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IBGC Pesquisa

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21º andar - São Paulo - SP
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Governança no Agronegócio:
Outras localidades 4020 1733
e-mail: ibgc@ibgc.org.br
Percepções, Estruturas
www.ibgc.org.br e Aspectos ESG nos
Empreendimentos Rurais Brasileiros

Governança no Agronegócio
IBGC e KPMG têm a satisfação de apresentar esta pesquisa que,
além de avaliar a adoção de práticas de governança corporativa
entre os produtores rurais, objetiva aproximar o universo da
governança corporativa com o agronegócio brasileiro, estimulando
a geração de novos conhecimentos e diálogos entre as áreas.

pesquisa
pesquisa

Governança no
Agronegócio: Percepções,
Estruturas e Aspectos ESG
nos Empreendimentos
Rurais Brasileiros

São Paulo | 2022


Fundado em 27 de novembro de 1995, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
(IBGC), organização da sociedade civil, é referência nacional e uma das principais no
mundo em governança corporativa. Seu objetivo é gerar e disseminar conhecimento
a respeito das melhores práticas em governança corporativa e influenciar os mais
diversos agentes em sua adoção, contribuindo para o desempenho sustentável das
organizações e, consequentemente, para uma sociedade melhor.

Conselho de Administração
Presidente
Leila Abraham Loria

Vice-presidentes
Iêda Aparecida Patricio Novais
Israel Aron Zylberman

Conselheiros
Armando de Azevedo Henriques
Carlos Eduardo Lessa Brandão
Claudia Elisa Soares
Gabriela Baumgart
Henrique Luz
Leonardo Wengrover

Diretoria
Pedro Melo
Adriane de Almeida
Márcia Aguiar
Reginaldo Ricioli
Valeria Café
A KPMG é uma organização global de firmas independentes que prestam serviços
profissionais de Audit, Tax e Advisory. A KPMG é a marca sob a qual as firmas-
membro da KPMG International Limited (“KPMG International”) atuam e prestam
serviços profissionais. O nome “KPMG” é utilizado para referir-se às firmas-membro
individuais dentro da organização KPMG, ou para referir-se a uma firma-membro ou
a mais de uma firma-membro coletivamente.
As firmas-membro KPMG estão presentes em 145 países e territórios, com mais de
236.000 sócios e profissionais atuando nas firmas-membro em todo o mundo. Cada
firma-membro KPMG é uma entidade legal independente e separada, e descreve-se
como tal, sendo responsável jurídica e financeiramente por suas próprias obrigações
e por seus próprios atos.
No Brasil, são aproximadamente 5.000 profissionais distribuídos em 13 Estados e
Distrito Federal, 21 cidades e escritórios situados em São Paulo (sede), Belém, Belo
Horizonte, Brasília, Campinas, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia,
Joinville, Londrina, Manaus, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro,
Salvador, São Carlos, São José dos Campos e Uberlândia.
Orientada pelo seu propósito de empoderar a mudança, a KPMG tornou-se uma
empresa referência no segmento em que atua. Compartilhamos valor e inspiramos
confiança no mercado de capitais e nas comunidades há mais de 100 anos,
transformando pessoas e empresas e gerando impactos positivos que contribuem
para a realização de mudanças sustentáveis em nossos clientes, governos e
sociedade civil.
A KPMG International Limited é uma empresa inglesa privada de responsabilidade
limitada. A KPMG International Limited e suas entidades relacionadas não prestam
serviços a clientes.

Giovana Araújo
Sócia-líder de Agronegócio da KPMG no Brasil
giovanaaraujo@kpmg.com.br
Créditos
Esta obra foi desenvolvida por grupo de trabalho (GT) composto por integrantes da equipe do IBGC,
de seu GT Agro e pela KPMG. Formaram o GT: Bibiana Carneiro, Giovana Araújo, Jaqueline Cruz, Luiz
Martha, Pedro Braga Sotomaior Karam e Silvia Morales de Queiroz Caleman.

Agradecimentos
Aos demais membros, do GT Agro e da equipe do IBGC, pelas valiosas discussões e contribuições
para o desenvolvimento desta pesquisa: Ana Gati, Beatriz Brito, Camila Silva, Cláudio Antonio Pinheiro
Machado Filho, Daniela Sampaio, Graciele Mocellin, João Comério, João Nery, Melina Lobo, Patrícia
Amélia Bueno, Tobias Parente e Wanderson Rodrigues.

À ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores


e Exportadores de Frutas e Derivados), CNA (Confederação Nacional da Agricultura), Coopsema
(Cooperativa Agrícola Mista Serra de Maracatu), ESAN-UFMS (Escola de Administração e Negócios
da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), FAMASUL (Federação da Agricultura e Pecuária de
Mato Grosso do Sul), PENSA – FIA (Centro de Conhecimento em Agronegócios, da Fundação Instituto
de Administração) e as revistas AG e A Granja, pela ajuda na divulgação do questionário desta pesquisa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

I59g Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC


Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos
Empreendimentos Rurais Brasileiros / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa -
IBGC. - São Paulo, SP : IBGC, 2021.
48 p. ; 18cm x 25,5cm. – (IBGC Pesquisa)
Inclui índice e bibliografia
ISBN: 978-65-86366-54-9
1. Governança Corporativa.  2. Agronegócio.  3. Empreendimentos Rurais Brasileiros.
I. Título. II. Série.
CDD 658.4
2022-24 CDU 658.114

Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva – CRB-8/9410


Índice para catálogo sistemático:
1. Governança Corporativa 658.4
2. Governança Corporativa 658.114
Prefácio

Na primeira década do Século XXI agronegócio. O trabalho foi mais tarde


surgiram trabalhos avaliando qual ratificado pelo USDA (United States
seria a necessidade de aumento de Department of Agriculture).
produção de alimentos tendo em
E então chegou a pandemia. Ao
vista o crescimento da população do
lado da avassaladora tragédia da
planeta e a necessidade de preservar
ceifa de milhões de vidas em todos
os recursos naturais. Entre eles, teve
os continentes, houve uma brutal
destaque uma parceria entre a FAO
destruição da economia, sobretudo
(Food and Agriculture Organization
nos meios urbanos. E ficou evidente
of the United Nations) e a OCDE
que a atividade rural não para nunca,
(Organização para a Cooperação
impulsionada que é pelos fenômenos
e Desenvolvimento Econômico)
da natureza que determinam a hora
que estabeleceu a necessidade de
de preparar o solo, plantar, cultivar,
aumentar a oferta global de alimentos
colher, processar e distribuir. Mas a
em 20% em 10 anos, para que ninguém
falta de logística no início da tragédia,
no mundo passasse fome. Mas
regras impostas sem conhecimento
avançando no trabalho e medindo o
dos processos, ignorância quanto à
potencial de crescimento das diversas
ação do vírus, entre outras questões,
regiões produtoras nos diferentes
trouxeram desabastecimento para
países, concluiu-se que tal salto só
muitos países.
seria possível se o Brasil crescesse
o dobro, 40%. Três razoes principais Por outro lado, aprofundou-se
embasaram a conclusão: tínhamos aqui a preocupação geral com a
uma tecnologia tropical sustentável, sustentabilidade, com ênfase para a
área para crescer e gente competente vertente ambiental. Jovens de todos
nas diversas cadeias produtivas do os quadrantes querem defender o

