Você está na página 1de 62

Decisão Multicritério

Métodos de Decisão
e Otimização
● Nada é mais difícil, e logo mais
precioso, do que ser capaz de decidir –
Napoleão I, Maxims (1804-1915)

● Alternativas, e particularmente,
alternativas desejáveis, apenas
crescem em árvores imaginárias – Saul
Bellow, Dangling Man (1944)

2
Objetivos, critérios e
compromissos
● As pessoas, as empresas e as agências
governamentais usam diversos objetivos,
critérios, atributos, ou índices de desempenho
para decidir acerca de possíveis ações.
● O problema é que é frustrantemente raro que
esses desideratos possam todos ser alcançados
ou maximizados com uma só alternativa.
● Escolher uma alternativa significa normalmente
estabelecer prioridades e compromissos.

3
Compromissos…
● Os compromissos entre objetivos
conflituosos são, por exemplo,
inerentes à maior parte dos problemas
de planeamento e política energética.
● Derivam dos enormes custos
ambientais, sociais e económicos
envolvidos no abastecimento fiável e
conveniente de energia.
4
Exemplos de aplicação
Problema Referências bibliográficas

Como se verifica se um Sistema Eléctrico de Energia Ekel et al, 1998; Gandibleux,


está numa situação de emergência? Que cargas devem 1999; Khare e Christie, 1997,
ser desligadas primeiro e quando? Teo e Jiang, 1997
Qual deveria ser a fiabilidade de um sistema de Ramirez-Rosado e Adams,
transporte e distribuição 1991; Matos, 1999

Qual o desvio aceitável do funcionamento a mínimo Liu e Huang 1998; Talaq et al,
custo para poder minimizar emissões poluentes? 1994

Qual o investimento a fazer no controlo de emissões ou Meier e Munasinghe, 1994


mitigação de impactos numa determinada central

Onde se deverão colocar novas centrais e/ou linhas de Hobbs, 1979; Rowe et al, 1979;
transporte? Keeney, 1980

5
A MCDM/MCDA pode ajudar:
● Estruturando o processo de decisão
● Explicitando os compromissos entre critérios
● Ajudando as pessoas a refletir, articular e a
aplicar julgamentos de valor entre critérios,
resultando em recomendações sobre alternativas
● Ajudando a melhorar a consistência e
racionalidade da avaliação de risco e incerteza.
● Facilitando os processos de negociação.
● Documentando a tomada de decisão.

6
Porque não converter tudo em
dinheiro?
● forma comum de resolver problemas com
múltiplos objetivos/critérios -> converte-se tudo
em $ e:
– Valor líquido=Benefícios-Custos
ou
– RBC=Benefícios/Custos

– A alternativa de maior valor líquido


(ou de maior RBC) “ganha”.
7
Vantagens da Monetização:
● está enraizada na teoria económica [economia
do bem-estar],
● mede valores válidos para toda a gente e não
apenas para um [pequeno] subconjunto,
● os seus resultados podem, em teoria, ser
validados por repetição do estudo, e,
● os seus valores podem ser estabelecidos e
aplicados uniformemente em situações
diferentes e em jurisdições diferentes.

8
Desvantagens da monetização
● Os pressupostos da economia do bem estar não são
aceites universalmente:
– só o interesse humano conta; Apenas conta o
benefício líquido total e não a distribuição dos
benefícios pelas partes interessadas;…
● Alguns julgamentos de valor fundamentais, por
exemplo, os que dizem respeito à vida humana,
ficam escondidos nos cálculos e não na mão dos
decisores e partes interessadas;
● Os métodos mais válidos para obtenção de valores
monetários podem ser difíceis ou impossíveis de
aplicar na prática, levando ao uso de métodos mais
expeditos, mas, menos válidos.
9
Vantagens da MCDM
● Ênfase na aprendizagem e compreensão dos
utilizadores,
● Explicitação dos compromissos entre
preocupações fundamentais;
● Obtenção direta dos valores a partir das
partes interessadas;
● Fácil eliminação de alternativas dominadas.

