AULA 04
PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS.
PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE PESSOAS.
PRISÃO EM FLAGRANTE. PRISÃO PREVENTIVA.
MENAGEM. LIBERDADE PROVISÓRIA.
APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE MEDIDAS DE
SEGURANÇA
Sumário
Sumário ................................................................................................. 1
1 – Considerações Iniciais ......................................................................... 2
2 - Providências que recaem sobre coisas ................................................. 2
3 - Providências que recaem sobre pessoas ................................................. 6
4 - Questões ......................................................................................... 14
4.1 - Questões sem Comentários .......................................................... 14
4.2 – Gabarito .................................................................................... 18
4.3 - Questões Comentadas ................................................................. 18
5 – Resumo da Aula ............................................................................... 24
6 - Considerações Finais ......................................................................... 25
2.1 - Sequestro
O CPPM começa a tratar das providências que recaem sobre coisas eu seu art.
199, sendo a primeira delas o sequestro, que nada mais é do que uma medida
assecuratória que destinada a garantir que não haja a dissipação dos bens do
acusado que tenha se originado do da prática da infração penal militar.
Art. 199. Estão sujeitos a sequestro os bens adquiridos com os proventos da infração penal,
quando desta haja resultado, de qualquer modo, lesão a patrimônio sob administração
militar, ainda que já tenham sido transferidos a terceiros por qualquer forma de alienação,
ou por abandono ou renúncia.
Além disso, deve haver delimitação dos bens especificamente alcançados pela
medida, não sendo possível a decretação do sequestro sobre bens
indeterminados ou sobre uma universalidade de bens (art. 200 do CPPM).
A autoridade judiciária militar poderá ordenar o sequestro de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, em qualquer fase do processo, mesmo antes
da denúncia, desde que o encarregado do inquérito solicite a medida, motivando
seu pedido.
O sequestro será então autuado em apartado, sendo possível a interposição de
embargos tanto pelo acusado quanto por terceiro. Esses embargos ocorrem em
primeira instância, e por isso terminaram sendo apelidados de “embarguinhos”,
levando o feito a julgamento da própria autoridade judiciária militar.
Os embargos devem fundar-se no fato de ter sido o bem adquirido com proventos
do crime militar, ou de não ter havido lesão ao patrimônio sob administração
militar (ou, seguindo o posicionamento da Doutrina, do patrimônio de terceiro).
Se estivermos falando dos embargos de terceiro, o fundamento será a aquisição
do bem em momento anterior ao do crime militar em questão ou, ainda a boa-fé
Art. 206. Estão sujeitos a hipoteca legal os bens imóveis do acusado, para satisfação do
dano causado pela infração penal ao patrimônio sob administração militar.
A hipoteca, como você já deve saber, é uma forma de garantia real que confere
ao credor direito real sobre um bem, normalmente imóvel. A hipoteca pode ser
voluntária, judiciária ou legal, e é nesta última que estamos interessados. Esta é
basicamente a hipoteca que decorre de lei.
No caso previsto no art. 206 do CPPM, estarão sujeitos a hipoteca legal os imóveis
do acusado, para satisfazer dano causado ao patrimônio sob administração
militar. Mais uma vez aqui se aplica o mesmo raciocínio exposto anteriormente
acerca do prejuízo causado a terceiro em razão do crime militar.
Importante salientar, porém, que neste caso não há vínculo entre a aquisição do
bem imóvel e a infração penal em si ou seu produto. Neste caso, portanto, a
medida recai sobre o patrimônio do acusado, mesmo que tenha sido adquirido de
forma lícita.
Para que se efetive a hipoteca legal é necessário inscrevê-la de forma
especializada junto ao registro do imóvel. Em outras palavras, a hipoteca deve
especificar o bem sujeito à garantia, destacando-o do resto do patrimônio do
acusado. Além disso, é necessário lança-la no registro do imóvel em cartório.
2.3 Arresto
Art. 215. O arresto de bens do acusado poderá ser decretado pela autoridade judiciária
militar, para satisfação do dano causado pela infração penal ao patrimônio sob a
administração militar:
a) se imóveis, para evitar artifício fraudulento que os transfira ou grave, antes da inscrição
e especialização da hipoteca legal;
b) se móveis e representarem valor apreciável, tentar ocultá-los ou deles tentar realizar
tradição que burle a possibilidade da satisfação do dano, referida no preâmbulo deste artigo.
Art. 216. O arresto recairá de preferência sobre imóvel, e somente se estenderá a bem
móvel se aquele não tiver valor suficiente para assegurar a satisfação do dano; em qualquer
caso, o arresto somente será decretado quando houver certeza da infração e fundada
suspeita da sua autoria.
