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Direito Romano

DIREITO CIVIL

POR: BENIGNO NÚÑEZ NOVO


Resumo: Este artigo tem por objetivo de forma sucinta demonstrar a
importância do direito romano. No Brasil ainda há grande influência do direito
romano, pois o mesmo possuiu importante papel na aplicação prática do direito
no país. Através das Ordenações de Portugal o Direito Romano teve aplicações
práticas no Brasil. Essas Ordenações possuíram validade até que a instituição
do Código Civil de 1916, sendo este o primeiro conjunto de leis civis nacionais.
Entre todos os códigos civis instituídos no Brasil, destaca-se a grande influência
do direito romano na elaboração da constituição federal e diversos outros
normativos jurídicos nacionais. Algumas das soluções jurídicas romanas,
especialmente de direito privado, provaram-se atemporais, sendo adotadas até
hoje. Desde o renascimento do direito romano na idade média, passando pelos
glosadores, comentadores, humanistas, pela Escola Histórica e pela
pandectística, até os dias atuais, como uma ciência histórica do direito romano,
as antigas fontes romanas sempre nos revelaram e revelam inesperados e
fundamentais novos conhecimentos.
Palavras-chave: Direito romano. Importância. Influência. Atualidade.

Introdução
O direito romano compreende não só a ordem jurídica que teve lugar ao
longo da história de Roma, mas também as ideias e experiências surgidas desde
o momento da fundação da cidade até a desagregação do Império após a morte
de Justiniano. Direito romano é o nome que se dá ao conjunto de princípios,
preceitos e leis utilizados na antiguidade pela sociedade de Roma e seus
domínios.
Podemos definir o Direito Romano como sendo um conjunto de normas
que os romanos criaram para si como direito. Vigorando por mais de doze
séculos, ou seja, desde o edito do primeiro rei até a última constituição imperial.
A aplicação do Direito romano vai desde a fundação da cidade de Roma
em 753 a.C. até a morte do imperador do Oriente Justiniano, em 565 da nossa
era. Neste longo período, o corpo jurídico romano constituiu-se em um dos mais
importantes sistemas jurídicos criados desde sempre, influenciando diversas
culturas em tempos diferentes.
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Uma das principais características da expansão do Império Romano por
todo ocidente e parte do oriente é que não se limitou a uma simples conquista
territorial, houve um processo de colonização que impôs seus usos e costumes
a todos os habitantes do império. Neste trabalho de “romanização” o direito
teve um papel fundamental, sendo determinante na hora de estabelecer as
normas que regiam as relações humanas daquela sociedade. Além disso, o
direito romano teve grande importância na hora de dar novos conceitos aos que
anteriormente não existiam nestas comunidades, apresentando autoridade e
liberdade não como termos opostos, mas sim como termos complementares.
Desta maneira, o estudo do direito romano foi decisivo para entender a
evolução da mentalidade europeia, proporcionando uma série de ferramentas
que ainda hoje são úteis para os juristas modernos. Ainda assim, em certas
ocasiões, os atuais juristas se baseiam nas fontes romanas e na sua metodologia
a solução para alcançar uma perfeita interpretação da norma vigente.
2 Desenvolvimento
Ulpiano, importante jurista romano, resumiu em três os conceitos pelos
quais devia ser regida a sociedade romana e consequentemente suas leis: não
prejudicar ninguém, viver honestamente e dar a cada um aquilo que lhe
corresponde.
Assim quando no direito romano se diz que não se deve prejudicar
ninguém, significa que as leis devem proteger as pessoas e os bens,
estabelecendo mecanismos suficientes para evitar possíveis danos. Aquilo que
diz respeito em viver honestamente se refere à importância do direito romano
como veículo de garantia de honestidade e bons costumes, estabelecendo as
sanções adequadas para todos aqueles que tiveram um comportamento
contrário ao “Honestae Vivere”.
O terceiro preceito de Ulpiano, parte da ideia de que tudo aquilo que se
cumpre conforme a lei corresponde a cada um. Ou seja, de outra forma, a
intenção da justiça não deve limitar-se apenas ao respeito das leis, mas também
deve ser capaz de estabelecer quais prerrogativas correspondem a cada membro
da comunidade.
Advindo o direito civil brasileiro do direito romano-germânico em todas
as suas categorias jurídicas fundamentais, o estudo deste se faz imensamente
útil, principalmente no que toca sua evolução histórica. Estudar o direito
romano é estudar a criação das bases do direito, aplicadas a casos milenares de