10
Desvantagens potenciais da MCDM
● Poluição da informação;
● Resultados difíceis de repetir ou verificar, pelo
custo de juntar e educar as partes interessadas;
● Possível desalinhamento entre as prioridades
do(s) representante(s) das partes interessadas e
os seus representados;
● Maior facilidade em que erros de aplicação
possam distorcer as verdadeiras preferências do
DM e/ou criar inconsistências entre jurisdições.

11
Passos da análise multiatributo
● Definição do problema
– Seleção e definição de atributos
– Identificação de alternativas
– Medição dos atributos para cada alternativa
● Análise de compromissos
– Construção de curvas de compromissos
– Análise de dominância
● Avaliação
– Normalização de atributos
– Seleção de pesos para cada atributo
– Determinação e aplicação de uma regra de agregação
– Resolução de diferenças entre métodos e entre perspectivas

12
Seleção de “atributos”

● Definir fronteiras
● Evitar duplas contagens
● Procurar independência conceptual
● Manter especificidades
● Se possível, quantificar
● Evitar proliferação
13
2 formas de incorporação do
risco
● Incluir o risco na forma das funções
utilidade para cada atributo
● Incluir um atributo específico para a
representação do risco, por exemplo, o
desvio padrão para o custo ou a
probabilidade de ultrapassagem do
orçamento.

14
Definir alternativas
● Desejavelmente, um nº suficientemente rico,
mas, não demasiado grande..
● Mais do que o nº, o conjunto deve mostrar
diferenças significativas ao nível dos
atributos.
● A análise dos objetivos finais e objetivos
intermédios e a definição de cenários de
evolução podem ajudar à identificação de
novas alternativas.

15
Exemplos de alternativas
Medidas candidatas ao PPEC 2008 no segmento Indústria e Agricultura

TI11 IBD_TI2 Controlo da limpeza de filtros de mangas por diferencial de pressão

TI14 EDPC_TI1 Motores de alto rendimento

TI9 EDPD_TI2 Correção do fator de potência nos sectores da indústria e agricultura

TI13 EDV_TI1 Instalação de reguladores de fluxo com monitorização e controlo por


microprocessadores

TI15 EDPSU_TI1 Balastros eletrónicos e lâmpadas eficientes

TI12 IBD_TI1 Reguladores de pressão nas saídas diretas para a atmosfera das
redes de ar comprimido

TI10 UF_TI1 Promoção de equipamento Gestor de Consumo de Energia (GCE)

TI16 EDPD_TI1 Ar comprimido industrial

TI8 IBD_TI3 Baterias de Condensadores


16
Medição dos atributos
● Quando os atributos não correspondem a
uma propriedade definida em termos
absolutos, tal como, o peso, a altura, ou
mesmo o preço de mercado, requerem um
processo de medição:
– Em termos quantitativos, através de
modelos matemáticos, de estimativas
financeiras,
– Em termos qualitativos, através de
avaliações subjetivas, por exemplo,
através de inquéritos, etc.
17
Exemplo protótipo
● O Thierry queria escolher um carro desportivo (em
1993).
● Sendo estudante, não podia escolher um carro novo
nem um carro muito luxuoso,
– considerou um veículo com ~4 anos, com um
motor poderoso.
● Objetivo: usá-lo no dia-a-dia e ocasionalmente em
competição.
● A sua estratégia é definir primeiro qual a marca e
modelo, com base em características e preços
estimados, e depois, procurar o modelo nos stands
de usados.
18
Seleção de alternativas
● Um objetivo adicional: não
ser um carro mto atrativo
para ladrões.
● Precisa agora de escolher
pontos de vista e avaliar as
alternativas segundo eles.
● Os critérios devem ser
exaustivos, não redundantes
e monotónicos

19
Critérios ou atributos
● Custo Inclui custo inicial,
manutenção e uso
● Desempenho Tempo para percorrer 1 km a partir do 0