Temos aqui disposições sobre a prisão provisória, que, segundo Cícero Robson
Coimbra Neves, é o gênero que comporta as espécies prisão preventiva e prisão
em flagrante delito. O CPPM considera como prisão provisória toda aquela que
ocorre durante o inquérito ou, no curso do processo, antes da condenação
transitada em julgado.
Lembre-se, porém, de que a prisão em flagrante e a prisão preventiva não são
as únicas espécies de prisão provisória previstas no CPPM. Temos ainda, por
exemplo, a detenção por decreto do encarregado do inquérito policial militar (art.
18) e a menagem-prisão (art. 266).
Célio Lobão, porém, enxerga as providências de prisão de forma diferente,
considerando a prisão provisória como espécie autônoma, diferenciando-a da
prisão preventiva em razão da relevância da duração da primeira. Na realidade o
CPPM não traz nenhum dispositivo expresso a respeito da duração da prisão
provisória, mas Célio Lobão defende a aplicação do art. 18 (30 dias, prorrogáveis
por mais 20).
Art. 221. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade
competente.
Reproduzi aqui este dispositivo para que você perceba uma diferença importante
em relação ao seu correspondente no Processo Penal comum. A autoridade
mencionada aqui não é necessariamente autoridade judiciária. É o que ocorre na
detenção ordenada pelo encarregado do inquérito policial militar, por exemplo.
Essa previsão se amolda à garantia estabelecida pelo art. 5o, LXI da Constituição
Federal, que já prevê exceção para os crimes propriamente militares.
Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou
desertor, ou seja encontrado em flagrante delito.
Art 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de Justiça,
de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade
encarregada do inquérito policial-militar, em qualquer fase deste ou do processo,
concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso;
b) indícios suficientes de autoria.
Logo de cara podemos perceber que a prisão preventiva pode ser decretada de
ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do
encarregado do inquérito policial militar.
A prisão preventiva, portanto, pode ser decretada em qualquer fase do processo.
Os requisitos previstos pelo art. 254 nada mais são do que os requisitos gerais
das medidas cautelares: certeza do fato e indícios suficientes de autoria.
A prisão preventiva pode ser decretad a pelo auditor (ou juiz de direito do juízo
militar) ou pelo Conselho de Justiça. No caso dos Tribunais essa competência
cabe ao Relator do feito.
Da decisão que decretar ou não a medida, ou ainda da decisão que revogar a
prisão preventiva, caberá recurso em sentido estrito, nos termos do art. 516 do
CPPM.
Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-se em
um dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
Além dos requisitos cautelares gerais, deve haver outro elemento que recomende
fortemente que o acusado não seja mantido em liberdade durante o inquérito ou
o processo. Essas situações são justamente as listadas pelo art. 255.
Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando, por qualquer circunstância
evidente dos autos, ou pela profissão, condições de vida ou interesse do indiciado ou
acusado, presumir que este não fuja, nem exerça influência em testemunha ou perito, nem
impeça ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.
Art. 260. A prisão preventiva executar-se-á por mandado, com os requisitos do art. 225.
Se o indiciado ou acusado já se achar detido, será notificado do despacho que a decretar
pelo escrivão do inquérito, ou do processo, que o certificará nos autos.
3.3 Menagem
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena
privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a
natureza do crime e os antecedentes do acusado.
MENSAGEM - REQUISITOS
- Previsão da pena privativa de liberdade de no
REQUISITOS OBJETIVOS máximo quatro anos;
- Não haver condenação pelo crime.
- Deve ser verificada a natureza do crime;
- Devem ser verificados os antecedentes do
REQUISITOS SUBJETIVOS
acusado;
- O acusado não pode ser reincidente.
A menagem do militar poderá ser efetuada no lugar em que ele residia quando
ocorreu o crime, ou seja, na sede do juízo que o estiver apurando. Nem sempre,
porém, o local onde o crime ocorreu será o mesmo onde está havendo, já que no
Brasil a Justiça Militar (em especial na esfera federal) não está presente em
muitas cidades. Neste caso o local da menagem deve ser o mais conveniente
para o acusado (lembre-se de que estamos falando de uma “homenagem”).
É possível ainda que a menagem de militar seja cumprida em quartel, navio,
acampamento ou em estabelecimento ou sede de órgão militar. Nesses casos,
antes de decretar a medida o juiz deverá pedir informações sobre a conveniência
da sua concessão, podendo a autoridade militar responsável manifestar-se
contrariamente à medida. Essa manifestação obviamente não vincula o
magistrado, mas deve sempre ser levada em consideração.
A menagem de civil, por sua vez, ocorrerá na sede do juízo ou em lugar sujeito
à administração militar, se assim entender necessário a autoridade que conceder
a medida.
O Ministério Público deverá ser sempre ouvido previamente sobre a concessão da
menagem, devendo emitir parecer no prazo de 3 dias.
Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi ela
concedida, ou faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha sido
intimado ou a que deva comparecer independentemente de intimação especial.