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 5
meio ambiente a qualquer custo, de a quantas anda ela. E isto interessa
modo que o assunto estará no centro aos consumidores preocupados com a
das atenções pelos próximos 40 anos responsabilidade social na produção,
pelo menos. muitas vezes buscando certificação
dos processos produtivos.
Com isso, duas grandes “janelas” foram
escancaradas imediatamente para A verdade é que assuntos como as
a humanidade: segurança alimentar mudanças climáticas, problemas
e sustentabilidade, esta como fator sociais e ambientais ao redor do
decisivo para a competitividade. mundo precisavam ser vistos de forma
prática, isto é, era necessário sair do
Ora, os dois temas passam pelo agro,
nível teórico da preocupação com eles
em especial para o agro do cinturão
para ações concretas para mitigá-los.
tropical do planeta, onde estão a
O ESG, com suas metas, métricas e
América latina, a África subsaariana
indicadores, vem atender aos anseios
e alguns países asiáticos. E nessa
de consumidores.
gigantesca faixa o Brasil avulta
como o criador de uma agropecuária Mas adicionalmente, o tema passou
sustentável baseada em tecnologia a interessar ao sistema financeiro,
inovadora, o que coloca o país como que viu nele um elemento de “rating”
um grande exportador como pedem das empresas, capaz de estabelecer
a OCDE, a FAO e o USDA em seus uma valorização de cada empresa
estudos, mas também como um de acordo com suas reais atividades
importante provedor de tecnologias ligadas ao ESG. Aspectos como a
tropicais sustentáveis, máquinas e própria descarbonização, ou a pegada
equipamentos aqui desenvolvidos de carbono na fronteira, entre outros,
e conhecimento em gestão: bens e serão considerados para efeito do ESG.
serviços com maior valor agregado.
E isso tudo terá grande relevância
E mais importante, tomou corpo para as empresas agropecuárias
vigorosamente o ESG, sigla que nacionais mesmo considerando o
exprime a necessidade das empresas papel do Brasil na segurança alimentar
se ocuparem com o meio ambiente, global, seja como exportador de
com o social e com a governança. alimentos, seja como vendedor de
Pode ser até mesmo encarado como know-how. As grandes fazendas e/
um upgrade ou uma sofisticação da ou empresas agropecuárias nacionais
sustentabilidade, com uma diferença terão que se preocupar de verdade
fundamental: o compromisso de uma com o uso do solo, dos insumos e da
empresa com o ESG será medido por água, com a energia utilizada, com o
indicadores que informam ao mercado desmatamento, com a mecanização

6 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


e consumo de combustíveis, com o trarão técnicas e procedimentos
bem-estar dos funcionários, com o cada vez mais voltadas para a
relacionamento com as comunidades sustentabilidade. O processo de
lindeiras, com sistemas de transporte e sucessão deverá ser tratado com ética
boas práticas agrícolas. A transparência e a partir de valores, visão e missão
nos processos será obrigatória, relações das empresas bem definidos e bem
de trabalho precisarão ser cercadas comunicados interna e externamente.
de dignidade, e o cumprimento das
legislações ambiental, trabalhista, Um novo mundo se apresenta ao agro,
tributária e fiscal será absolutamente com transformações que exigirão uma
essencial; a inovação em tecnologia transição bem-feita para a onda do
e gestão terá peso maior com a ESG e outras ondas que virão com
digitalização e a internet das coisas, e certeza no aperfeiçoamento dos três
as emissões de gases de efeito estufa itens: ambiental, social e
terão que cair muito. de governança.

Isso implicará uma governança Esta pesquisa descerra vários destes


corporativa ligada nestes temas todos, aspectos com clareza, mostrando
o que poderá significar a montagem novos caminhos para a gestão rural.
de conselhos de administração
e consultivos com profissionais Roberto Rodrigues
Coordenador do Centro de Agronegócios da
independentes especializados em Fundação Getulio Vargas (GVagro) e ex-ministro da
aspectos ambientais e sociais que agricultura, pecuária e abastecimento

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 7
Sumário

Sumário Executivo. . . . . . . . . . . . . . . . . 9 4. Aspectos Ambientais,


Sociais e Inovação nos
1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Empreendimentos Rurais. . . . . . . 32

2. Descrição da Amostra. . . . . . . . . . . 14 5. A Empresa Familiar . . . . . . . . . . . . 36


2.1 Perfil do Participante . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Perfil dos Empreendimentos Rurais. . 17 6. Metodologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3. Governança Corporativa: 7. Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48


Importância, Desafios,
Práticas e Estruturas de
Conselho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.1 Importância, Necessidades
e Desafios da Governança
Corporativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Práticas de Governança
Corporativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Processo Decisório. . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.4 Estruturas de Conselho. . . . . . . . . . . . . 28

8 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Sumário Executivo

• A amostra desta pesquisa, na opinião dos participantes,


composta por 367 respondentes o principal dificultador para a
de todas as regiões brasileiras, discussão e adoção das práticas
reflete um perfil bastante de governança. Necessidades
específico e “exclusivo” do • As principais necessidades de
agronegócio: empreendimentos governança se referem ao plano
rurais de grande porte, com alto de sucessão, gestão de riscos,
grau de escolaridade de seus melhoria nos controles internos/
representantes (proprietários, compliance e formalização de
gestores, conselheiros, consultores). papéis e responsabilidades.
• Entretanto, apesar do bom • A informalidade e
tamanho e do alcance regional, não personalismo nas decisões Chama
se pode dizer que a amostra seja estratégicas, traços comumente atenção:
representativa da população de associados ao meio agro, são aspectos
produtores, mas sim um recorte dos evidenciados especialmente em relacionados
maiores empreendimentos rurais da dois resultados: a tomada de
“porteira para dentro”. ț Mais da metade dos decisões
• A governança corporativa (GC) empreendimentos rurais não
Desafios é conhecida e valorizada entre contam com acordo de sócios. o acordo de
os produtores rurais da amostra, ț Apesar de existirem reuniões sócios, da s
que em geral lhe atribuem grande de diretoria, do conselho ou práticas de
importância. com os sócios em quase 80% dagovernança
• Há, porém, o desafio da falta amostra, na prática, em 47% dosé uma das
de informações e materiais de casos as decisões são tomadas mais
referência adequados e adaptados pelo sócio principal (sozinho ou acessíveis.
ao agronegócio, sendo esse, consultando outros sócios).

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 9
• Por outro lado, regras ou políticas • Outro tema emergente é a
de remuneração de sócios, inovação: quase metade dos
Chama a prestação formal de contas empreendimentos rurais debatem
atenção, (aos sócios ou conselho) e o tópico periodicamente nas
regras e ferramentas de gestão financeira reuniões de diretoria ou conselho,
políticas de e contábil (como gestão do e 26% contam com uma área ou
remuneraçã fluxo de caixa, demonstrativo do profissional dedicado ao tema.
o de sócios resultado do exercício e balanço • 80% da amostra é composta
patrimonial) estão presentes na por empreendimentos que se Empresas
familiares:
maioria dos empreendimentos consideram familiares. O principal
desafio
Chama a rurais participantes. desafio apontado por essas
sucessão
atenção a • Estruturas de conselho (consultivos empresas, independentemente do
estrutura ou de administração) se fazem porte do empreendimento rural,
dos presente em metade da amostra é a sucessão.
conselhos – percentual que alcança quase • A maioria não possui regras
100% entre os empreendimentos de entrada de familiares (na
rurais de maior faturamento administração ou sociedade),
(superior a R$ 1 bilhão no ano ou fórum de discussão familiar
de 2020). estruturado – apenas 29% dos
• Os aspectos ambientais, sociais empreendimentos rurais familiares,
e de governança (ESG) têm sido por exemplo, possuem conselho
debatidos nos altos escalões dos de família.
empreendimentos rurais (diretoria • Nas empresas com conselho
ou conselho), inclusive com áreas de família, porém, observam-se Conselho
específicas para esse fim em 26% melhorias expressivas: é mais da familia
dos casos. comum a implementação de
• Em relação à sustentabilidade, a programas de treinamento para a
maioria da amostra (62%) afirma próxima geração e parece haver
possuir práticas de preservação diálogo mais aberto na família
ou recuperação de APPs (áreas (mesmo sobre temas sensíveis)
de proteção permanente), de – reforçando a importância
conservação do uso da terra e da prática no âmbito da
recuperação de áreas degradadas. governança familiar.

