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■"I
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A
A GRANDE
aR. 1 XDE AJLIANÇA
ALIA XÇ. 1
Brasil)
(A minha propaganda no Rrasil)
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AA'A DE
DF. CASTRO
CAST/IC OSÓRIO
CSC1U0
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A GRANDE C*f.
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A GRANDEK^l
N
ií. cO*^
ALIANÇA
ALIANÇA ^
-*>
(A MINHA
MINHA PROPAGANDA
PROPAGANDA NO
NO BRASIL)
BRASIL)
x
realisadas no Brasil
Conferencias reatisadas
Curitiba Suo Pa
São Paulo.
ido.
AA GR
GRANDE ALIANÇA
A ND E A LIA N Ç A
S-5-923
Meus Senhores e Senhoras
Ao encontrar-nie
cncontrar-nic de novo junto de cie vós, nesta ex-
plendida cidade em que cada ano marca mais um passo
atirmativo para o grande futuro, sinto, meus senhores,
•que o meu primeiro pensamento deve ser para os
ausentes!...
Para aqueles que comnosco
coiunosco viveram e sentiram, e
sonharam a grandeza magnifica desta terra e que se
foram antes de nós, vencidos pela vida, deixando-uos
deixando-nos
a piedosa obrigação de lhes prolongarmos a existência
terrena através da nossa'saudade e da nossa memoria,
que os tem sempre presentes no coração!.. .
Para aqueles da nd'-sa
nossa raça, que antes de nós vie-
ram marear com o seu sangue generoso, e com a fé e
a bravura indómita duma coragem extra-humana.a posse
extra-humana,aposse
admirável desta terra de enlevo para o nosso sangue,
paia a nossa lingua, e para o'
para o orgulho da nossa alma de
lusíadas!...
Para aqueles,
aquele?, também, que a ressaca da vida mo-
mentaneamente afastou e que, embora ausentes, com-
nosco estão em pensamento e em afecto!
Assim como nas aldeias da nossa velha terra por-
tuguesa a mãe enceta o serão levantando a voz a pedir
um Padre Nosso pelos ausentes da família, pelos ami-
10
E
E agora,
agora, meus
meus senhores,
senhores, desejo
desejo dizer-vos,
dizer-vos, neste
neste mo-
mo-
mento em que a alma lusíada de alem-mar tanto cogita
ee sonha
sonha ee anseia
anseia por
por comunicar
comunicar com com os os irmãos
irmãos de de
Aquem-Atlantico, para juntos realisarinos
realisarmos a grande as-
piração da raça (que ainda não viveu em toda a sua
plenitude o sonho grande do seu destino) quero dizer-
vos
vos comcom lealdade
lealdade ee franqueza,
franqueza, oo motivo
motivo porque
porque vim vim
até
até vós,
vós, acedendo
acedendo alvoraçadamente
alvoraçadamente àà gentileza
gentileza dos dos
vossos desejos.
Quero bem claramente mostrar-vos para que o sin-
tais
tais emem vossos
vossos corações
corações com com aa sinseridade
sinseridade com com que
que
vo-lo digo, o que me trouxe até vós, deixando aquela
sempre linda, sempre moça e sempre bem amada terra
portuguesa, que se não é a mais formosa de toda a
Europa,
huropa, é—sem duvida—a mais bela da grande Penin- Penín-
sula
sula Ibérica!
Ibérica! Aquela
Aquela nossa
nossa terra
terra que
que oo marmar acalenta
acalenta
nos
nos seusseus braços
braços dede gigante
gigante amoroso
amoroso ee que que sese cobre
cobre
de
de flores,
flores, como
como uma
uma noiva,
noiva, desfazendo-se
desfazendo-se em em frutos
frutos dede
oiro
oiro ee de de ambrosia...
ambrósia... Aquela
Aquela nossa
nossa terra
terra dede amor
amor
que
que se se apega
apega àà nossa
nossa alma
alma como
como umum filtro
filtro magico,
magico, queque
mais
mais nos-prende
nos-prende quanto
quanto maismais dela
dela nos
nos afastamos!...
afastamos!...
E
E eueu deixei-a,
deixei-a, meus
meus senhores,
senhores, para
para vir
vir até
até vós,
vós emem
condições
condições de sobresalto c de amargura, que oo meu
de sobresalto c de amargura, que meu
coração
coração jnalmal podia
podia comportar;
comportar; pondo
pondo dede parte
parte todas
todas asas
solicitações afectuosas, rompendo com todos os obstá-
culos
culos ;; vencendo
vencendo todas
todas as as oposições
oposições ee violências
violências com com
11
Pátrias irmãs,
Patrias irmãs, éé oo predomínio
predomínio da da raça
raça comum,
comum, éé aa im- im-
posição
posição da da nossa
nossa lingua
língua como como uma uma das das mais
mais faladas
faladas do do
mundo, é— finalmente!— a ressurreição
mundo, é — finalmente ! — a ressurreição duma nova fé duma nova fé
ee duma
duma energia
energia colectiva,
colectiva, tão tão grande
grande que que imponha
imponha ao ao
mundo
mundo o o respeito
respeito pelopelo que que fomos,
fomos, criando
criando uma uma nova
nova
era de lusitanismo a engrandecer
era de lusitanismo a engrandecer a historia! a historia!
Porque, éé necessário
Porque, necessário que que todos
todos os os saibam,
saibam, que que as as
crianças
crianças oo'aprendam
aprendam nos nos seusseus primeiros
primeiros livros
livros escola-
escola-
res,
res, que que oo sintam
sintam no no orgulho
orgulho de de seus
seus pnes
pães ee que
que todos
todos
os outros
os outros povos
povos oo reconheçam:
reconheçam: — — SeSe aa historia
historia antiga
antiga
pertence
pertence àà acção acção enorme
enorme ee explendida
explendida da da civilisação
civilisação
greco-romana, que os conquistadores
greco-romana, que os conquistadores levaram, nas levaram, nas asas
asas
gloriosas das
gloriosas das aguias
águias imperiais
imperiais aa todos todos os os recantos
recantos do do
mundo antigo
mundo antigo :: aa historia
historia moderna
moderna pertence-nos,
pertence-nos, aa nós nós
luso-ibérieos
luso-ibéricos ee aa nós nós particularmente,
particularmente, portugueses,portugueses,
como os
como os iniciadores
iniciadores do do grande
grande movimento
movimento expansivoexpansivo
da raça.
Podemos
Podemos bem bem dizer
dizer com com justificado
justificado orgulho:—
orgulho: —A A
civilisação moderna
civilisação moderna éé filha filha da da inteligência,
inteligência, da da energia,
energia,
da persistência
da persistência cc do do génio
génio da da nossa
nossa raça!
raça!
Fomos
Fomos nós, nós, que
que partindo
partindo dessa dessa formosíssima
formosíssima (.a- Ca-
beça da
beça da Europa,,
Europa,, voltando
voltando com com indiferença
indiferença as as costas
costas
aa Espanha,
Espanha, que que nãonão nosnos absorvia
absorvia nem nem nos nos atraía,
atraía, sonhá-
sonhá-
mos
mos o o grande
grande sonhosonho intelectual
intelectual da da raça
raça ee vencendo
vencendo
os terrores em
os terrores em queque aa Europa
Europa medieval
medieval se se enleava
enleava abri-
abri-
mos resolutamente
mos resolutamente as as portas
portas àà Renascença,
Renascença, que que foii
foi oo
renovo maravilhoso duma
renovo maravilhoso duma civilisação
civilisação de de energia
energia ee vida.vida.
Sem aa nossa
Sem nossa audacia,
audácia, sein sem oo nossonosso esforço,
esforço, sem sem aa
nossa consciência,
nossa consciência, sem sem aa nossa nossa civilisação
civilisação oo velho velho
mundo continuaria —
mundo continuaria —quem
quem poderá poderá dizer dizer porpor quanto
quanto
tempo?
tempo? — —na ignorância apavorada
na ignorância apavorada da da terra
terra em em que
que vi-vi-
via ! Sem
via! Sem oo nossonosso saber,
saber, sem sem oo nosso
nosso exemplo,
exemplo, nem nem aa
Espanha seguiria oo nosso
Espanha seguiria nosso rastro,
rastro, nem nem Cristóvão
Cristóvão Colombo
Colombo
se
se atreveria a procurar um novo caminho para aa Índia,
atreveria a procurar um novo caminho para Índia,
sonho de
sonho de toda
toda aa Europa
Europa deslumbrada
deslumbrada coin com oo nosso
nosso
triunfo, encontrando as
triunfo, encontrando as terras
terras de de Cuba,
Cuba, guarda avançada
guarda avançada
desta America famosa!
Fomos nós,
Fomos nós, foi
foi oo gen
gemo : da raça
o da raça que
que tornou
tornou oo mundomundo
tão pequeno, que
tão pequeno, que nem um nem um recanto
recanto existeexiste hoje
hoje que
que oo
homem não conheça ou
homem não conheça ou adivinhe !... adivinhe !...
JJ55
Meus Senhores
simpática
simpática para pura os os elementos
ele-mentos leslrauhos.
estranhos. Lia Ela mauiies-
mauiíes-
tou-sc
tou-se desdedesde oo principio
principio iodo agrupai* eu lo deenergias
pelo agrupamento de energias
varias,
varias, pela pela in
influencia
fluência da da terra
terra mãe,
mãe, pelas
pelas tradições
tradições iuriur
temente radicadas, pelo
temente radicadas, pelo sonho
sonho absorvente
absorvente -e -e conquista
conquista
dor
dor ec pelos
pelos caracteres,
caracteres, que que aa propria
própria acção
acção interna
interna im-im-
punha.
punha.
Pode dizer-sc com
Pode di7er-se com firmeza
firmeva de de convicção,
convicção, que que foi foi
desde
desde oo principio
principio da da nos^a
nossa formação
formação nacional,
nacional, que
que as as
qualidades absorventes do
qualidades absorventes do meio
meio se se impuseram,
impuseram, assimi-
assimi-
lando
lando todostodos os os valores
valores que que de de fora
fora recebia,
recebia, atraídos
atraídos
pela própria força
pela propria forca criadora
criadora do do solo,
solo, que
que oo marmar limita
limita
mima
numa ânsia ânsia dede exclusivismo,
exclusivismo, criando
criando aa reacção
reacção expan-
expan-
siva do nosso grande sonho!
Daí, dessa dualidade quási dolorosa para a alma
emotiva
emotiva do do povo,
povo, nasceu
nasceu aa exaltação
exaltação dumdum sentimento
sentimento
patriótico,
patriótico, que que uão não existe
existe outro
outro queque sese lhe
lhe possa
possa com-
com
parar
parar em em qualquer
qualquer uaçãonação do do Mundo,
Mundo, sentimento
sentimento trans-
trans-
mitido
mitido em em toda
toda aa sua sua energia
energia assimiladora
assimiladora ao ao Brasil,
Brasil,
nosso directo filho.
f-'oi esse sentimento,
boi esse sentimento, eortado
cortado pela pela ansiedade
ansiedade expan-
expan-
siva, que n s levou através dos
siva, que n s levou através dos mares, vencendo ter mares, vencendo ter
rores, dominando preconceitos,
rores, dominando preconceitos, escarnecendo
escarnecendo aa prudên-
prudên-
cia derrotista dos fracos. ..
É essa dualidade
b. essa dualidade do do sentimento
sentimento que que nos
nos faz
faz gran-
grau
des!
des !
Foi
boi elaela que
que levou
levou osos "bandeirantes,,
"bandeirantes,, atracaatravéss dodo í%rtãu
sertão
para
para o o sonho
sonho deslumbrante
deslumbrante das das esmeraldas
esmeraldas de de hernau
|-"ernão
Dias
Dias PaesPaes Leme...
Leme... boi Foi elaela que
que levou
levou os os marcos
marcos de de
posse,
posse, que que del dei mitarain
mitaram aa imensidade
imensidade da da selva
selva brasi
brasi-
leira.'.
leira.'... fif: ela
ela queque leva
leva ainda.hoje
ainda.hoje oo triunfo
triunfo dada civilisa
civilisa
ção moderna para
ção moderna para aa grande
grande cultura
cultura das
das terras
terras virgens
virgens
do interior...
Para
Para aa frente,
frente, sempre
sempre para para aa frente!.
frente!. ....
ií
L o destino da raça!
essa raça
essa raça aa que
que nos
nos orgulhamos
orgulhamos dede pertencer
pertencer c,
c, por
por
assim dizer,
dizçr, uma obrigação religiosa.
E o mesmo dever que obrigaria um orador do
tempo da velha Grécia gloriosa de Alexandre, a expli-
car o que fora o núcleo
nucleo da raça, o berço sagrado donde
saíra o génio de imposição, como da lande pequenina
e frágil sai o carvalho frondoso que desafia os séculos!
li'
E' a mesma obrigação religiosa que faria o romano
triunfante, mostrar a todos os povos filhos do seu génio
civilisador, o berço da raça: Roma, coração e cerebrocérebro
que sentira e sonhara essa imensa e magnifica imposição !
Dizer-vos, pois, o que foi o núcleo
nucleo inicial da raça e
a terra que o protegeu, amparou e caracterizou, é a pri-
meira obrigação que a nossa religiosidade nacionalista
nos impõe!
Foi desse pequeno berço da nacionalidade, que a
sabia politica de Afonso VI de Leão e Castela entre-
gou à energia e à ambição politica duma filha bastarda,
que nos seus barões e no povo rude, encontrou a força
de resistência que a fortaleceram na sua rebeldia contra
o direito de Suzerana, que a irmã legitima se arrogava,
que surgiram logo, como por encanto, as qualidades
fundamentais da raça, que ainda se manteem, através
de séculos da mais aventurosa e gloriosa historia!
