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Ano letivo 2019/2020

Área de Integração

O caminho para a democracia em Portugal: da Primeira


República ao 25 de abril de 1974

Formadora: Sandra Ferreira


Trabalho realizado por:

Diogo Ferreira
Índice
O caminho para a democracia em Portugal: da Primeira República ao 25 de abril de 1974. . .1
Antecedentes da ditadura salazarista..........................................................................................3
Ascensão de Salazar ao poder......................................................................................................4
Princípios do Estado Novo............................................................................................................4
Constituição de 1911..................................................................................................................5
Constituição de 1933....................................................................................................................5
Meios de Repressão do Estado Novo...........................................................................................6
A imagem de prosperidade e paz social em Portugal (investimentos e obras feitas por Salazar) 7
A realidade portuguesa ao longo do Estado.................................................................................8
A oposição ao regime e a continuidade de repressão com Marcelo Caetano..............................8
A política colonial portuguesa e a Guerra Colonial;......................................................................9
O golpe militar do 25 de abril de 1974.......................................................................................10
O programa do MFA e a eleição da Assembleia Constituinte (1975);........................................12
A descolonização portuguesa.....................................................................................................12
A Constituição de 1976 e os órgãos de poder central e local;....................................................15
O poder regional: As regiões autónomas;..................................................................................16
Portugal Democrático: principais instituições internacionais a que pertence............................17
Antecedentes da ditadura salazarista

Em 1910, uma revolta derrubou a Monarquia Constitucional Portuguesa e implantou a


república no país. Com isso, foi iniciada a Primeira República Portuguesa, um período marcado
por muitos problemas econômicos e por enorme instabilidade política. Os problemas internos
de Portugal foram agravados pelo envolvimento do país na Primeira Guerra Mundial. Na
década de 1920, o discurso conservador e autoritário começou a ganhar força como a saída
para os problemas portugueses.

Isso resultou no Golpe de 28 de Maio de 1926, que foi realizado por militares conservadores.
Esse golpe deu início a um regime ditatorial em Portugal conhecido como Ditadura Nacional.
Poucos anos depois, em 1928, António Salazar, professor universitário na Universidade de
Coimbra, foi nomeado para a chefia do Ministério das Finanças.

Em 1933, Salazar foi indicado para assumir o cargo de presidente do Conselho dos Ministros.
Essa função correspondia, na realidade, à posição de chefe de Estado e, com isso, iniciou-se a
longa ditadura salazarista, que recebeu o nome de Estado Novo.
Ascensão de Salazar ao poder

O seu percurso no Estado português iniciou-se quando foi escolhido pelos militares para
Ministro das Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da revolução
de 28 de Maio de 1926. Foi substituído pelo comandante Filomeno da Câmara de Melo
Cabral após o golpe do general Gomes da Costa. Posteriormente, foi de novo Ministro das
Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas
portuguesas. Ficou também para a história como o estadista que mais tempo governou
Portugal, desempenhando funções em ditadura entre 1932 e 1933, e de forma autoritária,
desde o início da segunda república até ser destituído em 1968.

Figura de destaque e promotor do Estado Novo (1933–1974) e da sua organização política,


a União Nacional, Salazar dirigiu os destinos de Portugal como presidente do Ministério de
forma ditatorial entre 1932 e 1933 e, como Presidente do Conselho de Ministros entre 1933
e 1968. Os autoritarismos e nacionalismos que surgiam na Europa foram uma fonte de
inspiração para Salazar em duas frentes complementares: a da propaganda e a da repressão.

Princípios do Estado Novo

O Estado Novo foi um regime autoritário, conservador, nacionalista, corporativista de


Estado de inspiração fascista, parcialmente católica e tradicionalista, de cariz antiliberal,
antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista, que vigorou em Portugal sob a Segunda
República. O regime criou a sua própria estrutura de Estado e um aparelho repressivo ( PIDE,
colónias penais para presos políticos, etc.) característico dos chamados Estados policiais,
apoiando-se na censura, na propaganda, nas organizações paramilitares ( Legião Portuguesa),
nas organizações juvenis (Mocidade Portuguesa), no culto do líder e na Igreja Católica.
Constituição de 1911

A Constituição de 1911 vigorou em Portugal entre 21 de Agosto de 1911  (data da sua entrada


em vigor) e 9 de Junho de 1926  (data da publicação do decreto ditatorial que dissolveu
oficialmente o Congresso da República, altura em que cessou de facto a vigência da mesma,
vindo apenas a ser substituída pelo texto constitucional que entraria em vigor sete anos mais
tarde, após plebiscito, em 11 de Abril de 1933).