– Aceleração Tempo para percorrer


um km, partindo de
– Adequação a cidade 40km/h em 5ª

● Segurança qualitativo
– Capacidade de travagem
– Estabilidade na estrada qualitativo

20
Medição dos atributos
● Avaliações minimizar maximizar
obtidas em
revistas da
especialidade
● Algumas
medições
obtidas por
transformação
de escalas
qualitativas

21
“Screening” de Thierry
● Descarta desempenhos insatisfatórios
em termos de segurança: 4,5,6, 8, 9 e
13 (c4>=2; c5>=2)
● Descarta desempenho insatisfatórios
em aceleração: 1,2 e 10 (c2<30)
● Descarta opções dominadas: o 14 é
pior do que o 11 em todos os critérios

22
Análise de preferências

23
Análise de preferências de
Thiery
● descarta o carro 12 com base
na fraqueza relativa em acel.
● Na comparação 3-11, a dif. de
custo (500€) é compensada 50

pela dif em acel. (0,7s) 40

30
● Na comparação 7-11, a dif. de 20

custo (1500€) não é 10

compensada pela acel. (0,3s) 0

Pickup
Tipo
Alfa 33

Road-h
M 323

Custo
Acel
Colt

Brakes
Toyota
A escolha é o 11

Astra
Escort

R19
Galant
R21
Nissa Sunny
Civic
306 16V
309 Gti
24
Notas sobre a decisão de
Thierry
● Não considera explicitamente os critérios 4 e
5 (apenas foram usados no screening)
● As considerações sobre preferências são
subtis
● A comparação é feita sobre os valores
originais e não após normalização, pela
necessidade de interpretação.

25
Necessidade de métodos mais
formais
● Quando a decisão se torna mais delicada
● Quando é preciso justificar as opções perante
3ºs
● Quando o objetivo possa ter contornos
diferentes, por exemplo, ordenar alternativas

26
Soma pesada
● Atitude natural perante múltiplos critérios:
sintetizar a avaliação numa única dimensão,
normalmente uma soma pesada:

f a =k 1 g 1 a k 2 g 2 a k n g n  a


● Este procedimento simples e muito usado
depende, contudo, de alguns pressupostos
muito fortes que raramente são satisfeitos

27
Transformação de escalas
● As escalas dos diferentes critérios são muito díspares: de 13841 a 21334 (c1) e de
1,33 a 2,66 (c4). Procurar estimar pesos sem considerar as escalas seria absurdo.
● A solução habitual consiste em normalizar através de uma entre várias funções, ex:

● ou

● No 1º caso, a afirmação “a vale o dobro de b no que diz respeito ao critério i”,


permaneceria válida.

● No 2º permanece válida a afirmação: “a diferença entre os resultados de a e b no que


diz respeito ao critério i valem o dobro da diferença dos resultados de c e d”.

28
Aplicação da soma pesada ao
exemplo
● Suponha que o 0 tem um papel
especial e que se escolhe a 1ª opção
● Os 1ºs 3 critérios recebem um peso
negativo porque devem ser
minimizados.
● Esta ponderação aproximada resulta
na escolha do carro nº 3, seguido
imediatamente do nº 11 (a escolha do
Thierry). Contudo, não há pistas se a
diferença tem significado=> ser
prudente.
● É provável que alterações ligeiras nos
pesos alterem significativamente a
ordenação

29
Dependência da escala
● Ao restringir o conjunto em análise de acordo com as
indicações do exemplo, os resultados passam a ser:

● Sem alterar o valor dos pesos, esta alteração só por si provoca


a troca de posições.
● Por um lado, a normalização dos impactes poderia tornar a
determinação dos pesos menos dependente, por exemplo,
usando um limite teórico inalcançável.

