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A dinâmica dos grupos e o processo grupal

Os estudos iniciais passamos a maior parte das nossas vidas convivendo em


grupos. Seja a nossa família, seja o grupo de amigos, seja a turma do trabalho,
estamos sempre compartilhando nosso cotidiano com outras pessoas. Já em 1919, um
estudioso chamado Trotter (1919-1953) definia o instinto gregário como um dos quatro
instintos básicos do homem, sendo os outros: o instinto de autopreservação, o instinto
de nutrição e o instinto sexual. O instinto gregário seria aquele que nos faria procurar
sempre viver em grupos, como uma forma – conforme explicação darwiniana – de
tornarmo-nos mais resistentes à seleção natural.
Para a Psicologia, o estudo dos grupos é um dos seus temas fundamentais, ao
ponto de existir um ramo chamado Psicologia Social. A preocupação da Psicologia com
o estudo dos grupos começa com os estudos da chamada Psicologia das Massas, que
tentava compreender fenômenos coletivos. Na verdade, o início dessas preocupações
ocorreu quando os psicólogos, ao se debruçarem sobre a Revolução Francesa, se
perguntavam como era possível uma multidão de pessoas ser levada por um líder a
comportamentos que muitas vezes colocavam em risco as suas próprias vidas. E assim
buscavam saber que fenômeno era aquele capaz de possibilitar a um enorme grupo
agir com tamanha coesão.
A referência clássica para essa discussão é o francês Gustave Le Bon (1841-
1931), que publicou em 1895 um livro chamado “Psicologia das Massas”, o qual é
reeditado até os dias atuais. Para Le Bom, havia uma ruptura profunda entre o
fenômeno individual e o fenômeno coletivo, ao ponto de se poder falar de uma
“psicologia das multidões” e de uma psicologia do indivíduo. A multidão é apresentada
como uma espécie de ser unitário provido de características psicológicas próprias, de
modo que os indivíduos que a compõem perdem suas características pessoais, sua
autonomia, e passam a agir como uma espécie de “psiquismo coletivo”, muitas vezes,
com comportamentos que o sujeito, quando fora da multidão, jamais teria. Há, pois, a
perda da individualidade e a formação de um novo todo, que não é a soma das partes.
Para Le Bom, isso se daria por três fatores: o sentimento de poder, o contágio mental e
a sugestibilidade.
Freud também preocupou-se em estudar a questão dos grupos a partir das
idéias de Le Bon. Em seu livro “A Psicologia das Massas e a análise do Eu” (1973), ele
propõe que as massas também não podem ser pensadas como tendo uma forma
única. Existiriam, então, as multidões efêmeras e as mais duradouras; as homogêneas,
formadas por indivíduos semelhantes, e as não homogêneas; as primitivas e aquelas
que possuem um alto grau de organização, que ele chama “massas artificiais”. Hoje,
conhecemos esses grupamentos organizados e estruturados como “instituições”, como
veremos a seguir. Para Freud, não haveria uma mente grupal ou um “psiquismo
coletivo”, como propunha Le Bon. Todos os comportamentos individuais dentro de uma
multidão poderiam ser compreendidos a partir do psiquismo dos indivíduos, na medida
em que os processos mentais se articulam desde cedo com a dimensão social da
existência. As vinculações se dariam em dois eixos: um vertical, no qual os indivíduos
se ligariam aos líderes, que encarnariam a figura primordial do chefe da tribo; e um eixo
horizontal, no qual haveria uma ligação dos membros uns com os outros, de modo que
os indivíduos imersos em uma multidão se sentiriam mais desenvoltos para assumir
riscos. Exemplos de atuações de massas podem ser observados historicamente, como
o Nazi-fascismo; mas também na vida cotidiana, como as torcidas organizadas em
estádios de futebol, ou mesmo protestos radicais, como as manifestações de “quebra-
quebra” em transportes coletivos.

