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Jorge de Brito
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EXECUÇÃO DE ESTACAS
1ª SESSÃO
Jorge de Brito
ÍNDICE
1. Introdução 1
2. Classificação 3
2.1. Quanto ao seu comportamento e modo de funcionamento 3
2.2. Quanto ao processo de execução 5
2.2.1. Estacas cravadas 6
2.2.2. Estacas moldadas executadas com tubo moldador 7
2.2.3. Estacas moldadas executadas sem tubo moldador 9
2.3. Quanto ao efeito que provocam no solo envolvente 9
3. Processo construtivo 12
3.1. Estacas de betão pré-fabricadas (cravadas) 12
3.2. Estacas executadas com trado contínuo 13
3.3. Estacas executadas com tubo moldador recuperável 14
3.4. Estacas executadas com lamas bentoníticas 16
3.5. Estacas executadas com trado curto sem tubo moldador 17
3.6. Estacas executadas com tubo moldador perdido 18
3.7. Estacas executadas sem extracção do terreno 19
4. Campo de aplicação e critérios de selecção 26
4.1. Estacas cravadas versus moldadas no terreno 26
4.2. Selecção do tipo de estacas moldadas no terreno 28
4.2.1. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com trado contínuo 28
4.2.2. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com tubo moldador
recuperável 29
4.2.3. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com trado curto sem
tubo moldador 30
4.2.4. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com lamas bentoníticas 31
4.2.5. Métodos mais frequentes 31
4.2.6. Métodos menos frequentes 32
4.3. Considerações finais 33
5. Bibliografia 34
EXECUÇÃO DE ESTACAS
1. INTRODUÇÃO
O objectivo principal desta secção é o de contribuir para clarificar a tipologia utilizada quando
se referem estacas, por forma a que o domínio das restantes secções deste curso seja mais
evidente.
De entre as soluções de fundações profundas, adequadas às situações em que o solo não tem
numa profundidade relativamente grande as características para suportar as cargas que lhe vão
ser impostas pela superestrutura e/ou para limitar os assentamentos previsíveis a valores
aceitáveis, as estacas constituem a solução mais correntemente utilizada. Estacas são
elementos de secção geralmente circular, que transmitem ao solo as cargas vindas da
superestrutura através da sua ponta e/ou por atrito lateral, podendo ser moldadas no terreno ou
cravadas. Entende-se por estacas moldadas aquelas que, de uma forma directa ou indirecta,
vêm a sua configuração conferida pelo próprio terreno de fundação, tendo ainda como
característica comum o facto de serem em betão e executadas in-situ. Pelo contrário, as
estacas cravadas são pré-fabricadas, sendo depois levadas para estaleiro e inseridas no terreno.
Não devem portanto estas últimas ser confundidas com as estacas moldadas executadas sem
extracção do terreno, geralmente por cravação de um rolhão ou do tubo moldador, solução
que será referida um pouco mais adiante.
Confinada até há relativamente pouco tempo a firmas da especialidade, pode-se dizer que,
hoje em dia, a execução de estacas se encontra vulgarizada ao ponto de poder ser classificada
como uma técnica (ou conjunto de técnicas) corrente. À excepção do equipamento pesado que
normalmente envolve e, em determinadas situações, do recurso a lamas bentoníticas de
estabilização do furo durante a escavação, todo o restante envolvimento do processo de
execução destas estacas recorre somente a materiais e técnicas tradicionais. Isto não obsta, no
entanto, a que se registem com frequência problemas no processo construtivo ou na qualidade
final do produto, fundamentalmente devidos à presença do solo e a todas as contingências que
isso mesmo provoca.
2. CLASSIFICAÇÃO
Dentro da classe das fundações com estacas, é possível diferenciar dois tipos distintos: a
fundação rígida (que pode ser de primeira ou de segunda ordem) e a fundação flutuante.
Nas fundação rígidas de primeira ordem (Fig. 1), a ponta das estacas penetra numa camada de
terreno firme, abaixo do qual não existem mais estratos de terreno brando ou flexível, ao
contrário do que se passa ao longo do fuste. Este tipo de fundação é o melhor e mais seguro
de entre todos os tipos de fundações sobre estacas. As forças de sustentação actuam
principalmente na ponta da estaca, e com muito menor intensidade sobre a superfície lateral
desta, através da mobilização do atrito estaca / solo, que é normalmente desprezado no
dimensionamento. Este tipo de funcionamento das estacas é designado como de ponta.