Pátria sempre ameaçada pela cubiça cubica natural duma
visinha, muito maior em território e força numérica—a
que o nosso orgulho e a nossa enérgica defesa rouba
a mais formosa região da Peninsula
Península e a melhor comu-
nicação com o Atlântico — —essa própria ameaça cons-
essa propria
tante criou unia uma resistência e persistência na defesa,
que nenhum outro povo da Europa tem mantido, mais
nítida e gloriosamente.
nitida
Pátria conquistada palmo a palmo, fecundada leira
a leira com o sangue dos heróis e o suor dos que a
revolvem com a força dos seus braços e o amor da
sua alma, dessa concentração de força saiu a raça resis-
tente, pertinaz e heróica, que a todas as influencias dis-
solventes opõe um poder de absorção tão fundamente
enraizador, que parece mesmo que vem do coração da
terra!
IS
É desse
desse amoramor ee dessa
dessa saudade,
saudade, que que surgem
surgem no no
grande mapa
mapa do do Brasil,
Brasil, nesta
nesta grande
grande eira,eira, no
no dizer
dizer pi-
pi-
toresco
toresco do do povo,
povo, tantos
tantos nomes
nomes de de cidades
cidades aa recordar
recordar
as velhas
velhas terras
terras dede alem-inar:
alem-inar: Óbidos,
Óbidos, Santarém,
Santarém, Setú-
Setú-
bal, Queluz, Belcin,
bal, Queluz, Belcin, Bragança,
Bragança, Nova
Nova Lonzã...
Louzã... ee tantos
tantos
outros queque aa saudade
saudade do do exilio
exilio fez
fez nascer
nascer dodo coração
coração
dos portugueses, num
dos portugueses, num gesto
gesto votivo
votivo àà Pátria
Pátria distante,
distante,
que ,é,é bem
bem estruturalmente
estruturalmente uma uma parte
parte da da nossa
nossa alma!
alma!
É que
que sósó nana ausência
ausência se se compreende
compreende bem bem aa sau-
sau-
dade da da Pátria
Pátria ee aa amargura
amargura de de aa nãonão vermos
vermos tiotão
alta, tão alta como o nosso orgulho a sonha!
Eis
Eis o o motivo
motivo porque
porque não
não halia ideia
ideia patriótica
patriótica que
que
o exilado
exilado não não coinprenda
comprenda por por intuição
intuição sentimental,
sentimental,
que nãonão aplauda
aplauda ee auxilie
auxilie com
com aa fé fé consoladora
consoladora dosdos
fortes.
Assim, Portugal
Portugal vive
vive tão
tão intensamente
intensamente no no coração
coração
dos seus
seus filhos
filhos ausentes,
ausentes, que
que mais,
mais, talvez,
talvez, do
do que
que os
os
que lálá ficain
ficam eleseles estão
estão compreendendo
compreendendo ee sentindo sentindo oo
novo idealismo da raça.
Explicado está o motivo porque entendo dc de meu
dever evocar
evocar um um pouco
pouco dada nossa
nossa terra,
terra, berço
berço comum
comum
da raça
raça lusíada!...
lusíada!...
Quereria
Quereria terter muito
muito tempo
tempo deante
deante de de mim
mim para
para fa-
fa-
lar-vos do Porto,
lar-vos do Porto, desse
desse ninho
ninho glorioso
glorioso dada raça
raça donde
donde
se ergueu para
se ergueu para oo grande
grande destino
destino oo bater
bater de
de asas
asas gi-
gi-
gantes, que
que fez
fez aa nossa
nossa historia...
historia...
De Coimbra, oo sonho
De Coimbra, sonho de de amor
amor ee dede saudade
saudade de de
todas
todas asas almas
almas portuguesas,
portuguesas, revivendo
revivendo em em Arte
Arte ee em
em
beleza
beleza na na maravilha
maravilha dos dos seus
seus monumentos
monumentos ee no no
encanto
encanto da da sua
sua paisagem
paisagem roinantica...
romântica...
De Lamego, aa velha
De Lamego, velha terra
terra alcandorada
alcandorada nas nas monta-
monta-
nhas
nhas dada Beira,
Beira, uma
uma das das primeiras
primeiras arrancadas
arrancadas aoao poder
poder
dos moiros...
moiros...
De Vizeu, aa terra
De Vizeu, terra lendaria
lendária dede Viriato,
Viriato, hoje
hoje um
um dos
dos
logares santos da
logares santos da Arte,
Arte, pelo
pelo Museu
Museu cheio
cheio de
de precio-
precio-
sidades da
da grande
grande época
época portuguesa.
portuguesa.
22
a navegação
navegação ee aa conquista,
conquista, marcando
marcando definitivamente
definitivamente
as qualidades
qualidades basicas
básicas da
da raça.
raça.
Desde
Desde o o principio
principio da da nacionalidade
nacionalidade que que Lisboa
Lisboa nosnos
aparece com qualidades
aparece com qualidades próprias
próprias ee muito
muito fortes,
fortes, já
já nos
nos
poemas Atlânticos,
Atlânticos, que que segundo
segundo os os melhores
melhores críticos
críticos
modernos formam
formam aa base base dos
dos poemas
poemas homéricos,
homéricos, ha lia
referencias aa Lisboa,
Lisboa, aa patria
pátria atlantica,
atlântica, aa costa
costa rochosa
rochosa
de ltaco, donde
de ltaco, donde partem
partem para
para as
as navegações
navegações antigas!...
antigas!...
Na tradição classica,
Na tradição clássica, Lisboa
Lisboa aparece
aparece fundada
fundada por por Ulis-
Ulis-
ses, o rei do sonho aventureiro da velha Grécia Orecia e
enquanto aa linda
linda capital
capital não
não caiu
caiu em
em poder
poder dede Afonso
Afonso
Henriques, aa reconquista
reconquista aos aos moiros
moiros era,era, como
como aa de de
Lspanha, semsem fixidez.
fixidez. Foi
Foi desde
desde ess^
es^e feito,
feito, que
que deve-
deve-
mos considerar
considerar dos dos mais
mais importantes
importantes da da jovem
jovem nacio-
nacio-
nalidade, queque Portugal
Portugal tomou
tomou oo seuseu norte.
norte. Logo
Logo após
após
os combates navaes dados contra os moiros nas aguas
de Lisboa,
Lisboa, ainda
ainda no no tempo
tempo do do primeiro
primeiro reirei ee do
do filho,
filho,
iniciam as descobertas, partindo dali para as mais
próximas costas de Africa. D. Diniz inicia as constru-
ções navais e pelas suas boas leis protege o porto de
Lisboa e a nevegação.
Quando as as traições
traições duma
duma politica
politica sem
sem ideal
ideal trou-
trou-
xeram às portas de Lisboa os exércitos de Castela, foi
dentro da propria
própria cidade, fortalecida com a energia
desse povo cheio de civismo, que o Mestre de Aviz,
em nome
nome dada vontade
vontade nacional,
nacional, sese proclamou
proclamou protector
protector
do povo e organisou a defesa da Pátria ameaçada.
Chega o momento culminante para Portugal, que
são os descobrimentos, e Lisboa torna-se então o im-
pério do
do mundo.
mundo. Dela Dela partem
partem as as naus
naus dede Vasco
Vasco da da
Gama; nela se armam as primeiras frotas e se juntam
os heroicos
heróicos navegadores, que partem em demanda do
caminho para a Índia! Pedro Alvares Cabral, como
todos os grandes descobridores, largam de Lisboa para
espalharem pelo mundo o sangue e o génio português,
formando novas PatriasPátrias de que o Brasil é a maior e a mais
25
amada!
amada! EntãoEntão aa cidade,
cidade, cresce,
cresce, faz-se
faz-se forte
forte ee opulenta,
opulenta,
tem aa sua
sua casa
casa da
da índia,
índia, onde
onde sese acumulam
acumulam as as especia-
especia-
rias ee todas
todas as as riquezas
riquezas que que veem
vêem servindo
servindo de de lastro
lastro àsàs
naus
naus queque dia
dia aa dia
dia chegam
chegam ao ao animado
animado portoporto do do maior
maior
comercio marítimo
marítimo da da Renascença.
Renascença.
Lisboa,
Lisboa, queque recebe
recebe as as riquezas
riquezas de de todo
todo esse
esse velho
velho
mundo oriental, desvendado
mundo oriental, desvendado em em seu
seu fácil
fácil caminho
caminho ma- ma-
rítimo pelo génio
rítimo pelo génio lusitano,
lusitano, acumula
acumula em em seu
seu seio
seio as as pri-
pri-
mícias
mícias dos dos novos
novos mundos
mundos chamados
chamados àà civilisação
civilisação eu- eu-
ropeia ee torna-se
torna-se oo emporio
empório comercial
comercial mais mais procurado
procurado
pelos mercadores
mercadores ee traficantes
traficantes de de toda
toda aa parte.
parte.
Lisboa, no no dizer
dizer do do cronista
cronista queque aa descreve
descreve uma uma
babel
babel de de línguas
línguas ee de de costumes,
costumes, éé uma
uma cidade
cidade de de "mui-
"mui-
tas
tas ee desvairadas
desvairadas gentes,,,
gentes,,, queque àà sua
sua opulência
opulência iam iam
buscar mercado para
buscar mercado para todas
todas as
as produções
produções das das industrias,
industrias,
das artes e da terra...
Com aa expansão
expansão portuguesa
portuguesa aa capital
capital do do nosso
nosso
imenso império
império ultramarino
ultramarino crescecresce cada
cada vezvez mais,
mais, sem
sem
nunca perder as qualidades próprias.
No meio da
No meio da sua
sua agitação,
agitação, da da sua
sua opulência
opulência ee da da
sua vida
vida duma
duma formidável
formidável intensidade
intensidade comercial,
comercial, Lis-Lis-
boa mantem-se incorruptivelmente
boa mantem-se incorruptivelmente oo baluarte baluarte da da resis-
resis-
tência nacional,
nacional, aa transformadora
transformadora de de todas
todas asas energias
energias
vitaes da
da nação
nação nono sentido
sentido de de manter
manter sempre
sempre aa nossa
nossa
grande acção exterior.
grande acção exterior. Em Lm troca,
troca, recebe
recebe as as novas
novas in-in-
fluencias trazidas
trazidas do do Oriente
Oriente ee dede todas
todas as as conquistas
conquistas
ee navegações,
navegações, dando-lhe
dando-lhe aa base base para
para aa sua
sua identifica-
identifica-
ção coin
com o caracter nacional.
Filipe II delira
Filipe 11 delira pela
pela sua
sua formosa
formosa cidade
cidade dede Lisboa
Lisboa
e quer
quer realisar
realisar oo sonho
sonho da
da união
união ibérica
ibérica tomando-a
tomando-a aa
capital do império.
Por
1'or ter sido contrariado nessa realisação que a lu-
cidez
cidez dada sua
sua visão
visão politica
politica indicava,
indicava, ela
ela se
se libertou
libertou
heroicamente
heroicamente em em 1610,
1640, arrastando
arrastando com
com oo seu
seu gesto
gesto
toda a nação e as suas colónias.
26
Com
Com oo oirooiro do
do Brasil,
Brasil, D.
D. João
João V V afornioseia-a
aformoseia-a ee
d:í-lhe
d:i-lhe oo aspecto
aspecto monumental
monumental que que correspondia
correspondia exte-
exte-
riormente
riormente àà opulência
opulência usada
usada 110no serviço
serviço dos dos palacios
palácios
da nobreza ee nas
da nobreza nas casas
casas da
da riquíssima
riquíssima ee afidalgada
afidalgada bur-
bur-
guesia
guesia dede mercadores
mercadores ee navegantes...
navegantes...
O Marquês de
O Marquês de Pombal
Pombal ergue-a
ergue-a dosdos escombros
escombros do do
terremoto,
terremoto, ondeonde ficaram
ficaram sepultados
sepultados os os tezoiros
tezoiros mais
mais
admiráveis, acumulados nos
admiráveis, acumulados nos dois
dois grandes
grandes séculos
séculos lu-
lu-
sitanos,
sitanos, ee dá-lhe
dá-lhe uma
uma vida
vida equilibrada
equilibrada cc forte,
forte, corres-
corres-
pondendo
pondendo ao ao impulso
impulso economico
económico ee utilitário
utilitário do
do seu
seu
governo enérgico, embora
governo energico, embora sem sem aa graça
graça idealista,
idealista, que
que
faltava ao seu
faltava ao seu temperamento
temperamento forteforte ee àà sua
sua educação
educação semsem
requintes
requintes de de cultura
cultura ancestral.
ancestral. t)a
Da sua
sua autoridade
autoridade cc da da
energia
energia do do seu
seu mando
mando nasceu
nasceu umauma cidade
cidade arruada
arruada co-
co-
mercialmente,
mercialmente, com com bases
bases tão
tão bem
bem lançadas,
lançadas, que que ainda
ainda
hoje existem as
lioje existem as casas
casas fundadas
fundadas sob sob aa protecção
protecção do do
grande administrador da
grande administrador da fazenda
fazenda publica.
publica.