De acordo com a Constituição de 1911, a soberania, cabia única e exclusivamente à Nação


(art.º 5.º), exercendo-se através dos três poderes tradicionais: o executivo  – da competência
do Presidente da República e do Governo  –, o legislativo – comandado pelo Congresso da
República –, e o judicial – executado pelos Tribunais (art.º 6.º).

Constituição de 1933

A Constituição Política da República Portuguesa de 1933 foi a constituição política que vigorou


em Portugal entre 1933, ano em que foi terminada a Ditadura Nacional, e 1976, data em que
a a atual Constituição entrou em vigor, no seguimento de, em 1974, o regime do Estado
Novo ter sido deposto pela Revolução de 25 de Abril.

Tendo como principais influências a Constituição de 1911 (por oposição), a Carta


Constitucional de 1826 e as Constituições alemãs de 1871 e 1919, a Constituição de 1933
representou a concretização dos ideais de Salazar, inspirados no corporativismo, na doutrina
social da Igreja e nas concessões nacionalistas. A figura do Chefe de Estado encontrava-se
subalternizada, efetivando-se a confiança política ao contrário no disposto na Constituição: na
prática, era o Presidente da República que respondia perante o Presidente do Conselho,
Oliveira Salazar. Assim, não é de estranhar que a partir de 1959, ano de revisões à
Constituição, a eleição do Presidente da República passasse a ser por sufrágio indireto. Deste
modo, havia um único partido, a União Nacional, sendo todos os outros abolidos. O
Parlamento era bicamaral, composto por uma Assembleia Nacional, constituída por deputados
escolhidos através de um processo eleitoral nominal que acaba eventualmente influenciado
fortemente pelo Governo, de forma a assegurar que se discutiam, problemas e soluções
concretas ao invés de ideologias, e por uma Câmara Corporativa, representante da sociedade
civil, com um papel consultivo.
Meios de Repressão do Estado Novo

Um serviço de censura prévia às publicações periódicas, emissões de rádio e de televisão, e de


fiscalização de publicações não periódicas nacionais e estrangeiras, protegendo
permanentemente a doutrina e ideologia do Estado Novo e defendendo "a moral e os bons
costumes";

O regime apoia-se na propaganda política (fundando o Secretariado de Propaganda Nacional,


a SPN) para difundir "os bons costumes", a doutrina e a ideologia defendida pelo Estado Novo;

Apoia-se nas organizações juvenis (Mocidade Portuguesa) para ensinar aos jovens a ideologia
defendida pelo regime e ensiná-los a obedecer e a respeitar o líder;

Uma polícia política repressiva (conhecida por PIDE), omnipresente e detentora de grande


poder, que reprime apenas qualquer oposição política expressa ao regime, de acordo com
critérios de seletividade pontual, nunca se responsabilizando por crimes de massas, ao
contrário das suas congéneres italiana e especialmente alemã, a PIDE semeia o terror, o medo
e o silêncio nos sectores oposicionistas que fossem ativos na sociedade portuguesa,
protegendo o regime de qualquer Oposição organizada, e com visibilidade pública;

Além da PIDE, o regime apoia-se também nas organizações paramilitares (Legião Portuguesa)
para proteger o regime das ideologias oposicionistas, principalmente o comunismo.

Um discurso e uma prática anticomunistas, tanto na ordem interna como na externa, que leva
o regime a combater o Comunismo e a aliar-se ao lado dos E.U.A, durante a Guerra Fria,
juntando-se à NATO, em 1949;

O sistema educacional é controlado pelo regime (uma educação nacionalista e ideológica) e