30
Dificuldades da soma pesada
● Significado dos pesos
– Os pesos têm um significado preciso e
quantitativo. Representam os compromissos:
compensar uma desvantagem de ki no critério i
por uma vantagem de kj no critério j.
– A determinação está assim associada à escala e
não é uma tarefa fácil.
– As escalas podem não ser lineares e os pesos
deverão refletir isso.
– No exemplo, o Thierry confessou-se indiferente
entre uma aceleração em 29s e uma em 29,6s,
contudo, já não o foi entre 28,3 e 29s

31
Independência ou interação
● As avaliações das alternativas nas diferentes
perspetivas devem mostrar alguma independência,
mas, frequentemente estão ligados por
interdependências lógicas ou factuais (preço e
conforto, etc).
● A ponderação dos critérios deve ser independente
das avaliações
● A interação entre critérios é também algo que não
deve existir para uma aplicação clássica da soma
ponderada. Contudo, há adaptações que podem ser
feitas se este efeito for desejável: preferir situações
em que os resultados de alguns critérios estejam
correlacionados, …
32
Arbitrariedade, imprecisão e incerteza

● Incerteza nas avaliações: algumas medições estão


sujeitas a incerteza, que poderá ou não ser estimada
● Imprecisão: Qual a precisão da medição da
aceleração?
● Quantificação arbitrária de uma escala qualitativa:
qualquer escala que respeite a ordem é em princípio
aceitável.. Contudo, a expressão numérica das
avaliações qualitativas pode ser mto difícil.
● Imprecisão na determinação dos pesos
(compromissos): são operações nada triviais que
podem condicionar a precisão do resultado

33
Tomada de decisão
● Existem 2 abordagens principais para “resolver” as dificuldades
apresentadas:
– Preparação dos dados da forma mais cuidadosa possível
para minimizar a imprecisão e evitar análises de
sensibilidade exaustivas
– Ter a imprecisão em consideração desde o princípio,
evitando ter de lidar com valores precisos mas sim, lidar
com classes de valores e categorias ordenadas
● A 1ª opção leva-nos ao uso de funções utilidade ou de valor
multi-atributo
● A 2ª opção leva-nos aos métodos de prevalência
● Existe ainda uma família de métodos interativos que exploram
várias estratégias para explorar as soluções não dominadas de
um problema

34
Soma pesada - Conclusão
● A soma pesada é útil para obter uma avaliação rápida e
aproximada das alternativas. O uso deste método deve
respeitar as seguintes condições:
– Carácter cardinal das avaliações em todas as escalas – as
avaliações são nºs reais, e são usados como tal.
– Linearidade de cada escala – diferenças iguais entre valores
da escala i produzem mesmo efeito na avaliação final,
independentemente da zona da escala.
– Os pesos representam compromissos entre escalas –
dependem por isso das escalas usadas e devem ser
determinados de forma cuidadosa.
– Independência das preferências – Os critérios não interagem

35
Modelo aditivo
● O método mais comum: formaliza a ideia de que o decisor
procura maximizar uma quantidade designada utilidade ou valor
de tal forma que:

● O valor u(a) é uma função das avaliações {gi(a),i=1…,n}. Se


esta função for linear, trata-se na mesma da soma pesada.
● O modelo aditivo pode ser assim visto como uma versão mais
completa da soma pesada, permitindo evitar alguns dos seus
problemas ao definir as f.u..
● De notar que a imprecisão continua a ter de ser considerada
apenas numa fase final e que a definição das f.u. mantém as
dificuldades já identificadas.
36
Determinação de funções utilidade
(ou valor)

● Existem 2 famílias de métodos:


– baseados em estimativas numéricas e
– baseados em julgamentos de indiferença.