Foi de Lisboa,
Foi de Lisboa, combalida
combalida pelopelo terror
terror dada invasão
invasão
francesa,
francesa, queque vieram
vieram asas naus
naus abarrotadas
abarrotadas dada gente
gente mais
mais
representativa
representativa de de Portugal
Portugal ee de de riquezas
riquezas incalculáveis
incalculáveis
que
que sese queriam
queriam furtar
furtar àà rapina
rapina dos
dos soldados
soldados invaso-
invaso-
res. Foi desse
res. Foi desse exodo,
exodo, trazendo
trazendo para
para oo Brasil
Brasil tudo
tudo
quanto liavia de
quanto havia de melhor
melhor ee de de mais
mais culto
culto ee opulento
opulento nana
corte brigantina de
corte brigantina de D.D. João
João VI,
VI, que
que partiu
partiu oo_ .mpulso
impulso
definitivo
definitivo parapara aa formação
formação do do Brasil,
Brasil, nação
nação indepen-
indepen-
dente.
Com
Com aa tomada
tomada dede Lisboa
Lisboa pelas
pelas tropas
tropas constitucio-
constitucio-
nais do Duque
nais do Duque da da Terceira
Terceira pode
pode dizer-se
dizer-se que
que terminou
terminou
aa guerra
guerra fratricida,
fratricida, que
que tragificou
tragificou aa vida
vida portuguesa
portuguesa 110
no
primeiro quarto do
primeiro quarto do século
século desanove.
desanove.
Para oo Brasil
Brasil aa questão
questão do do porto-franco
porto-franco de de Lisboa
Lisboa
afigura-se
afigura-se das das mais
mais importantes
importantes ee imediatas,imediatas, pela
pela
dupla característica
característica da da nossa
nossa posição
posição geográfica
geográfica ee da da
força humana
humana ee de de acção
acção conjunta,
conjunta, que que aa grande
grande aliança
aliança
luso-brasileira representará
representará para para oo futuro.
futuro.
Pode mesmo
mesmo dizer-se
dizer-se que,que, sob
sob oo ponto
ponto dede vista
vista da
da
tradição histórica
histórica ee dodo idealismo
idealismo nacionalista
nacionalista dosdos dois
dois
povos irmãos,
irmãos, éé umauma questão
questão fundamental.
fundamental.
O porto-franco de
O porto-franco de Lisboa
Lisboa deverá
deverá ser ser oo concentra-
concentra-
dor do do largo
largo comercio
comercio exportador
exportador do do Brasil.
Brasil. OO café,
café, aa
borracha,
borracha, o o algodão,
algodão, oo assucar
assucar teem
teem aí aí oo melhor
melhor ponto
ponto
de partida para
de partida para oo comercio
comercio europeu,
europeu, sem sem prejuízo
prejuízo dosdos
nossos similares produtos coloniais.
E' que
que Lisboa,
Lisboa, aa maravilhosa
maravilhosa capitalcapital dodo grande
grande im-im-
pério lusitano,
lusitano, necessita
necessita de de abrir
abrir largamente
largamente os os braços
braços
para o trafico do Brasil irmão, recebendo no seu
porto-franco todas todas asas suas
suas riquezas,
riquezas, com com todas
todas asas fa-
fa-
cilidades para o comercio largo que a nossa aliança
moral ee material
material haha dede desenvolver.
desenvolver.
. Neste momento
momento revejorevejo Lisboa
Lisboa na na minha
minha saudade
saudade ee
não receio proclamá-la
não receio proclamá-la oo maismais lindo
lindo porto
porto dodo inundo,
inundo,
como cidade sobranceira
como cidade sobranceira às às aguas
aguas acolhedoras
acolhedoras do do Tejo,
Tejo,
estirando-se
estirando-se pelas pelas suas
suas margens
margens ee internando-se
internando-se pelospelos
campos, já já conquistados
conquistados para para aa sua sua enorme
enorme aria
ária ur-
ur-
bana 1
Visitar Lisboa com um verdadeiro sentimento lusi-
tano
tano éé folhear
folhear deslumbradamente
deslumbradamente os os nossos
nossos oito
oito sé-
sé-
culos de de historia,
historia, aa que
que ela
ela imprime
imprime earact caract rr ee coesão.
coesão.
E'vê-la
E' vê-la dasdas alturas
alturas dada velha
velha alcaçova,
alcáçova, dominando
dominando aa
baía por onde
baía por onde sairam
sairam as as caravelas
caravelas ee as as naus
naus da
da conquista,
conquista,
e por
por onde
onde saiem
saiem todos
todos os os dias
dias os
os transatlânticos,
transatlânticos, que que le-
le-
29
Lisboa, porem,
porem, sendo
sendo imenso
imenso como
como valor
valor represen-
represen-
tativo, não é tudo no movimento de renovação na-
cionalista que
que sese produz
produz actualmente
actualmente nana nossa
nossa terra.
terra.
Em todos
todos os
os recantos
recantos dede Portugal
Portugal lia
ha uma
uma saudade
saudade
que recorda com orgulho a grandeza do passado e uma
aspiração de futuro, que a esse passado corresponda!
Vamos, por exemplo, à arte regional, que tem a
função muito especial de cie radicar o amor à terra, como
um dosdos meios
meios dede melhor
melhor aa sentir
sentir nas
nas suas
suas directas
directas
produções e -nasnas suas expressões imediatas no con-
tacto directo com o homem, e vemos que cia ela é hoje
uma expressão portuguesa mundialmente conhecida,
que pela força das circunstancias representa, moral e
economicamente, um grande valor positivo.
Todo o país hoje trabalha e produz, não só pelas
industrias que a guerra fez surgir, como pelas que já
existiam e se valorizaram ce pela agricultura que se
tornou um valor compensador. Mas, sobretudo, pela
valorização do capital humano, cujo labor é pago
duma forma mais justa.
Pode bem afirmar-se que o povo português sai
hoje da sua terra, mais pela fatalidade expansiva da
raça do que, verdadeiramente, pela necessidade ime-
diata que o obrigue a um exilio de trabalho compen-
sador.
Portugal renova-se em beleza, em força e, sobre
tudo, em aspiração febril de Arte que se imponha,
não só na graça ingénua da sua expressão popular e
tradicionalista, como
como no
no culto
culto da
da nossa
nossa grande
grande arte
arte do
do
passado e na expressão moderna do sentir.
A nossa propria
própria representação na grande Exposi-lixposi-
ção é uma palida
pálida amostra deste renovamento, não só
pelos valores humanos que procuraram o Brasil, numa
ânsia de fraternidade simpática, como pelo valor ma-
terial ec artístico que representou a propria
própria exposição.
mm
31
Isto sem
Isto sem falar,
falar, neste
neste momento,
momento, na
na Arte
Arte maxima,
máxima, como
como
expressão da Alma e do sentimento dum povo,
expressão da Alma e do sentimento dnm povo,' que
que éé
aa literatura,
literatura, ultimamente
ultimamente mal
mal conhecida
conhecida nono Brasil
Brasil ee que
que
éé necessário
necessário pôr
pôr em
em contacto
contacto directo
directo ee imediato
imediato com
com
todas as almas lusíadas.
Esse renovo
Esse renovo admirável
admirável da da naçào
nação vem vem da da certeza
certe7a
que existe
que existe instintivamente
instintivamente ein ein todos
todos os os corações,
corações, de de
que aa raça
que raça persiste,
persiste, apesar
apesar de de tudo,
tudo, no no seu
seu caminhar
caminhar
para
para unium grande
grande destino
destino de de que
que fizemos
fizemos aa nossa nossa féfé ee
aa nossa
nossa
f
imensa
imensa ee consoladora
consoladora religião.
religião.
t aqui,
aqui, no no Brasil,
Brasil, que
que mais
mais nitidamente
nitidamente se se percebe
percebe
o
o aproximar dessa hora em que a consciência nacio-
aproximar dessa hora em que a consciência nacio-
nalista dos
dos doisdois povos
povos se se haha de
de unir
unir numa
numa aliança
aliança tãotão
intima que
intima que reduzirá
reduzirá ao ao eterno
eterno silencio
silencio aqueles
aqueles que que não
não
tiverem aa sensibilidade
tiverem sensibilidade orgulhosa
orgulhosa da da raça
raça ee aa aspiração
aspiração
do seu destino cumprido.
Da
Da colaboração
colaboração portuguesa
portuguesa no no centenário
centenário do do Bra-
Bra-
sil, uma das que mais nos deve orgulhar
sil, uma das que mais nos deve orgulhar c a publica- c a publica-
ção da
ção da obra
obra monumental
monumental "A "A Historia
Historia da da Colonisação,,
Colonisação,,
que
que aa Colonia
Colónia muito muito inteligentemente
inteligentemente compreendeu
compreendeu
dever ser
dever ser oo nosso
nosso verdadeiro
verdadeiro monumento
monumento comemora- comemora-
tivo desta
desta data,
data, ein
em queque aa joven
joven nação
nação se se julgou
julgou capaz
capaz
de
de bembem se se governar,
governar, porque
porque assim
assim aa fizeram
fizeram os os pró-
pró-
prio^ filhos e irmãos de Portugal.
prios
E' dever
E' dever nossonosso levantar
levantar esseesse padrão
padrão glorioso
glorioso da da
nossa obra
nossa obra de de descoberta,
descoberta, penetração
penetração ee administração
administração
colonial, que
colonial, que entregou
entregou ao ao povo
povo brasileiro,
brasileiro, filhofilho dodo
nosso sangue
sangue ee do do nosso
nosso getiio,
génio, aa maior
maior Pátria
Pátria geográ-
geográ-
fica, que hoje existe no inundo.
Não podemos
Não podemos consentir
consentir que que sejam
sejam só só os
os brasileiros
brasileiros
ilustres,
dustres, como como Alberto
Alberto Rangel,
Rangel, Graça
Graça Aranha,
Aranha, ElisioElisio de
de
Carvalho ee tantos outros, que
antos outros, que conhecem
conhecem aa historiahistoria ee
dela
dela se se orgulham,
orgulham, os os únicos
únicos aa glorificar
glorificar os os valores
valores ra-ra-
ciais
ciais que fizeram o alvorecer brilhante deste grande
que fizeram o alvorecer brilhante deste grande
pais, fundamentalmente lusitano.
E
E' dever
dever nosso nosso trazer
trazer também
também aa contribuição
contribuição de de
estudo
estudo e de trabalho -que documente o generoso
e de trabalho -que documente o generoso ee no- no-
32
em face do
em face do interesse
interesse sagrado
sagrado do do futuro
futuro ee do do sonho
sonho
maior duma nova
maior duma nova civilisação
civilisação de de caracter
caracter lusitano,
lusitano, seráserá
sempre
sempre um um bem!
bem! Outras
Outras correntes
correntes imigratórias
imigratórias ha ha que
que
são valores perdidos
são valores perdidos para para oo nosso
nosso ideal;
ideal; núcleos
núcleos isola-
isola-
dos
dos aa anularem-se
anularem-se na na absorção
absorção forte forte de de nações
nações étni-
etni-
camente opostas àà nossa
camente opostas nossa ee para
para essas
essas sim,
sim, para
para essas
essas éé
que
que éé urgente
urgente lançar
lançar os os olhos
olhos ee vigiá-las
vigiá-las ee defendê-las
defendê-las
com energia!...
energia!...
O ensinamento que
O ensinamento que aa grande
grande guerra guerra nosnos deixou,
deixou,
veiu destruir por
veiu destruir por completo
completo as as utopias
utopias de de certos
certos espíri-
espíri-
tos, aliás bem
tos, aliás bem intencionados,
intencionados, que que julgam
julgam que que asas ideias
ideias
por mais belas
por mais belas que que sejam,
sejam, podem
podem vencervencer as as tendências
tendências
naturais da da humanidade
humanidade !... !...
Após
Após o o período,
período, que que poderemos
poderemos classificar
classificar de de teo-
teo-
ricamente cosmopolita, da
ricamente cosmopolita, da segunda
segunda metademetade do do século
século
XIX
XIX ee primeira
primeira década
década do do XX, XX, aa guerra
guerra veio,
veio, ee por
por
assim dizer mecanicamente,
assim dizer mecanicamente, pela pela propria
própria força
força esmaga-
esmaga-
dora dos factos
dora dos factos baralhou
baralhou ee destruiu
destruiu todastodas essas
essas ideias
ideias
que
que só só na na paz
paz se se podem
podem desenvolver
desenvolver ee tomar tomar aa apa-
apa-
rência de de verdades
verdades fundamentais.
fundamentais.
O
O queque nósnós vimos
vimos sairsair desta
desta guerra
guerra não não toi
foi uma
uma
nova humanidade unificada
nova humanidade unificada num num pensamento
pensamento comum, comum,
porque
porque essaessa humanidade
humanidade seria seria um um paradoxo
paradoxo contra
contra aa
Natureza,
Natureza, queque nemnem as as próprias
próprias religiões
religiões conseguiram
conseguiram ja- ja-
mais realisar, em
mais realisar, em absoluto,
absoluto, mesmo
mesmo nos nos períodos
períodos do do seu
seu
maior predomínio; mas
maior predomínio; mas simsim vimos
vimos resultar
resultar umum facto
facto
mais lógico, porque
mais logico, porque mais mais sese liarmonisa
harmonisa com com aa propria
própria
condição natural da
condição natural cl» vida,
vida, que
que foi foi oo renovamento
renovamento do do
amor pátrio, fortalecido
amor pátrio, fortalecido nos nos agrupamentos
agrupamentos raciais raciais que
que
naturalmente se formaram.
Ao contrario do
Ao contrario do que
que pensam
pensam aqueles aqueles teoristas,
teoristas,
que sese desgostam
desgostam da da humanidade
humanidade porque porque tem tem as as qua-
qua-
lidades inerentes
inerentes àà propria
própria especie,
espécie, destedeste choque
choque for- for-
midável
midável de de paixões
paixões ee interesses
interesses veio-oveio-o dispertar
dispertar ee
fortalecer esses
esses sentimentos
sentimentos inactosinactos no no ser
ser humano.
humano.