10 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


1. Introdução

A importância do agronegócio para a crescimento de 4,1% na comparação


geração de riqueza, emprego e renda com 2019 e equivalente a 48% das
no Brasil é comprovada por constantes exportações totais brasileiras no ano.
saldos positivos na balança comercial
Relatório do Centro de Estudos
e pelas demais estatísticas do setor.
Avançados em Economia Aplicada da
Em 2020, em meio à pandemia da Esalq/USP (Cepea/USP), em parceria
Covid-19, o PIB do agronegócio foi de com a Confederação da Agricultura
R$ 1,968 trilhão, representando 26.6% e Pecuária do Brasil (CNA), indica
do PIB brasileiro1. Além disso, dados bom desempenho do ramo agrícola,
da Secretaria de Comércio Exterior especialmente pelo expressivo avanço
(Secex) e do Ministério da Agricultura, de 14,77% do PIB do segmento primário
Pecuária e Abastecimento (Mapa) (“dentro da porteira”) na comparação
apontam que o agronegócio exportou do primeiro trimestre de 2021 com
US$ 100,81 bilhões em 20202, um igual período de 2020. O Brasil é
líder na produção e exportação de
1. CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária café, suco de laranja, soja e cana-de-
do Brasil) e Cepea/USP, PIB do Agronegócio açúcar (dentre outras atividades), e
alcança participação de 26,6% no PIB brasileiro
em 2020, 2021. Disponível em: https://www. deve se tornar, segundo estimativa da
cnabrasil.org.br/boletins/pib-do-agronegocio- Embrapa, o maior exportador de grãos
alcanca-participacao-de-26-6-no-pib-brasileiro-
em-2020. Acesso em: 31 de agosto, 2021. do planeta em cinco anos3.
2. MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento), Exportações do agro
ultrapassam US$ 100 bilhões pela segunda vez 3. Agência Brasil, Embrapa: Brasil será maior
na história, 2021. Disponível em: https://www. exportador de grãos do mundo em cinco anos,
gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ 2021. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.
exportacoes-do-agro-ultrapassam-a-barreira- br/economia/noticia/2021-03/embrapa-brasil-
dos-us-100-bilhoes-pela-segunda-vez. Acesso sera-maior-exportador-de-graos-do-mundo-em-
em: 31 de agosto, 2021. cinco-anos. Acesso em: 31 de agosto, 2021.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 11
Toda a pujança e o dinamismo do Cabe destacar que agronegócio e
agronegócio, por outro lado, acarretam sustentabilidade ambiental não são
desafios também de enormes temas necessariamente antagônicos.
proporções. Segundo Censo do IBGE, Dados da Companhia Nacional de
em 2017 existiam pouco mais do Abastecimento (Conab/SAFRAS)
que 5 milhões de estabelecimentos apontam que, entre 1997 e 2020, a
rurais no Brasil, dos quais apenas produção de grãos cresceu 300%
6% são extremamente tecnificados no Brasil, enquanto a área plantada
e contribuem com 86% do PIB do avançou cerca de 60%4. A adoção de
agronegócio. A heterogeneidade do práticas sustentáveis de produção –
agronegócio é marcante no país e como o plantio direto, manejo integrado
não está relacionada unicamente de pragas e doenças e integração
ao tamanho da propriedade, mas lavoura-pecuária-floresta – pode
também às características culturais, otimizar o uso da terra, elevando
geográficas, climáticas, entre outras. os patamares de produtividade, e
contribuir para a mitigação da emissão
A participação do agro no mercado
de gases causadores de efeito estufa.
de capitais ainda é pequena, não
refletindo a sua representatividade na No aspecto social, a eliminação do
economia. Temas como a tecnologia trabalho infantil ou em condições
digital e inovação batem à porta do análogas à escravidão em toda
produtor rural, que precisa se adaptar a cadeia produtiva, a melhoria
para manter a competitividade do das condições de trabalho de
negócio. Mas o maior desafio talvez colaboradores e terceiros, e o apoio ao
esteja na sustentabilidade, em desenvolvimento social e econômico
especial nas questões ambientais, da comunidade local são algumas das
sociais e de governança – conhecida pautas relevantes.
pela sigla ESG (Environmental, Social
Em relação aos fatores do “G” do
and Governance).
ESG, o que se observa é uma relativa
A agenda ambiental do agronegócio, escassez de publicações e pesquisas
não raro, fonte de críticas da sociedade que integram governança corporativa
em escala global, parece suscitar e agronegócio. Com exceção, talvez, de
ainda maior pressão e urgência: o
avanço (ilegal) sobre áreas de proteção
4. Canal Rural, Produção de grãos cresceu cinco
ambiental, as mudanças climáticas e a vezes mais que a área plantada nos últimos
necessidade de preservação do solo e 30 anos, 2020. Disponível em: https://www.
canalrural.com.br/programas/informacao/
da biodiversidade são alguns dos temas mercado-e-cia/producao-graos-crescimento-
que não podem ser desconsiderados. area-plantada-30-anos/. Acesso em: 06 de
setembro, 2021.

12 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


poucas companhias do agro listadas com interesse na intersecção
(cujas exigências do mercado de entre agronegócio e governança
capitais requerem maior transparência), corporativa. Ela contém, além desta
pouco se conhece sobre as práticas introdução, os seguintes capítulos: 2.
de governança corporativa adotadas Descrição da Amostra; 3. Governança
no setor – uma lacuna teórica que esta Corporativa: Importância, Desafios,
pesquisa visa reduzir. Práticas e Estruturas de Conselho;
4. Aspectos Ambientais, Sociais e
Com o propósito de avaliar a Inovações nos Empreendimentos
adoção das práticas de governança Rurais; 5. A Empresa Familiar; 6.
corporativa no agronegócio, Metodologia e 7. Referências.
especificamente entre os produtores
rurais, o IBGC, seu Grupo de Trabalho A pesquisa conta com uma amostra de
(GT) Agro e a KPMG têm a satisfação 367 respondentes, dentre proprietários,
de apresentar a pesquisa Governança administradores, conselheiros e outros
no Agronegócio: Percepções, membros da empresa ou propriedade
Estruturas e Aspectos ESG nos rural de “dentro da porteira”. Os
Empreendimentos Rurais Brasileiros. resultados encontrados oferecem
ao mercado um retrato de natureza
Esta pesquisa é destinada a todos os exploratória sobre a adoção das
conselheiros, gestores, consultores, melhores práticas de governança
estudantes e demais profissionais corporativa, incluindo ESG e inovação.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 13
2.  Descrição da Amostra

A amostra final, composta por 367 afirmam já terem conhecimentos em


respondentes, é descrita nesta seção governança corporativa.
em relação ao perfil do participante
Em termos geográficos, foram
e do empreendimento rural do qual
contemplados empreendimentos
faz parte.
rurais em todas as regiões brasileiras.
De maneira geral, a amostra reflete um No entanto, apesar do bom tamanho
perfil bastante específico e “exclusivo” e do alcance regional, não se pode
do agronegócio: empreendimentos dizer que a amostra seja representativa
rurais de grande porte, com alto da população de produtores rurais,
grau de escolaridade de seus mas sim um recorte dos maiores
representantes (proprietários, gestores, empreendimentos rurais da porteira
conselheiros, consultores), que para dentro.

14 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


2.1 Perfil do Participante
Cargo/Principal Atribuição

6% 5%
Consultor Conselheiro/membro de
comitê de assessoramento

16%
Outros

49%
Proprietário/dono
24% de empresa(s)
Administrador de empresa(s) agropecuária(s) ou de
agropecuária(s) ou de propriedade rural
propriedade rural

n= 367 respondentes

• 73% dos respondentes são proprietários ou administradores de empresas ou propriedades rurais


• 62% dos respondentes possuem mais de 10 anos de experiência na atividade agropecuária.

Grau de Escolaridade
2%
Ensino Fundamental

1% 3%
Sem instrução formal Ensino Médio

29%
Ensino Superior
65%
Pós-Graduação

n= 367 respondentes

• 90% da amostra possui ensino superior ou pós-graduação

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 15
Familiaridade com a Governança Corporativa
• 18% dos respondentes afirmam já ter ouvido falar sobre governança e 75% dizem possuir
conhecimento na área. Ou seja, o assunto é desconhecido apenas para 9% da amostra.