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forma essencialmente idêntica há como são aplicadas a casos modernos.
Mesmo conceitos aparentemente complexos, como a hipoteca e a fiança,
encontram suas raízes nas normas romanas.
Nestes treze séculos, a constante evolução política, social e econômica de
Roma correspondeu a um similar avanço no campo do direito, que precisava
acompanhar os progressos da civilização. Para melhor compreender esta
evolução, costuma-se dividir a história do direito romano, para fins didáticos,
no período arcaico, da fundação de Roma até o século II a.C.; o período
clássico, até o século III d.C.; e o período pós-clássico, até o século VI d.C.
Destes três períodos, o clássico é sem dúvida o de maior importância, evoluindo
o que se construiu no arcaico e sendo consolidado no pós-clássico.
2.1 Período arcaico -fundação a século II a.C.
O direito do período arcaico se caracterizou por seu formalismo e
primitividade. Observavam-se principalmente as regras religiosas, a guerra e a
punição dos delitos mais graves, isto é, as funções então essenciais à
sobrevivência do Estado.
Com a sua gradual evolução rumo a uma maior autonomia do cidadão
como indivíduo, codificou-se o direito arcaico vigente nas XII Tábuas, em 450
a.C. Foi um direito extremamente cruel, primitivo e religioso, com disposições
como a de que “Se alguém matar o pai ou a mãe, que se lhe envolva a cabeça e
seja colocado em um saco costurado e lançado ao rio.” No entanto, graças ao
ferrenho tradicionalismo romano, não se desconsiderou o direito arcaico mesmo
na época de Justiniano.
2.2 Período clássico - século II a.C. a III d.C.
A transição para o período clássico vem da conquista romana de todo o
Mediterrâneo, no auge de sua história, exigindo assim inovações e
aperfeiçoamentos do direito, que encontraram alternativas à legislação formal.
Este aperfeiçoamento não ocorreu como o seria modernamente, pela
sanção de novas leis. A evolução clássica do direito romano se deu mormente
por modificações práticas, aplicadas pelos magistrados e jurisconsultos a casos
concretos, de forma a suprir as lacunas das normas vigentes ou mesmo
contraria-las ou negá-las em todo.
Estes magistrados eram os pretores e juristas. Os pretores cuidavam da
primeira fase do processo entre particulares, verificando as alegações e fixando
os limites da contenda. Seu amplo poder de mando, denominado imperium, lhes

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dava discrição para negar ações propostas ou admitir ações até então
desconhecidas pelo ius civile. Suas reformas e inovações pretendidas eram
publicadas em editos, ao início de seu mando de um ano, e estes se sucediam
num corpo estratificado e finalmente codificado por volta de 130 d.C., sendo
este direito pretoriano intitulado ius honorarium.
Numa analogia aos nossos tempos, pode-se comparar os editos pretorianos
às súmulas de jurisprudência que complementam o direito positivo; mas eram
mais poderosos, dado que, mesmo sendo formalmente considerados diferentes
do ius civile, na prática eles o substituíram.
Instruindo o pretor os juristas sobre as particularidades da apreciação do
caso, estes adaptavam as regras às novas exigências, via uma interpretação
jurisprudencial similar à que encontramos nos tribunais de hoje, conquanto
mais ampla. Aos juristas de maior prestígio deram-se o nome, na época de
Augusto, de jurisconsultos, cujo parecer tinha força obrigatória, excetuando
quando conflitantes entre si. Seu método era casuístico, averso a abstrações e
generalizações, como é próprio a este período romano.
Com está grande produção jurídica concreta por parte dos magistrados e
jurisconsultos, o direito romano viveu, no período clássico, sua época de maior
gênio criativo.
2.3 Período pós-clássico -século III d.C. a VI d.C., de Justiniano
O terceiro e último período, pós-clássico, já encontra sua definição no
nome: se resume a uma codificação do legado jurídico clássico, sem grandes
produções de cunho original além das constituições imperiais, acompanhando
a decadência da civilização em quase todos os setores.
Embora aparentemente negativa, é desta decadência que surge a
necessidade de superar a natural aversão romana à codificação, não se
empreendendo nenhuma entre as do pós-clássico e as XII Tábuas, lá no período
arcaico.
O esforço hercúleo de colecionar todo o direito clássico vigente foi obra
de Justiniano. Sob suas ordens, produziram-se, com impressionante eficiência,
o Digesto, compilando três milhões de linhas redigidas por jurisconsultos
clássicos; o Código, das constituições imperiais; as Institutas, manual de direito
para estudantes; e as Novellae, do grande número de novas leis justinianeias.