37
Método baseado em julgamentos de
indiferença
● Considere um par de critérios, por exemplo, custo e aceleração:
– Sabendo que o custo varia entre 21500€ e 13500€, e a
aceleração entre 28 e 31s, questionar o DM sobre qual o
ponto “médio” das avaliações – (17500; 29,5). Saber tb o
“passo” no critério custo (1000€).
– Começar por uma comparação entre (16500; 29,5s) e (17500; x)
que torne a decisão indiferente.
– Se a resposta é 29,2. Significa que 0,3s vale um aumento de
1000€
– O processo continua e permite determinar:

l A sequência proporciona um
esboço da f.u. u2, na gama de
28 a 29,5s, mas, é fácil perceber
como obter a restante metade.
38
Criação da função de valor
● O compromisso entre u1 e u2 resulta de:
3,5
3
k 1 u1 16500k 2 u 2 29,5=k 1 u1 17500k 2 u2  29,2
2,5
2
1,5
k 2 u1 16500−u1 17500
= . 1
k1 u 2 29,2−u 2 29,5 0,5
0
28 28,5 29 29,5 30

● Diferentes entendimentos originarão diferentes


resultados, contudo, existem métodos para
eliminar inconsistências.
● Estes métodos não devem ser usados se a
escala de avaliações for uma escala discreta. No
mínimo, o nº de degraus tem de ser grande e o
espaçamento fino.

39
Métodos dependentes de julgamentos numéricos
SMART – Simple Multi-Attribute Rating Technique:
● Fixar 2 âncoras, ex, os extremos: 28 e 31s.
● Refletir os extremos na escala de valor: 31=0 e 28=100.
● Como 29s é o ponto em que para o Thierry, os carros se tornam
atrativos, deve atribuir-se ao intervalo [28,29] uma gama de valores
superiores a 1/3 (o seu tamanho relativo na escala de origem).
● A continuidade do processo, conjuntamente com uma análise
interativa, permite aperfeiçoar a função valor.
● Os pesos são normalmente determinados por comparação relativa. O
decisor será confrontado com a necessidade de ordenar os critérios de
acordo com a sua importância, e depois, atribuir pesos por comparação
de importâncias relativas. – perigo se as escalas forem mto diferentes.
● Uma alternativa é usar a técnica de balanço dos pesos: o decisor é
confrontado com a necessidade de comparar alternativas cujos
desempenhos só variam num critério de cada vez, entre os dois limites.

40
Função utilidade por análise de
valor

41
Modelo aditivo - conclusão
● O modelo aditivo representa as preferências
numa escala numérica. Só é válido se as
preferências satisfizerem os pressupostos.
● Existe pelo menos mais uma vantagem no uso
de um modelo formal como este: o método pode
ser usado para legitimar a decisão de alguém
que não esteve envolvido anteriormente no
processo.
● A contrapartida é a exigência de informação
suficiente.

42
Modelos de prevalência
● O método de Condorcet consiste numa espécie de
torneio com comparações bilaterais entre todos os
candidatos.
● Um candidato é declarado como preferido
(prevalece) de acordo com uma regra de maioria,
i.e., mais “eleitores” consideram-no preferível. O
resultado é uma relação de preferência no conjunto
de candidatos.
● Aplicada à problemática da decisão multi-critério,
esta regra levou ao aparecimento dos métodos de
prevalência de que são exemplo os métodos da
família ELECTRE.
43
Aplicação do método de Condorcet ao
exemplo

Os votos
correspondem
ao nº de critérios
em que cada
carro é melhor
do que outro.

44
Relação de preferência de
Condorcet
● Na tabela do lado , 1 => a
melhor que b em pelo
menos 3 critérios.
● Num empate, o critério
conta a favor das 2.
● A relação é reflexiva: a é
pelo menos tão boa quanto
ela própria.
l Tabela com ciclos, por exemplo:
– 1,7,10,11,3,12,5,2,14,8,94,6, 13, 1
l Um ciclo não permite concluir sobre a melhor escolha!
45
Relação de preferência de Condorcet

● Algumas alternativas prevalecem apenas sobre


um nº reduzido de outras.
● As seguintes prevalecem sobre um grande nº :
– 11, 12, 3, 7 e 10
● As mesmas são preferidas apenas por um nº
muito reduzido de outras