O homem esqueceu o egoísmo individualista dos
períodos de paz e prosperidade material, e compreen-
deu bem
bem intimamente,
intimamente, que que toda
toda aa suasua força
força reside
reside nasnas
raizes que o ligam á terra donde provem, à família a
que pertence, à raça que em sucessivas gerações o
35
ligam
ligam por por todos
todos os os filamentos
filamentos da da sua
sua propria
própria alma
alma àà
tradição
tradição do do passado
passado dando-lhe
dando-lhc oo sentimento
sentimento do do que
que jájá
viveu atravez das
viveu atravez das vidas
vidas sucessivas
sucessivas dos dos antepassados.
antepassados.
Da confusão ee do
Da confusão do sofrimento
sofrimento que que oo grande
grande cataclis-
cataclis-
mo trouxe, mais
mo trouxe, mais umauma vez vez resultou
resultou aa prova
prova de de que
que oo
homem
homem não não pode
pode furtar-se
furtar-se ao ao que
que representa
representa aa sua sua es-
es-
trutura moral ce física,
trutura moral física, queque éé oo interesse
interesse instintivo
instintivo da da
sua própria continuidade em
sua propria continuidade em acção e força. acção e força.
Eis, meus senhores,
Eis, meus senhores, oo milagre
milagre dada natureza,
natureza, que que mais
mais
do
do queque nunca
nunca tios nos aproximou
aproximou na na compreensão
compreensão do do fu-
fu-
turo e no profundo sentimento do
turo e 110 profundo sentimento do passado comum. passado comum.
No momento perturbado
No momento perturbado que que passou,
passou, oo Brasil
Brasil ee Por-
Por-
tugal sentiram instintivamente
tugal sentiram instintivamente aa fraternidade
fraternidade racial
racial que
que
os une e estenderam-se as mãos
os une e estenderam-se as mãos num movimento tão num movimento tão
espontâneo
espontâneo ee sincero,
sincero, que que aa paz
paz só
só oo pode
pode fortalecer
fortalecer ce
estreitar cadacada vezvez mais.
mais.
Dum
Dum lado lado ee do do outro
outro do do Oceano
Oceano os os dois
dois povos
povos
sentiram
sentiram ao ao mesmo
mesmo tempotempo aa necessidade
necessidade dc de sese afirma-
afirma-
rem, defendendo oo ideal
rem, defendendo ideal nacionalista.
nacionalista.
Mas
Mas aa boa boa ee sã sã ee lítil
lítil campanha
campanha nacionalista
nacionalista di- de
que
que estaesta grande
grande naçãonação brasileira
brasileira precisa,
precisa, tanto
tanto como
como
nós, portugueses, nunca
nós, portugueses, nunca poderá
poderá serser senão
senão um um redobra-
redobra-
mento
mento de de simpatia
simpatia aa unir-nos
unir-nos cada
cada vez
vez mais.
mais.
Entre
Entre oo Brasil
Brasil ce Portugal,
Portugal, nemnem sequer
sequer pode pode haver
haver
indiferença
indiferença ou ou alheamento,
alheamento, sem sem cometermos
cometermos um um crime
crime
contra oo nosso
nosso proprio
próprio sangue!
sangue!
Como
Como nenhumnenhum outro outro povo
povo saído
saído do do mesmo
mesmo tronco
tronco
vindo
vindo da da Europa,
Europa, oo português
português conservou
conservou nos nos dois
dois paí-
paí-
ses, que se
ses, que se procuram
procuram ee enlaçam
enlaçam atravez
atravez do do Atlântico,
Atlântico,
as qualidades que
as qualidades que lhe lhe deram
deram um um caracter
caracter inconfun-
inconfun-
dível.
Se
Se o o Brasil
Brasil quizesse
quizesse deixardeixar dede serser lusitano
lusitano pela
pela
força estravagante dum
força cstravagante dum nacionalismo
nacionalismo desorientado,
desorientado, dei- dei-
xaria
xaria dede serser oo Brasil,
Brasil, aa nação
nação gloriosa,
gloriosa, oo colosso
colosso queque
se impõe aa todas
sc impõe todas as as outras
outras nações
nações sul-americanas
sul-americanas para para
ser um conjunto
ser um conjunto desconexo
desconexo das das variadas
variadas correntes
correntes mi- mi-
gratórias,
gratórias, que que aa força
força étnica
étnica dada raça
raça temtem conseguido
conseguido
dominar
dominar ee caldearcaldear admiravelmente,
admiravelmente, numa numa unidade
unidade de de
pensamentos
pensamentos que que eu eu propria
própria acabo
acabo dc de constatar
constatar na na
minha explendida viagem atravez
minha explendida viagem atravez dos Estados Sul, dos Estados Sul,
36
Não
Não quero quero abusar
abusar mais
mais da da vossa
vossa bondosa
bondosa pacien-
paciên-
cia
cia!!
Perdoai
Perdoai o o tempo
tempo roubado
roubado nesteneste desfiar
desfiar de de concei-
concei-
tos
tos queque só só teem
teem porpor desculpa
desculpa oo intenção
intenção com com que que fo-
fo-
ram ditos, que
ram ditos, que éé oo mostrar-vos
mostrar-vos aa ternura
ternura imensa
imensa que que
sinto
sinto por por esta
esta grande
grande Pátria,
Pátria, produto
produto maravilhoso
maravilhoso da da
energia
energia da da raça,
raça, ee oo orgulho
orgulho imenso
imenso comcom que que assisto
assisto ao
ao
seu progresso ee ao
seu progresso ao caminhar
caminhar parapara oo futuro,
futuro, correspon-
correspon-
dendo
dendo ao ao destino
destino sagrado
sagrado da da imposição
imposição lusitana!
lusitana!
Senhores! l)eixai-me
l)eixai-me ter ter aa esperança
esperança de de que
que vós
vós
todos ficareis aa viver
todos ficareis viver comigo
comigo oo maiormaior sonho
sonho da da Raça.
Raça.
Que
Que o o Brasil
Brasil caminhe
caminhe àà frente
frente dasdas nações
nações latino-ame-
latino-ame-
ricanas, mantendo aa egemonia
ricanas, mantendo egemonia do do progresso
progresso dirigente;
dirigente;
como Portugal saberá
como Portugal saberá manter
manter aa egemonia
egemonia dos dos povos
povos
da Península, como
da Peninsula, como sempre
sempre oo fez fez na
na historia
historia do do pro-
pro-
gresso ee da da civilização
civilização moderna,
moderna, parapara sese unirem
unirem na na acção
acção
futura
futura que que havemos
havemos de de realisar
realisar ee impôr
impor ao ao mundo.
mundo.
ÉÉ preciso
preciso que que oo novo
novo idealismo
idealismo da da raça
raça viva
viva com-
com-
nosco
nosco em em fé fé ee aspiração
aspiração sempre
sempre crescente,
crescente, para para que
que
venha
venha já já inacto
inacto no no coração
coração das das crianças,
crianças, transmitido
transmitido
çom
çom o o sangue
sangue pelo pelo justificado
justificado orgulho
orgulho das das mães!
mães!
37
Minhas Senhoras:
A mulher
mulher tem tem oo orgulho
orgulho do do seu
seu sangue,
sangue, temtem oo santo
santo
cgoismo
egoismo da da suasua raça,
raça, temtem oo respeito
respeito sagrado
sagrado do do seuseu
solo,
solo, que que éé aa Pátria
Pátria dosdos seus
seus filhos
filhos ee dos dos seus
seus ante-
ante-
passados; ee por por isso
isso aa mulher—
mulher— em em todos
todos os os países,
países,
como
como o o foi
foi nono passado
passado ee oo será será no no futuro
futuro — — éé funda-
funda-
mentalmente patriota!
Mas oo seu seu patriotismo
patriotismo é, é, quasi
quasi sempre,
sempre, ee por por cir-
cir-
cunstâncias independentes da
cunstâncias independentes da suasua vontade
vontade — — mais
mais ins-
ins-
tinto do do queque raciocínio,
raciocínio, mais mais paixão
paixão do do que
que consciên-
consciên-
cia, mais ciúme do que orgulho, mais heroisino heroísmo do que
justiça!...
justiça!...
ÉÉ que
que aa mulher,
mulher, mal mal preparada
preparada para para asas lutas
lutas sociais
sociais
defende
defende assim assim instintivamente,
instintivamente, com com todos
todos os os defeitos
defeitos
ee também
também todas todas as as reais
reais qualidades,
qualidades, oo principio
principio sa- sa-
grado
grado da da continuidade
continuidade das das raças,
raças, adentro
adentro do do ideal
ideal da da
Pátria.
ÉÉ que
que nãonão ha ha quem
quem melhor
melhor compreenda,
compreenda, mesmo mesmo na na
obscuridade
obscuridade duma duma vida vida cheia
cheia de de modéstia,
modéstia, esse esse senti-
senti-
mento
mento que que parapara muitos
muitos homens
homens se se alarga
alarga subjectiva-
subjectiva-
mente, conforme os
mente, conforme os seus
seus interesses
interesses ou ou asas suas
suas mo- mo-
mentâneas
mentâneas paixões, paixões, ee na na mulher
mulher éé concentração
concentração dum dum
sentimento,
sentimento, que que muitas
muitas vezes vezes até até aa vida
vida contraria
contraria ee
faz retrair, mas
faz retrair, mas não não vence
vence jàmais!
jamais!
A mulher, na
A mulher, na suasua fundamental
fundamental função função materna
materna tem tem
em
em si si propria
própria oo verdadeiro
verdadeiro sentido
sentido da da palavra
palavra naciona-
naciona-
lismo,
lismo, que que veio
veio alargando
alargando progressivamente
progressivamente atravez atravez da da
família,
fainilia, de de civilisação
civilisação em em civilisação,
civilisação, desdedesde oo limite
limite
estreito
estreito da da sua
sua primitiva
primitiva caverna,
caverna, em em que
que ela
ela foi
foi aa pri-
pri-
meira
meira base base duma
duma sociedade
sociedade que que malmal sese reconhecia,
reconhecia, até até
ao alargamento máximo
ao alargamento máximo das das pátrias,
pátrias, queque sese desdobram
desdobram
em ambições de
em ambições de imposição
imposição civilisadora.
civilisadora.
O sentimento patriótico
O sentimento patriótico da da mulher
mulher éé maismais fácil
fácil de de
ser restringido, perante
ser restringido, perante aa hostilidade
hostilidade do do meio,
meio, no no ex-ex-
clusivismo
clusivismo da da família
família do do que
que alargar-se
alargar-se num num grande
grande
ideal extensivo àà humanidade.
ideal extensivo humanidade.
A historia de
A historia de todos
todos os os tempos
tempos está está cheia
cheia dede abne-
abne-
gações
gações ee heroísmos
heroísmos patrióticos
patrióticos da da mulhei
mulher ee não não conta
conta
grande numero de
grande numero de sacrifícios
sacrifícios femininos
femininos pela pela ideia
ideia abs-
abs-
tracta
tracta dumaduma grandegrande família
família ee duma duma grande
grande pátria
pátria co- co-
lectiva.
• 44
A mulher heróica
A historia
A historia especial
especial da da mulher
mulher brasileira
brasileira ee portu-
portu-
guesa está ainda por fazer, destacando-se apenas
guesa está ainda por fazer, destacando-se apenas como
como
padrões que que muito
muito alto
alto se
se erguem,
erguem, aa marcar
marcar osos factos
factos
mais gloriosos,
mais gloriosos, alguns
alguns nomes
nomes que que são
são pontos
pontos dede refe-
refe-
rencia a que todos se apegam quando se querem refe-
rencia a que todos se apegam quando se querem refe-
rir às
às qualidades
qualidades femininas
femininas da da raça.
raça.
Sem querermos
Sem querermos ultrapassar
ultrapassar os os limites
limites históricos
históricos dada
nacionalidade
nacionalidade ee ir ir buscar
buscar àà laboriosa
laboriosa ee rude
rude lusitana
lusitana
as qualidades
as qualidades atavicas
atávicas queque fazem
fazem da da mulher
mulher portugue-
portugue-
sa ee brasileira
sa brasileira as
as verdadeiras
verdadeiras fixadoras
fixadoras da da raça
raça ao
ao solo
solo
pátrio, vamos encontrar logo no alvorecer da historia
pátrio, vamos encontrar logo no alvorecer da historia
portuguesa (que é a historia comum dos nossos dois
países) aa acção
países) acção admirável
admirável da da Infanta
Infanta D.
D. Tereza,
Tereza, aa ver-
ver-
dadeira iniciadora da
dadeira iniciadora da nacionalidade.
nacionalidade. FoiFoi ela
ela quem
quem me-me-
HHi
45
lhor
llior interpretou a aspiração dos ricos-homens de En-
tre-Minho
trc-Minho ec Douro
Douro ec as as do
do povo
povo que que os
os tinha
tinha por
por
dirigentes e, inais
mais do que o marido, príncipe est cstran-
ran-
jeiro da fase medieval dos sem-pátria, que em nome
da fé e da Santa Cavalaria iam pelo mundo a defen-
der princípios abstractos e não a fundar pátrias novas,
foi ela que disputou corajosamente à irmã e ao cunha-
do a legitimidade c independência da sua herança.