Atividade 1) As instituições, as organizações e os grupos Retomemos agora a


questão inicial: nossa vida cotidiana é marcada pela vida em grupo. Para que
possamos viver em grupo, são necessárias certas regras, combinações e acertos.
Tomemos como exemplo a rotina do nosso trabalho. Saímos de casa em uma
determinada hora e vamos a um ponto de ônibus. Sabemos que este passará em uma
certa hora que nos permitirá estar no trabalho na hora precisa. Para que isso aconteça,
ou seja, para Procure recordar se você já participou de manifestações de massa. Se
você não vivenciou manifestações desse tipo, seguramente, já assistiu a alguma nos
jornais de TV ou em filmes. Descreva essa situação a seguir, relatando quais foram os
seus sentimentos nesse momento.

As instituições, as organizações e os grupos


Retomemos agora a questão inicial: nossa vida cotidiana é marcada pela vida
em grupo. Para que possamos viver em grupo, são necessárias certas regras,
combinações e acertos. Tomemos como exemplo a rotina do nosso trabalho. Saímos
de casa em uma determinada hora e vamos a um ponto de ônibus. Sabemos que este
passará em uma certa hora que nos permitirá estar no trabalho na hora precisa. Para
que isso aconteça, ou seja, para que nós tenhamos a tranqüilidade de esperar o ônibus
sabendo que ele virá, foram necessários alguns acertos e combinações que, no caso,
ocorreram sem que nós precisássemos intervir. Chegando ao trabalho, esperamos
encontrar a porta aberta e o espaço organizado para que iniciemos nossas tarefas.
Sabemos também que vamos encontrar os nossos colegas. Todos esses eventos
acontecem a partir desses acertos implícitos, dessa regularidade, dessas normas, os
quais nos permitem conviver em grupo. A isso chamamos institucionalização, ou seja, o
estabelecimento de regularidades comportamentais que possibilitam o viver coletivo. A
institucionalização começa como um processo em que as pessoas vão, aos poucos,
descobrindo qual a melhor forma, a mais rápida, a mais econômica, de desempenhar
suas tarefas. Quando essa forma se repete muitas vezes, torna-se um hábito. Com o
passar do tempo, com a transferência desse hábito para as gerações seguintes,
começa a haver uma tradição que não exige mais questionamentos e, então, impõe-se
por ser uma herança dos antepassados.
Depois de muitas gerações, passamos a não nos dar conta do por que
continuamos a fazer daquela forma, perdemos a referência de que a herdamos de
nossos antepassados. Nesse momento, dizemos que a regra social foi
institucionalizada. A instituição é, pois, “um valor ou regra social reproduzida no
cotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e
padrão ético para as pessoas em geral [...] é o que mais se reproduz e o que menos se
percebe nas relações sociais” (BOCK, 1999, p. 217).
Esse conjunto de regras e valores concretiza-se na sociedade em uma instância
chamada organização. A organização pode ser complexa, como as empresas, ou mais
simples, como um pequeno estabelecimento, uma entidade não governamental. De
todas as maneiras, é onde vão se manter e reproduzir as instituições sociais, ou seja, é
na organização que vamos dar vida ao conjunto de regras que estabelecemos para a
convivência em grupo. Assim, tanto as instituições quanto as organizações somente
existem em função de um conjunto de pessoas que reproduzem e, às vezes,
reformulam as regras e os valores: o grupo. Os autores definem grupo como sendo
uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham
normas e objetivos.

Atividade 2) Os grupos podem ser classificados como primários ou secundários. Os


grupos primários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades básicas
da pessoa e a formação de sua identidade. Caracterizam-se por fortes vínculos afetivos
interpessoais e uma hierarquização de poder. Um exemplo pode ser o grupo familiar.
Os grupos secundários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades
sistêmicas ou de interesses de grandes grupos e classes. Sua identidade é construída
pelo papel social que o indivíduo desempenha e o poder está centrado na capacidade
e na ocupação social dos seus membros. Um exemplo de grupo funcional pode ser o
grêmio estudantil ou os conselhos de classe de uma escola. Assim, um conceito-
síntese de grupo pode ser o proposto por Martín-Baró: “uma estrutura de vínculos e
relações entre pessoas que canaliza em cada circunstância suas necessidades
individuais e/ou interesses coletivos” (citado por MARTINS, 2003, p. 204). Vamos tentar
fazer a diferenciação entre institucionalização e organização. Tome como referência
alguma organização que você conheça. Cite essa organização e liste alguns
procedimentos institucionalizados que nela ocorrem.