46
Relação de preferência de Condorcet
● Exemplo com maioria de 4/5

47
Diferenças entre métodos
● Considerar ou não diferentes importâncias para diferentes
critérios
● A escala da diferença não interessa. Apenas o sinal.
– A avaliação das diferenças critério a critério permite
incorporar melhor a incerteza associada às
estimativas: o que significa 2,33 e 2,66 na escala de
travagem? Podemos usar o significado numérico
dessa diferença ou simplesmente que 2,66 é pelo
menos tão bom quanto 2,33?
● Os modelos de prevalência exigem eventualmente maior
nº de dados e de natureza mais difícil de obter

48
Um método simples de prevalência –
ELECTRE I
● Características:
– Diferentes pesos para diferentes critérios
– Comparação de cada par de alternativas:
● a prevalece sobre b se existirem argumentos suficientes a
favor e não existirem argumentos significativos contra
– Os pesos não representam compromissos. São
independentes da escala.
– Não compensação: uma grande diferença num critério
pode não compensar várias pequenas diferenças
em diferentes critérios.
– 2 alternativas podem resultar incomparáveis:
diferentes, mas, sem se poder afirmar qual
prevalece.
49

ELECTRE I
● Índice de concordância:
– c(a,b) expressa a concordância com a afirmação:
“a é pelo menos tão bom quanto b”

Em que pi corresponde ao peso atribuído ao


critério i, e gi(a), gi(b) são as avaliações das
alternativas a e b segundo esse critério.

50
Índice de concordância no exemplo
● Pesos atribuídos: 27%, 22%, 17%, 17% e 17%
Carros 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1 1 0,51 0,17 0,34 0,34 0,56 0,61 0,34 0,61 0,34 0,34 0,34 0,34 0,61
2 0,49 1 0,44 0,83 0,34 0,56 0,44 0,61 0,61 0,27 0,27 0,27 0,83 0,61
3 0,83 0,73 1 0,73 0,73 0,73 0,78 0,78 0,83 0,56 0,44 0,56 1 0,78
4 0,66 0,17 0,27 1 0,17 0,56 0,27 0,44 0,27 0,44 0,27 0,27 0,78 0,44
5 0,66 0,66 0,27 1 1 0,56 0,44 0,44 0,44 0,66 0,27 0,27 1 0,44
6 0,44 0,44 0,27 0,44 0,44 1 0,44 0,44 0,44 0,44 0,27 0,27 0,61 0,44
7 0,56 0,56 0,22 0,73 0,73 0,73 1 0,56 0,83 0,56 0,39 0,39 0,73 0,83
8 0,66 0,39 0,22 0,73 0,73 0,73 0,61 1 0,66 0,39 0 0,39 0,73 0,66
9 0,39 0,56 0,17 0,73 0,73 0,56 0,17 0,34 1 0,39 0,17 0,39 0,73 0,61
10 0,83 0,73 0,44 0,56 0,34 0,56 0,61 0,61 0,61 1 0,61 0,34 0,83 0,61
11 0,83 0,73 0,56 0,73 0,73 0,73 0,78 1 0,83 0,56 1 0,73 0,73 1
12 0,83 0,73 0,44 0,73 0,73 0,73 0,78 0,78 0,61 0,83 0,61 1 1 0,78
13 0,66 0,39 0 0,39 0,17 0,39 0,27 0,44 0,27 0,17 0,27 0 1 0,27
14 0,39 0,56 0,22 0,56 0,56 0,56 0,17 0,56 0,56 0,39 0 0,22 0,73 1

Lê-se:
“o índice de concordância com a afirmação“3 prevalece sobre 4” é de 0,73

51
Relação de prevalência
● A relação de prevalência resulta da comparação
com um nível de concordância.
Carros 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1
4 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
5 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0
6 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
7 0 0 0 1 1 1 1 0 1 0 0 0 1 1
8 1 0 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1
9 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0
10 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0
11 1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1
12 1 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1
13 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Relação de prevalência para valores >= 0,65 (nível de concordância)

52
Que concordância é adequada?
● Um menor nível aumenta o nº de ciclos:
– “a prevalece sobre b, mas, b prevalece sobre a”
– ou
– “a prevalece sobre b que prevalece sobre c que prevalece
sobre a”
● Um maior nível pode levar a uma maior incomparabilidade
entre alternativas, ex:
– “a prevalece sobre b, mas, c e d são incomparáveis, pelo
que não é possível escolher entre a, c e d”
● É conveniente fazer uma análise de sensibilidade!