E só depois de viuva, quando os ricos-homens de
Entre-Minho e Douro,^fortes
Douro,Jortes da ideia brilhante duma
Pátria a enfrentar-se cõm còm outras Pátrias, que nasciam
na confusão da Peninsula
Península espano-arabe, a viram incli-
nar-se pelos interesses de coração para os senhores da
Galisa, bateram com força as manapolas de ferro nos
copos das espadas c disseram a essa bela infanta, que
lhes tinha dado o direito duma Pátria: — "Retirai-vos
porque a vossa missão acabou! Enquanto fosteis o po-
litico hábil
hábil que
que defendeu
defendeu letra
letra aa letra
letra as
as palavras
palavras do do
contracto do vosso casamento; enquanto fosteis a enér-
gica regente do território que consideramos nosso;
enquanto fosteis
fosteis aa inspiradora
inspiradora dum dum pobre
pobre bom
bom prínci-
prínci-
pe que de França nos vein veiu em cata de aventuras, en-
tão sim! Nós vos tínhamos como senhora suzerana!
Agora queque reclamais
reclamais direitos
direitos dede actuar
actuar livremente,
livremente,
quando só só vos
vos reconhecemos
reconhecemos oo dever dever dede nos
nos dardar aa
independência duma Pátria, a vossa missão está aca-
bada ee para
para penhor
penhor dosdos direitos
direitos de de herança
herança basta-nos
basta-nos
o vosso filho.,,
De facto, em nome da nacionalidade que nascia
com todos os direitos dum organismo feito para a lu-
ta ee para
para oo triunfo,
triunfo, ninguém
ninguém hesitou
hesitou em em deixar
deixar conde-
conde-
nar ee vilipendiar
vilipendiar essa
essa mulher,
mulher, queque deixou
deixou como
como heran-
heran-
ça preciosa ao filho a energia 110 no querer e o sonho
politico que o sagrou fundador da Nação, que de facto
a mãe já lhe entregara com direitos à resistência he-
róica, que depois teve.
E no entanto, hoje, a oito séculos dc de distancia, e
vendo como
como aa Galisa
Galisa ee Portugal
Portugal teemteem crescido
crescido lado
lado aa
lado irmãs na origem, 11a na fala e 11ana resistência à absor-
ção de Castela, é-nos licito pensar se a aproximação
46
Foi
Foi oo motivo
motivo porque
porque aa rainlia
rainlia D.D. I.eonor
Leonor Teles
Teles não
não
conseguiu
conseguiu em em vida,
vida, como
como na na morte,
morte, serser desculpada
desculpada cm cm
seus erros ee estimada
seus erros estimada cin cm seus
seus talentos.
talentos.
Já vimos que
Já vimos que oo mesmo
mesmo sucedeu
sucedeu àà rainlia
rainlia D.
D. Tereza,
Tereza,
apesar
apesar do do seu
seu incontestável
incontestável valor,valor, ee pelapela historia
historia vaivai
sucedendo
sucedendo aa todas todas as as .que
que nãonão souberem
souberem compreen-
compreen-
der oo sentimento
sentimento português.
português.
Em oposição aa Leonor
Em oposição Leonor Teles,
Teles, queque se se perdeu
perdeu por por
atraiçoar
atraiçoar o o sentimento
sentimento nacional,
nacional, combinando-se
combinando-se com com
estrangeiros,
estrangeiros, temos temos aa heróica
heróica Deusadeu
Deusadeu MartinsMartins que que
salvou
salvou aa praçapraça de de Monsão
Monsão atirando
atirando para
para oo arraial
arraial espa-
espa-
nhol
nhol com com oo pão pão queque ordenara
ordenara da da ultima
ultima farinha
farinha exis-
exis-
tente
tente na na vila,
vila, gritando:—"Que
gritando:— "Que se se julgavam
julgavam que que os os
renderiam
renderiam pela pela fome
fome bembem enganados
enganados estavam,
estavam, poispois de de
sobra
sobra havia havia pão
pão para
para dar
dar aos
aos esfomeados
esfomeados de de Castela,,.
Castela,,.
EE em
em vista
vista deste
deste rasgo,
rasgo, osos sitiantes
sitiantes desistiram
desistiram de de
continuar o cerco.
EE oo que
que diremos
diremos de de Helena
Helena PiresPires ee dasdas suas
suas valo-
valo-
rosas companheiras, que
rosas companheiras, que nessa
nessa mesma
mesma defesadefesa das
das mu-
mu-
ralhas
ralhas de de Monsão,
Monsão, se se bateram
bateram comocomo soldados
soldados que que não
não
temem a morte ?!
Essas, como Brites
Essas, como Brites de de Almeida,
Almeida, aa tão tão afamada
afamada Pa- Pa-
deira
deira de de Aljubarrota,
Aljubarrota, são são oo símbolo
símbolo que que atesta
atesta aa ener-
ener-
gia inata na
gia inata na alma
alma da da mulher
mulher portuguesa.
portuguesa.
Ela
Ela éé bem
bem aa mulher
mulher do do povo
povo que que na na hora
hora suprema
suprema
aparece
aparece aa afirmarafirmar oo caracter
caracter indomável
indomável da da raça
raça ee se-
se-
renamente desaparece, integrando-se
renamente desaparece, integrando-se de de novo
novo na na grande
grande
colectividade afirmativa, que
colectividade afirmativa, que impôs
impôs ao ao mundo
mundo aa civili-
civili-
lisação moderna, quando
lisação moderna, quando se se julga
julga desnecessária.
desnecessária.
Brites dede Almeida
Almeida de de quem
quem aa tradição
tradição afirma
afirma queque
matou
matou sete sete soldados
soldados castelhanos
castelhanos com com aa pá pá do
do forno
forno éé
aa heróica
heróica simbolisação
simbolisação desse desse povo,
povo, sempre
sempre em em con-
con-
tacto
tacto comcom os os defensores
defensores da da Patria,
Pátria, quando
quando eles eles encar-
encar-
nam
nam o o idealismo
idealismo que que aa torna
torna eterna
eterna cc invencível.
invencível.
Para melhor aa fixarmos
Para melhor fixarmos em em símbolo
símbolo vamosvamos ler ler um
um
soneto que a tomou por assunto:
48
DC ALMEIDA
BRITES DE
Quando
Quando aa noiva noiva gentil
gentil desembarcava
desembarcava com com aa suasua
comitiva,
comitiva, parapara sese juntar
juntar aoao esposo
esposo que que ansiosamente
ansiosamente aa
aguardava, encontrou aa praça
aguardava, encontrou praça emem estado
estado de
de guerra,
guerra, pois
pois
oo rei
rei dede Pez
Pez aa vinha
vinha cercar.
cercar. A A formosíssima
formosíssima senhora
senhora
não
não se se intimidou
intimidou com com oo aparato
aparato bélico
bélico e,
e, abraçando
abraçando oo
moço guerreiro, lhe
moço guerreiro, lhe disse
disse aa rir:
rir: —
— "Muito
"Muito folgo,
folgo, senhor,
senhor
cm vir cm
cm vir em tãotão boa
boa ocasião
ocasião parapara vos
vos poder
poder ajudar
ajudar!..."
!..."
Fli entrando
entrando na na cidade
cidade começou
começou logo logo aa conduzir
conduzir pe-pe-
dras, cal ee agua,
dras, cal agua, 11ana faina
faina em
em queque andavam
andavam os os sitiados
sitiados
para
para aa defesa
defesa da da praça.
praça.
De tal maneira
De tal maneira oo seu seu gesto
gesto entusiasmou
entusiasmou os os valo-
valo-
rosos portugueses, que
rosos portugueses, que I).
D. Isabel
Isabel de de Castro,
Castro, suas
suas -li-
da-
mas
mas cc donzelas,
donzelas, formando
formando um um batalhão
batalhão aguerrido,
aguerrido,
nada mais fizeram
nada mais fizeram do do queque cuidar
cuidar dosdos feridos
(cridos cc velar
velar osos
mortos.
mortos. E E aa praça
praça defendeu-sc
defendeu-sc até até aos
aos últimos
últimos recursos,
recursos,
sem um desfalecimento
sem 11111 desfalecimento nem nem 11111a
uma hesitação,
hesitação, fazendo
fazendo
finalmente retirar os
finalmente retirar os moiros,
moiros, parapara maior
maior gloria
gloria do do
nome português.
português.
Falando
Falando 110 no heroísmo
heroísmo das das mulheres
mulheres portuguesas
portuguesas no no
Continente,
Continente, na na Africa
Africa cc na
na India,
índia, não
não podemos
podemos esquecer
esquecer
as mulheres pernambucanas,
as mulheres pernambucanas, que que tanto
tanto sofreram
sofreram ce lutaram
lutaram
cc tão
tão alto
alto levaram
levaram aa sua
sua coragem,
coragem, que que osos seus
seus feitos
feitos bem
bem
podem
podem ser ser igualados
igualados aosaos maiores
maiores da da antiguidade.
antiguidade.
Como
Como aa padeira
padeira dede Aljubarrota,
Aljubarrota, ClaraClara Camarão
Camarão éé
uma cxplendida encarnação
uma cxplendida encarnação da da mulher
mulher do do povo,
povo, apare-
apare-
cendo
cendo com com ímpetos
ímpetos dede leôa
leoa para
para defender
defender aa honra
honra da da
raça, desaparecendo, logo
raça, desaparecendo, logo após
após oo triunfo,
triunfo, 110
no anonimato
anonimato
da grande alma
da grande alma colectiva.
colectiva.
Brilhando sobre todos
Brilhando sobre todos os os nomes
nomes gloriosos
gloriosos da da his-
his-
toria
toria dada mulher
mulher luso-brasileira,
luso-brasileha, temos
temos que que recordar
recordar aa
pernambucana
pernambucana heróica,heróica, D. D. Maria
Maria de de Sousa.
Sousa.
Como Filipa de
Como Filipa de Vilhena,
Vilhena, oo símbolo
símbolo da da grande
grande
alma
alma das das mães
mães portuguesas,
portuguesas, sempre
sempre recordada
recordada comcom
devoção
devoção 11a na nossa
nossa terra,
terra, D.I). Maria
Maria dc de Sousa
Sousa aoao saber
saber
que
que os os filhos
filhos mais
mais velhos
velhos ce oo genro
genro haviam
haviam morrido
morrido
na luta contra
na luta contra oo cstranjeiro
cstranjeiro inimigo,
inimigo, enviou
enviou aa Matias
Matias
de Albuquerque os
dc Albuquerque os dois
dois queque ainda
ainda tinha,
tinha, de
de 1212 cc 14
14
anos, para que
anos, para que os
os utilisassc
utilisasse na na sua
sua brava
brava guerra
guerra con-
con-
tra os invasores
tra os invasores estrangeiros.
estrangeiros.
4
50
ram
ram aí ao filhas
filhas bem
bem dignas
dignas das das portuguesas,
portuguesas, que que do do ou-
ou-
tro lado do
tro lado do Atlântico
Atlântico lhes
lhes mandavam
mandavam os os filhos
filhos para
para paes
pães
dos
dos seusseus netos.
netos. LmEm quatro
quatro séculos
scculos de de historia
historia poucos
poucos
povos
povos podempodem apresentar,
apresentar, como como este,
este, um um tãotão grande
grande
numero
numero de de nomes
nomes femininos
femininos que que ilustram
ilustram aa sua sua histo-
histo-
ria, desde aa meiga
ria, desde meiga ee ticlfiel Marília,
Marília, queque ficou
ficou aa encher
encher
de'lendária
de'lendária ee melancólica
melancólica simpatia
simpatia os os alcantis
alcantis da da ve-
ve-
lha "Ouro Preto",
lha "Ouro Preto", até
até às
às voluntárias
voluntárias heróicas
heróicas da da inde-
inde-
pendência,
pendência, que que repetiram
repetiram como como soldados
soldados valorosos
valorosos oo
brado
brado do do moço
moço Imperador:
Imperador: ""Independência
Independendo, ou ou Morte!'
Morte!"
Portugal
Portugal deu deu àà Italia
Itália uma
uma dasdas mais
mais românticas
românticas figu-figu-
ras femininas da
ras femininas da sua
sua efemera
efémera ee generosa
generosa republica
republica Par-Par-
thenopeia,
thenopeia, essa essa linda
linda Leonor
Leonor da da Fonseca
Fonseca Pimentel,
Pimentel, poe-
poe-
tisa
tisa ee heroina,
heroina, que
que tão
tão nobremente
nobremente soube soube morrer
morrer 110 no
cadafalso infamante, pelo
cadafalso infamante, pelo sonho
sonho sempre
sempre belo belo dada Liber-
Liber-
dade
dade da da Fraternidade
Fraternidade ee Igualdade!
Igualdade!
O Brasil deu
O Brasil deu também
também àà Italia
Itália aa figura
figura quási
quási lendá-
lendá-
ria
ria dede Anita
Anita Garibaldi,
Garibaldi, queque soube
soube ser ser mulher
mulher heroina,
heroina,
digna companheira dum
digna companheira dum herói,
herói, que
que entrou
entrou pela
pela historia
historia
moderna
moderna com com todo
todo oo prestigio
prestigio da da lenda.
lenda.
Influencia da mulher
Influencia da mulher portuguesa
portuguesa na
na arte
arte ee na
na literatura
literatura
Sendo
Sendo aa nossa
nossa palestra
palestra 11111
um apontuado
apontuado de de notas,
notas, que
que
tem
tem sósó por
por fim
fim demonstrar
demonstrar aa persistência
persistência das das qualida-
qualida-
des excelsas da
des excelsas da raça
raça atravez
atravez da
da acção
acção feminina,
feminina, deixa-
deixa-
mos outros muitos
mos outros muitos nomes
nomes cc factos
factos queque nos
nos seria
seria grato
grato
recordar
recordar ee procuremos
procuremos dar dar um
um outro
outro aspecto
aspecto interes-
interes-
sante
sante da da vida
vida social
social da
da mulher
mulher portuguesa,
portuguesa, influindo,
influindo,
como influiu sempre,
como influiu sempre, nas
nas artes
artes ee nas
nas letras,
letras, não
não sósó em
em
Portugal como no
Portugal como no estranjeiro.
estranjeiro.