centra-se na exaltação dos valores nacionais (ex: o passado histórico, o grande Império
Colonial Português, a religião, a tradição, os costumes, o serviço à comunidade e à Pátria, a
solidariedade humana numa perspetiva cristã, o apego à terra...), no ensinamento e difusão da
ideologia estatal aos jovens; teme as pessoas de correntes políticas diferentes que têm um
nível educacional alto e que defendem ou o Capitalismo ou o Comunismo, com os quais
Salazar mantinha uma relação de desconfiança (no primeiro caso) ou até mesmo de rejeição
(no segundo caso), visto que ele se orientava pela Doutrina Social da Igreja, que defendia uma
solução económica de pequena iniciativa privada (para maior distribuição de riqueza) e de
maior proteção dos assalariados/trabalhadores do que aquela que existia normalmente nos
sistemas capitalistas de então;
A imagem de prosperidade e paz social em
Portugal (investimentos e obras feitas por
Salazar)
O General Óscar Carmona, eleito presidente interino, por sufrágio direto, em março de 1928,
convidou para a pasta das Finanças António de Oliveira Salazar, um cargo que já tinha ocupado
no segundo Governo de Mendes Cabeçadas, por um curto espaço de tempo.
Salazar rapidamente conseguiu impor a sua personalidade no Governo, o que lhe permitiu
acumular a Pasta das Finanças com a das Colónias, considerados ministérios estratégicos,
passando deste modo a controlar todo o Gabinete.
Os bons resultados financeiros que conseguiu (a 1 de agosto de 1928 foi publicado o primeiro
orçamento sem défice) transformaram-no num político prestigiado e muito homenageado.

A economia portuguesa foi beneficiada pela Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez desde
o século XVIII, a balança comercial teve um saldo positivo, o que foi devido ao incremento do
volume das exportações de matérias-primas, produtos alimentares e manufaturados para os
países intervenientes no conflito e à redução das importações causada pelas dificuldades
atravessadas pelos países em guerra. Contudo, no pós-guerra, enquanto as economias de
outros países europeus recuperavam da crise, o investimento e a indústria portuguesa
estavam bloqueados devido à excessiva preocupação com o equilíbrio financeiro.
Outro fator que impediu um rápido crescimento económico foi a predominância rural do
regime e a falta de confiança no progresso industrial (encarado como um setor de perturbação
ideológica), que afastaram o país das nações mais desenvolvidas da Europa.

Na década de sessenta, assistiu-se a um aumento do investimento e a uma progressiva


abertura ao exterior. Operou-se uma evolução positiva no setor turístico e as remessas dos
emigrantes possibilitaram um maior equilíbrio económico-financeiro. Todavia, persistiam as
dificuldades económicas. Portugal enfrentava as despesas crescentes da guerra do Ultramar,
que se tornaram insuportáveis, e uma enorme vaga de emigração.
O país voltava a afastar-se do grupo das nações mais avançadas da Europa e dentro das suas
fronteiras mantinha-se o crónico ruralismo e os acentuados desequilíbrios regionais.

Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, Portugal conservava ainda o Império Colonial,
composto pela Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique, em África; Goa,
Damão e Diu, na Índia, e Timor, territórios muito longínquos e muito distintos entre si, no geral
pouco desenvolvidos, que funcionavam como mercados privilegiados dos produtos
portugueses e fontes de matérias-primas, frequentemente exploradas por companhias
multinacionais.
A realidade portuguesa ao longo do Estado
A Censura era uma máquina poderosa, terrível, na sua eficácia de compreensão, de
condicionamento, de deturpação e silenciamento da informação e do pensamento livre.
Manipulando mentalidades, era uma máquina que acabou por ofuscar, sobrepor e até ocultar
a realidade, a ponto de impor a todos uma imagem oficial do país e dos portugueses bem
diferentes da verdadeira. O Estado Novo conseguiu fazer com que o país se afirmasse numa
imagem fictícia. Os portugueses e todos os cidadãos dos outros países tinham uma imagem de
Portugal que não correspondia à realidade. Nesse Portugal fictício não havia fome, nem
situações de extrema miséria, nem falta de assistência média hospitalar, nem pessoas a viver
em barracas nem mortalidade, nem analfabetos, nem desemprego, nem exploração, nem
suicídio. Porque os censores estavam lá para cortar o acesso a esta informação, a única
informação que passava nos meios de comunicação social sobre Portugal era a ideia de uma
sociedade perfeita em termos económicos, políticos e culturais. Mas em Portugal vivia-se uma
situação extremamente precária, a taxa de analfabetismo era enorme e Censura juntamente
com a repressão fazia de Portugal um dos países mais atrasados de toda Europa.

A oposição ao regime e a continuidade de


repressão com Marcelo Caetano.
As expectativas de reforma que muitos portugueses esperavam ver colocadas em prática por
Marcelo Caetano, rapidamente, revelaram-se infundadas. O regime deste novo chefe do
Governo procurou de facto dar ao povo ares de mudança, mas servindo-se de «roupagens»
novas para situações que já eram velhas.
Em vez de proceder à extinção da odiosa e repressiva polícia política, o Presidente do
Conselho, Marcelo Caetano, limitou-se a alterar-lhe a designação. A PIDE passou então a
chamar-se Direção-Geral de Segurança (DGS). Esta ação de «cosmética» foi também aplicada a
outras instituições existentes em Portugal.

