Você está na página 1de 38

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

Profª Ana Paula Nascimento


2017

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)


Aula
1
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
 Teoria geral das provas

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)


INTRODUÇÃO
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PROVAR DEMONSTRAR

VERDADE
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Causa de pedir
PETIÇÃO
-> TEORIA GERAL DAS INICIAL E SEUS Pedido
PROVAS. REQUISITOS
Provas

Ata notarial (art. 384 NCPC)


Depoimento pessoal (art. 385 NCPC)
Confissão (art. 389 NCPC)
Meios de Exibição de documento ou coisa (art. 396 NCPC)
provas Documental (art. 405 NCPC)

Pericial (art. 464 NCPC)


Inspeção judicial (art. 481 NCPC)
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Influir no convencimento do juiz quanto aos
fatos trazidos pelas partes (NCPC, art. 369)
CAPÍTULO XII - DAS PROVAS

Seção I - Disposições Gerais

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais,


bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste
Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a
defesa e influir eficazmenteProfª
naAnaconvicção
Paula Nascimento do
(DPC II)juiz.
Existem 3 (três) correntes que discutem a natureza da prova:
 Corrente materialista: As normas sobre a prova são de ordem material.
Defendida por Salvatore Satta, Francesco Carnelutti, Pontes de Miranda e
Moacyr Amaral Santos.
 Corrente processualista: A convicção judicial seria o maior objetivo da
prova
Defendida por Liebman, Calamandrei, Eduardo Couture, Dinamarco, Barbosa
Moreira, José Roberto Bedaque, Frederico Marques, Arruda Alvim, Eduardo
Cambi.

 Corrente mista: A prova deve ser tratada tanto no direito material como
no direito processual. As provas pertencem aos 2 direitos.
Defendida especialmente por Profª
Chiovenda, além de outros doutrinadores.
Ana Paula Nascimento (DPC II)
Não existe na CF ou NCPC de forma expressa uma garantia de
direito à prova.

EXCEÇÕES AO DIREITO PROBATÓRIO:

 Preclusão: Quando o exercício do direito à prova for alcançado pela


preclusão;

 Limitação ao direito à prova: Quando o procedimento limitar a utilização


da prova (Exemplo: Juizados Especiais cíveis, Mandado de segurança, Etc)

 Provas obtidas por meio ilícito: Quando houver provas ilícitas, obtidas por
meio ilícito; Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PROVAS ILÍCITAS
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Inadmissíveis pela Constituição
(art. 5º, LVI)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios


ilícitos; Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;

MEIOS FORMA DE OBTENÇÃO DA PROVA

PROVA ILEGÍTIMA Viola norma de DIREITO


PROCESSUAL
PROVA ILÍCITA
= A forma da produção da prova é ilegítima. Ex: assinatura sob
tortura, testemunho sob coação, obtenção de documento
PROVA ILEGAL
mediante furto;

PROVA ILÍCITA Viola norma de DIREITO


Acontece no momento de colheita da prova. MATERIAL
Ex: Filmagem proibida, gravação clandestina.
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Como saber se a prova ilícita pode ou não ser
produzida ?
R: Aplicar o princípio da proporcionalidade.
Fatores identificadores de prevalência ou não da produção
da prova produzida por meios ilícitos:
(i) Importância da matéria;
(ii) Relevância da prova para julgamento da lide;
Prova ilícita x Princípio da intimidade e da privacidade
• Intimidade = Direito particular da própria pessoa
• Privacidade = Direito a maior número de pessoas (ex; familiares)
Exemplos de como considerar a prova ilícita:
Imagens públicas -> não são ilícitas (fotos retiradas na porta do motel)
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Imagens privadas -> são ilícitas (fotos dentro do quarto do motel)
PRINCÍPIOS DA
PROVA
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PRINCÍPIOS REGENTES DA PROVA
CPC/1973 -> O Juiz que colhia a prova é que deveria sentenciar.
IDENTIDADE
FÍSICA CPC/2015 -> Não vincula o juiz (Enunciado n. 262 da Súmula do extinto
TRF), sem vinculação ao juiz que não colheu a prova em audiência.

Trata-se de interpretação sistemática do art. 361 NCPC.


IMEDIATIDADE A imediatidade é a atividade do juiz participar diretamente da prova
oral.

Produzida a prova, a mesma fica incorporada ao processo,


AQUISIÇÃO DA PROVA de modo que não pode ser retirada deste, deixando de
pertencer à parte.
*Tambem chamado de
COMUNHÃO DA PROVA A comunhão da prova significa que todos podem usufruir da
prova,
Profª Anaque
Paulaagora é propriedade
Nascimento (DPC II) do processo.
ATIVISMO JUDICIAL
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
ATIVISMO JUDICIAL
REGRA A regra é que a prova seja produzida pelas partes
(art. 373, I e II, NCPC)
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.