Logo
Logo na na primeira
primeira descendência
descendência de de Afonso
Afonso Henri-
Henri-
ques vamos encontrar
ques vamos encontrar umauma mulher
mulher de de alto
alto valor
valor não
não só
só
pelas suas qualidades
pelas suas qualidades de de politica
politica inteligente,
inteligente, como
como pela
pela
sua rara energia
sua rara energia e, e, sobre
sobre tudo,
tudo, pela
pela influencia
influencia queque
exerceu
exerceu na na cultura
cultura europeia
europeia dodo seu
seu tempo.
tempo. Trata-se
Trata-se da
da
52
Como
Como valoresvalores que que bem
bem se se devem
devem contar
contar na na maior
maior
grandeza
grandeza ee brilho brilho queque atingiu
atingiu aa civilização
civilização portuguesa,
portuguesa,
não podemos esquecer
não podemos esquecer as as três
três filhas
filhas do do rei
rei D.
D. Manuel
Manuel 1,1,
oo "Venturoso".
"Venturoso".
A infanta D.
A infanta D. Maria,
Maria, depois
depois de de ser
ser pretendida
pretendida pelos pelos
mais altos senhores
mais altos senhores da da Europa,
Europa, não não escol
escol .eu
.eu esposo
esposo ee
manteve,
manteve, adentroadentro da da explendida
explendida ee cultíssima
cultíssima corte corte dede
seu
seu pai,pai, uma
uma verdadeira
verdadeira academia
academia onde onde brilharam
brilharam os os
mais cultos espíritos
mais cultos espíritos femininos
femininos do do seu
seu tempo.
tempo. Eram Eram da da
sua- privança poetisas,
sua privança poetisas, artistas
artistas sabias
sabias que que mostravam
mostravam
os seus talentos
os seus talentos entreentre os os sábios
sábios mais mais cotados,
cotados, como como
sucedia
sucedia na na velha
velha Orccia.
Grécia.
Nesse
Nesse cortecorte da da mais
mais requintada
requintada cultura, cultura, brilhavam
brilhavam
os talentos de
os talentos de Camões,
Camões, Sá Sá dede Miranda,
Miranda, Gil Gil Vicente,
Vicente, ee
Bernardim Ribeiro... para
Bernardim Ribeiro... para sósó citarmos
citarmos dos dos maiores.
maiores.
Foi desse ninho
Foi desse ninho de de erudição
erudição ee graça graça intelectual,
intelectual, que que
saiu
saiu aa princeza
princeza D. D. Beatriz,
Beatriz, aa lindalinda exilada
exilada queque aa sorte
sorte
levou
levou para para oo pobre
pobre Ducado
Ducado de de Sabóia,
Sabóia, consmnindo-se
consumindo-se
de amor pelo
de amor pelo poeta,
poeta, como
como oo conta conta —para
—para aa eternaeterna ter-
ter-
nura de todos os corações
nura de todos os corações namorados namorados o livro
o livro das das
"Saudades",
"Saudades", que que se se chama
chama aa "Menina"Menina ee Moça". Moça".
A terceira, aa princeza
A terceira, princeza D. D. Isabel,
Isabel, foi foi aa maior
maior formo-
formo-
sura do seu tempo; mulher de
sura do seu tempo; mulher de Carlos V, Imperador daCarlos V, Imperador da
Áustria
Austria ee rei rei dede Espanha
Espanha ee dos dos Países
Países Baixos,
Baixos, cc mae mãe
dessa formidável figura, na expressão genial da vontade,
que
que foifoi Filipe
Filipe 1111 de
de Castela,
Castela, l.° l.° dede Portugal.
Portugal.
Por
Por aa verver morta
morta ee decomposta
decomposta aa sua sua beleza divina,
beleza divina,
oo Duque
Duque de de Gandia,
Gandia, grande
grande de de Espanha,
Espanha, gentil-homem
gentil-homem
dos mais opulentos
dos mais opulentos da da côrte,
corte, entrou
entrou no no claustre
claustre dc de pe-
pe-
nitencia
nitencia ee santificou
santificou oo nome nome de de Francisco
Francisco de de ^Borgia,
^Borgia,
que adoptara ao
que adoptara ao deixar
deixar oo mundo,
mundo, magoado magoado "porque "porque
tão grande formosura
tão grande formosura se se fizesse
fizesse ascorosa
ascorosa podridão!..."
podridão!..."
A influencia da
A influencia da mulher
mulher portuguesa
portuguesa nas nas cortes
cortes em em
que entrou como
que entrou como soberana
soberana éé bem bem evidente,
evidente, mesmomesmo
quando
quando se se não
não distinguem
distinguem pela pela formosura
formosura nem nem pelopelo ta-
ta-
lento como sucedeu com a princeza
lento como sucedeu com a princeza D.Catarina de Bra- D.Catarina de Bra-
gança, mulher do
gança, mulher do rei
rei Carlos
Carlos II de de Inglaterra,
Inglaterra, que que aden-
aden-
tro dessa côrte
tro dessa corte dada mais
mais degradante
degradante dissoluçãodissolução conse- conse-
guiu manter-se duma
guiu manter-se duma pureza
pureza de de lirio,
lirio, que
que aoao pr.pr. prio
prio
marido impunha respeito
marido impunha respeito ee ternura.
ternura.
55
As espalliaram-se
,\s senhoras das mais altas famílias espalharam-se
pelo Oriente, ajudaram a colonisação dos novos'arqui-
pélagos encontrados, vieram para o Brasil e auxiliaram
poderosamente a estabilisação duma vida, que sem elas
seria precaria
precária e difícil, sem raízes, como um arraial de
colonos. Com as senhoras portuguesas das mais ilus-
tres famílias que vieram para a colonisação do Brasil,
vieram as damas e donzelas, que trouxeram as artes e
industrias caseiras, que são aqui uma continuação de
Portugal.
A doçaria variada que é uma das características
da vida caseira no Brasil, é a continuação da variada
doçaria que em Portugal era fabricada para a fartura
das casas opulentas e nos conventos, que exploravam
essa simpática industria feminina em receitas privati-
vas e especializadas.
As rendas de bilros, hoje uma florescente industria
artística e regional do Norte do Brasil, como tudo quanto
representa o trabalho delicado da mulher, o trouxe-
ram as mulheres de Portugal para as mulheres da uova nova
pátria
patria de seus filhos.
Industrias, artes, maneiras, convivio, interesse lite-
rário e artístico, tudo fez parte daquele viver de família
tradicional portuguesa, que tão nobremente encetou a
grande vida brasileira, em pequenos núcleos de cultura,
que eram verdadeiros centros de arte, como foi Ouro-
Preto e outras cidades coloniais.
Esta é a nossa tradição comum, senhoras brasileiras
e portuguesas, este é o nosso orgulho, que não deve-
mos esquecer.
de
de oiro
oiro da da moderna
moderna actividade
actividade intelectual
intelectual feminina
feminina
do Brasil
Brasil?!
?!
Desde o Rio Grande ao Amazonas, de polo a polo
debte
deste imenso pais, quanta mulher que se impõe pelo
beu talento,
seu talento, queque trabalha
trabalha ee vence
vence na na luta
luta intelectual,
intelectual,
quantas vezes
vezes mais
mais dolorosa
dolorosa ee cruel
cruel dodo que
que as
as outras!...'
outras!...'
Sem pretender
pretender dar dar uma
uma lista
lista completa
completa de de valores
valores
mentais da mulher brasileira de hoje, não seria possí-
vel esquecer
esquecer os os nomes
nomes ilustres
ilustres dédé romancistas
romancistas comocomo
Albertina Berta cuja prosa nervosa e peiturbante' perturbante' é
toda sensibilidade reveladora; como Adrandina de Oli-
veira, aa riograndense
veira, riograndense de de tão
tão afto
afto valor;
valor; Crisantéme,
Crisantéme, aa
incansável psicologo
psicólogo da alma feminina de certos meios
modernos; AtariaMaria Lacerda
Lacerda de de Moura,
Moura, aa distinta
distinta mineira
mineira
que deixa
que deixa voar
voar oo coração
coração ee oo talento
talento atraz
atraz do
do sonho
sonho
duma sociedade
sociedade perfeita;
perfeita; poetisas
poetisas comocomo Zilah
Zilah Aten-
Men-
teiro, a interessante jornalista carioca, Walkiria Neves,
moça, aa viver
moça, viver oo seu
seu sonho
sonho de de ventura,
ventura, Gilka
Oilka MaeMae ado
ado
e tantas outras!. ..
Publicistas, educadoras, propagandistas, oradores
Margarida Lopes, Ataiiana
polemistas como Atargarida Mariana Coelho
(que bem
bem podemos
podemos literariamente
literariamente considerar
considerar brasileira)
brasileira)
Ana Cesar,
César, Carlinda
Carlinda Amorim,
Amorim, Julia Júlia Costa,
Costa, Perciliana
Perciliana
Duarte de
Duarte de Almeida,
Almeida, Ana
Ana Aurora,
Aurora, Ataria
Maria Amelia
Amélia Daltro
Daltro
Santos e outras cujos nomes não é possível dar em todo
o seu conjunto brilhantíssimo.
Dr.8
a
Não devos
Não devos também
também esquecei
esquecer sociologas
sociólogas como
como aa Dr.
Mirtcs
Atirtcs de Campos, a primeira senhora que se formou
advogada 110 no Brasil.
Alem destes poucos nomes que o acaso da memo-
ria me
ria me foi
foi lembrando,
lembrando, quantas
quantas ee quantas
quantas professoras
professoras
distintas, quantas e quantas senhoras em todas as pro-
fissões cc nono seu
seu proprio
próprio larlar influindo
influindo brilhantemente,
brilhantemente,
que são
que são oo orgulho
orgulho dodo nosso
nosso sexo
sexo ee da da nossa
nossa raçaraça 110
no
Brasil!
Propositadamente destacados dois nomes devemos
evocar neste momento, pelo que de nobremcnle belo
representam: são os de D. Rcvocata Revocata e D. Julieta de
Melo,
Ateio, as senhoras que todo o Rio Grande do Sul res-
peita e venera cornocomo relíquias sagradas.
50
59
Nesta cruzada do
Nesta cruzada do bem
bem que
que aa mulher
mulher portuguesa
portuguesa temtem
realisado atravez dos séculos, coloquemos bem alto,
bem acima de
bem acima de todos
todos oo nome
nome santificado
santificado pela
pela inteli-
inteli-
gência
gência ee pela
pela dôr,
dór, da
da nobre
nobre mulher
mulher de de Portugal,
Portugal, que
que
foi
foi aa rainha
rainha D.D. Leonor,
Leonor, mulher
mulher de
de D.
I). João
João 11.
11. E
li ela
ela que
que
do seu coração
do seu coração torturado
torturado de
de mãe
mãe ee dc
de esposa
esposa soube
soube
arrancar, à força de dedicação e ternura inteligente,
essa obra ainda
essa obra ainda hoje
hoje admirável
admirável cc bela
bela que
que se
se chama
chama "As
"As
Misericórdias", instituição, que veio disciplinar oe mr
lodisar a assistência publica 110 no alvorescer da Renas-
cença, quando a Europa se agitava numa crise social
perturbante c à qual o povo português soube imprimir
um rumo seguro.
62
imediatamente
imediatamente surgiram surgiram em em Portugal
Portugal actividades
actividades femi- femi-
ninas
ninas que que organisaram
organisaram aa defeza defeza patriótica
patriótica da da raça
raça.
Aos primeiros anúncios
Aos primeiros anuncios da da luta,
luta, quando
quando politica-
politica-
mente
mente ainda ainda se se não
não decidira
decidira aa entrada
entrada na na guerra
guerra um um
grupo
grupo de de poucas
poucas senhoras,
senhoras, adoptando
adoptando oo lema lema Pela Pela
Pátria,
Pátria, por por ela
ela trabalharam
trabalharam dando dando assistência
assistência aos aos sol-sol-
dados
dados das das nossas
nossas campanhas
campanhas de de Africa,
Africa, protegendo
protegendo ec
auxiliando
auxiliando as as famílias,
famílias, ee enviando
enviando para para os os aliados
aliados roupas
roupas
ee agasalhos
agasalhos de de que
que tanto
tanto careciam.
careciam.
Com
Com aa declaração
declaração públicapública da da guerra
guerra fundou-se
fundou-se aa
"Cruzada
"Cruzada das das Mulheres
Mulheres Portuguesas"
Portuguesas" cuja cuja acção
acção larga larga
ee multiforme
multiforme surgiu
surgiu com com uin um plano
plano de tle vida
vida futura,
futura, que que
marcava
marcava aa sua sua estabilidade.
estabilidade.
