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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO

Resenha Crítica de Caso


Pedro Paulo Santana Marques Junior

Trabalho da disciplina Processo Penal Aplicado


Tutor: Prof. Paulo Sergio Rizzo

Vila Velha / ES
2022
Pedro Paulo Santana Marques Junior

RESENHA CRÍTICA DE ACÓRDÃO – ARE. nº 1.391.082

I - INTRODUÇÃO

Trata-se de Agravo Interno no Recurso Extraordinário ao Processo Penal por crimes


tipificados nos arts. 121, §1º, i e iv, e 158, § 1º, do código penal. alegado juízo
positivo de pronúncia fundado em prova ilícita, ofensa reflexa, reexame do conjunto
fático-probatório engendrado nos autos.

Com efeito, a ação foi proposta por EANES MAIRA COSTA ARTHUSO objetivando
o pedido de nulidade do interrogatório na fase administrativa, como a premissa de
que a ré não estava acompanhada de um advogado para assisti-la no momento que
prestava pronunciamento para autoridade policial, além disso, pede a ré a anulação
de sentença, com a alegação que houve cerceamento de defesa durante a
audiência de instrução realizado no Juízo Deprecado da comarca de Belo
Horizonte/MG, isto por que a carta precatória não estava devidamente instruída com
cópias dos depoimentos prestados na fase inquisitiva pela testemunhas, impedindo
que fossem confirmados/ratificados ou não, já que o Juiz não autorizou a leitura das
cópias que os advogados possuíam.

II – DESENVOLVIMENTO

Diante ao acórdão em questão, verifica-se que não há qualquer elemento que revele
ter sido negado à ré o direito de constituir defensor, tanto que o seu advogado, tão
logo contratado pela sua família, compareceu à delegacia e acompanhou o restante
do depoimento prestado, inexistindo ilegalidade a ser declarada, além disso,
conforme orienta a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, inexiste nulidade
do interrogatório policial por ausência do acompanhamento do paciente por um
advogado.

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Quanto ao pedido da ré concernente a anulação de sentença, não deve prosperar o
pedido, isso porque, a eventual nulidade se existisse seria meramente relativa, a
exigir a comprovação do efetivo prejuízo para a parte, nos termos do art. 563 do
CPP, que dispõe: “Nenhum ato será declarado nulo, se dá nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa”. Da mesma forma, conforme
preconiza o artigo 565, também do CPP, "nenhuma das partes poderá arguir
nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse".

Ademais, não houve cerceamento da defesa, pois as testemunhas foram


regularmente inquiridas no juízo deprecado e os advogados dos réus tiveram plena
possibilidade de fazer as perguntas que entendiam pertinentes, sendo iria admitida,
tão somente, a leitura, para uns de confirmação/ratificação, de depoimentos
prestados na fase inquisitiva, os quais não instruíram a carta precatória.

Por conseguinte, conforme salientou a Juíza do caso, ultrapassada a fase do


sumário da culpa, com a pronúncia dos réus, o caso em tela vai a júri popular por se
tratar de crime dolosos contra a vida, ocasião na qual as partes podem ouvir
novamente as testemunhas, requerer acareações, reconhecimento de pessoas e
coisas e esclarecimento dos peritos, dentre outras faculdades inerentes ao pleno e
efetivo exercício do direito de defesa, o que demonstra a inexistência de prejuízo á
recorrente.

Do exame dos autos, verifica-se que a desclassificação buscada pela recorrente não
se mostra possível, pois a materialidade delitiva se mostra inequívoca e há indícios
suficientes da autoria e participação no crime, bem como, a valoração das provas
mediante as declarações prestadas pelo detetive o qual relata que os executores
delataram que a ré foi a mandante do crime de homicídio do seu esposo.

Nos termos do que preconiza o artigo 419 do Código de Processo Penal, somente
se autoriza a desclassificação quando o Juiz se convencer da existência de crime
que não seja doloso contra a vida, o que não é ocaso dos autos, pois não há dúvida
quanto ao homicídio.

Nesse contexto, com a devida vênia, as provas produzidas nos autos fornecem
indícios suficientes de autoria, bem como autorizam a submissão das qualificadoras

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ao Conselho de Sentença, devendo ser mantida na íntegra a pronúncia da ré, sob
pena de usurpação da competência constitucional do Tribunal do Júri.

Neste mesmo prisma, o Relator Ministro Gilmar Mendes, em decisão proferida nos
autos do ARE nº 748.371, publicado no DJe de 1º/8/2013, julgado sob o rito da
repercussão geral (tema 660), reafirmou o entendimento de que a afronta aos
princípios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa, do
contraditório, dos limites da coisa julgada ou da prestação jurisdicional que dependa,
para ser reconhecida como tal, da análise de normas infraconstitucionais configura
apenas ofensa indireta ou reflexa à Constituição Federal, o que não enseja reexame
da questão em recurso extraordinário.

III - CONCLUSÃO

Ante ao exposto, não deve prosperar o pedido da recorrente a causa apresentada,


pois para acolher a pretensão da parte recorrente e ultrapassar o entendimento do
Tribunal de origem, seria necessário o reexame dos fatos e das provas dos autos,
bem como a análise da legislação infraconstitucional pertinente, procedimentos
inviáveis em sede de recurso extraordinário. Destarte, a afronta ao texto
constitucional, se houvesse, seria indireta ou reflexa, bem como incide, na hipótese
sub examine, o enunciado 279 da Súmula desta Corte, in verbis: “Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

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