Produção da prova de ofício pelo juiz para trazer um julgamento mais


ATIVISMO aproximado da realidade dos fatos.
JUDICIAL Situações em que o magistrado tem o poder-dever para guiar seu
convencimento sobre a verdade dos fatos:
(i) Ações de estado; / (ii) Capacidade das pessoas / (iii) Ações coletivas;

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)


OBJETO DE PROVA
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
OBJETO DE PROVA
✓ São as alegações e não os fatos;
✓ Não se provam os fatos;
✓ As alegações dos fatos podem ser verdadeiras ou falsas;

 Fatos que independem de prova (art. 374 CPC/2015)


 Notórios (art. 374, I, CPC/2015)
 Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária (art. 374, II, CPC/2015)
 Admitidos no processo, como incontroversos (art. 374, III, CPC/2015)
 Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade (art. 374, IV,
CPC/2015)
 Irrelevantes (art. 370, parágrafo único)

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)


ÔNUS DA PROVA
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
ÔNUS DA PROVA
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor.

LEGAL -> Instituída pela Lei. Ex; propaganda enganosa – CDC – art. 38 –
INVERSÃO DO provada por quem apresentou.
ÔNUS DA CONVENCIONAL -> Decorrente da vontade das partes (art. 373, §4º, CPC)
PROVA JUDICIAL -> Quando o magistrado entender pela inversão.

MOMENTO PARA
INVERSÃO DO Fase de saneamento -> deferimento de provas a serem produzidas
ÔNUS DA PROVA

ÔNUS DINÂMICO Possibilidade de o magistrado fixar qual das partes competirá o encargo
DA PROVA probatório emProfª Ana Paula Nascimento (DPC II)
razão da dificuldade da outra/impossibilidade.
ÔNUS DA PROVA
NOVO CPC/2015 CPC/1973
Ônus da prova Distribuição dinâmica (previsão legal ou diante Distribuição estatística (quem
de casos peculiares) alega é que prova)

❖ É repetida a atual REGRA DO ÔNUS DA PROVA, no sentido de que o mesmo deve


ser exercido por aquele que fez a afirmação.

❖ No entanto, é autorizada a TEORIA DA CARGA DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA, de


modo a permitir que haja a inversão por decisão devidamente motivada, quando
for verificado que uma das partes se encontra em melhores condições de produzir
a aludida prova.

❖ Aliás, também consta a IMPOSSIBILIDADE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA SER


DETERMINADA NA PRÓPRIA SENTENÇA, eis que a parte atingida deve ter a
oportunidade de desempenhar este mister. 22
FONTES e
MEIOS DE PROVA
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
FONTES e MEIOS DE PROVA
Pessoas ou coisas (que se
FONTES DE extrai informações para comprovar a
veracidade de uma alegação).
PROVA
-> PROVA EM SI
Técnicas destinadas à investigação dos
MEIOS DE fatos relevantes para a causa (ata notarial,
depoimento pessoal, pericial, confissão, etc)
PROVA
-> MECANISMOS P/ OBTER A PROVA
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
Momentos de apresentação da prova
Os momentos em que os meios das provas são
verificados no processo são:
Momento para pedir a realização da prova: (i) na inicial;
PROPOSITURA (ii) após realização de defesa. O réu apresenta em
defesa.

Produção da prova propriamente dita. Dependerá do


REALIZAÇÃO regramento acerca do direito processual.
Provas com maior formalidade na lei -> prova pericial
Provas com formalidade sutil -> prova documental

O ato final do juiz é o ato de valoração da prova. É um


VALORAÇÃO ato privativo dele analisar o conjunto probatório e
decidir.
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
VALORAÇÃO DA PROVA
✓ Permanece a iniciativa probatória do juiz, bem como a adoção do sistema de
valoração do livre convencimento motivado.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.

✓ Passa a ocorrer expressa previsão do uso da prova emprestada, desde que


respeitado o contraditório.
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-
lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.
✓ Vigora o PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL, ou do LIVRE CONVENCIMENTO
FUNDAMENTADO, no qual o juiz pode decidir livremente conforme seu
convencimento, indicando as razões da sua convicção. 26
SISTEMAS DE
APRECIAÇÃO DE
PROVAS
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DAS
PROVAS
SISTEMA DA PROVA LEGAL Possibilidade de conferir valor tarifado às provas.
Ex; o fato de o juiz atribuir maior peso a uma prova
(prova tarifada) documental do que testemunhal.

