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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO


PROFESSORA: GABRIELA EXPÓSITO

UNIDADE III – JURISDIÇÃO

1. Conceito.

“Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo


imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo/efetivando/protegendo
situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle
externo e com aptidão para tornar-se indiscutível”.1

2. Decisão por terceiro imparcial

3. Imperatividade e inevitabilidade da jurisdição

“A jurisdição é manifestação de um poder e, portanto, impõe-se imperativamente,


reconstruindo e aplicando o direito a situações concretas que são submetidas ao
órgão jurisdicional”. 2

4. Jurisdição como atividade criativa/ de reconstrução

Obs.: a forma como se dará a atividade criativa


“Diz-se que a decisão judicial é um ato jurídico do qual decorre uma norma
jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual, definida pelo Poder
judiciário, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por exemplo) em
razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada material”. 3

 Cria-se a norma jurídica do caso concreto.


 A regra jurídica pode servir como modelo normativo para solução
de casos futuros.

Obs.: atividade criativa e inafastabilidade da jurisdição

CF Art. 5º XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito;

 CPC Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
199.
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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
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Obs.: Criação normativa por entes que não exercem jurisdição.

5. Jurisdição e sua atuação em situações concretas

“A atividade legislativa, por exemplo, cuida de situações abstratas.” 4

6. Decisão insuscetível de controle externo

“A função jurisdicional tem por característica marcante produzir a última decisão


sobre a situação concreta deduzida em juízo: aplica-se o Direito a essa situação,
sem que se possa submeter essa decisão ao controle de nenhum outro poder.” 5

7. Aptidão para tornar-se indiscutível DEFINITIVIDADE

8. Princípios e demais aspectos inerentes à jurisdição

a) Inafastabilidade
CF Art. 5º XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
CPC   Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

Obs.: questões desportivas

CF
Art. 217. § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva,
regulada em lei.

b) Juiz natural

Obs.: Investidura

Obs.: cooperação judiciária

c) Territorialidade

CPC Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção
ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á
sobre a totalidade do imóvel.

Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na
mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer
delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos
executivos.

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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
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Do Depoimento Pessoal
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que
esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do
poder do juiz de ordená-lo de ofício.
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção
judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência
de instrução e julgamento.

Da Produção da Prova Testemunhal


Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência de instrução e julgamento, perante
o juiz da causa, exceto:
§ 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou subseção judiciária
diversa daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e
imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de
instrução e julgamento.
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a transmissão e recepção de sons
e imagens a que se refere o § 1º.

d) Indelegabilidade

CPC
Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá
delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo
de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.

CF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a
delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

Art. 93, XI, CF.


XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser
constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco
membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; 

9. Classificações

a) Jurisdição comum e especial


b) Jurisdição inferior e superior

10. Equivalentes jurisdicionais

a) Avaliação imparcial de terceiro

b) Dispute boards

c) Autotutela

d) Autocomposição
CPC
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

Renúncia no CPC:
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
III - homologar:
c)a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Reconhecimento da procedência do pedido no CPC:


Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;

e) Julgamento de conflitos por tribunal administrativo

CADE Lei n. 12.529/2011


Art. 4º O Cade é entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional,
que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede
e foro no Distrito Federal, e competências previstas nesta Lei. 

Tribunal de contas.
CF
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.

Lei Federal n. 2.180/1954 - Tribunal Marítimo

Lei 2.180/1954, Art. 16, f) funcionar, quando nomeado pelos interessados, como juízo
arbitral nos litígios patrimoniais consequentes a acidentes ou fatos da navegação;

Agências reguladoras:
“As agências reguladoras, entidades autárquicas que cuidam da regulação da
atividade econômica, possuem, embora entes da administração indireta, funções de
criar regras jurídicas gerais (poder normativo regula- dor da atividade econômica)
e de compor conflitos de natureza econômica (função reguladora judicante), além
de outras tipicamente executivas”. 6

Agência nacional de petróleo.


art. 58,§ 1º, Lei n. 9.478/1997.
§ 1º A ANP fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração adequada com
base em critérios previamente estabelecidos, caso não haja acordo entre as partes,
cabendo-lhe também verificar se o valor acordado é compatível com o mercado.   

Agência nacional de energia elétrica.


art. 3º da Lei n. 9.427 /1996
V - dirimir, no âmbito administrativo, as divergências entre concessionárias,
permissionárias, autorizadas, produtores independentes e autoprodutores, bem
como entre esses agentes e seus consumidores;

11. Arbitragem
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica
sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.

Obs.: arts. 32 e 33, caput, Lei n. 9.307 /1996


Art. 33.  A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário
competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos
nesta Lei.  

Instituição:

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DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil. 22ª ed. Salvador: Juspodivm, vol. 1, 2020, pag.
213.
Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo
arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral.
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um
contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a
surgir, relativamente a tal contrato.

Características da arbitragem:
 (art. 2º, §§ 1º e 2º, Lei n. 9.307 /1996

Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes.
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão
aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem
pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com
base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio.

 árbitro art.13, Lei n. 9.307 /1996


Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.

 desnecessidade de homologação judicial da sentença arbitral art. 31, Lei n.


9.307 /1996
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos
efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo.

 a sentença arbitral é título executivo judicial art. 31, Lei n. 9.307 /1996; art.
515, VIl, CPC

 possibilidade de reconhecimento e execução de sentenças arbitrais produzidas


no exterior art. 34 e segs., Lei n. 9.307 /1996

Atividade: Pesquise na doutrina argumentos contrários acerca do caráter


jurisdicional da arbitragem.

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