Por fim, você precisa saber que a menagem cessa com a sentença condenatória,
ainda que não tenha passado em julgado. Além disso, a autoridade judiciária
obviamente pode determinar a cessação da menagem a qualquer tempo, quando
julgá-la desnecessária.
No caso específico da insubmissão, a condenação cessa a menagem, mas na
prática isso não faz muita diferença, já que a pena para a insubmissão é o
Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não for
cominada pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Poderá livrar-se solto:
a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro I, Título
I, da Parte Especial, do Código Penal Militar;
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos, salvo as
previstas nos arts. 157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177, 178, 187, 192, 235,
299 e 302, do Código Penal Militar.
4 - Questões
4.1 - Questões sem Comentários
QUESTÃO 01. DPU – Defensor Público – 2010 – Cespe.
Em caso de concessão da menagem a militar da reserva ou reformado, o
cumprimento deverá ocorrer no interior do estabelecimento castrense
coincidente com a sede do juízo de apuração do crime, devendo o militar
ficar subordinado às normas de caráter geral da caserna e sendo vedado seu
afastamento dos limites do estabelecimento militar.
QUESTÃO 02. PMSC – Oficial – 2015 – IOBV.
A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de
Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade encarregada do inquérito policial-militar, em
qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos de prova do
fato delituoso; indícios suficientes de autoria. Além destes requisitos, a
prisão preventiva, de acordo com o artigo 255 do Código de Processo Penal
Militar, deverá fundar-se, dentre outros, em um dos seguintes casos, exceto:
a) Menagem.
b) Prisão preventiva.
c) Prisão temporária.
d) Prisão em flagrante.
QUESTÃO 07. Marinha do Brasil – Oficial – Direito – 2012 –
Marinha do Brasil.
De acordo com as disposições do Código de Processo Penal Militar acerca da
"menagem", é correto afirmar que a
a) 1 ano.
b) 2 anos.
c) 3 anos.
d) 4 anos.
e) 5 anos.
4.2 – Gabarito
GABARITO
E
1.
D
2.
B
3.
4. A
B
5.
C
6.
C
7.
D
8.
C
9.
D
10.
questão está mais parecida com a da menagem legal, aplicada ao insubmisso que
se apresenta ou é capturado, e que deve permanecer no quartel.
GABARITO: E
QUESTÃO 02. PMSC – Oficial – 2015 – IOBV.
A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de
Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade encarregada do inquérito policial-militar, em
qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos de prova do
fato delituoso; indícios suficientes de autoria. Além destes requisitos, a
prisão preventiva, de acordo com o artigo 255 do Código de Processo Penal
Militar, deverá fundar-se, dentre outros, em um dos seguintes casos, exceto:
Você deve ter percebido que o apaziguamento do clamor público não aparece
como fundamento da prisão preventiva, não é mesmo!? Imagine se o clamor
popular fosse suficiente para que alguém fosse preso...!
GABARITO: D
QUESTÃO 03. PMMG – Oficial – 2014 – PMMG.
Um militar foi preso, em flagrante delito, pelo cometimento, em tese, de
ilícito penal militar. Dada a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante é
CORRETO afirmar que:
a) Menagem.
b) Prisão preventiva.
c) Prisão temporária.
d) Prisão em flagrante.
COMENTÁRIOS:
Entre as medidas preventivas e assecuratórias que estudamos não se encontra a
prisão temporária. Esta figura ainda existe no Direito Processual Penal comum,
mas não no CPPM.
GABARITO: C
GABARITO: C
QUESTÃO 010. EsFCEx – Oficial – 2009 – Exército Brasileiro.
Para a concessão da menagem é necessário que o acusado tenha bons
antecedentes, que seja levado em consideração a natureza do crime e que
a pena em abstrato (em seu grau máximo) não ultrapasse:
a) 1 ano.
b) 2 anos.
c) 3 anos.
d) 4 anos.
e) 5 anos.
COMENTÁRIOS:
A esta altura você já está cansado de saber que a menagem pode ser aplicada
quando a pena privativa de liberdade não ultrapassar quatro anos, não é
mesmo!?
GABARITO: D
5 – Resumo da Aula
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de
estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental
retomar esses resumos.
O arresto pode recair sobre o patrimônio geral do acusado (não apenas aquele
obtido ilicitamente), não sendo necessária a especialização de determinado bem.
No caso dos bens imóveis, porém, o arresto serve para garantir a hipoteca legal.
6 - Considerações Finais
Chegamos ao fim da nossa aula de hoje. A seguir estão as questões sobre os
assuntos tratados. Se tiver alguma dúvida, utilize o nosso fórum. Estou também
disponível no e-mail e nas redes sociais!
Grande abraço!
Paulo Guimarães
professorpauloguimaraes@gmail.com
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(61) 99607-4477