Permissão ao magistrado para apreciar livremente a


prova. Única hipótese que permite esse sistema em
SISTEMA DA LIVRE
nosso ordenamento jurídico (Tribunal do Júri),
CONVICÇÃO julgamento em sessão secreta sem necessidade de
motivação.
Adotado por nosso ordenamento jurídico. Há
SISTEMA DA PERSUASÃO proporcionalidade na apreciação das provas. O
RACIONAL Magistrado é livre p/ apreciar as provas, porém, deve
Profª
seAna Paula Nascimento
atentar ao que(DPC
foiII)trazido e produzido no processo.
PRESUNÇÕES e
INDÍCIOS
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PRESUNÇÕES e INDÍCIOS
PRESUNÇÃO
Caminho desenvolvido pelo INDÍCIOS
julgador mentalmente, levando-se
a outro (não conhecido) de forma
provável. Toda circunstância de fato que se
extrai a convicção de existir um fato
Exemplo: botão de casaco deixado perto principal.
de um cofre, indicando que
provavelmente seja a pessoa que Exemplo: Suspeito / Grau de probabilidade
esqueceu que teria cometido o delito.
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PROVAS ATÍPICAS
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PROVAS ATÍPICAS
O art. 369 permite a produção de provas atípicas desde que “moralmente
legítimas” para investigar a verdade dos fatos.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais,
bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste
Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a
defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Exemplo (de provas não previstas em lei) e que não são ilícitas:
 Prova cibernética;
• provas eletrônicas / prova obtida por meios eletrônicos
 Reconstituição dos fatos;
• elemento de prova obtido
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
PROVA EMPRESTADA
NÃO É CLASSIFICADA COMO MEIO DE PROVA ATÍPICA

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro


processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o
contraditório.

Preferência Prova emprestada -> documental ou pericial


Provas testemunhais e depoimento pessoal são tomadas
oralmente -> imediatidade judicial
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
EFICÁCIA DA PROVA EMPRESTADA
A prova emprestada manterá sua eficácia num processo para a
qual foi TRANSPORTADA se:

Figuram as mesmas *O contraditório tenha sido obedecido no processo anterior;


partes em ambos os *Para a produção da prova tenha sido obedecido os trâmites legais;
processos *Que haja identidade (que seja o mesmo) o fato a ser provado;

Figuram uma das partes *Se a prova for trazida por quem foi parte no outro processo e será no
atual também (não terá eficácia essa prova à parte contrária);
e terceiro *Se a prova for trazida por quem é parte atualmente (a prova terá eficácia
plena);
*A importação da prova pode ser feita e o contraditório vai ser exercido
no processo que a prova emprestada foi trazida;
Figuram terceiros apenas
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
O direito processual.
QUESTÕES PARA DEBATE

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)


QUESTÃO 2017 - Banca: VUNESP - Órgão: Prefeitura de Porto Ferreira – SP - Prova: Procurador Jurídico
Numa demanda que tramita pelo procedimento comum, em que Zileide
compõe o polo ativo e Pompeu o polo passivo, o juiz determinou a
inversão do ônus da prova em favor da parte autora por entender que
esta teria dificuldade excessiva em realizar as provas necessárias para
constituir seus direitos. Neste caso hipotético, é correto afirmar que:
a) o juiz errou, pois pela teoria fixa da distribuição do ônus da prova que permeia o Código de
Processo Civil, não há possibilidade em fazer a inversão deste encargo.
b) tal ato só poderá ser considerado correto se o juiz determinar essa inversão na fase de
saneamento do processo, nos termos da atual legislação.
c) mesmo que para Pompeu seja extremamente custoso realizar a prova após a inversão do
ônus, esse não se desincumbirá de provar aquilo que o juiz determinou.
d) a inversão descrita no caso em tela poderá ocorrer tanto na sentença quanto na fase
recursal, pois a novel codificação deixou claro que é numa dessas fases processuais que tal
ato deve ser praticado pelo juiz.
e) o juiz acertou em sua decisão, pois pela nova sistemática processual se tem a distribuição
dinâmica do ônus probatório, e assim, basta o requerimento da parte para que seja realizada
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
a inversão pretendida.
RESPOSTA
a) o juiz errou, pois pela teoria fixa da distribuição do ônus da prova que
permeia o Código de Processo Civil, não há possibilidade em fazer a
inversão deste encargo.
b) tal ato só poderá ser considerado correto se o juiz determinar essa inversão
na fase de saneamento do processo, nos termos da atual legislação.
c) mesmo que para Pompeu seja extremamente custoso realizar a prova após
a inversão do ônus, esse não se desincumbirá de provar aquilo que o juiz
determinou.
d) a inversão descrita no caso em tela poderá ocorrer tanto na sentença
quanto na fase recursal, pois a novel codificação deixou claro que é numa
dessas fases processuais que tal ato deve ser praticado pelo juiz.
e) o juiz acertou em sua decisão, pois pela nova sistemática processual se tem
a distribuição dinâmica do ônus probatório, e assim, basta o requerimento
Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)
da parte para que seja realizada a inversão pretendida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil / Cassio Scarpinella Bueno – Vol. Único - 2
ed. – São Paulo. Saraiva, 2016

HARTMANN, Rodolfo Kronemberg. Curso completo do novo código de processo civil. 3. Ed / Rodolfo
Kronemberg Hartmann – Niterói, RJ: Impetus, 2016

MARINONI, Luiz Guilherme. Novo código de processo civil comentado / Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio
Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015

MEDINA, José Miguel Garcia. Guia prático do novo processo civil brasileiro / José Miguel Garcia Medina,
Janina Marchi Medina. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016

SÁ, Renato Montans de. Manual de direito processual civil - São Paulo: Editora Saraiva, 2016.

WAMBIER, Luiz Rodrigues. Novo CPC urgente. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016

Profª Ana Paula Nascimento (DPC II)

Você também pode gostar