A dinâmica dos grupos


Um grupo é um todo dinâmico. Apesar de ser um conjunto de pessoas, não é
simplesmente a soma dos participantes, o que significa que qualquer mudança que
ocorra em um dos participantes vai interferir no estado do grupo como um todo. E por
estarmos sempre mudando é que o grupo é dinâmico. Quando um grupo se
estabelece, uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas individualmente
e, conseqüentemente, sobre o grupo. É o chamado processo grupal.
Vamos destacar alguns desses fenômenos:
1) coesão – significa o resultado da aderência do indivíduo ao grupo, a fidelidade
aos seus objetivos e a unidade nas suas ações. Todo grupo só consegue sobreviver se
mantiver uma atração entre seus membros, assim, faz-se necessário uma certa
pressão entre os membros para que nele permaneçam. Um grupo, de acordo com suas
características, pode apresentar uma maior ou menor coesão. Uma maior coesão
geralmente é obtida quando o grupo observa que as finalidades estão sendo cumpridas
e os resultados estão sendo obtidos. Quanto maior a coesão maior a satisfação dos
membros e maior a produtividade. Isso pode ser claramente observado em um time de
futebol. Quanto mais ele se reveste do sentimento de equipe, melhores são os
resultados obtidos. E vice-versa: quanto melhores os resultados, mas aumenta a
coesão do time.
2) padrões grupais – são as expectativas de comportamentos partilhados por
parte dos membros do grupo. Esses padrões ou normas de comportamento são
estabelecidos com a especificação de atitudes ou comportamentos desejáveis por
parte dos membros. A partir disso, estabelece-se uma fiscalização por parte do grupo
quanto ao cumprimento dessas normas, aplicando-se sanções aos que não as
cumprem. Esses padrões muitas vezes não são explicitados, mas espera-se que o
indivíduo ao ingressar no grupo os perceba. Por exemplo, não é necessário ressaltar
para um membro de um grupo de jovens católico que ele deve comparecer à missa,
pois isso está implícito.
3) motivações individuais e objetivos do grupo – são os elementos que estão
relacionados com a escolha que cada indivíduo faz quando decide participar de um
grupo e são importantes para garantir a adesão. Uma pessoa geralmente escolhe
participar de um grupo a partir de suas motivações pessoais, sejam motivações
referentes aos objetivos do grupo, sejam atrações exercidas por membros daquele
grupo. É importante observar as respostas que o grupo dá a essas manifestações
individuais, as quais até podem ser admitidas, desde que não interfiram nos objetivos
centrais do grupo, que sempre prevalecerão. Quanto mais o grupo zela pela sua
coesão, menos manifestações individuais serão toleradas. Uma manifestação individual
que atente contra os objetivos do grupo serão punidas com a exclusão daquele
membro.
4) liderança – A habilidade do líder para motivar e influenciar o grupo produz
efeitos na atmosfera deste. O grupo pode desenvolver-se em um clima democrático,
autoritário ou relaxado, dependendo da vocação do grupo e de lideranças que
viabilizem essa vocação. Assim, por exemplo, um grupo cujos membros acreditam que
a melhor forma de organizar as relações é a autoritária, vai necessitar de um líder
autoritário, que, por sua vez, reforçará a atmosfera autoritária dentro do grupo. Um dos
grandes estudiosos da questão da liderança foi Kurt Lewin (1890-1974). Para ele, os
grupos democráticos tinham mais eficiência a longo prazo, enquanto os autoritários
tinham uma eficiência imediata. Como as decisões são centralizadas na figura do líder,
os membros somente funcionam a partir de sua demanda e são, geralmente,
cumpridores de tarefas. Já os grupos democráticos exigem maior participação de seus
membros, que dividem as responsabilidades com a liderança. Isso torna a realização
dos objetivos mais demorada, entretanto, mais duradoura. Os grupos de trabalho
funcionam com dinâmicas própria.