Se, abaixo da camada de solo firme, existir um solo brando ou flexível e, a maior
profundidade, outra camada de terreno firme de grande espessura, a fundação denomina-se
rígida de segunda ordem (Fig. 2). De facto, se a ponta da estaca perfura a camada de solo
firme, situação que não acontece nas fundações rígidas de primeira ordem, podem dar-se
assentamentos importantes, pondo em risco o bom comportamento da estrutura. Exclui-se
essa eventualidade perfurando-se a camada de terreno firme de pequena espessura, bem como
o estrato de solo brando subjacente, prolongando-se a estaca até à camada firme de grande
espessura. Também aqui a maior parte da carga é suportada pela ponta da estaca (pelo que a
limpeza do fundo do furo durante a execução é fundamental), sendo a restante transmitida
pelo atrito lateral desta com o solo, pelo que se contabiliza ambos os efeitos no
dimensionamento. Este tipo de funcionamento das estacas é designado como de ponta e atrito
lateral ou misto.
Denomina-se fundação flutuante quando as estacas estão totalmente submersas numa camada
de solo brando e não se apoiam em nenhuma outra de terreno firme por esta se situar a uma
profundidade excessivamente profunda para ser economicamente viável atingi-la, sendo toda
a carga resistida pelo atrito lateral da estaca com o solo (Fig. 3). Neste tipo de fundações
sobre estacas, há que contar sempre com a ocorrência de assentamentos não desprezáveis. Por
conseguinte, procura-se evitar, tanto quanto possível, o emprego de fundações deste tipo,
adoptando-se outro tipo de solução para a obra. Como as estacas flutuantes suportam a carga
exclusivamente graças ao atrito lateral, há que procurar introduzi-las o mais profundamente
possível no terreno o que, por outro lado, permite o seu funcionamento à tracção com certas
limitações.
Sob este ponto de vista (Fig. 4), existem fundamentalmente dois tipos de estacas: as cravadas
no terreno (tipo 1) e as moldadas no terreno (tipos 2 a 6). Por sua vez, nas estacas moldadas
no terreno, sempre em betão, distinguem-se dois tipos fundamentais: as estacas executadas
com recurso a tubo moldador (tipos 2 a 5) e as estacas sem utilização desse mesmo tubo (tipo
6). O tubo moldador pode ser recuperável (tipos 2 e 3) ou não recuperável ou perdido (tipos 4
e 5) Finalmente, tanto as estacas executadas com recurso a tubo moldador recuperável como
as executadas com esse tubo perdido podem sê-lo com ou sem extracção do terreno
(respectivamente tipos 2 e 4 e 3 e 5).
Cravadas − tipo 1
Com extracç~a o do terreno − tipo 2
Re cuperável
Sem extracç~
a o do terreno − tipo 3
Estacas Com tubo moldador
Moldadas
Com extracç~ a o do terreno − tipo 4
~
N a o recuperável
Sem extracç~
a o do terreno − tipo 5
Sem tubo moldador − tipo 6
Fig. 4 - Classificação das estacas quanto ao processo de execução
As estacas cravadas são geralmente dimensionadas como estacas de ponta, pelo facto de o
processo de cravação fazer diminuir drasticamente a resistência lateral mobilizável, que, por
isso mesmo, não é contabilizada. Esta forma de encarar o problema não é consensual,
nomeadamente para os projectistas e fabricantes.
Existem dois tipos principais [5]: o tubo moldador é cravado com remoção do terreno interior
ou o tubo moldador, usando um qualquer artifício, é obturado permitindo a sua cravação sem
qualquer extracção do terreno interior.
Quer num caso quer no outro, há ainda duas alternativas [5]: o tubo moldador ficar como
elemento perdido a servir também de revestimento ao betão que constitui propriamente o
núcleo resistente da secção; o tubo moldador ser retirado por lanços, conforme a betonagem
da estaca progride, evidentemente havendo sempre desfasagem de posição, de forma a que o
extremo inferior do tubo moldador esteja abaixo do troço já betonado. Dentro das estacas
executadas com tubo moldador, resultam assim quatro modalidades fundamentais [5].
