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FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II

Mauro Noriaki Takeda


,

6 ELETRICIDADE II
Nesta unidade, iremos estudar a corrente elétrica como o movimento ordenado de
partículas portadoras de carga elétrica e os tipos de corrente elétrica.
Em seguida, será abordado o conceito de resistência elétrica e sua relação com a
primeira e segunda lei de Ohm.
Veremos que a associação de resistores em série, paralelo e mista faz-se necessária
nos circuitos elétricos e eletrônicos, e como calcular a resistência equivalente nessas
associações.
Serão abordados os conceitos de geradores e receptores em um circuito elétrico. Por
fim, entenderemos o que são capacitores e dielétricos.

6.1 Corrente elétrica

Considere o circuito elétrico da figura a seguir. Quando a chave interruptora encontra-


se “aberta”, o circuito encontra-se desligado. Os elétrons livres do condutor (fio de
cobre) apresentam movimento caótico.

Quando a chave interruptora encontra-se “fechada”, os elétrons livres apresentam


movimento ordenado devido à presença de campo elétrico no circuito, ficando esses
elétrons sujeitos à força elétrica.
Como os elétrons apresentam movimento ordenado, podemos determinar o fluxo de
carga ΔQ que atravessa uma seção transversal (plano) do condutor em um intervalo de
tempo Δt.

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ΔQ
‒ ‒ ‒
‒ ‒
Δt

A corrente elétrica média im é definida como:

A proporção do fluxo de carga pode variar com o tempo, desse modo definimos a
corrente instantânea i como o limite diferencial da expressão de im quando Δt tende a
zero.

A carga que passa pelo plano no intervalo de tempo de 0 a t pode ser determinada por
integração.

A unidade de corrente elétrica no SI é o coulomb por segundo, que corresponde a


ampère, representado pela letra A.
1 A = 1 C/s

6.2 Resistência elétrica

Quando uma diferença de potencial é aplicada nos extremos de um condutor de


cobre, a corrente no condutor é proporcional à tensão aplicada. Se aplicarmos uma

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tensão U1 no condutor, este será percorrido por uma corrente i1; se aplicarmos tensão
U2, será percorrido pela corrente i2, e assim sucessivamente, de tal maneira que:

Essa constante é a resistência elétrica representada pela letra R. Desse modo, a


resistência elétrica é dada por:

A unidade de resistência no SI é o volt por ampère, chamada de ohm, e representada


pelo símbolo Ω.

A maioria dos materiais, incluindo os metais, apresenta a resistência constante para


uma ampla faixa de tensões aplicadas. Esse comportamento é conhecido como Lei de
Ohm. Os materiais ou dispositivos que obedecem à lei de Ohm são chamados de
ôhmicos e os que não obedecem são chamados de não ôhmicos.
A resistência de um condutor com seção reta uniforme é diretamente proporcional ao
comprimento do fio e inversamente proporcional à área de sua seção transversal. É
proporcional também à resistividade do material, ρ, que constitui o condutor e da
temperatura, ou seja:

No SI, a unidade de resistividade é o ohm . metro (Ω . m).


Na maioria dos metais, a resistividade aumenta com a temperatura de acordo com a
equação:

Nessa expressão, α é o coeficiente de temperatura que depende da natureza do


material.

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6.2.1 Resistor
Resistor é um elemento de circuito que introduz uma resistência específica no circuito
elétrico.

Nos diagramas de circuitos elétricos, o resistor é representado por um símbolo que é


uma linha em zigue-zague.

Há os resistores que tem como função efetuar a conversão de energia elétrica em


energia térmica através do efeito Joule que é o fenômeno da transformação de
energia elétrica em térmica. Como exemplos, há a “resistência do chuveiro”, do ferro
de passar, do aquecedor.

6.2.2 Potência
Para os equipamentos elétricos, a potência corresponde à quantidade de energia
elétrica que foi transformada em outro tipo de energia (por exemplo, térmica) por
unidade de tempo. É dada por:

A potência também é dada por:

Ou:

6.3 Associação de resistores

Os resistores estão presentes em todos os tipos de circuito elétrico. Geralmente, vários


resistores estão dispostos formando vários tipos de combinações que são chamadas de

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associações de resistores. Como exemplo, temos o conjunto de lâmpadas (pisca-pisca)


usadas na decoração de natal. Cada lâmpada é um resistor, e o conjunto das lâmpadas
constitui uma associação de resistores. Os resistores podem ser associados em série,
em paralelo e pode haver também uma combinação entre essas duas associações, que
é chamada de mista.

6.3.1 Associação em série


Dizemos que dois ou mais resistores estão ligados em série quando estão conectados
um em seguida do outro, e são percorridos pela mesma corrente elétrica. Em uma
associação de resistores, chamamos de resistor equivalente o resistor que é percorrido
pela mesma corrente quando submetido à mesma diferença de potencial que as
resistências originais.

Em uma associação em série, a corrente elétrica fornecida ao circuito pela pilha ou


bateria é a mesma que percorre cada resistor da associação.

A tensão aplicada na associação é igual à soma das tensões aplicadas em cada resistor
da associação.

A resistência equivalente da associação é igual à soma das resistências.