Cargo/atribuição × Familiaridade com GC

Proprietário/dono de empresa(s) agropecuária(s) 11% 25% 64%

Administrador de empresa(s) agropecuária(s) 5% 15% 80%

Consultor 9% 91%

Conselheiro/membro de comitê de assessoramento 100%


2%
Outros 8% 90%
0 
20Não   Sim,40  Sim, tenho80
já ouvi falar  60 conhecimento
100
n= 367 respondentes

• 64% dos proprietários de empreendimentos rurais afirmam conhecer governança corporativa.


Este é o menor percentual encontrado, quando comparado às demais categorias (administradores,
consultores, conselheiros e outros).

Faturamento × Familiaridade com GC

Acima de R$ 1 bilhão 5% 5% 90%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 4% 7% 89%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 14% 86%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 8% 15% 77%

Até R$ 20 milhões 10% 25% 65%


0 20Não   Sim,40
 já ouvi falar  60
 Sim, tenho80 100
conhecimento
n= 367 respondentes

• Quanto maior o faturamento do empreendimento rural, maior tende a ser o conhecimento sobre GC.

16 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


2.2 Perfil dos Empreendimentos Rurais
• A amostra da pesquisa é composta, segundo classificação pela Receita Bruta Agropecuária Anual
(RBA)5, majoritariamente por grandes produtores.

Faturamento (2020)

Acima de R$ 1 bilhão 11%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 8%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 16%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 20%

Até R$ 20 milhões 45%


0 10 20 30 40 50
n= 367 respondentes

• 55% da amostra possui faturamento acima de R$ 20 Milhões (ano 2020).

Uma das características do segmento da produção rural é a informalidade, muito em


função dos incentivos à agricultura familiar, focada na pessoa física.
Quando o empreendedor sente a necessidade de constituir uma empresa, por uma
demanda de mercado, o CPF do proprietário ainda é muito utilizado em paralelo ao
CNPJ. Talvez isso explique a distribuição a seguir:

5. Na concessão de crédito rural, deve ser observada a seguinte classificação do produtor rural,
pessoa física ou jurídica, de acordo com a Receita Bruta Agropecuária Anual (Res CMN nº 4.883
art 1º; Res CMN nº 4.929 art 1º):
a) pequeno produtor: até R$500.000,00 (quinhentos mil reais);
b) médio produtor: acima de R$500.000,00 (quinhentos mil reais) até R$2.400.000,00 (dois
milhões e quatrocentos mil reais);
c) grande produtor: acima de R$2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 17
Constituição do Empreendimento Rural

24,3% 26,7%
Ambas Pessoa física
(pessoa física e jurídica)

49,0%
Pessoa jurídica

n= 367 respondentes

• Provavelmente devido aos incentivos à agricultura familiar, ainda podemos observar 26,7% dos
empreendimentos rurais trabalhando apenas como pessoa física.

Principais Atividades

Pecuária – Bovinocultura 43%


Agricultura – Milho 39%
Agricultura – Soja 38%
Agricultura – Cana de açúcar 19%
Agricultura – Hortifruti 19%
Agricultura – Café 14%
Agricultura – Algodão 10%
Agricultura – Silvicultura (Floresta plantada) 10%
Pecuária – Avicultura 9%
Agricultura – Laranja 8%
Pecuária – Suinocultura 7%
Pecuária – Psicicultura 4%
Outras 26%
n= 367 respondentes, e 906 menções 0 10 20 30 40 50
• Amostra bem distribuída: os empreendimentos rurais desenvolvem, em média, 2,5 culturas.

18 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


A Empresa é Familiar?
 Sim    Não

80% 20%

n= 297 respondentes

• 21% das empresas da amostra integram alguma cooperativa


• A amostra é composta predominantemente por empreendimentos familiares6.

Distribuição Geográfica da Amostra

0 20 40 60 80 100
55 (15%)
Nordeste

15 (4%)
Norte

87 (24%)
Centro Oeste
144 (39%)
Sudeste

66 (18%)
Sul

n= 367 respondentes

• As cinco regiões do Brasil são contempladas na pesquisa, com destaque para o Sudeste e
Centro-Oeste (39% e 24% da amostra, respectivamente).

6. Nota: empresa/empreendimento familiar é aquela cujo controle está no âmbito de uma ou mais famílias.
Disclaimer: ainda que esta pesquisa tenha oferecido uma definição prévia de empresa familiar, entende-se que
várias coexistem na literatura – de forma que o conceito pode não ser homogêneo entre todos os respondentes.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 19
3. Governança Corporativa:
Importância, Desafios, Práticas
e Estruturas de Conselho

Neste capítulo, são abordados temas diretamente relacionados com a governança


corporativa, como a importância percebida pelo respondente para o tema,
necessidades e desafios, práticas mais recorrentes e estruturas de conselho.
Em geral, a governança corporativa é valorizada pelos respondentes, mas há a
percepção de que existem poucas informações e materiais de referência adaptados
para o agronegócio, o que dificulta a discussão e adoção das práticas no setor.
Com relação às práticas, há aspectos positivos mas também espaço para
avanços. Mais da metade dos respondentes afirmam possuir regras ou política de
remuneração dos sócios e realizar ao menos uma reunião anual entre eles. Por outro
lado, não há acordo de sócios em pouco mais da metade dos empreendimentos
rurais, e 24% não realiza nenhum tipo de prestação de contas (formal ou informal)
aos sócios ou conselho.

20 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


3.1 Importância, Necessidades e Desafios da Governança Corporativa
Governança Corporativa – Importância

2% 13%
Muito baixa: não vejo Baixa: vejo alguns
benefícios ou eles não benefícios, mas não
estão claros para mim é uma prioridade

45%
Muito alta: vejo muitos
benefícios e já estamos 40%
priorizando o tema Alta: vejo benefícios e
precisamos priorizar
esse tema

n= 337 respondentes

• 85% da amostra considera a governança importante ou muito importante para o seu negócio

Governança Corporativa – Principais Necessidades


Plano de sucessão 54%
Mapeamento dos riscos corporativos e riscos operacionais 52%
Melhorias no ambiente de controles internos e de compliance 51%
Formalização de papéis e responsabilidade 50%

Profissionalização da gestão 45%

Formalização de políticas e procedimentos internos 42%


Definição e formalização de alçadas de decisão 42%

Não vejo nenhuma necessidade 7%

Outra 1%

n= 304 respondentes, 1048 menções

• O plano de sucessão é a principal necessidade dos empreendimentos rurais, seguido do mapeamento de


riscos, melhoria dos controles internos/compliance e formalização de papéis e responsabilidades.

0 10 20 30 40
Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros
50 21 60
Existe uma lacuna a ser preenchida na literatura, entre governança corporativa
e agronegócio. No entanto, surpreende a percepção de ser este o principal
complicador para adoção de práticas.
Os dados mostram a relevância de novas pesquisas e publicações na área.

Governança Corporativa – Desafios


Falta de informações e referências adequadas/adaptadas
para o agronegócio 35%

Receio de criar burocracia 33%

Receio de aumentar os custos 32%

Descentralização do poder de decisão 28%

Não vejo nenhuma dificuldade 23%

Não sabemos por onde começar 12%

Outra 8%
0 5 10 15 20 25 30 35
n= 337 respondentes, 575 menções

• Faltam informações sobre governança adequadas e adaptadas para as necessidades do agronegócio.

22 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


3.2 Práticas de Governança Corporativa
Governança Corporativa – Acordo de Sócios7

38% 40%
Sim, o acordo foi debatido Não existe acordo de
e aprovado entre os sócios sócios
e todos o seguem

7%
Sim, porém ele não é 15%
seguido na prática Não, mas o documento
está em desenvolvimento
n= 304 respondentes

• Apenas 38% alegam ter um acordo de sócios aprovado e que é respeitado por todos.

Faturamento × Acordo de Sócios

Acima de R$ 1 bilhão 29% 6% 6% 59%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 21% 33% 4% 42%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 30% 11% 9% 50%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 31% 16% 6% 47%

Até R$ 20 milhões 55% 14% 8% 23%


 Não existe 0 20  Não, mas
acordo de sócios  40 o documento
60 está em desenvolvimento
80 100
 Sim, porém ele não é seguido na prática 
 Sim, o acordo foi debatido e aprovado entre os sócios e todos o seguem
n= 304 respondentes

• Os acordos se tornam mais comuns conforme aumenta o faturamento do empreendimento rural.

7. Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, os acordos entre os sócios "regem
questões como: compra e venda de ações pelos signatários; preferência para adquirir as participações dos
demais sócios; exercício do direito a voto e poder de controle nas assembleias. O interesse da organização
não deve ser colocado em risco pelo acordo entre sócios, que, deste modo, não deve conter limitação ou
vinculação das competências e atribuições do conselho de administração" (IBGC, 2015, p. 28).

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 23
Governança Corporativa – Práticas

A propriedade/empresa possui diretoria executiva? 56% 44%

A propriedade/empresa realiza assembleia/reunião


anual dos sócios?
55% 45%

A propriedade/empresa possui regras ou políticas de


remuneração do trabalho dos sócios? 58% 42%
 Sim   Não

n= 303, 304 e 303 respondentes, respectivamente

• A adoção de práticas de governança é bastante heterogênea nos empreendimentos rurais. Pouco


mais da metade adota algumas das práticas
0
avaliadas.
20 40 60 80 100

Faturamento × Prestação de Contas

Acima de R$ 1 bilhão 11% 89%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 33% 67%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 13% 23% 64%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 22% 25% 53%

Até R$ 20 milhões 37% 26% 37%


0 20 Não   Sim,
40 porém a prestação
60 80 é informal 
de contas 100
 Sim, a prestação de contas é formal

n= 304 respondentes

• Em mais da metade da amostra (53%) existe prestação de contas formal dos gestores aos sócios
ou conselho; 24% a faz de maneira informal, e 23% dos empreendimentos rurais não realizam a
prestação de contas. (n= 304 respondentes)
• Quando segmentado pelo faturamento, percebe-se que existe uma tendência de aumento na
prestação de contas formal (aos sócios ou conselho) conforme se eleva o faturamento do
empreendimento rural.

24 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Governança Corporativa – Alinhamento de Sócios

16%
Não estão alinhados,
há necessidade

49% significativa de melhorias

Sim, todos conhecem e


estão alinhados, não há
problemas em relação a isso

35%
Alguns estão alinhados,
outros não. Há ainda
espaço para melhorias

n= 304 respondentes

• Quase metade dos respondentes afirmam que os sócios estão alinhados em relação aos valores, à
estratégia e às prioridades da empresa.

Governança Corporativa – Ética e Conduta


Possui um código de ética/conduta 44%

Possui um canal de denúncias 26%


Adota procedimentos de diligência para os fornecedores,
parceiros e/ou terceiros críticos 25%
Possui critérios e normas de conduta e relacionamento
com agentes públicos 24%
Adota procedimentos de diligência em todos os
fornecedores, parceiros e/ou terceiros
17%

Nenhuma das opções anteriores 40%

n= 304 respondentes, 539 menções

• Apenas 17% dos respondentes afirmam realizar 0 procedimentos


10 de20diligência30
na cadeia 40
de 50
fornecedores.
• A prática deve ser estimulada, por conferir maior confiabilidade e uma postura proativa, diligente
e responsável na cadeia como um todo.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 25
Demonstrativos e Controles Auditados/Verificados
Sim, por auditoria externa independente
40%
Sim, por auditoria interna 28%

Não são verificados/auditados 43%

Não há demonstrativos e controles estruturados 6%

n= 278 respondentes, 327 menções

• 68% da amostra alega possuir demonstrativos e controles auditados ou verificados.

Ferramentas de Gestão Financeira e Contábil


0 10 20 30 40 50
Gestão de fluxo de caixa 81%

Demonstrativo do Resultado do Exercício 74%

Balanço patrimonial 69%

Orçamento de caixa de curto prazo (receitas, custos, margem operacional) 68%

Projeção de fluxo de caixa 66%

Projeções financeiras incluindo análise da dívida e índices financeiros 56%

Orçamento contábil de curto prazo 49%

Orçamento de caixa de longo prazo (receitas, custos, margem operacional) 44%

Orçamento contábil de longo prazo 31%

Não formalizamos o planejamento financeiros 9%

Outro 1%

0 20 40 60 80 100
n= 278 respondentes, 1519 menções

• As ferramentas mais utilizadas para a gestão financeira são: fluxo de caixa, demonstrativo do
resultado do exercício (DRE), balanço patrimonial, orçamento de caixa de curto prazo e projeção
de fluxo de caixa.

26 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Políticas Adotadas
Política de Compras
50%

Política de Recursos Humanos


46%

Política/norma de SSMA (saúde, segurança e meio ambiente)


43%

Política de Comercialização 40%

Política de Gestão de Riscos 31%

Política de Dividendos 29%

Nenhuma das anteriores 25%


n= 278 respondentes, 858 menções 0 10 20 30 40 50
• As políticas que se relacionam às questões mais operacionais se destacam em relação àquelas de
caráter mais estratégico ou administrativo.

3.3 Processo Decisório


• 79% dos respondentes afirmam que existem instâncias de tomada de decisão (onde são
discutidos assuntos pertinentes ao negócio ou propriedade) no empreendimento rural – seja por
meio de reuniões de diretoria, do conselho ou diretamente com os sócios.

Governança Corporativa – Processo Decisório

7%
Outra

47%
O principal sócio toma
as decisões sozinho
(consultando ou não
outros sócios)

46%
As decisões são tomadas
com base no planejamento
estratégico, aprovado pelos
sócios (todos ou alguns deles)

n= 304 respondentes

• Apesar das instâncias de decisão, 47% dos respondentes afirmam que, na prática, as decisões são
tomadas pelo principal sócio.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 27
Governança Corporativa – Horizonte do Plano Estratégico
2%
Outro
16%
Não há planejamento

45%
Para os próximos 5 ou 10 anos

37%
Anual ou bianual

n= 304 respondentes

• Com relação ao horizonte das decisões, 45% da amostra considera o longo prazo no plano
estratégico (de 5 a 10 anos).
• Outros 35% focam apenas no curto prazo – algo provavelmente ligado ao ciclo do cultivo
produzido nas empresas/propriedades rurais.

3.4 Estruturas de Conselho


Estrutura central do sistema de governança corporativa, os conselhos podem ser
consultivos (sem poder de deliberação) ou de administração8, estatutários ou não. Os
conselheiros devem prestar contas aos sócios (que os elegem) e outros stakeholders,
e possuem deveres fiduciários para com a organização.

8. O conselho de administração é um órgão colegiado que “exerce o papel de guardião dos princípios, valores,
objeto social e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente. Além de decidir
os rumos estratégicos do negócio, compete ao conselho de administração, conforme o melhor interesse da
organização, monitorar a diretoria, atuando como elo entre esta e os sócios.” (IBGC, 2015, p. 39).

28 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Governança Corporativa – Estruturas de Conselho

35%
Sim, conselho de
administração 50%
Não há nenhuma
estrutura de conselho

15%
Sim, conselho consultivo

n= 304 respondentes

• Metade da amostra possui conselho, sendo que 15% são de caráter consultivo e 35% de
administração – reflexo do grande porte dos empreendimentos rurais da amostra.

Faturamento x Estrutura de Conselho

Acima de R$ 1 bilhão 3% 17% 80%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 25% 33% 42%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 34% 19% 47%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 48% 19% 33%

Até R$ 20 milhões 74% 8% 18%


0
 Não há nenhuma estrutura de conselho   Sim,20 40
conselho consultivo  60conselho de80
 Sim, 100
administração

n= 304 respondentes

• Estruturas de conselho são mais comuns em empreendimentos rurais de maior faturamento.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 29
• Esse resultado vai ao encontro dos achados da pesquisa Métrica de Governança Corporativa:
Os Caminhos Trilhados pelas Empresas de Capital Fechado9. A pesquisa revela que, dentre as
empresas de capital fechado, a estruturação de conselhos “concentra-se quase exclusivamente
naquelas de maior porte, já nos estágios mais maduros.”
• Dentre as empresas/propriedades rurais que possuem conselhos (de administração
ou consultivo), 77% possuem os sócios como membros, 50% contam com conselheiros
independentes e 36% com membros da gestão (administradores).