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Juntos, o Código, o Digesto, as Institutas e as Novellae formam o Corpus
Iuris Civilis, assim nomeados ao fim do século XVI d.C. Foi mérito dessa
codificação de Justiniano a preservação do direito romano para a posteridade.
3. Fontes do direito romano
O Direito como fenômeno refletor da cultura de uma determinada
sociedade é alicerçado nos valores que impregnam a alma de cada cidadão e
nos fatos cotidianos da existência do grupo para haver a formularização das
normas que terão vigência durante os períodos da história social, sejam elas
positivas ou apenas transmitidas pelos costumes do agrupamento. Durante a
existência da sociedade Romana, na Antiguidade e Parte da Idade Média, seu
Direito evoluía de acordo com sua organização de poderes e classes sociais, a
forma de governo e as sociedades que caíam sob seu domínio. Dessa variação
de fatores sociais e políticos brotaram as fontes do "rio que irrigaria e daria
sustento aos modernos sistemas jurídicos vigentes" na Europa e todos os pontos
do mundo que sofreram sua influência nos últimos cincos séculos como
colônias.
As fontes do Direito podem ser os modos de conhecimento das instituições
vigentes em um determinado complexo jurídico em uma determinada época,
tendo um caráter mais informativo e histórico; mas, podem ser as instituições
de onde provêm a jurisprudência e o sistema jurisprudencial, as bases de seus
institutos, forma, conteúdo e organização que os caracterizam e fazem vigorar.
A cidade de Roma teve como sistemas de governo a Realeza; a República
e o Império, que pode ser subdividido em Principado e Dominato. Durante os
dois primeiros sistemas o Direito teve grande participação popular em suas
decisões, fossem sentenças, estabelecimento de diretrizes de governo ou
elaboração de normas. Durante o império a autoridade delegada ao chefe
supremo lhe permitia de "próprio punho" a elaboração das normas e parâmetros
de governo, constituitiones dando assim o costume e oratória, típicos das
práticas jurídicas romanas, lugar à norma que escrita procuraria a própria
prevalência no espaço e no tempo.
A principal fonte do Direito em Roma durante o período em que os reis
eram seus governantes maiores foi o costume dos antepassados, o mos
maiorum.
As leis instituídas pelo soberano tinham caráter religioso e, eram
elaboradas não só por ele, mas também, pelos pontífices.

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Modernamente, a assertiva de Pompônio de que os reis propunham aos
comícios curiatos a votação de determinadas leis régias é negada pois estas
assembleias teriam realmente deliberação na apreciação de casos concretos.
Pela afirmação de Pompônio haveria sido elaborado ao fim da Realeza em
trabalho de compilação das leis régias o chamado lus Papirianum, escrito por
Sexto Papirio. Na realidade, pelo comentário de Grânio Franco este trabalho
haveria de ser escrito, sim, no fim da República ou nos começos do Império, no
Principado. A constatação da existência da obra foi feita tendo a compilação o
mesmo objetivo citado, mas sua autoria não pode ser comprovada, pois Papírio
seria provavelmente, uma personalidade fictícia, pois Cícero, Tito Lívio e
Varrão se referem às leis régias e nunca aos lus Civile Papirium.
Durante o período republicano, com o Senado no topo da esfera de poder,
o, costume continuou como importante fonte jurídica, ao lado da Lex, do
Plebiscitum e dos Editos dos Magistrados (pretores).
O costume, como forma primordial e espontânea da formação do Direito,
o costume transpôs o período da Realeza chegando à República Romana. Era
denominado por consuetudo, mores e mores maiorum.
Consistia na interpretação dos fatos jurídicos estabelecidos pelas práticas
históricas da sociedade. Por seu caráter primordial, era impregnado pelas
concepções religiosas, seguindo a suposta vontade dos deuses.
Com o surgimento da lei escrita veio ele (costume) ser institucionalizado
passando a vigorar ao lado daquilo que seria editado pelos elaboradores da lex.
A Lex, com seu aparecimento surgiu no cenário jurídico a possibilidade
do registro daquilo que fosse Direito e pôde haver uma primeira distinção entre
os conceitos de norma e práticas usuais (costume). Seu sentido ao surgir é
amplificado em relação à moderna acepção de seu conceito, incluindo-se nele
toda e qualquer norma escrita.
As fontes do direito romano foram (e são) utilizadas para pautar as ações
do Estado e de seus governantes. Àquela época já se pensava em estruturar o
ordenamento jurídico através de pilares, sendo as fontes do direito e seus
princípios.
São exemplos de fontes do direito romano: Costumes também conhecidos
como mos maiorum, costumes dos ancestrais; Lei e Plebiscito os quais eram
aprovados por meio da manifestação popular, podendo se manifestar os
cidadãos romanos; Senatus-Consultos tratava-se de decisões tomadas pelo