A União Nacional, partido único criado por António de Oliveira Salazar, nos anos 30, passou a
designar-se Ação Nacional Popular (ANP) e procedeu-se à extinção da Censura que deu lugar
ao Exame Prévio. Mudavam-se os nomes mas as funções mantinham-se intactas...
Rapidamente, a «Primavera Marcelista» mostrou a sua preferência pela continuidade...
A manifestação de estudantes de 1969, que terminou com a greve académica de Coimbra, foi
recebida pelo Governo com repressão policial e a prisão de alguns estudantes como por
exemplo Alberto Martins presidente da Associação Académica. Uma outra medida foi o
encerramento temporário da Universidade a mando de José Hermano Saraiva, Ministro da
Educação Nacional. A campanha eleitoral deste ano, ocorreu também de forma anómala, ou
seja, com irregularidades. As eleições realizaram-se sem um controlo eficaz da oposição, tendo
obtido a vitória exclusiva as listas do partido do Governo ou seja apenas os deputados
propostos por Marcelo Caetano foram eleitos.

A política colonial portuguesa e a Guerra


Colonial;

Designa-se por Guerra Colonial, o período de confrontos entre as Forças Armadas


Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das
antigas colónias — Angola, Guiné-Bissau e Moçambique — entre 1961 e 1974.

A designação Guerra do Ultramar era designação não oficial utilizada durante o período


do Estado Novo — o regime ditatorial não reconhecia a existência de um conflito armado,
considerando os levantamentos armados dos movimentos de libertação como atos de
terrorismo. 

O início deste episódio da história militar portuguesa e da história do colonialismo


português ocorreu em Angola, a 15 de Março de 1961, na zona que viria a designar-se
por Zona Sublevada do Norte, que corresponde aos distritos do Zaire, Uíje e Quanza-Norte.

A Revolução dos Cravos em Portugal (25 de Abril de 1974), e que põe fim à ditadura do
Estado Novo, resulta em grande parte dos desenvolvimentos políticos, sociais militares e legais
da guerra. A mudança do rumo político do país permitiu que se pusesse fim a uma guerra que
durava há treze anos e dar início ao processo de descolonização. Os novos dirigentes
anunciavam a democratização do país e predispunham-se a aceitar as reivindicações de
independência das colónias. Entre 1974 e 11 de novembro de 1975 o Estado português
negoceia com os movimentos de libertação a transição para a independência dos territórios
africanos sob o domínio colonial português.

Durante o conflito armado, o Estado Novo aumentou progressivamente a mobilização das


forças armadas portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao
alargamento das frentes de combate que, no início da década de 1970, atingiria o seu limite
crítico. Aumento que decorre da mobilização de contingentes africanos num processo
denominado "africanização da guerra". O Estado Novo defendia desde o seu princípio a
integridade dos territórios coloniais portugueses. A guerra sustentava-se pelo princípio político
da defesa daquilo que o regime considerava território nacional por via da revisão
constitucional de 1951.
Os movimentos de libertação defendiam a independência dos territórios sob o domínio
colonial português com base no princípio inalienável de autodeterminação e independência.
O seu posicionamento foi defendido num quadro internacional de apoio e incentivo à luta e
apoiado nos movimentos internacionais de negritude e pan-africanismo.

O golpe militar do 25 de abril de 1974

25 de Abril de 1974. De madrugada, militares do MFA (Movimento das Forças Armadas)


ocuparam os estúdios da Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população
que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdades de toda
a ordem. Inclusive, foram postas no ar músicas de que a ditadura não gostava,
como Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.

Ao mesmo tempo, uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia,
saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou
posições junto dos ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha
refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura.

Durante o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um golpe de
Estado transformou-se numa revolução. A certa altura, uma vendedora de flores começou a
distribuir cravos. Os soldados enfiaram o cravo no cano da espingarda e os civis puseram a flor
ao peito. Por isso, hoje em dia lhe chamamos Revolução dos Cravos. Foram dados alguns tiros
para o ar, mas ninguém morreu nem foi ferido: foi uma revolução pacífica, como nunca existiu
na história.