Conselho – Remuneração

9%
Sim, mas só os
administradores/gestores 22%
Não, nenhum membro
é remunerado

24%
Sim, mas só os independentes

42%
3% Sim, todos
Sim, mas só os donos/sócios

n= 146 respondentes

• Em 42% das empresas/propriedades rurais com conselhos, todos os membros são remunerados.
• No outro extremo, em 22% delas não há remuneração para nenhum dos conselheiros.

Segregação das funções de diretor-presidente e presidente do conselho de


administraçao (PCA)
A separação das funções (diretor-presidente x PCA) é uma das melhores práticas de
governança corporativa. Segundo o IBGC, “para que não haja concentração de poder
e prejuízo ao dever de supervisão do conselho em relação à diretoria, o acúmulo das
funções de presidente e diretor-presidente por uma mesma pessoa deve ser evitado.
O diretor-presidente não deve ser membro do conselho de administração, mas deve
participar das reuniões como convidado.”10

9. IBGC, Métrica de Governança Corporativa: Os Caminhos Trilhados pelas Empresas de Capital Fechado, 2019,
p. 27.
10. IBGC, Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2015, p. 49.

30 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Conselho – Separação CEO/PCA
 Sim, são pessoas diferentes    Não, é a mesma pessoa

63% 37%

n= 147 respondentes

• A separação de papéis do diretor-presidente e do presidente do conselho de administração está


presente em 63% da amostra.

0 20 40 60 80 100

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 31
4. Aspectos Ambientais,
Sociais e Inovação nos
Empreendimentos Rurais

Os aspectos ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) se tornaram fundamentais


para o agronegócio brasileiro, e têm sido fontes de críticas por boa parte da
sociedade, em âmbito nacional e internacional.
Os resultados demonstram que, entre o público dessa pesquisa, o assunto tem sido
debatido nas reuniões estratégicas e, apesar de algumas boas práticas adotadas,
ainda há um longo caminho a se percorrer.

Aspectos ESG

Os riscos e oportunidades socioambientais são debatidos


periodicamente, na diretoria ou no conselho 42%
Na empresa/propriedade há uma área dedicada a avaliar
os riscos e oportunidades socioambientais 26%
A empresa divulga ao público/mercado relatórios
contendo informações sobre as práticas socioambientais 17%
A empresa divulga aos sócios relatórios contendo
informações sobre as práticas socioambientais
16%

Nenhuma das opções mencionadas 46%


0 10 20 30 40 50
n= 265 respondentes, 432 menções

• Apesar do tema ser debatido internamente (inclusive com uma área dedicada em alguns casos),
essa informação muitas vezes não chega ao mercado – o que suscita a necessidade de melhorias
em relação à transparência e à comunicação com os grupos de interesse.

32 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Práticas Ambientais
Práticas ou programas de preservação ou recuperação de
APPs (áreas de preservação permanente) 62%
Práticas de conservação do uso da terra, conservação do
solo ou de recuperação de áreas degradadas 62%
Cadeia de fornecedores: monitoramento ou incentivo de
práticas socioambientais na cadeia de fornecedores – 44%
como o combate ao trabalho escravo (e análogo)
Sistema próprio ou terceirizado para tratamento
de dejetos e/ou resíduos 39%

Procedimento visando o reciclo ou reuso de água 37%


Programa voltado à redução de gases de efeito estufa/
economia de baixo carbono 23%

Nenhuma das opções mencionadas 15%


n= 265 respondentes, 869 menções 0 10 20 30 40 50 60 70 8
• As práticas de preservação ou recuperação de APPs (áreas de proteção permanente), de
conservação do uso da terra e recuperação de áreas degradadas são as principais práticas
ambientais empregadas pelos empreendimentos rurais.

Práticas Sociais
Políticas de treinamentos para os colaboradores e terceiros 54%
Políticas de recursos humanos que visam o
reconhecimento e o bem-estar dos funcionários 54%
Disponibilização das vagas de emprego prioritariamente à
comunidade local
47%
Apoio de projetos de desenvolvimento da
comunidade local
42%
Práticas educacionais e/ou de ensino voltadas à
comunidade local e aos filhos dos trabalhadores 26%

Política de diversidade 22%

Outra 2%

Nenhuma das opções mencionadas 17%


n= 265 respondentes, 699 menções 0 10 20 30 40 50 60
• As práticas mais comuns no âmbito social dizem respeito às políticas de treinamento
(colaboradores e terceiros) e de recursos humanos.
• Apenas 17% dos respondentes afirmam não ter nenhuma das práticas sociais avaliadas.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 33
Inovação

Inovação é um tópico debatido periodicamente nas


reuniões de Diretoria ou Conselho 49%
Inovação não tem sido um tema/preocupação
na propriedade/empresa 36%
Na empresa/propriedade, há um profissional ou
área dedicada à inovação 26%
Existem metas relacionadas à inovação para os gestores
da empresa/propriedade 21%

n= 255 respondentes, 337 menções

• 0 estratégicas
A inovação é um tópico presente nas discussões 10 dos20 30
empreendimentos 40 da 50
rurais
amostra: quase metade debatem periodicamente o tema (nas reuniões de diretoria ou conselho),
e 26% possuem um profissional ou área dedicada ao tema.

Faturamento × Profissional ou Área Dedicada à Inovação

Acima de R$ 1 bilhão 48%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 29%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 39%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 22%

Até R$ 20 milhões 14%


0 10 20 30 40 50
n= 66 respondentes

• Parece haver uma relação positiva entre faturamento do empreendimento rural e a existência de
profissional ou área dedicados à inovação.

34 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Inovação – Como a Empresa/Propriedade se Mantém Atualizada?

Feiras setoriais 67%

Parcerias com empresas 44%

Associações setoriais 43%

Centros de pesquisa setoriais 35%

Centros universitários 29%

Cooperativas 25%

Parcerias com startups/hubs de inovação 23%

Outros 9%
n= 255 respondentes, 700 menções 0 10 20 30 40 50 60 70 80
• Parcerias com startups e hubs de inovação já fazem parte da realidade de 23% dos respondentes
da amostra – um dado interessante que, espera-se, deve crescer ao longo dos anos.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 35
5.  A Empresa Familiar

Base da economia de muitas das nações capitalistas, incluindo o Brasil, as empresas


familiares são ainda mais recorrentes no agronegócio – especialmente entre as
pequenas propriedades. Na amostra desta pesquisa, constituída particularmente
por grandes empresas/propriedades rurais, 80% dos respondentes se autodeclaram
pertencer a uma empresa familiar.

Empresa Familiar – Geração no Comando

20%
3º Geração ou mais
33%
1º Geração

47%
2º Geração

n= 228 respondentes

• Há predomínio das empresas sob o comando da segunda geração (47%).

36 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Empresa Familiar – Envolvimento da Família

79% 21%
 Há membros da família que trabalham na EF    Não há membros da família que trabalham na EF
n= 228 respondentes

• Como era de se esperar, a maioria das empresas familiares da amostra possuem membros da
família em seus quadros laborais.

Empresa familiar e acordo de sócios


• Em média, 33% das empresas familiares da amostra afirmam possuir um acordo de sócios,
0 debatido, aprovado
20 e seguido por 40
todos os sócios (n= 228
60respondentes). 80 100

Geração no Comando × Acordo de Sócios

1ª Geração 53% 18% 7% 22%

2ª Geração 38% 14% 7% 41%

3ª Geração ou mais 36% 24% 7% 33%


 Não existe acordo de sócios   Não, mas o documento está em desenvolvimento
 Sim, porém ele não é seguido na prática 
 Sim, o acordo foi debatido e aprovado entre os sócios e todos o seguem

n= 228 respondentes

• 0 familiares
A prática é menos comum entre as empresas 20 da 1ª geração,
40 com60 80possuindo
apenas 22% 100
acordo de sócios debatido e aprovado por todos.