Atingida a profundidade desejada, é limpo o fundo do furo com uma limpadeira ou qualquer
outro método apropriado (por exemplo, jacto de água) e procede-se à betonagem com betão
fluido. O uso destes betões na construção de estacas é imperativo, apesar dos inconvenientes
para a resistência, para evitar a segregação do betão no tubo. Os segmentos a betonar devem
ser relativamente curtos e compactados por apiloamento ou vibração. Mesmo que as cargas a
absorver possam ser suportadas por betão simples, dever-se-á colocar sempre uma armadura
nominal, mesmo ligeira, para conferir menor fragilidade à peça.
O tubo é levado até à profundidade desejada e convenientemente obturado, por vezes através
de uma peça metálica de forma cónica que é perdida na cravação. O apiloamento pode incidir
directamente no extremo inferior do tubo moldador, que também pode ser fechado com um
rolhão de betão. Atingida a profundidade pré-determinada, procede-se à betonagem como
referido na modalidade anterior, sendo válidas as considerações feitas a respeito da
betonagem e do uso de armaduras.
Atingida a profundidade desejada como referido para a outra modalidade sem extracção do
terreno, expulsa-se o rolhão ou o cone metálico (prende-se o tubo moldador à máquina e
percute-se fortemente o rolhão) e efectua-se depois a betonagem como na modalidade
imediatamente anterior.
Neste tipo de estacas, recorre-se à perfuração por percussão, rotação ou por outro método
qualquer. A contenção das paredes do furo é assegurada por lamas bentoníticas, no caso de
aquelas não se auto-sustentarem. A perfuração à rotação pode ser efectuada de modo
contínuo, assegurando o próprio trado (contínuo) a contenção das paredes do furo. Em solos
auto-sustentáveis, pode-se prescindir tanto do tubo moldador, como das lamas bentoníticas,
como até do trado contínuo, recorrendo-se meramente ao trado normal (ou curto). O betão
deve ser colocado o mais cedo possível, após a abertura do furo, para evitar o
enfraquecimento do terreno.
Sob este ponto de vista, as estacas podem ser classificadas em três categorias [1] [6]:
(ou parafuso), curto ou contínuo; inclui também as estacas cravadas se forem ocas e sem a
ponta obturada durante a cravação ou se se tratar de estacas de perfis de aço;
• sem perturbação / deslocamento do terreno (com extracção do terreno) - inclui as estacas
moldadas com tubo moldador não obturado, recuperável ou não, com lamas bentoníticas
ou não, e as sem tubo moldador em que a escavação é executada com trado (ou parafuso),
curto ou contínuo.
não podem ser cravadas em zonas de pé direito muito limitado devido ao equipamento
(bate-estacas) utilizado;
em solos com blocos de rocha dispersos, pode ter-se que repetir a cravação ao lado do
local inicialmente previsto, com grandes custos adicionais e necessidade de adaptar o
projecto de fundações, pelo que, nessas condições, é preferível não utilizar estas estacas.
Refira-se que as vantagens das estacas executadas sem ou com pequena perturbação do
terreno se sobrepõem largamente às suas desvantagens, pelo que serão em circunstâncias
normais sempre preferidas às executadas com grande perturbação do terreno, aliás cada vez
menos utilizadas em Portugal.
3. PROCESSO CONSTRUTIVO
Neste capítulo, será fornecida de uma forma quase telegráfica a sequência do processo
construtivo das soluções de estacas utilizadas em Portugal, deixando-se o desenvolvimento da
mesma às secções especificamente destinadas às mesmas no âmbito deste curso. De uma
forma também deliberada, o processo não será visualizado senão de uma forma esquemática.
