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TEORIA DO URBANISMO I

PROFESSOR: FERNANDO VAN WOENSEL

Cidades européias
na Idade Média
TEORIA DO URBANISMO I

IDADE MÉDIA
• Do século V (fim do Império Romano do Ocidente) até o século XV (fim do Império Romano do
Oriente).
• Alta Idade Média (V-X); Baixa Idade Média (X-XV).

CONTEXTO EUROPEU - SÉCULOS V - X

• Fim do Império Romano (476 d.C.), invasão dos povos bárbaros (germânicos, visigodos,
ostrogodos...), bloqueio da navegação mediterrânea pelos árabes, fim da atividade comercial
• Crise econômica e política: contração do território urbano, ruína das cidades, dispersão dos
habitantes pelos campos, onde podem extrair da terra o sustento; modo de produção feudal.
• Período ruralizado: campo dividido em grandes propriedades, subdividido centenas de quintas.
• Organização do feudo: ao centro, residência do proprietário (catedral, abadia, castelo, celeiros,
estábulos, habitações). Em possessões espalhadas a grandes distâncias, porções governadas por
uma corte.
• Subsistência da cidade graças à função religiosa (monastérios, peregrinações)
• Território, por corte, dividido em três partes: terras do senhor, terras divididas entre os camponeses
dependentes do senhor e as zonas não cultivadas (communia – bosques, pântanos, pradarias).
• Nesse contexto, as cidades têm um lugar marginal. Não funcionam como centro administrativo, e
em mínima parte como centros de produção e de troca.
• As estruturas físicas das cidades romanas ainda estão de pé e se tornam locais de refúgio (termas,
teatros, anfiteatros, muros...)
TEORIA DO URBANISMO I
TEORIA DO URBANISMO I

RENASCIMENTO DAS CIDADES, SÉCULOS X - XV

• População: 22 milhões em 950, 55 milhões em 1350. Aumento da produção agrícola, a indústria e


o comércio adquirem nova importância.

• Historiadores atribuem esses incrementos a: a estabilização dos últimos povos invasores (árabes,
vikings, húngaros); inovações técnicas na agricultura (rotação trienal das culturas, novos sistemas
de tração animal, difusão dos moinhos de água); melhora das condições de segurança; influência
das cidades marinhas (contato com o comércio internacional do Mediterrâneo, incentivo ao
renascimento de outras cidades como centros comerciais); retomada da produção e do comércio

• Trabalhadores que não encontram trabalho no campo refugiam-se nas cidades. Cresce a massa
de artesãos e mercadores (burguesia) que vivem à margem da organização feudal.

• O burgo (cidade comercial às margens do núcleo urbano primitivo) da Alta Idade Média é pequeno
para acolher esse crescimento demográfico. Fora dos muros, formam-se os subúrbios (logo
maiores que o núcleo original).

• Construção de novos muros para incluir os subúrbios e outras instalações que estavam fora dos
antigos limites (igrejas, abadias, castelos).

• O desenvolvimento das cidades promove e acelera as mudanças no campo. A cidade mercantil


importa víveres e matérias-primas e exporta os produtos da indústria e do comércio.
TEORIA DO URBANISMO I

ORIGEM DA FORMAÇÃO DAS CIDADES MEDIEVAIS

Antigas cidades romanas que permaneceram, ou que foram posteriormente


reocupadas;

Burgos que se formaram na periferia da cidade romana;

Antigos santuários cristãos instalados fora das cidades romanas;

Cidades que se formaram pelo crescimento de aldeias rurais em torno de um


monastério, abadias isoladas ou castelo (fortificação, aglomeração);

Novas cidades, como as bastides, fundadas como bases comerciais e militares,


a partir de um plano geométrico predeterminado pelos reis, senhores laicos ou
eclesiásticos (comércio, segurança, oportunidade).
Adaptação às
ruínas do
ambiente
construído
antigo
Arles, França
Adaptação às
ruínas do
ambiente
construído
antigo
Arles, França
Paris, França

Desenvolvimento sobre a margem oposta do rio, ao final de uma ponte


Paris, França
Desenvolvimento sobre a margem oposta do rio, ao final de uma ponte
Cidade Medieval I
As diferentes formas urbanas
TEORIA DO URBANISMO I

PRINCÍPIOS DO URBANISMO MEDIEVAL

A cultural medieval não estabeleceu modelos, como na antiguidade, o que torna


impossível uma descrição geral da forma da cidade. O núcleo urbano tem todas as
formas possíveis, e se adaptam livremente a todas as circunstâncias históricas e
geográficas.

● A disposição das comunidades urbanas nas estruturas das cidades romanas e a


formação das aldeias em lugares propícios do ambiente natural (topo de colinas,
confluência de rios) ocorre de modo semelhante.

● Caráter espontâneo, despreocupado e variável da construção e do urbanismo


(escassez dos meios, raridade dos técnicos especializados, falta de uma cultura
artística organizada, urgência da necessidade de defesa e sobrevivência, espírito de
liberdade e confiança).

● As novas instalações se adaptam ao ambiente natural, entre as ruínas do ambiente


construído antigo, seguem as formas irregulares do terreno. Adaptação à topografia.
Mesmo com formas distintas, existem alguns elementos comuns entre as cidades
medievais.
TEORIA DO URBANISMO I

CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Ruptura com os padrões romanos


• Núcleo Central: Praças abertas (mercados eventuais), construções religiosas e públicas
• Rede de ruas irregulares, porém formando um espaço unitário, contínuo
• Equilíbrio e clara definição de espaços públicos e privados
• Espaço público como estrutura complexa, abrigando e separando os poderes religiosos, de
governo e corporações (formação de vários núcleos ou centros)
• Cinturão de muros com crescimento concêntrico (construídos apenas uma vez esgotado o
espaço no interior do intramuros existente)
• Capacidade de renovar-se: constante transformação e construção
•O gótico como estilo unificador das construções
•Séc. XII, retorno ao traçado ortogonal (bastides)

Na Antiguidade (Grécia, Roma), existiam “padrões” de cidade.


Na Idade Média, inexistem esses modelos ou cidades que se sobressaem, mas várias cidades
de tamanho médio e com formas diversas (de 300 a 600 ha e de 50.000 a 150.000 habitantes)
Sucessivos cinturões de muros, até o século XIV
Plantas de 14 cidades do norte da Europa
Mapa de Veneza, Itália
A estrutura das casas em Veneza (Itália) dependia rigorosamente da relação com as ruas de
terra e as vias de água. (BENÉVOLO, 2003,p.300)
Saint Saturnin, França
Lavoute Chilhac, França
Besançon, França
Bonifacio, França
Manarola, Itália
Vernazza, Itália
Chateauneuf-du-Pape,
França
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MORFOLOGIA DAS CIDADES MEDIEVAIS


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CIDADES LINEARES

Roncesvalles (Espanha)
Stia (Itália)
Burguete, Espanha
Burguete, Espanha
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CIDADES RADIOCÊNCTRICAS

Lucignano (Itália)
Eguisheim, França
Perouge, França
Issigeac, França
Belgrado
Delimitação do centro medieval

Reconstituição de Belgrado no séc. XV


Vitoria, País Basco
Nuremberg, Alemanha
Pinto, Espanha
Móstoles, Espanha

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