Empresa familiar e processo decisório


Geração no Comando × Processo Decisório

1ª Geração 63% 37%

2ª Geração 56% 44%

3ª Geração ou mais 54% 46%


 O principal sócio toma as decisões sozinho (consultando ou não outros sócios) 
 Temos um planejamento estratégico, aprovado pelos sócios
n= 209 respondentes

• Há uma leve tendência de processos decisórios mais estruturados (com planejamento estratégico
aprovado pelos sócios) conforme se avançam as gerações no comando da empresa familiar.
0 20 40 60 80 100

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 37
Empresa familiar e a Importância Percebida da Governança Corporativa
• Em média, 83% dos respondentes em empresas familiares consideram a importância da
governança corporativa como alta ou muito alta – gerando benefícios que precisam ser
priorizados (ou já estão sendo) nos empreendimentos agropecuários. (n= 143 respondentes)
• Essa percepção é mais destacada na terceira geração (ou mais): 98% dos respondentes nesta
categoria percebem a importância da governança corporativa como alta ou muito alta.

Empresa Familiar – Fóruns de Discussão da Família

29%
Sim, conselho de família
60%
Não

11%
Sim, outro fórum
de discussão familiar

n= 229 respondentes

• Apenas 29% das empresas familiares da amostra possuem um conselho de família.

Conselho de família
Estrutura de governança familiar, o conselho de família é um fórum de discussão dos
grupos familiares responsável por propor e monitorar as atividades da família e pela
interface com os outros órgãos de governança.
Recomenda-se que, ao iniciar os trabalhos de um conselho de família, sejam
definidos por escrito os “princípios, a missão, a visão, os objetivos e os valores
compartilhados pela família, bem como algumas regras básicas que orientem as
relações intrafamiliares e a da família com a empresa e a sociedade em geral.”11

11. IBGC, Governança da Família Empresária: Conceitos Básicos, Desa­fios e Recomendações, 2016, p. 34.

38 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Geração no Comando × Fórum de Discussão Familiar

1ª Geração 71% 12% 17%

2ª Geração 57% 14% 29%

3ª Geração ou mais 51% 4% 45%


 Não    Sim, outro fórum de discussão familiar   Sim, conselho de família

n= 228 respondentes

• Conforme avançam as gerações no comando da empresa familiar, parece haver uma tendência
de que os fóruns de discussão familiar estejam
0 mais20
estruturados.
40 60 80 100

Fórum de Discussão Familiar × Programa de Treinamento da Próxima Geração

Não 80% 20%

Sim, outro fórum de discussão familiar 65% 35%

Sim, conselho de família 44% 56%


 Não há programa de treinamento    Sim, há programa de treinamento

n= 207 respondentes

• Quando há um conselho de família ou outro fórum de discussão familiar, parece ser mais comum
que sejam implementados programas de0treinamento20 para a próxima
40 geração.
60 80 100

Empresa Familiar – Regras para Entrada de Familiares


Não 60%

Sim, na administração (diretoria e/ou conselho) 29%

Sim, na sociedade (propriedade) 23%

n= 228 respondentes, 255 menções

• Apenas 23% possuem regras de entrada de familiares na sociedade (propriedade).


• O baixo percentual chama a atenção pelo lado negativo, por ser esta uma fonte potencial de
conflitos entre familiares.

0 10 20 30 40
Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros
50 60
39
Empresa Familiar – Práticas
Há separação entra as contas e os gastos
da família e da empresa?
16% 84%

Há uma regra clara de remuneração dos


familiares que atuam na empresa?? 47% 53%
 Não    Sim

n= 228 e 223 respondentes, respectivamente

• Apenas 16% das empresas familiares da amostra afirmam não possuir separação entre os gastos
da família e da empresa.

0 20 40 60 80 100
Empresa Familiar – Interesse e Programa de Treinamento (Próxima Geração)

Há interesse da Próxima Geração na Gestão da EF? 21% 79%

Há Programa de Treinamento para a Próxima Geração? 69% 31%


 Não    Sim

n= 164 e 207 respondentes, respectivamente.


Foi desconsiderada, para o cálculo da porcentagem, a categoria “não sei informar””

• Em geral, existe o interesse da próxima geração em assumir a gestão da empresa familiar (79%).
• No entanto, apesar do grande interesse da próxima geração em assumir a gestão das empresas
familiares, apenas 31% delas oferece programas de treinamento para preparar os possíveis sucessores.
0 20 40 60 80 100

Programa de Treinamento da Próxima Geração × Interesse da Próxima Geração

Não há programa de treinamento 29% 71%

Sim, há programa de treinamento 9% 91%


 Não há interesse    Sim, há interesse

n= 155 respondentes

• Quando cruzamos as duas variáveis percebe-se que, quando há programas de treinamento


para a próxima geração, é mais provável que a próxima geração se interesse na gestão da
empresa familiar.

0 20 40 60 80 100

40 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Geração no Comando × Programa de Treinamento da Próxima Geração
 Não    Sim

1ª Geração 78% 22%

2ª Geração 69% 31%

3ª Geração ou mais 54% 46%

n= 206 respondentes

• Parece haver também maior ocorrência de programas de treinamento conforme o


empreendimento familiar agropecuário avança nas gerações.
0 20 40 60 80 100

Empresa Familiar – Processo de Sucessão Patrimonial

26%
Sim, já foi formalmente/
juridicamente estruturado

44%
Não

30%
Não, mas está em andamento

n= 229 respondentes

• Na maioria das empresas familiares, ainda não há processo de sucessão patrimonial estruturado

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 41
Faturamento × Processo de Sucessão Patrimonial Estruturado

Acima de R$ 1 bilhão 35% 30% 35%

De R$ 400 milhões até R$ 1 bilhão 33% 39% 28%

De R$ 100 milhões até R$ 400 milhões 46% 29% 26%

De R$ 20 milhões até R$ 100 milhões 34% 28% 38%

Até R$ 20 milhões 52% 30% 18%


 Não   Não, mas está0em andamento 
20  Sim, já40 60 80 estruturado
foi formalmente/juridicamente 100

n= 229 respondentes

• Quando comparado com o porte do empreendimento rural, percebe-se pouca variação na


adoção de um processo de sucessão estruturado – indicando ser um tema delicado e ainda não
totalmente equacionado mesmo entre as maiores empresas familiares.

Interesse da Próxima Geração × Processo de Sucessão Patrimonial Estruturado

Não há interesse 65% 18% 18%

Sim, há interesse
36% 34% 30%
 Não   Não, mas está em andamento   Sim, já foi formalmente/juridicamente estruturado

n= 164 respondentes

• Entretanto, o processo de sucessão estruturado parece ser mais comum conforme há o interesse
da próxima geração em assumir a gestão da empresa familiar

0 20 40 60 80 100

42 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


Diálogos Sensíveis no Âmbito da Família
Empresa Familiar – Diálogos Sensíveis no Âmbito Familiar

10%
A família não conversa
sobre assuntos que
podem causar conflitos
ou expor diferenças

44%
Sim, a família se sente à
vontade para conversar
sobre conflitos e diferenças,
mantendo um ambiente 46%
positivo, de confiança Com alguns temas sim,
outros não. Existem
conversas que, por serem
desgastantes, a família
prefere não abordar

n= 196 respondentes

• Assuntos desgastantes e conflituosos ainda são negligenciados por mais de metade das famílias
empresárias.

Risco de Conflitos Familiares no Futuro do Empreendimento Rural


Empresa Familiar – Risco de Conflitos Familiares Impactarem o
Empreendimento Rural
8%
Sem risco

28%
Alto

33%
Baixo

31%
Médio

n= 213 respondentes

• Mais da metade das empresas familiares classificam como médio ou alto o risco de conflitos
familiares impactarem o empreendimento rural – o que indica preocupação em relação ao tema.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 43
Fórum de Discussão Familiar × Diálogos Sensíveis no Âmbito Familiar

Não 17% 46% 37%

Sim, outro fórum de discussão familiar 62% 38%

Sim, conselho de família 37% 63%


 A família não conversa sobre assuntos que podem causar conflitos ou expor diferenças
 Com alguns temas sim, outros não. Existem conversas que, por serem desgastantes, a família prefere não abordar
 Sim, a família se sente à vontade para conversar sobre conflitos e diferenças, mantendo um ambiente positivo, de confiança

n= 196 respondentes

• Por outro lado, parece existir diálogo mais0 aberto no20âmbito familiar,
40 mesmo60sobre temas80 difíceis,100
conforme são instaurados fóruns de discussão exclusivos à família.
• Neste sentido, a criação de um conselho de família pode ajudar a mitigar os riscos identificados
na questão anterior, ao proporcionar um fórum adequado para discussões no âmbito familiar.