Ao fim da tarde, Marcelo Caetano (o último Presidente do Estado Novo) rendeu-se e entregou
o poder ao general Spínola, que, embora não pertencesse ao MFA, não pensava da mesma
maneira que o governo acerca das colónias. Um ano depois, a 25 de Abril de 1975, os
portugueses votaram pela primeira vez em liberdade desde há muitas décadas.
O programa do MFA e a eleição da Assembleia
Constituinte (1975);

O programa do MFA determinava a “convocação, no prazo de doze meses, de uma Assembleia


Nacional Constituinte, eleita por sufrágio universal, direto e secreto, segundo Lei Eleitoral a
elaborar pelo futuro Governo Provisório”. Integrando um conjunto de diplomas como a lei dos
partidos políticos, a lei do recenseamento, a lei das capacidades cívicas e a lei que determina a
organização do processo eleitoral, a lei eleitoral foi publicada em meados de Novembro de
1974. A 9 de Novembro iniciou-se o recenseamento dos eleitores que passaram do milhão e
meio para mais de seis milhões. O processo apenas foi possível graças ao empenho e
competência do então ministro da Administração Interna, tenente-coronel Costa Brás, e da
equipa que constituiu no Secretariado Técnico dos Assuntos Políticos. Refira-se, aliás, que o
STAPE desempenhou um papel crucial em todo o processo, acompanhando o trabalho da
comissão de redação da lei eleitoral e a elaboração dos novos cadernos eleitorais, assegurando
a logística do recenseamento e garantindo a transparência e democraticidade das eleições
propriamente ditas graças ao seu envolvimento no transporte dos boletins de voto e no
apuramento dos resultados eleitorais.

O processo de organização e convocação do ato eleitoral não esteve isento de polémicas, que,
em grande medida, contribuíram para o seu sucessivo adiamento.

O anúncio da realização de eleições a 25 de Abril de 1975 não só não terminou com o longo
debate em torno da sua pertinência e mesmo do seu valor como, pelo contrário, o reavivou e
enriqueceu com novos contributos e ideias. Apesar da questão ser explorada e aproveitada
por alguns partidos, como o MRPP, que advogaram o boicote ativo às eleições, rapidamente se
constituíram dois grupos opostos. De um lado os que, aconselhando “o voto em branco a
todos os que não saibam em quem votar”, acabaram por desvalorizar o peso e importância das
eleições. Integram este grupo uma parte importante da 5.ª Divisão, vários elementos do
Conselho da Revolução afetos à linha, o MES e o PCP, entre outros. Do outro lado, PS, PPD,
CDS e os restantes partidos, para quem a realização do ato eleitoral era um passo
importantíssimo para o processo de democratização.

A descolonização portuguesa.
O processo de independência na região central do continente africano iniciado em finais dos
anos 50 do século XX parou com a capitulação do Biafra (1967-70), tendo o processo de
descolonização no Sul da África também ficado atrasado.

Moçambique e Angola, duas colónias portuguesas, situadas respetivamente no Oceano Índico


e no Oceano Atlântico, depois de um período de lutas de guerrilha tornaram-se independentes
de Portugal em 1975. O processo de independência destas ex-colónias ocorreu numa altura
em que Portugal vivia na "ressaca" política de um golpe de Estado, que depôs o regime
ditatorial e o substituiu por uma nova República, inicialmente de tipo socialista.

A Revolução do 25 de abril possibilitou a descolonização, que se fazia com grande atraso


relativamente a outras ex-colónias europeias. Este atraso devia-se às dificuldades e entraves
do Estado Novo e do processo de democratização do país antes de 1974. Neste processo
foram libertadas todas as ex-colónias portuguesas, exceto Timor, e voltaram para Portugal, em
circunstâncias dramáticas, cerca de um milhão de portugueses que se tinham fixado no
ultramar.

Angola e Moçambique conseguiram a independência em 1975 e logo de seguida estes dois


países instauraram um regime político pró-soviético, enquanto em Portugal o modelo
socialista pós-revolução era progressivamente abandonado, dando lugar a um regime
democrático.

As outras ex-colónias africanas, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, também
enveredaram por este tipo de regime. Embora partissem do mesmo modelo, cada uma das
novas nações adaptou-o consoante as suas experiências e as exigências conjunturais.

Com o processo de independência em Angola rebentou uma guerra civil entre as diversas
fações independentistas. De um lado estava o MPLA (Movimento Popular de Libertação de
Angola), o partido no poder, pró-soviético, e do outro a UPA (União dos Povos de Angola) e a
UNITA (Movimento Nacional para a Independência Total de Angola), para além da FNLA
(Frente Nacional de Libertação de Angola), estes três últimos mais próximos do Ocidente.