Também não serão descritos o material e equipamento necessários. São referidos en passant
diversos sistemas variantes, mais desenvolvidos em [7]. São as seguintes as técnicas
mencionadas:
Martelo
Bate-estacas
Estaca a cravar
Variantes às estacas Franki (ver mais adiante) entre as quais as estacas Forum
Variantes
3.5. ESTACAS EXECUTADAS COM TRADO CURTO SEM TUBO MOLDADOR (Fig. 14)
Fig. 14 - Representação esquemática da execução de estacas com trado curto sem tubo
moldador (sem lamas bentoníticas)
Estacas West
Fig. 15 [4] - Variante às estacas Franki com duplo tubo moldador, o segundo dos quais perdido
Fig. 16 [4] - Variante às estacas Franki com tubo perdido apenas em parte da estaca
6) se o tubo for recuperado, o processo de betonagem recorre a uma trémie, cuja extremidade
inferior permanece mergulhada no betão durante todo o processo, ao mesmo tempo que o
tubo moldador é subido e, sempre que necessário, desmontado por troços;
7) se o tubo for perdido, o processo de betonagem é com a trémie mas sem os problemas
associados à recuperação do tubo;
Fig. 19 - Representação esquemática da execução de estacas com trado curto sem tubo
Fig. 22 [2] - Variante às estacas Franki com perfuração prévia à introdução do tubo moldador
Neste aspecto, as estacas cravadas apresentam alguma vantagem já que, ao contrário das
estacas moldadas em que, consoante o tipo de terreno e a existência ou não de água, é
necessário seleccionar o método tecnicamente exequível mais económico, não dependem
excessivamente das condições in-situ, ou seja, a técnica de cravação e o equipamento a
utilizar podem ser mantidos.
São as seguintes as vantagens das estacas cravadas relativamente às moldadas no terreno [1]:
Por sua vez, as desvantagens relativas das estacas cravadas são [1]:
são relativamente caras quando comparadas com as soluções mais económicas de estacas
moldadas apropriadas ao caso específico em causa (ainda que se tenham vindo a tornar
mais competitivas: para estacas de secção maciça quadrada com 300 mm de aresta, o
custo directo ronda ao 10 000$ por metro linear);
o levantamento e a perturbação do terreno envolvente pode causar dificuldades e ter
repercussões nos edifícios vizinhos;
não podem facilmente variar de comprimento (devem ser cortadas ou emendadas, com
custos acrescidos), em face das medidas estandardizadas da pré-fabricação;
Como se referiu na introdução a este documento, as estacas moldadas são muito mais
utilizadas na prática do que as cravadas, cujos inconvenientes (e em particular o último da
lista) se revelam na maioria das circunstâncias demasiado limitativos.
Este processo é, para solos adequados, o mais económico e de mais fácil e rápida execução,
para além de que não dá origem a vibrações e os níveis de ruído são baixos. Daí que seja o
método preferido pelas empresas da especialidade. No entanto, suscita algumas questões
técnicas relacionadas com a qualidade e o controlo de qualidade, nomeadamente:
Estas duas últimas questões são ainda mais prementes para este do que para os restantes
métodos de execução de estacas moldadas, já de si algo imprecisos. Daí que este processo
apenas deva ser usado para estacas com diâmetro até 600 mm e em contenções com pouco
risco (não muito altas e com solos algo coerentes).
4.2.2. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com tubo moldador recuperável
Sendo um método mais moroso e oneroso do que o anterior é, no entanto, por comparação
com o mesmo, mais aconselhável em contenções com estacas com grandes diâmetros e em
solos menos coerentes. Apresenta ainda as seguintes vantagens:
em alternativa à base dilatada, pode ser criada uma ficha no bed-rock, (procedimento mais
fácil e rápido e, por isso mesmo, preferido hoje em dia em relação aos bolbos).
4.2.3. Vantagens e desvantagens das estacas executadas com trado curto sem tubo
moldador
Em solos auto-sustentáveis e em que não aflui água ao furo, é possível executar as estacas
pelo processo anterior mas sem ter de recorrer ao tubo moldador, com ganhos importantes de
economia e rapidez. A questão da ocorrência de afluxo de água ao furo, extremamente
comum, é aliás um dos factores mais importantes na decisão sobre a forma de actuar em obra.
A água aparece pela parede do furo e a decisão sobre como fazer a betonagem da estaca
depende da quantidade de água que chega ao fundo do furo. Se for uma quantidade pequena,
então uma bomba retirá-la-á do poço durante a operação de limpeza. Quando acabar a fase de
limpeza, começa a betonagem da estaca até ao betão chegar a uma cota superior de onde é
oriunda a água. Seguidamente, é colocada a armadura no furo mergulhando-a no betão.
