivassem em suas
propriedades o trigo e a aveia.
b) Estipulava a distribuição de trigo para a população subvencionada pelo Estado.
c) Estabelecia um preço mínimo a ser pago pela arroba de trigo produzida em Roma.
d) Estabelecia um preço máximo a ser pago pela arroba de trigo produzida em Roma.
e) Consistia numa prática do governo republicano, que visava, com isto, reduzir custos e
aumentar as exportações agrícolas de Roma.
Comentário
Tatua na mente também: Falou em Tribuno da Plebe, lembrou de Tibério e Caio Graco. Falou nos
irmãos Graco lembrou de reforma agrária, distribuição de lotes públicos de terra e distribuição de
trigo para população pobre. Todos os outros itens estão errados e não correspondem a políticas
existentes na história romana. Questão conteudista!!! Ou você sabe, ou se perde nas alternativas.
Gabarito: B

27. (PUCSP/2017)
Sobre a criação da República Romana, em 509 a.C., é correto afirmar:
a) apesar do regime republicano, o Cônsul romano concentrava os poderes em suas mãos e
não precisava ouvir as Assembleia de patrícios para tomar decisões importantes.
b) o Estado romano passou a ser dirigido por dois Cônsules, que dividiam o poder com o Senado
e com a Assembleia Popular.
c) a República romana instalou, pela primeira vez na História, um regime representativo e
democrático, onde todos, sem distinção, poderiam participar de todos os órgãos de governo.
d) o consulado e o senado eram formados por patrícios, mas a Assembleia Popular, órgão mais
importante e poderoso da República, era formado por todos, inclusive mulheres, estrangeiros
e escravos.
Comentário Questão clássica sobre as
instituições romanas. Reveja o Esquema:
Instituições romanas

Senado ➢ SENADO: Formado por patrícios, com


cargos vitalícios. Com certeza, o órgão
Magistrado mais poderoso de toda a história Romana.
Com desigualdades, a depender do
Assembleia momento, foi a instituição que existiu na
Monarquia, na república e no Império.

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➢ MAGISTRADO: Diversos cargos relacionados com a execução. Eram eleitos por patrícios e
plebeus, contudo, o peso do voto desses grupos sociais era censitário. Ou seja, os votos dos
patrícios tinham maior valor. O mais importante cargo da Magistratura era o consulado. Eram
dois os Cônsules.
➢ ASSEMBLEIA: A mais importante era Centuriata, responsável pela guerra e por escolher os
membros para os cargos da magistratura.
Quero que você saiba que esse novo arranjo político-institucional conformou a República – uma
nova maneira de organizar o poder na qual este era exercido por meio de instituições com o objetivo
de organizar a coisa pública – res-publica, em latim. Assim, o Senado, a Magistratura e as
Assembleias compunham essa nova estrutura de organização política-administrativa. Nesse
modelo não havia concentração de poder nas mãos de uma única pessoa.
Tendo em vista as informações acima, o item correto só pode ser o item B.
Gabarito: B

28. (PUCRS/ 2016)


Considere as afirmativas sobre as reformas no Império Romano promovidas por Diocleciano e
seus sucessores, no século III d.C.
I. As reformas visavam enfrentar a grave crise econômica e política por que passava o Império,
reforçando a autoridade imperial e reestruturando o Estado por meio da incorporação de
concepções orientais às instituições romanas.
II. No período de Diocleciano, os exércitos imperiais foram drasticamente reduzidos, restando
a metade do número anterior de legiões, com o intuito de reforçar o poder civil, concentrado
na classe senatorial.
III. Durante o período, um grande número de estrangeiros, particularmente os germanos,
passou a ser admitido no exército romano, alguns dos quais chegando ao oficialato profissional
e compondo uma nova aristocracia provincial.
Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s)
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
Comentários
Inicialmente, lembre-se de que a ampliação e a consolidação do Império, o surgimento do
cristianismo, o esgotamento do modelo escravista e, por fim, a desagregação territorial com a
chegada de povos não-romanos fazem desse período de 501 anos bastante intenso para se estudar.
Nesse sentido, quero que tome nota da periodização que os estudiosos fazem acerca do Império
Romano:

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Alto Império
(sec. I a.C- III
d.C)

CRISE DO
SÉCULO III

• FIM DO
Baixo Império (sec. IMPÉRIO
III d.C - V d.C)
ROMANO

Diante disso, as reformas de Diacleciano que são referidas no enunciado ocorreram no final do
Alto Império, pois o Imperador Diocleciano governou de 284-305 d.C. Neste contexto, o
Império estava em profunda crise econômica e política, fato que levou Diocleciano a elaborar
inúmeras reformas para reorganizar a administração do Império. Assim ele criou:
• uma política de descentralização militar e administrativa, com a incorporação de
“estrangeiros” às legiões;
• dividiu o império para facilitar a administração criando a Tetrarquia, ou seja, havia
imperadores que governavam 4 regiões administrativas. O lema era “dividir para
governar”.
• Reorganizou os conselhos imperiais.
• Separou o exército em tropas sedentárias e móveis. Incorporou ao exército romano
muitos bárbaros germanos.
• Reorganizou o sistema tributário. Para tentar controlar a crise inflacionária do aumento
acelerado do custo de vida impôs uma lei: Edito Máximo - Congelamento do preço dos
alimentos.
Gabarito: C

29. (Fuvest 2019)


(…) o “arco do triunfo” é um fragmento de muro que, embora isolado da muralha, tem a forma
de uma porta da cidade. (...) Os primeiros exemplos documentados são estruturas do século II
a.C., mas os principais arcos de triunfo são os do Império, como os arcos de Tito, de Sétimo
Severo ou de Constantino, todos no foro romano, e todos de grande beleza pela elegância de
suas proporções.
PEREIRA, J. R. A., Introdução à arquitetura. Das origens ao século XXI. Porto Alegre: Salvaterra,
2010, p. 81.
Dentre os vários aspectos da arquitetura romana, destaca‐se a monumentalidade de suas
construções. A relação entre o “arco do triunfo” e a História de Roma está baseada
a) no processo de formação da urbe romana e de edificação de entradas defensivas contra
invasões de povos considerados bárbaros.