44 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


6. Metodologia

Iniciativa do IBGC por meio do Grupo o questionário, englobando os


de Trabalho (GT) Agro, em conjunto proprietários, conselheiros,
com a KPMG, o projeto desta pesquisa membros do corpo executivo (gestão)
teve início em 2021 e englobou ou consultores dos empreendimentos
diversas etapas. A descrição da rurais. Este grupo foi escolhido
metodologia” se encontra nesta seção para que fosse possível captar,
e contém: i. Definição do público- com o maior grau de fidedignidade
alvo; ii. Elaboração do questionário; possível, os diversos aspectos
iii. Coleta de dados e amostra; e iv. abordados no questionário –
Análise de dados. como as características do
empreendimento rural, suas
práticas de governança corporativa,
Definição do público-alvo sustentabilidade e inovação.
Em função do enorme tamanho e
heterogeneidade do agronegócio Elaboração do questionário
brasileiro, e consequente
impossibilidade de abarcar todos Definido o público-alvo, o questionário
os ramos e segmentos econômicos foi desenvolvido consultando
envolvidos, optou-se pelo segmento as opiniões de profissionais do
agronegócio, membros da academia e
dos produtores rurais, o elo de “dentro
pesquisadores da área da governança
da porteira”, como o público-alvo
corporativa – ligados ao GT Agro,
da pesquisa.
ao IBGC e à KPMG. Pré-testes
Dentro deste recorte, foram definidos foram realizados à medida que as
os membros do alto escalão como os versões eram construídas, com
respondentes habilitados a concluir outros profissionais não envolvidos

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 45
diretamente no projeto. Os pré-testes Ao final da coleta, foram contabilizadas
permitiram o refinamento do 903 entradas no total: respondentes
instrumento de coleta de dados, que acessaram o questionário e
finalizado em junho de 2021. preencheram até determinado
momento (não necessariamente até
O questionário foi disponibilizado
o final). Para garantir a fidedignidade
virtualmente, por meio da plataforma
do banco de dados, filtros foram
online de pesquisa Qualtrics. A versão
aplicados, como a conferência da
final contou com 49 questões, de
principal atividade agropecuária
única ou múltipla escolha (algumas
(para se certificar que o respondente
com campo para resposta aberta),
trabalha na produção rural) e
divididas em sete seções: i. perfil
o percentual do questionário
do respondente; ii. a propriedade/
preenchido. Neste último caso, duas
empresa; iii. governança corporativa
condições foram estabelecidas:
(importância e desafios, práticas e
caso o respondente se identificasse
estruturas de conselho); iv. empresa/
como proprietário/dono de empresa
propriedade familiar; v. perfil de gestão
agropecuária, foram aceitos
da propriedade/empresa; vi. aspectos
questionários com no mínimo 50% das
sociais e ambientais; e vii. inovação.
questões preenchidas; caso contrário
É valido apontar que, para manter o (não proprietário/dono), o questionário
anonimato do respondente, não foi era validado somente com 70% ou mais
exigida qualquer identificação no das questões finalizadas.
questionário, pessoal ou da empresa/
Ao final do processo, foram
propriedade rural.
considerados 367 questionários
válidos, que compõem a amostra
Coleta de dados e amostra desta pesquisa.
A coleta de dados abrangeu o período
do dia 15 de julho a 16 de agosto de Análise dos dados
2021. Para o alcance do público alvo,
divulgações foram realizadas via canais De posse dos questionários validados,
institucionais do IBGC e KPMG e pelos todas as respostas foram exportadas
contatos pessoais de membros da para um arquivo Excel. Os dados
equipe. Por meio das redes pessoais, foram tratados por meio de estatística
diversas associações e organizações descritiva, sempre de forma agregada,
foram contatadas e auxiliaram na tal qual expostos nesta pesquisa.
divulgação, como Abag, Abrafrutas, CNA, Não foi utilizada nenhuma técnica
Coopsema, ESAN-UFMS, FAMASUL, de estatística inferencial; logo, as
PENSA – FIA e as revistas AG e A Granja. informações apresentadas não

46 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


podem, em hipótese alguma, ser estabelecido), o número de
extrapoladas para a população dos respondentes de cada questão pode
empreendimentos rurais “de dentro ser diferente. Esta informação está
da porteira”. sempre exposta abaixo de cada gráfico
correspondente.
Nesse sentido vale ressaltar ainda que,
pelas particularidades da coleta de Para fornecer maior nível de detalhe,
dados (especialmente o fato de grande foram realizadas análises com questões
parte dos respondentes terem contato, cruzadas. Em alguns destes casos,
direta ou indiretamente, com o IBGC entretanto, o tamanho (número
ou a KPMG) e apesar do bom tamanho de respondentes) de determinada
da amostra (n= 367), não se pode categoria pode ser mais baixo que as
afirmar que ela seja representativa demais. É o caso, por exemplo, das
da população. análises com a variável “faturamento”:
a faixa “de R$ 400 milhões a
Outra característica da análise de R$ 1 bilhão” contém apenas 28
dados é que, como os respondentes respondentes (aproximadamente 8% da
avançaram até partes distintas do amostra total), o que pode apresentar
questionário (dentro do critério distorções em algumas análises.

Governança no Agronegócio: Percepções, Estruturas e Aspectos ESG nos Empreendimentos Rurais Brasileiros 47
7. Referências

Agência Brasil. Embrapa: Brasil será maior exportador de grãos do mundo em cinco anos, 2021.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/embrapa-brasil-sera-
maior-exportador-de-graos-do-mundo-em-cinco-anos. Acesso em: 31 de agosto, 2021.

Canal Rural. Produção de grãos cresceu cinco vezes mais que a área plantada nos últimos 30 anos,
2020. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/programas/informacao/mercado-e-cia/producao-
graos-crescimento-area-plantada-30-anos/. Acesso em: 06 de setembro, 2021.

CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) & Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada). PIB do Agronegócio alcança participação de 26,6% no PIB brasileiro em
2020, 2021. Disponível em: https://www.cnabrasil.org.br/boletins/pib-do-agronegocio-alcanca-
participacao-de-26-6-no-pib-brasileiro-em-2020. Acesso em: 31 de agosto, 2021.

IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Código das Melhores Práticas de Governança
Corporativa, 2015.

_____. Governança da Família Empresária Conceitos Básicos, Desa­fios e Recomendações, 2016.

_____. Métrica de Governança Corporativa: Os Caminhos Trilhados pelas Empresas de Capital


Fechado, 2019.

MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Exportações do agro ultrapassam US$


100 bilhões pela segunda vez na história, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/
assuntos/noticias/exportacoes-do-agro-ultrapassam-a-barreira-dos-us-100-bilhoes-pela-segunda-
vez. Acesso em: 31 de agosto, 2021.

48 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


IBGC Pesquisa
Av. das Nações Unidas, 12.551
21º andar - São Paulo - SP
CEP 04578-903
São Paulo e região 11 3185 4200
Governança no Agronegócio:
Outras localidades 4020 1733
e-mail: ibgc@ibgc.org.br
Percepções, Estruturas
www.ibgc.org.br e Aspectos ESG nos
Empreendimentos Rurais Brasileiros

Governança no Agronegócio
Esta pesquisa, além de avaliar a adoção de práticas de governança
corporativa entre os produtores rurais, objetiva aproximar o universo
da governança corporativa com o agronegócio brasileiro, estimulando
a geração de novos conhecimentos e diálogos entre as áreas.

pesquisa

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