6.3.2 Associação em paralelo


Chamamos de associação de resistores em paralelo quando dois ou mais resistores
estão ligados entre si nas duas extremidades e conectados diretamente nos terminais
da bateria.

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,

Como todos os resistores estão conectados diretamente aos terminais da bateria, a


diferença de potencial é a mesma em todos os resistores.

A intensidade da corrente elétrica do circuito é dividida entre os resistores da


associação em i1, i2,..., in, e consequentemente, a corrente do circuito é igual à soma
das intensidades das correntes que percorrem cada resistor.

O inverso da resistência equivalente da associação é igual à soma dos inversos das


resistências da associação.

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6.3.3 Associação mista


Quando o circuito apresenta resistores associados em série e resistores associados em
paralelo simultaneamente, dizemos que a associação de resistores é mista.

Para resolvermos uma associação mista, devemos ir resolvendo de maneira a obter um


circuito cada vez mais simples até chegar ao resistor equivalente. Para facilitar a
identificação dos trechos, é aconselhável colocar letras em nós e terminais. Nós são
pontos onde a corrente se divide e terminais os pontos entre os quais se deseja obter
a resistência equivalente.

Exemplo
Na associação de resistores apresentada na figura a seguir, a tensão aplicada entre os
terminais A e C é de 48 V, determine:

R2=6 Ω

R1=10 Ω C
A B
R3=3 Ω

a) a resistência equivalente;
b) a tensão aplicada em cada resistor;
c) a corrente elétrica que percorre a associação e a corrente em cada resistor;
d) a potência dissipada em cada resistor e na associação.

Resolução:
a) Primeiro devemos calcular a Req no trecho em paralelo entre os pontos B e C

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Tirando o mmc, temos:

O circuito simplificado fica:

10 Ω 2Ω C
A B

Resolvendo o trecho em série, temos:

12 Ω C
A

b) Corrente elétrica na associação

A corrente que percorre o trecho AB é a corrente iAC, portanto, a tensão aplicada no


trecho AB, ou seja, em R1, é de:

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No trecho BC, a tensão será:

Como R2 e R3 estão em paralelo, então as tensões serão:

c) Corrente elétrica na associação

Corrente em R1

Corrente em R2

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Corrente em R3

d) Potência dissipada em R1

Potência dissipada em R2

Potência dissipada em R3

Potência dissipada na associação

6.4 Geradores

Geradores elétricos são dispositivos que convertem vários tipos de energia não elétrica
como a mecânica, química, luminosa, eólica, em energia elétrica. Um gerador elétrico
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possui dois terminais (um negativo e um positivo) chamados polos. Um gerador


fornece energia elétrica ao circuito mantendo o terminal positivo a um potencial
elétrico mais alto que o terminal negativo a um potencial mais baixo. Como exemplo
de geradores, temos o alternador de carro, pilha, bateria, placa solar e aerogerador.
O gerador ideal é aquele capaz de fornecer toda a energia gerada às cargas elétricas. A
tensão medida entre seus polos é chamada de força eletromotriz (fem) e representada
por E.
Em uma bateria real, a tensão nos terminais não é igual à fem, pois há uma resistência
interna r e o potencial diminui de uma quantidade equivalente à corrente multiplicada
pela resistência interna (i . r), ou seja:

Na realidade, existe uma perda de energia devido à resistência encontrada no circuito.


i
E r

‒+

A potência total gerada (Pg) por um gerador é determinada pela relação:

6.5 Receptores

Receptores são aparelhos que recebem energia elétrica e a transformam em outras


formas de energia quando ligados a um circuito com um ou mais geradores. Um
receptor recebe a corrente do polo positivo (mais alto) e devolve ao polo negativo
(mais baixo) retirando energia do circuito.
As características apresentadas por um receptor em funcionamento são a força
contraeletromotriz (fcem) representada por E’ e a resistência interna r’.

i E’
r’

+‒
A potência elétrica fornecida ao receptor é:

E a potência elétrica útil vale:

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,

E a potência dissipada internamente vale:

Sendo:

O rendimento elétrico do receptor é determinado por:

A equação do receptor é:

Conclusão do Bloco 6
Neste bloco, estudamos a corrente elétrica como movimento ordenado das partículas
carregadas eletricamente em um condutor.
Vimos que a resistência elétrica é uma propriedade dos materiais, e no caso dos
condutores depende do comprimento, da área de sua seção e de sua resistividade. O
componente montado com a finalidade de dificultar a passagem da corrente elétrica é
chamado de resistor.
Estudamos a associação de resistores e que eles podem ser associados em série, em
paralelo e de forma mista. Estudamos os geradores que fornecem energia ao sistema
elétrico como a pilha e a bateria.
Vimos também os receptores que transformam a energia elétrica em outros tipos de
energia que não a térmica.

REFERÊNCIAS
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física:
eletromagnetismo. 10. ed. São Paulo: LTC, 2016. v. 3.
SERWAY, Raymond A.; JEWETT JR, John W. Princípios de física:
eletromagnestismo. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. v. 3.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física III: eletromagnetismo. 12. ed. São Paulo:
Addison Wesley, 2008.

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