53
Leitura da relação de prevalência
● 2 leituras possíveis para uma ordenação:
– Contabilizar sobre quantas alternativas uma
opção prevalece
– Contabilizar quantas alternativas prevalecem
sobre uma opção

54
Leitura combinada
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
0

3 11 1 Indica o sentido
da leitura
12 2

10 3

7 8 4
B

6 14 2 6

5 7

1 4 8

13 9 9

10
A

O afastamento do eixo indica incomparabilidade

55
Discordância
● A afirmação a prevalece sobre b só é válida se “não existirem
argumentos significativos em contrário”.
● No ELECTRE I original, essa verificação faz-se pelo cálculo de
um índice de discordância

{
o , se g i  ag i b , ∀ i
d a , b=
max i
 g b−g i  a
i 
δi representa a amplitude da escala do critério i
● d(a,b) permite calcular uma relação de discordância para cada
par de alternativas, com base num nível de discordância
imposto.

56
ELECTRE I original:
● a prevalece sobre b se:

c a , bc x ∧d  a , bd x 

57
Relações difusas (“fuzzy”)
● Tornam as comparações menos dicotómicas.
● São introduzidos em variantes ao ELECTRE I e noutros
métodos

– ti é um limiar de indiferença: gi(a) só é preferível a gi(b) se


forem diferentes de pelo menos ti.
– ti só deve ser constante se a escala for linear

58
Veto
● Outras versões do método ELECTRE introduzem
a noção de veto: a possibilidade de definição de
um limiar (constante ou não) por critério que
impõe a discordância se for ultrapassado.
● A existência de veto é uma forma clara de
impedir o fenómeno de compensação de efeitos,
em critérios específicos.

59
Conclusão
● Os nºs nem sempre significam o que parecem significar. Não faz sentido
manipular as avaliações de base sem ter o contexto em consideração. Os nºs
podem ter um significado ordinal caso em que não faz sentido executar
operações algébricas.
● A noção de importância dos critérios e a sua implementação é dependente do
modelo usado. Os pesos e os compromissos não devem ser estabelecidos da
mesma maneira para modelos diferentes e escalas diferentes.
● Existem variantes nos modelos que podem ser usados num processo de
decisão. Não existe um melhor do que os outros. A escolha de um método em
particular deverá ser feita em resultado de uma avaliação da capacidade de
obter todos os parâmetros de forma fiável.
● Uma consequência da possibilidade de usar métodos diferentes é que os
resultados podem ser discordantes e mesmo contraditórios.
● Uma boa forma de lidar com isto é usar os resultados de vários métodos para
aumentar a robustez da decisão.

60
Outras notas conclusivas
● O uso de um modelo familiar permite que os seus
resultados sejam mais “convincentes”, pelo que deve
ser usado se for elegível.
● Uma das muitas vantagens dos modelos formais é
que favorecem a comunicação. O processo de
obtenção dos dados necessários requer uma
pesquisa e clarificação de objetivos, muitas vezes
desconhecidos à partida.
● Após a tomada de uma decisão, o modelo usado não
perde utilidade. Permitirá a análise retrospetiva da
mesma e poderá ser usado para decisões
posteriores em contextos semelhantes.
61
Referências

● BOUYSSOU, D. et al, Evaluation and


Decision Models: A critical perspective.
Kluwer, 2000
● HOBBS, B. F. e MEIER P., Energy Decisions
and the Environment, 2000

62

Você também pode gostar