Atividade 3) Provavelmente, você faça parte de algum grupo. Se não, converse com
alguém que esteja vinculado a algum. Analise sua própria participação, ou a de outra
pessoa, e anote a seguir a avaliação que você fez do grupo com relação aos quatro
itens descritos anteriormente.

Os grupos operativos e a teoria do vínculo de Pichon-Rivière


O psiquiatra suíço-argentino Pichon Rivière (1907-1977) foi também um
estudioso dos grupos. Ele desenvolveu uma nova abordagem, que resultou nos
chamados grupos operativos. Para ele, o grupo é um conjunto restrito de pessoas, que,
ligadas por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação
interna, propõe se, explícita ou implicitamente, a uma tarefa, que constitui sua
finalidade. No entanto, não basta que haja um objetivo comum ou que tenha como
finalidade uma tarefa, é preciso que essas pessoas façam parte de uma estrutura
dinâmica chamada vínculo. Por exemplo, as pessoas que estão em uma sala de
espera de um cinema estão reunidas no mesmo espaço durante o mesmo tempo, com
o mesmo objetivo, mas não se constituem em um grupo. Há a necessidade de se
vincularem e interagirem na busca de um objetivo comum, por isso, os princípios
organizadores do grupo são o vínculo e a tarefa. A teoria do vínculo, portanto, parte do
pressuposto de que o homem se revela e se estrutura por meio da ação, ou seja, do
desempenho de papéis e do estabelecimento de vínculos.
Pichon Rivière Para Pichon Rivière, vínculo é “[...] a maneira particular pela qual
cada indivíduo se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura particular a
cada caso e a cada momento” (PICHÓN-RIVIÉRE, 1998, p. 3).
É, assim, uma estrutura dinâmica, movida por motivações psicológicas, que rege
todas as relações humanas. Identificamos se o vínculo foi estabelecido, quando:
● somos internalizados pelo outro e a internalizamos também.
● ocorre uma mútua representação interna;
● a indiferença e o esquecimento deixam de existir na relação, passamos a
pensar, a falar, a nos referir, a lembrar, a nos identificar, a refletir, a nos
interessar, a nos complementar, a nos irritar, a competir, a discordar, a
invejar, a admirar, a sonhar com o outro ou com o grupo.
Tarefa, outro princípio organizador de grupo é um conceito que diz respeito ao
modo pelo qual cada integrante do grupo interage a partir de suas próprias
necessidades. Necessidades, que para Pichon-Rivière constituem-se em um pólo
norteador de conduta: o processo de compartilhar necessidades em torno de objetivos
comuns constitui a tarefa grupal. Nesse processo, emergem obstáculos de diversas
naturezas: diferenças e necessidades pessoais e transferenciais, diferenças de
conceitos e marcos referenciais e do conhecimento formal propriamente dito. Num
primeiro momento do funcionamento do grupo, há um bloqueio da atividade grupal em
função das fantasias básicas universais do grupo as quais induzem à utilização de
posturas defensivas que dificultam as mudanças de opinião. Nos momentos iniciais,
quando o grupo parte para a execução da tarefa, é necessário que as ansiedades