No caso moçambicano encontramos algumas similaridades. Logo após a independência os


grupos armados que haviam lutado contra os portugueses, a FRELIMO (Frente de Libertação
de Moçambique) e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambique), entretanto transformados
em partidos políticos, envolveram-se em confrontos que geraram uma guerra civil.
Moçambique, também detentor de boas potencialidades, tornou-se mesmo no país mais
pobre do Mundo.

Nos últimos anos, contudo, as negociações entre os partidos rivais levaram ao fim da guerra e
à consciencialização da necessidade de um trabalho conjunto que retire a nação da delicada
situação em que ainda hoje se encontra.
A Constituição de 1976 e os órgãos de poder
central e local;

Um dos aspetos mais inovadores e interessantes da Constituição de 1976 encontra –se na


consideração da democracia como democracia descentralizada, particularmente no âmbito da
descentralização territorial.

Com efeito, ela proclama, entre os "princípios fundamentais", o da autonomia das autarquias
locais e o da descentralização democrática da administração pública e erige os Açores e a
Madeira em "regiões autónomas dotadas de estatutos político – administrativos próprios";
inclui a autonomia das autarquias locais e a autonomia político – administrativa dos Açores e
da Madeira entre os limites materiais da revisão constitucional; salienta como um dos fins da
autonomia destas regiões "a participação democrática dos cidadãos"; e declara que "a
organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais").

O Estado Português continua unitário, sem embargo de ser também descentralizado – ou seja,
capaz de distribuir funções e poderes de autoridade por comunidades, outras entidades e
centros de interesses existentes no seu seio. Descentralizado na tríplice dimensão do regime
político – administrativo dos Açores e da Madeira, do poder local ou sistema de municípios
com outras autarquias de grau superior e inferior e ainda de todas aquelas medidas que
possam caber na "descentralização democrática da administração pública".

E esta é a primeira vez na história portuguesa que o Estado, o poder central confere faculdades
substancialmente políticas a órgãos locais com titulares representativos das respetivas
populações.
O poder regional: As regiões autónomas;
As regiões autónomas correspondem aos arquipélagos dos Açores e da Madeira (artigo 5.º da
Constituição) e são pessoas coletivas públicas dotadas de estatutos político-administrativos e
de órgão de governo próprio (artigo 6.º), que prosseguem a participação democrática dos
cidadãos, o desenvolvimento económico-social e a promoção e defesa dos interesses regionais
(n.º 3, do artigo 225.º).

Sem comprometer a natureza unitária do Estado, as regiões autónomas estão dotadas de


autonomia político-administrativa, o que não afeta a integridade da soberania nacional (n.º 3,
do artigo 225.º).

São órgãos de governo próprio das regiões autónomas: a Assembleia Legislativa e o Governo
Regional (artigo 231.º, n.º 1). A Assembleia Legislativa é eleita por sufrágio universal, direto e
secreto, de acordo com o princípio da representação proporcional (n.º 2).

Relativamente à composição e responsabilidade, o Governo Regional é politicamente


responsável perante a Assembleia Legislativa da região autónoma e o seu presidente é
nomeado pelo Representante da República, tendo em conta os resultados eleitorais (n.º 3).
Portugal Democrático: principais instituições
internacionais a que pertence.
 Agência Espacial Europeia (ESA): www.esa.int/
 Agência Internacional de Energia (AIE): www.iea.org/
 Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA/ IAEA): www.iaea.org/
 Agência Multilateral de Garantia dos Investimentos (MIGA): www.miga.org/
 Associação Internacional de Desenvolvimento (AID): www.worldbank.org/ida/
 Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos: www.isa.org.jm/en/default.htm
 Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD): www.ebrd.com/
 Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD): www.worldbank.org/
 Banco de Pagamentos Internacionais (BIS): www.bis.org/
 Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM): www.bipm.org/
 Centro Internacional para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos
(CIRDI): www.worldbank.org/icsid/
 Centro Regional de Informação das Nações Unidas: www.unric.org/
 Conferência Europeia de Ministros dos Transportes (CEMT): www.cemt.org/
 Conferência da Haia de Direito Internacional Privado (HccH): www.hcch.net
 Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD): www.unctad.org/
 Comissão Internacional do Estado Civil (CIEC): www.ciec1.org
 Comunidade Europeia (CE): europa.eu.int
 Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM): europa.eu.int

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