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senado, direcionadas aos magistrados, as quais deveriam ser convertidas em
indiretamente em nova legislação imperial; Constituições Imperiais eram
compostas pela interpretação legal do direito realizada pelo imperador, o qual
atuava como uma espécie de poder constituinte, pois criava nova lei ou a
atualizava; Editos de Magistrados eram divulgados ainda no início do mandato
das autoridades, uma espécie de promessa de eleitoral, o qual era cumprido
durante o exercício de sua magistratura; Jurisprudência trata-se de inovações no
direito, criadas através das decisões dos magistrados. A jurisprudência é
utilizada até hoje no mundo jurídico, inclusive no Brasil.
É importante destacarmos a importância e influência do direito romano na
formação jurídica que há no Brasil. Até hoje se debatem sobre vários princípios,
fundamentos, normas e a própria estrutura de alguns instrumentos jurídicos
romanos serem utilizados até hoje, em muitos países.
A partir do século XII, surgiram várias escolas do direito, as quais
proporcionaram a criação do que se chama de direito comum, por meio do uso
e aplicação prática de suas normas. Um exemplo de escolas do direito é a escola
Jusnaturalista, a qual foi base para o código da Prússia, por meio do qual foi
criado o código Francês e diversos outros ao redor do mundo, como o Alemão.
A importância do direito romano concentra-se no fantástico
desenvolvimento e refinamento atingidos principalmente no campo do direito
civil. O que chamamos hoje de direito romano representa um milênio de
desenvolvimento do pensamento e dos sistemas jurídicos, que atingiu o seu
auge no direito clássico. Algumas das soluções jurídicas romanas, especialmente de direito

privado, provaram-se atemporais, sendo adotadas até hoje. Desde o renascimento do direito romano
na idade média, passando pelos glosadores, comentadores, humanistas, pela Escola Histórica e pela
pandectística, até os dias atuais, como uma ciência histórica do direito romano, as antigas fontes
romanas sempre nos revelaram e revelam inesperados e fundamentais novos conhecimentos.
O Direito Romano: constituiu um corpo jurídico sem igual nos tempos
antigos e forneceu as bases do direito. As estradas romanas, perfeitamente
pavimentadas, uniam todas as províncias do império e continuaram a facilitar
os deslocamentos por terra dos povos que se radicaram nas antigas terras
imperiais ao longo dos séculos, apesar de seu estado de abandono.
Conservaram-se delas grandes trechos e seu traçado foi seguido, em linhas
gerais, por muitas das grandes vias modernas de comunicação.

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As obras públicas, tais como pontes, represas e aquedutos ainda causam
impressão pelo domínio da técnica e o poderio que revelam. Muitas cidades
europeias mostram ainda em seu conjunto urbano os vestígios das colônias
romanas que foram no passado.
A arte Romana não foi original, mas Roma transmitiu os feitos dos artistas
gregos. Os poucos vestígios que sobreviveram da pintura romana mostram que
as tradições gregas continuavam vivas.
O cristianismo se valeu do Império Romano para sua expansão e
organização e depois de vinte séculos de existência são evidentes as marcas por
ele deixadas no mundo romano.
O latim se tornou universal e está na origem do espanhol, italiano,
português, francês, catalão e o romeno. Depois de quase dois mil anos, pode-se
ainda falar de um mundo latino de características bem diferenciadas.
Conclusão
O estudo do direito romano se realizada por meio da sua evolução
histórica, demarcada em três períodos: arcaico, de direito religioso e primitivo;
clássico, do gênio criativo dos pretores e jurisconsultos; e pós-clássico, das
codificações de Justiniano. Tem-se nestes o princípio, o desenvolvimento e a
consolidação desta que é a base jurídica de quase todo o Ocidente.
É de suma importância o conhecimento do Direito Romano nos dias
atuais, haja vista, a influência que exerce em nossas vidas. Percebe-se que o
homem não nasceu para viver só. E quando no seio da sociedade, para que
houvesse um equilíbrio nas interações, se fez necessário o Direito. O Direito
que todos exercemos e é tutelado pelo Estado, tem origem no Direito Romano
que rompeu barreiras por mais de doze séculos até chegar aos nossos dias,
redesenhado a nossa realidade, entretanto vigora institutos dentre os quais o de
compra e venda, da liberdade, arrendamento de terras, empréstimo, depósito,
comodato, penhor, hipoteca, pátrio poder (poder familiar) , usucapião, divórcio,
testamento, tutela, curatela, adoção e outros.

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