sejam explicitadas e resolvidas para, a partir daí, ocorrer a identificação e o
estabelecimento do vínculo, configurando-se a relação grupal.
Para Pichon Rivière, um grupo opera melhor quando há em seu conjunto de
pessoas pertinência, afiliação, centramento na tarefa, empatia, comunicação,
cooperação e aprendizagem. A pertinência pode ser vista como a qualidade da
intervenção de cada um no grupo; a afiliação é a intensidade do envolvimento do
indivíduo no grupo; o centramento na tarefa é o eixo principal da cooperação, refere-se
ao grau de interação com que um participante mantém o vínculo com o trabalho a ser
efetuado, e avalia a dispersão e a realização de esforço útil do indivíduo; a empatia é o
modo como o grupo pode ganhar força para operar cada vez mais significativamente; a
comunicação é essencial para que haja entrosamento; a cooperação é o modo pelo
qual o trabalho ganha qualidade e operatividade; a aprendizagem é o resultado do
trabalho e deve ser essencialmente colaborativa.
A teoria do vínculo aplicada ao contexto do ensino propõe a quebra da
polaridade professor aluno. Ela introduz um terceiro elemento que deve ser
considerado. O sujeito e o outro em interação se dão conta de que há um mundo inteiro
em cada um, em interação contínua, que atinge também o nível inconsciente,
produzindo imagens ilusórias e ansiedades que necessitam de testes de realidade para
a sua elaboração. As dúvidas são compartilhadas e uma representação comum é
construída criando condições para a solução surgir. Por exemplo, quando conheço
alguém, me vem à lembrança outras pessoas que conheci nas mesmas circunstâncias.
Assim, no encontro entre duas pessoas, sempre há um “terceiro”, que é esse outro que
conheci, o qual, mesmo não estando presente fisicamente, está na lembrança. E essa
lembrança pode ser perturbadora o suficiente para gerar na pessoa fantasias e
ansiedades com relação a quem ela está encontrando agora.
Posso imaginar que aquele tipo de olhar que vejo em quem encontro agora, me
recordando o olhar daquele “outro”, é um olhar de hostilidade e, com isso, fico ansioso.
Mas, imediatamente depois me dou conta de que essa pessoa de agora não é a
mesma que conheci, ou seja, executo testes de realidade não tendo por que ter
ansiedade. Se compartilho esses meus sentimentos com o outro e ele, por sua vez,
compartilha comigo as suas ansiedades, criamos uma representação comum que
estimula o vínculo. Na aprendizagem centrada no estudante, os conceitos de papel e
vínculo se entrecruzam e por isso é importante abordar tanto a estrutura do vínculo
como os diversos papéis, os quais professor e aprendizes se atribuem.
O papel é decisivo na situação do vínculo, é transitório e possui uma função
determinada, que pode aparecer de forma específica e particular em uma determinada
situação e em cada pessoa. Observando-se como opera um grupo ao resolver uma
determinada tarefa de aprendizagem, é possível compreender que se trata de um
grupo operativo centrado na tarefa de dominar o problema e dar a ele uma solução.