Com
Com umauma boa boa vontade
vontade ee uma_ uma energia
energia no no trabalho
trabalho
que não queria desmentir a
que não queria desmentir a acção masculina, as acção masculina, as se-se-
nhoras
nhoras que que fundaram
fundaram essa essa Agremiação
Agremiação protegei protegeram am as as
crianças
crianças que que aa idaida dosdos pais
pais para
para aa guerra
guerra deixava
deixava em ein
más circunstancias, deram
más circunstancias, deram assistência
assistência pelo pelo trabalho
trabalho às as
mulheres, protegeram os
mulheres, protegeram os velhos
velhos paispais dosdos soldados
soldados cha- cha-
mados
mados às às fileiras,
fileiras, cuidaram
cuidaram da da sua sua correspondência,
correspondência,
olharam oficialmente pelas suas
olharam oficialmente pelas suas pensões, trataram pensões, trataram de de
legalisar-lhes
legalisar-lhes aa família,
família, enviaram-llres
enviaram-lhes roupas roupas ee comida,
comida,
quando estavam em
quando estavam em França
França ee depois,depois, quando
quando presos presos
ua Alemanha, não
ua Alemanha, não quanto
quanto ee como
como desejavam,
desejavam, mas mas como
como
foi possível.
foi possível. '
Mas
Mas oo que
que aa "Cruzada"
"Cruzada" sobre sobre tudo tudo fez fez foi
foi dardar tuna
uma
valiosa assistência
valiosa assistência aos aos feridos
feridos mutilados
mutilados ee estropiados
estropiados
da guerra, criando
da guerra, criando oo "Instituto
"Instituto de de Reeducação
Reeducação que que
ainda hoje se
ainda hoje se mantém
mantém para para alargai
alargar aa sua sua acção
acção de de modo
modo
aa valorisar,
valorisar, pelo
pelo trabalho,
trabalho, todos
todos os os insuficientes,
insuficientes, alei- alei-
jados e estropiados, pois que a hora
jados e estropiados, pois que a hora é de aproveita- é de aproveita-
mento
mento de de todos
todos os os valores
valores humanos.
humanos.
Alem desse "Instituto"
Alem desse "Instituto" talvez
talvez uma uma das das obras
obras me- me-
lhores das que em toda a parte ficaram
lhores das que em toda a parte ficaram da guerra, a Cru- da guerra, a Cru-
zada' mantém asna
zada' mantém asna assistência
assistência às às crianças,
crianças, criando
criando aa obra obra
encantadora
encantadora dos dos "Casaes
"Casaes dos dos orfãos
órfãos da da guerra"
guerra" ee espe- espe-
rando que essa
rando que essa ideia
ideia realizada
realizada dê dê aa cada
cada orfão
órfão seu seu pro-
pro-
tegido uma pequenina
tegido uma pequenina casa, casa, que
que sejaseja oo seuseu bem
bem futuro,
futuro,
núcleo enraizador da
núcleo enraizador da família
família àà terra,
terra, queque lhelhe tirou
tirou oo n-npai
em nome dos interesses da Pátria!
em nome dos interesses da Pátria! Assim espalhados Assim espalhados
P5
66
*6
Como em
Como em Portugal,
Portugal, aa mulher
mulher no no Brasil
Brasil tem
tem dado
dado
às obras de
às obras de assistência
assistência ee de
de educação
educação oo generoso
generoso in-
in-
teresse da
teresse da sua
sua bela
bela alma.
alma.
Desde aa lei
Desde lei que
que libertou
libertou os
os filhos
filhos das
das escravas,
escravas, co-
co-
rajosamente firmada
rajosamente firmada por
por uma
uma senhora,
senhora, até
até às
às numerosas
numerosas
obras em
obras em plena
plena actividade
actividade nono Brasil,
Brasil, os
os nomes
nomes femi-
femi-
ninos são
ninos são um
um verdadeiro
verdadeiro rosário
rosário dede luz
luz ee de
de amor.
amor.
Citá-los seria dizer
Citá-los seria dizer oo que
que todos
todos bem
bem sabem
sabem cc alon-
alon-
gar esta
gar esta palestra
palestra que
que vai
vai sendo
sendo jájá demasiada,
demasiada, como
como
abuso da
abuso da vossa
vossa paciência.
paciência.
s
A influencia da mãe na raça portuguesa
As mães do
As mães do povo
povo português
português vivem vivem em em sacrificio
sacrificio ee
abnegação!
Elas vêem partir
tilas vêem partir os
os seus
seus filhos,
filhos, àsàs vezes
vezes crianças
crianças
ainda,
ainda, parapara aa grande
grande lutaluta do do trabalho
trabalho que que éé aa coloni-
coloni-
sação
sação destedeste grande
grande mundo,
mundo, pequeno
pequeno para para asas aspira-
aspira-
ções
ções da da nossa
nossa raça!
raça!
Elas estão habituadas
Elas estão habituadas aa ver ver parti'
partir osos seus
seus filhos,
filhos,
moços
moços na na flor
flor dada vida,
vida, para
para asas continuas
continuas guerras
guerras de de
afirmação
afirmação da da nossa
nossa soberania,
soberania, em em Africa,
Africa, na ua -Oceania,
-Oceania,
na Índia ee na
na India na China,
China, liça
liça valorosa
valorosa em em que
que se se mantém
mantém
sempre
sempre Alertaalerta oo heroismo
heroismo português.
português.
Quando
Quando se se tratou
tratou dada nosa
nosa participação
participação 11a na guerra,
guerra, elas
elas
aceitaram
aceitaram com com umauma resignação
resignação heróica
heróica oo facto
facto doloroso.
doloroso.
Era dever! Tinham
Era dever! Tinham que que marchar
marchar ee marchavam
marchavam em em
nome
nome da da Pátria,
Pátria, que que éé preciso
preciso 1.ourar!
i.onrar!
Quantas
Quantas ee quantas
quantas pobres
pobres mulheres
mulheres vieramvieram até até nós
nós
ee murmuravam
murmuravam numa numa prece
prece oo seu seu estribilho
estribilho sagrado:
sagrado:
— Se éé pela
— Se pela maior
maior honra
honra do do nosso
nosso Portugal,
Portugal, que que par-
par-
tam
tam ee que que mostrem
mostrem quem quem somos!...
somos!...
Pelas nossas mãos
Pelas nossas mãos passaram
passaram milhares
milhares de de cartas
cartas dosdos
soldados
soldados para para as as famílias
famílias ec destas
destas parapara eles.
eles. Atravez
Atravez
das suas letras
das suas letras insipientes
insipientes viamos
viamos aa filtração
filtração angus-
angus-
tiosa
tiosa dasdas lagrimas
lagrimas da da mais
mais funda
funda inquietação
inquietação ee sau- sau-
dade,
dade, masmas nem nem umauma única
única vezvez aa tragedia
tragedia miserável
miserável da da
covardia
covardia ee do do derrotismo
derrotismo se se escancarou
escancarou com com descara-
descara-
mento deante dos
mento deante dos nossos
nossos olhos!
olhos!
E' que esse
E' que esse sentimento,
sentimento, tão tão contrario
contrario ao ao caracter
caracter
português—feito
português—feito de de força
força ee de de imposição
imposição orgulhosa—
orgulhosa—
só na sombra
só na sombra poderia
poderia gerar-se,
gerar-se, só só na
na traição
traição poderia
poderia
medrar!
Não
Não o o sentiam
sentiam as as mulheres,
mulheres, não não oo compreendiam
compreendiam as as
mães
mães do do povo,
povo, dum dum tãotão forte
forte enraizamento
enraizamento atávico,atávico,
duma
duma tão tão graude
grande perseverança
perseverança nas nas tradições
tradições heróicas
heróicas
da raça, que
da raça, que éé comovidamente
comovidamente que que evocarei
evocarei sempre
sempre
um
um dosdos mais
mais belos
belos momentos
momentos dessa dessa tragedia
tragedia gloriosa,
gloriosa,
que passou por
que passou por nósnós num
num arrepio
arrepio de de dôr
dôr ee dede triunto,
triunfo,
que
que foi foi oo grupo
grupo das das oito
oito mães,
mães, vindas
vindas dasdas oito
oito pro-
pro-
víncias
víncias de de Portugal,
Portugal, parapara acompanhar
acompanhar os os soldados
soldados des- des-
conhecidos,
conhecidos, os os seus
seus filhos
filhos anonimos,
anónimos, mortos mortos glorio-
glorio-
sos das guerras
sos das guerras de de Africa
Africa ee da da Flandres.
Flandres.
68
60
Senhoras:
Senhoras
Diz-se que não há mulheres mais absorventes no
seu nacionalismo do que são as brasileiras e as por-
tuguesas.
Assim é e assim deve ser, porque assim o reclama
o interesse da raça! A mulher portuguesa pertencendo
a uma raça expansiva e forte, que vive na Ânsia duma
contínua emigração, precisa de amar com Inais ardor a
sua terra e sentir mais forte o orgulho da raça para
que os filhos levem bem vincado 110 no seu sangue, bem
impresso na alma o grande sentimento da Patria. Pátria. A
mulher tem a função fundamental de guarda das
qualidades e tradição da raça. Como a terra ela é a
fixadora e o reservatório de todas as energias raciais,
mormente dutn dum povo como o nosso, que aprendeu
cedo o caminho aventuroso da navegação, da con-
quista e da colonisação emigradora. <■<~
hmquanto
Kmquanto o homem, vai, se dispersa, luta e ganha
vai.se
novas qualidades, que nos filhos serão já já" imposições
raciais, filtradas pelos corações das mães, elas ficam,
vigiando o fogo sagrado do lar!...
b
r: quando o homem, depois duma existência dis-
persiva, cheia de trabalhos e de aventuras, volta à
terra bem amada, encontra ali todo o passado, todo o
encanto dos seus primeiros anos 11a na mulher da sua
raça.
Com ela revive todas as tradições, com ela eli revi-
70
gora
gora todas-ás qualidades ancestrais,
bodas-ás qualidades ancestrais, que
que forniam
formam oo
fundo étnico cc inconfundível
frindo étnico inconfundível da da nação.
nação.
Rcnov.vse
Renova-se ee fortifiea-se
fortifica-se nono amor
amor ee nono orgulho
orgulho do do
seu
seu nome, noine, revive
revive para
para aa continuidade
continuidade da da grandeza
grandeza
racial.
• AsAs mãesmães portuguesas
portuguesas vêem vêem voltar
voltar os
os filhos
filhos com
com ium tn
orgulho comovedor! Cada
orgulho comovedor! Cada um um que
que vem
vem triunfante
triunfante éé aa
sua
sua obra!obra !.■-■•
\ih não
não -há"filhos
há filhos queque mais
mais compreendam
compreendam oo sacrui-sacrifí-
cio
cio dasdas suas
suas mães
mães ee mais
mais ternura
ternura tenham
tenham no no seu
seu coração
coração
filial, do que os portugueses!
Velhos, novos, esquecidos
Velhos, novos, esquecidos da da fortuna,
fortuna, ricos,
ricos, pobres,
pobres,
felizes
felizes ou ou infelizes,
infelizes, nenhum
nenhum homem
homem português
português ouveouve
aa sangue
sangue friofrio evocar
evocar oo nome
nome sagrado
sagrado da da mãe
mãe que
que éé aa
evocação
evocação eeaa concentração
concentração de de todo
todo oo passado,
passado, oo ver-
ver-
dadeiro sentimento da Pátria e
dadeiro sentimento da Pátria e o orgulho da suao orgulho da sua
origem. ■■ ■■ --
A mulher
A mulher brasileira
brasileira necessita
necessita dede ser
ser também,
também, como como
é, profundamente nacionalista,
é, profundamente nacionalista, porque
porque aa ela ela aa natureza
natureza
confiou oo papel
confiou papel de de fixadora
fixadora da da imigração
imigração que que vem
vem
chamar áá vida
chamar vida aa imensidade
imensidade destadesta terra
terra que
que generosa-
generosa-
mente
mente foi foi dada
dada ao ao orgulho
orgulho da da nossa
nossa raça.
raça. ■
Á mulher
Á mulher portuguesa
portuguesa coube
coube o. o. parei
papel dede defensora
defensora
ee guarda
guarda das
das qualidades
qualidades da da raça.
raça. E'
E' ela
ela que
que cultiva
cultiva aa
terra na
terra na ausência
ausência do do homem,
homem, éé elaela que
que mantém
mantém com com
energia aa dignidade
energia dignidade da da família,
família, éé ela
ela que
que conserva
conserva as as
industrias regionais,
industrias regionais, que que lida
lida ee que
que trabalha
trabalha ee que que
administra com
administra com inteligência
inteligência os os bens
bens do do casal,
casal, que
que tan-
tan-
tas vezes oo marido
tas vezes marido abandona
abandona em em demanda
demanda doutrosdoutros
países, que
países, que aa suasua ambição
ambição mal mal enxerga
enxerga ee aa sua sua ânsia
ânsia
de se
de se expandir
expandir oo faz faz procurar
procurar afanosamente.
afanosamente.
Á mulher brasileira
Á mulher brasileira cabe
cabe oo papel
papel de de fixadora
fixadora ee
continuadora dessas
continuadora dessas qualidades,
qualidades, estando-lhe
estando-lhe reservado
reservado
oo papel
papel do
de companheira
companheira dos dos homens
homens que que hão
hão de de fazer
fazer
aa penetração
penetração intensa
intensa do do solo
solo para
para que
que oo Brasil
Brasil seja
seja aa
verdadeira terra
verdadeira terra prometida
prometida da da humanidade
humanidade de de amanhã.
amanhã.
Ambas sã»,
Ambas são- irmãs
irmãs no no sentimento,
sentimento, ambasambas são são grau-
grau-
71
•/I
des
de* no no desempenho
desempenho da da missão
missão que que oo destino
destino das das
coisas lhes entregou.
E
E dede tal
tal forma
forma ambas
ambas teem
teem oo sentimento
sentimento da da sua
sua
força, que é raro o estrangeiro casado com portugue-
sas
sas ouou brasileiras
brasileiras que
que em
em pouco
pouco tempo
tempo não não seja,
seja, pelo
pelo
coração, tão bom patriota como os nacionais.