Betona-se então o restante da estaca. Se, durante o tempo em que se tira a bomba e se começa
a betonagem, aparece alguma água no furo, esta não vai alterar o betão da estaca, uma vez que
a betonagem é feita pelo centro e por isso concentra-se muito betão no centro e a água vai
para os bordos. Alguma da água que chega ao poço vai misturar-se com o betão durante a
betonagem, podendo isto ser compensado usando uma quantidade adicional de cimento. Se a
quantidade de água que chega ao poço é grande, é necessário betonar a estaca debaixo de
água. Para isso, é necessário usar um tubo moldador, tal como descrito acima, o que impedirá
a bentonite é uma matéria prima muito cara, o que encarece sobremaneira o método;
é necessário um grande estaleiro para proceder à preparação e reciclagem das lamas
bentoníticas;
só podem ser construídas estacas na vertical;
problemas ambientais devido à perda das lamas; podem ser parcialmente resolvidos
recorrendo a lamas biodegradáveis.
As soluções mais frequentes descritas podem ser ordenadas da seguinte forma por ordem
crescente de custos: com trado contínuo, com trado curto sem tubo moldador, com trado curto
com tubo moldador recuperável e com lamas bentoníticas, sendo estas duas últimas
claramente as mais onerosas. Como, por outro lado, a gama de aplicações geralmente
decresce com o custo, a opção é pela solução mais barata no seu domínio de aplicação, após o
que se passa para a menos onerosa das soluções restantes no domínio de aplicação desta não
comum ao da primeira solução, e assim sucessivamente.
Desta forma, nos solos coerentes e sem a presença de água (ou com uma presença residual /
acidental desta), opta-se pelas estacas executadas com trado contínuo. As estacas executadas
com trado curto e sem tubo moldador têm um domínio de aplicação pouco maior, aceitando
solos um pouco menos coerentes e uma presença de água mais acentuada. São por isso
preteridas em relação às primeiras, a não ser nas situações em que, em virtude do menor
controlo de qualidade associado à execução com trado contínuo, o caderno de encargos não
permite essa solução. Nos solos com alguma coesão mesmo que pequena (o que exclui por
exemplo os solos incoerentes ou os lodosos) e mesmo com presença do nível freático elevado
desde que não exista percolação de água, a solução das estacas com tubo moldador
recuperável é a preferida. Se existirem dúvidas sobre a garantia das condições atrás referidas
ou em solos capacidade de auto-sustentação muito reduzida, opta-se pelas estacas executadas
com o auxílio de lamas bentoníticas, sendo preciso garantir espaço de estaleiro para a estação
de tratamento das mesmas.
A opção entre extrair ou não o terreno durante a escavação é quase sempre resolvida a favor
da primeira opção para não perturbar o terreno nem as estruturas e serviços adjacentes e
diminuir simultaneamente o ruído e as vibrações.
A opção entre recuperar ou não o tubo moldador é um pouco mais difícil. De facto, se a
recuperação do tubo moldador permite uma poupança muito significativa, ela também
representa um decréscimo de qualidade não desprezável do produto acabado, a estaca, a
vários níveis (contaminação do betão com água e terras, posicionamento e recobrimento da
armadura), um decréscimo de resistência (o próprio tubo) e de durabilidade (a protecção que o
tubo confere) e o aumento do risco de ocorrência de diversas patologias associadas à retirada
do tubo (perda de secção e arrastamento dos finos do betão). Por outro lado, em determinadas
situações (por exemplo, obras marítimas ou fluviais), não é pura e simplesmente possível
recuperar o tubo moldador. Por todas estas razões, ainda que na maioria das situações se opte
por recuperar o tubo, a decisão deverá ser tomada caso a caso, em função da obra e até mesmo
de forma individualizada estaca a estaca.
Quanto à opção de se recorrer ou não ao tubo moldador, ela é também amplamente discutida
em 4.2.3..
Não obstante as considerações agora feitas, a escolha do tipo de estacas deve ser ponderada,
tendo em conta um determinado conjunto de factores vitais [1]:
5. BIBLIOGRAFIA