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b) nas celebrações religiosas das divindades romanas vinculadas aos ritos de fertilidade e aos
seus ancestrais etruscos.
c) nas celebrações das vitórias militares romanas que permitiram a expansão territorial, a
consolidação territorial e o estabelecimento do sistema escravista.
d) na edificação de monumentos comemorativos em memória das lutas dos plebeus e do
alargamento da cidadania romana.
e) nos registros das perseguições ao cristianismo e da destruição de suas edificações
monásticas.
Comentário
É uma questão que exige que o candidato estabeleça relação entre
arte e história. Tenha isso em mente quando estiver estudando e
faça suas anotações. No caso da questão, você deveria saber o
significado da construção dos arcos do triunfo na história romana.
Como o próprio nome nos indica, os arcos são do triunfo, ou seja,
são elementos arquitetônicos construídos para celebrar um
triunfo. No caso da história do Império Romano, esse triunfo era
militar. Assim, são monumentos para celebrar a memória – esta
que é o elemento fundamental da cultura romana. O próprio texto
cita os nomes dos generais Tito, Sétimo Severo e Constantino.
Entre os arcos dos triunfos mais famosos temos o de Sétimo
Severo e seus filhos Geta e Caracala. Foi concebido para celebrar
suas vitórias na Mesopotâmia e Pérsia, entre 195 e 198
d.C. Cuidado, os mais famosos arcos do triunfo estão em Paris, mas
foram construídos no século XIX, cujas bases são os arcos romanos do General Tito. Dito isso, o
gabarito é letra C. Dá uma olhada no arco de Tito que coloquei para você. Dito isso, podemos
desconsiderar os demais itens pelo seguinte:
• O item A afirma erroneamente que os arcos não foram feitos para defender a cidade.
• O item B erra ao afirmar que os arcos não têm relação com rituais de fertilidade.
• O item D, porque os arcos não homenageiam plebeus, mas generais.
• O item E, pois, os arcos não servem para a memória da perseguição aos cristãos
Gabarito: C

30. (Fuvest 2008)


Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos, no Brasil e no mundo, dizem-se
defensores de padrões democráticos e de valores republicanos. Na Antiguidade, tais padrões
e valores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense, quanto na república romana,
quando predominaram
a) a liberdade e o individualismo.
b) o debate e o bem público.
c) a demagogia e o populismo.

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d) o consenso e o respeito à privacidade.


e) a tolerância religiosa e o direito civil.
Comentário
Querida e querido aluno. Essa é uma questão conceitual. Daquelas que verificam se sabemos os
conceitos que explicam a história. Por isso, aproveitem o Dicionário Conceitual do nosso Livro
Digital.
Em tese, nessa questão, você deveria saber dois conceitos: democracia e república. Cada item tem
2 palavras. A primeira você precisaria relacionar com democracia e a segunda com república. Qual
padrão de comportamento se relaciona com democracia? Qual valor se relaciona com República?

-Ai profe, mas todos parecem meio certos, afinal, democracia combina com liberdade,
debate, consenso, tolerância religiosa.
Ok, concordo. Mas, o texto fala de democracia ateniense. Quando estudamos esse tema na aula
00, vimos que a grande descoberta e importância era o debate como instrumento da política.
Então grifa isso!
Agora analisa a segunda palavra. Ela deve estar relacionada ao valor republicano. Individualismo,
bem público, populismo, respeito à privacidade, direito civil? Essas palavras todas podem ser
associadas à república, dependendo do tempo histórico que estejamos tratando. Por isso, o valor
originário da República – que se desenvolve no mundo romano – é res-publica, bem público!
Conjuga debate e bem público. Resposta correta é letra B. Marca e corre pro abraço, bixão!
Gabarito: B

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bem, querida e querido aluno chegamos ao final da nossa aula 01 e, com ela, terminamos o Período
Antigo. Nesse momento estamos no Século V d.C.
Não se trata de um tema de grande incidência, mas tem que estudar sim, porque faz parte do
conteúdo programático e das habilidades específicas exigidas pelo ENEM.
ENTÃO, ESTUDA, FAZ AS QUESTÕES, FAZ SEU CONTROLE DE TEMPORALIDADE, TIRA TODAS AS SUAS
DÚVIDAS E SEGUE. Temos muitos assuntos para discutir ainda.
Espero que vocês estejam se dando bem. Busquem gabaritar no treino dos exercícios.
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas com
afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Uma ótima professora, um excelente material e um
acertado planejamento individualizado, conforme sua necessidade e suas potencialidades, podem
ser o diferencial para quem vai prestar o ENEM. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!
Lembre-se de que cada questão acertada é como um degrau até a sua sonhada aprovação. E nessa
jornada eu orientarei você, sempre!

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Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E não se esqueça


de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais
você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico, Alê

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