Técnicas de trabalho em grupo


Compreender o funcionamento de um grupo também pode ser importante para a
realização de dinâmicas em sala de aula. Certas técnicas, também chamadas de
“dinâmicas de grupo”, são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a
criatividade na produção do conhecimento. Elas podem gerar um processo de
aprendizagem mais coletivo e mais rico. Inúmeras são essas técnicas e vários são os
manuais (são alguns deles: “Facilitando o trabalho com grupos”, de Eliane Poranga
Costa (Editora Wak, 2003); “Intervenções grupais na Educação”, organizado por Stela
Regina de Souza Fava (Editora Ágora, 2005); “Exercícios práticos de dinâmica de
grupo”, de Silvio José Fritzen (Editora Vozes, 2001)) que as descrevem, no entanto,
sempre que o professor optar por uma deve considerar alguns elementos, os quais
descreveremos a seguir.

1) Objetivos – o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve
pensá-la respeitando esses objetivos.
2) Ambiente – o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado
de modo a não inibir os participantes. Algumas técnicas podem ser percebidas como
constrangedoras, por isso devem ser pensadas para serem executadas em ambientes
fechados, por exemplo.
3) Duração – as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início
e fim.
4) Número de participantes – estar atento a quantas pessoas participarão é
fundamental para pensar a técnica mais adequada e para providenciar os materiais
necessários.
5) Materiais – os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os
mais variados, desde o papel, lápis, tinta, som, até equipamentos mais complexos,
como projetores multimídia, filmadoras, iluminação etc.
6) Perguntas e conclusões – o momento da síntese do que foi produzido permite
resgatar a experiência e os sentimentos de cada um, bem como chegar a conclusões
sobre o tema discutido.

As técnicas de grupo podem servir para desinibir e diminuir a tensão da turma,


para apresentação dos participantes, para integração do grupo, para capacitação e
comunicação. A quantidade de técnicas já descritas é muito grande e vários são os
manuais que as descrevem. A seguir, vamos apresentar exemplos de algumas
técnicas.

1) Técnica do “método científico”

a) Apresentação do tema em uma palavra.

b) Divisão do quadro em partes iguais, com perguntas do tipo:


o que queremos saber?
o que pensamos?
o que concluímos?

c) Apresentação e fixação, no quadro de giz, das questões chaves já preparadas


anteriormente sobre o que queremos saber.

d) Oralmente, os participantes vão respondendo à segunda questão (o que


pensamos?) e o professor as anota sinteticamente no quadro.

e) Faz-se a leitura de textos para comparar com as respostas dadas.

f) Oralmente, os participantes vão respondendo à terceira questão (o que


concluímos?) e o professor anota as conclusões no quadro de forma sintética.

g) Cada participante deverá registrar as conclusões finais e guardá-las consigo


para posteriores consultas.

2) Painel de Três

a) Dividir o grupo em três subgrupos: apresentador, opositor e assembléia.


b) O grupo apresentador expõe o tema, sem ser interrompido.
c) O grupo opositor anota aquilo com que não concorda e aquilo com que concorda, e,
após o apresentador, expõe suas anotações.
d) A assembléia, que tudo ouviu e anotou, apresenta seu depoimento.
e) O professor conclui. Os textos finais devem, então, ser afixados no quadro.
3) Brainstorm ou tempestade cerebral

a) Propõe-se um tema para discussão.


b) Solicita-se aos participantes que exponham todas as idéias, mesmo as
aparentemente mais descabidas e absurdas, sobre o tema. As idéias devem ser
expostas rapidamente, sem nenhuma censura.
c) O professor vai registrando no quadro todas as idéias que foram apresentadas, sem
nenhum juízo crítico, e estimula sugestões de outras novas ou associados com alguma
já apresentada, até que a turma sinta que não há mais nada a ser falado.
d) O professor convida a turma para fazer a seleção, a eliminação ou o
aperfeiçoamento das idéias até que se chegue a um conjunto de idéias adequado ao
tema proposto.
Essas são, como dissemos, apenas alguns exemplos de técnicas de grupo.
Você pode e deve criar a sua de acordo com as necessidades de sua aula. Vamos
experimentar?

Atividade 4) Vamos imaginar que você está com dificuldades de fazer sua turma
avançar de um conceito do senso comum para o conceito científico. Somente sua
explicação em sala de aula não está sendo suficiente. Nesse caso, que tipo de técnica
de grupo você poderia propor à turma? Explique-a a seguir.

Referências

BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo:


Saraiva, 1999. FREUD, S. Psicologia de lãs masas y analisis del “yo”. Madrid: Editorial
Biblioteca Nueva, 1973. Tomo III. (Obras completas).

LANE, S. T. O processo grupal. In: LANE, S. T.; CODO, W. (Orgs.). Psicologia social: o
homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 18-98.

LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1978. MARTINS, Sueli
Terezinha Ferreira. Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicol.
Soc., Porto Alegre, v.15 n.1, jan./jun. 2003. Disponível em: . Acesso em: 02 ago. 2007.
PICHÓN-RIVIÉRE, Enrique. Teoria do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1998

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