E' essa uma
E' essa uma das
das grandes
grandes qualidades
qualidades absorventes
absorventes
da raça, vencendo
da raça, vencendo pelapela paixão
paixão ee pelo
pelo sentimento
sentimento da da sua
sua
própria
propria força.
Irmãs somos ee tão
Irmãs somos tão entrelaçadas
entrelaçadas em em nossa
nossa conjunta
conjunta
acção, que nenhum
acção, que nenhum dos dos povos
povos que que ligam
ligam na na origem
origem
aa Velha
Velha Europa
Europa ãà Nova
Nova America
America oo são são mais
mais dodo que
que
nós!
E' pois do
E' pois do nosso
nosso amor
amor que
que halia de
de partir
partir sempre
sempre oo traço
traço
de união, que
de união, que levará
levará para
para os
os mais
mais altos
altos destinos
destinos as as nossas
nossas
Pátrias irmãs.
Desculpai, senhoras, oo tempo
Desculpai, senhoras, tempo que que vos vos rouhei
roubei ee
aceitai com aa minha
aceitai com minha profunda
profunda estima
estima os os protestos
protestos de de
gratidão e de simpatia por esta terra
gratidão e de simpatia por esta terra fraternalmentefraternalmente
acolhedora
acolhedora parapara tudo
tudo quanto
quanto vem vem da da velha
velha Pátria
Pátria da
da
raça,
raça, oo Portugal
Portugal longiquo
longiquo queque vosvos amaama ee dede vós
vós sese
orgulha.
O Idealismo da
O Idealismo da Raça
Raça sempre
sempre heróica
heróica
e sempre
e sempre moça
moça
Patrícios
Senhores, Senhoras, Patricios
78
porque
porque entre entre tantos
tantos portugueses
portugueses que que neste
neste grande
grande país
país
conseguem
conseguem aíirinar-se afirinar-se valores valores que que todos
todos respeitam,
respeitam,
muitos
muitos ee muitos muitos vieram,
vieram, crianças
crianças ainda,
ainda, ee já já cheios
cheios da da
responsabilidade da vida!
Ha
Ha até até quem
quem alegue,
alegue, que que éé desamor
desamor das das mães
mães oo
deixarem
deixarem vir vir osos seus
seus filhos
filhos meninos
meninos para para asas grandes
grandes
incertezas
incertezas duma duma luta luta queque tem tem por por formidável
formidável arena arena uni
um
dos maiores países
dos maiores países do do mundo!
mundo! Mas Mas não!não! QueQue nãonão háhá
mulheres
mulheres que que maismais queiram
queiram ee mais mais se se orgulhem
orgulhem dos dos
seus
seus filhosfilhos do do queque as as nossas.
nossas. Mas Mas éé que,
que, acima
acima de de todo
todo
oo carinhoso
carinhoso anseio anseio dum dum coraçãocoração maternal,
maternal, ha ha nana mu-
mu-
lher portuguesa aa imposição
lher portuguesa imposição da da raça
raça queque ordena,
ordena, que que
imprime
imprime caracter caracter ee que que força
força aa vidavida na na aspiração
aspiração do do
triunfo.
Bem
Bem sabeis,sabeis, vós,vós, homens
homens de de Portugal,
Portugal, que que outróra
outrora
crianças partisteis, cheios
crianças partisteis, cheios de de fé,
fé, para
para aa conquista
conquista da da
fortuna,
fortuna, quantas quantas lagrimas
lagrimas visteis visteis brilhar
brilhar nos nos olhos
olhos dede
vossas mães!
EE no no entanto,
entanto, eram eram elas elas as as primeiras
primeiras aa esconder
esconder
com sorrisos aa sua
com sorrisos sua dor dor ee aa dizer-vos
dizer-vos com com toda
toda aa cora-
cora-
josa
josa fé: fé: —Ide,
— Ide, meusmeus filhos,
filhos, íazei-vos
fazei-vos homens!
homens!
Porque
Porque em em Portugal
Portugal só só se se éé homem
homem quando quando se se
realisa
realisa uma uma acção
acção ee se se impõe
impõe oo proprio
próprio nome nome como
como
uma forçaforça criadora.
criadora.
Se
Se isto isto não
não fosse
fosse aa verdade
verdade que que vósvós todos
todos conhe-
conhe-
ceis,
ceis, um um exemplo
exemplo vos vos daria
daria para para oo comprovar
comprovar adentroadentro
do
do meumeu propriopróprio sangue:
sangue: Minha Minha bisavó,
bisavó, que que ainda
ainda hoje
hoje
éé venerada
venerada ein ein cheiro
cheiro de de santidade
santidade numa numa terra
terra triste
triste
da Beira —
da Beira —feia
feia ee forte
forte — —(que(que éé aa Beira
Beira Alta
Alta dasdas ser-
ser-
ranias escalvadas) teve
ranias escalvadas) teve quatroquatro filhos
filhos queque partiram,
partiram,
quási crianças, para
quási crianças, para honrarem
honrarem oo nome nome herdado
herdado ee espa-
espa-
lharam
lharam aa sua sua fama
fama pelopelo inundo.
inundo.
EE tão
tão pouco
pouco ela ela sentiu
sentiu aa grande
grande dôr dôr dada ausência,
ausência,
que
que de de os os chorar
chorar cegoucegou ee já já os
os não
não viuviu voltar!...
voltar!...
No entanto ela
No entanto ela sorria
sorria ouvindo
ouvindo aa narração
narração que que de-
de-
pois
pois lhelhe faziam
faziam voltando
voltando da da Índia,
Índia, da da China,
China, da da Africa
Africa
dos Açores, do
dos Açores, do Brasil...
Brasil... dando dando por por bembem empregado
empregado
oo sacrifício
sacrifício dos dos seus
seus olhos,
olhos, pois pois que
que cies
eles se
se realisavam
realisavam
em orgulho dum
em orgulho dum nomenome honrado.
honrado.
Quatro
Quatro filhosfilhos teve
teve minhaminha mãe mãe ee todos
todos partiram
partiram do do
80
seu
seu ladolado ee todos
todas voltaram
voltaram aa procurar
procurar oo sorriso
sorriso da
da sua
sua
linda alma dc de ternura e dc
de força, daudo-Ilies
dando-Ihes a certeza
de terem
terem cumprido
cumprido oo dever
dever queque oo sangue
sangue nos
nos impõe.
impõe.
Ninguém compreenderá como vós, portugueses,
estas verdades, porque também vicsteis viesteis e fosteis labo-
riosos ee conquistastes
conquistasteis oo direito
direito dede impòr
impor socialmente
socialmente
o vosso
vosso nomenome pela
pela inteligência,
inteligência, pelopelo trabalho,
trabalho, pela
pela
persistência c pela coragem para as lutas modernas
de concorrência ce dc de competência, como outrora as
crianças —como vós fosteis - partiam para a Africa e
para a Indiaíndia a afirmar um nome, que nesse tempo só
se distinguia pela gloria dc de matar e dc de morrer com
honra.
Os anos passam por vós c não envelhecem a vossa
alma,
alma, sempre
sempre aa sonhar
sonhar aa maior
maior grandeza
grandeza da da Pátria;
Pátria;
porque não se sabe ser velho cm Portugal!
ti' que dentro de cada alma vive a eterna mocidade
E'
duma raça, que não desistiu nem poderia desistir do
triunfo, renovando-sc
renovando-se constantemente cm novas Pá-
trias que vão nascendo para a expansão da nossa
força!
lludem-se muito os estrangeiros, que superficial-
mente nos conhecem, julgando Portugal um país em
decadência, desorganisado e anárquico.
ti' certo
ri' certo que
que temos
temos atravessado
atravessado uma uma crise
crise bastante
bastante
grave, não exclusivamente criada por rós, mas reflexa
de
de quanto
quanto poroutros
poroutros países,
países, bem
bem mais
mais assustadora,
assustadora, tem
tem
surgido.
Mas é exalamcnte
exalamenfe porque essa crise é bastante
grave que a ninguém c licito íurtar-lhe furtar-lhe o seu apoio e
muito menos aos novos que, trabalhando por melhorar
as condições morais da vida, trabalham pelo seu pró-
prio bem; porque cies eles são o futuro, emquanto nós já
quasi nem somos o presente, mas o melancólico
passado!...
1:' aos novos que cumpre armazenar trabalho e fé,
!:'
sobre tudo muita fé, que é o alimento por excelência
da vontade,
vontade, parapara que
que oo diadia dcde amanhã
amanhã resplandeça
resplandeça
mais límpido, mais fecundo dc de alegria e força criadora.
. O grande mal das ultimas gerações, que ooegoismo egoísmo
81
do
do séculoséculo passado
passado fez fez dominantes,
dominantes, diremosdiremos mesmo,mesmo, oo
seu
seu crime, crime, foi foi preparar
preparar com com aa Mia -sua descrença
descrença dissol-
dissol-
vente
vente aa falência falência de de caracteres,
caracteres, que que nosnos atirariam
atirariam parapara
aa valavala comum
comum dos dos miseráveis,
miseráveis, que que mãonão teem
teem destinos
destinos
aa cumprir
cumprir nem nem deixam
deixam atraz atraz de de sisi uma
uma saudade
saudade nem nem
um interesse, senão
um interesse, senão fosse
fosse aa energia
energia reagente
reagente da da nossa
nossa
eterna mocidade.
Foi
Foi de de princípio
princípio uma uma pequena
pequena minoria
minoria que que reagiu,
reagiu,
mas
mas esse esse movimento
movimento sagrado sagrado de de amor
amor ee orgulho
orgulho pelapela
Pátria
Pátria ee respeito respeito pela pela raça,
raça, encontrou
encontrou no no povo
povo aa
grande
grande força, força, que que em em todos
todos os os tempos
tempos da da nossa
nossa histo-
histo-
ria
ria tem tem vincado
vincado duma duma maneiramaneira iniludível
iniludível oo direito
direito dede
vivermos
vivermos aa nossa nossa propria
própria vida vida ee afirmarmos
afirmarmos aa marcha marcha
para
para o o futuro.
futuro. E' E' aos
aos novos
novos que que cumpre
cumpre oo dever dever de de
rebustecerem
rebustecerem nos nos seus
seus proprios
próprios corações
corações oo amor amor ;\ tão
tão
nossa
nossa ee tão tão admirável
admirável terra terra portuguesa
portuguesa ee armarem-se
armarem-se
com
com aa fé, fé, que
que revolve
revolve montanhas,
montanhas, para para poder
poder cumprir
cumprir
oo destino
destino reservado
reservado aa uma uma raçaraça tão
tão vivaz,
vivaz, tãotão rica
rica dede
qualidades absorventes ee irradiantes,
qualidades absorventes irradiantes, como como éé aa nossa!
nossa!
Só morrem os
Só morrem os povos
povos que que nãonão teemteem consciência
consciência
do
do seuseu passado
passado ee aa crençacrença absoluta
absoluta no no futuro.
futuro.
Oranein
Ora nein uma uma nemnem outraoutra nosnos podem
podem faltar,
faltar, aa não
não ser
ser
que voluntariamente e traiçoeiramente
que voluntariamente e traiçoeiramente resolvêssemos resolvêssemos
suicidar-nos.
E, mesmo assim,
E, mesmo assim, oo povo,
povo, essaessa grande
grande forçaforça acumu-
acumu-
ladora de energias, mais uma
ladora de energias, mais uma vez saberia resistir ao vez saberia resistir ao
derrotismo
derrotismo ee ao ao egoísmo
egoísmo dos dos perturbadores
perturbadores da da sua
sua
marcha ascensional ee caminharia
marcha ascensional caminharia para para oo destino
destino que que asas
nossas qualidadades nos
nossas qualidadades nos apontam.
apontam.
No entanto, ter
No entanto, ter fé,
fé, nãonão éé bastante!
bastante! E' E' necessário
necessário
criar
criar com com essa essa grande
grande força força moral
moral uma uma atmosfera
atmosfera de de
crença colectiva que,
crença colectiva que, condensando
condensando um um grande
grande ee único
único
ideal, obtenha as
ideal, obtenha as condições
condições de de triunfo!
triunfo!
Por melhor ee mais
Por melhor mais belabela queque seja
seja umauma ideia,
ideia, sese não
nao
encontrar
encontrar em em outros
outros cerebros
cérebros aa simpatia
simpatia que que aa tornam
tornam
uma
uma forçaforça irradiante,
irradiante, logo logo murcha
murcha cc cai cai na
na terra
terra esté-
esté-
ril da indiferença.
ril da indiferença.
Ob povos, como
Os povos, como os os indivíduos,
indivíduos, não não realisam
realisam uma uma
obra grande se
obra grande se não
não tiverem
tiverem dentro
dentro de de si
si proprios
próprios um um
conjunto
conjunto de de qualidades
qualidades psíquicas
psíquicas que que se se exteriorizam
exteriorisam
82
Mas aa religiosidade
religiosidade dos dos povos,
povos, como
como aa dos
dos indi-
indi-
víduos, não
não implica
implfca fatalmente
fatalmente uma uma crença
crença neste
neste ou
ou
noutro qualquer
qualquer credo
credo dede dogmas
dogmas ec preceitos
preceitos de
de moral
moral
codificados, porque da mesma forma, em noine nome da
sciencia, em nome da justiça humana, em nome da
moral ee dos
dos preceitos
preceitos filosóficos,
filosóficos, asas maiores
maiores abnega-
abnega-
ções, os
os maiores
maiores sacrifícios,
sacrifícios, heroísmos,
heroísmos, devoções,
devoções, so-
so-
frimentos ee alegrias,
alegrias, teem
teem sido
sido feitos
feitos pelos
pelos homens.
homens.
O ideal filosofico
filosófico tem os seus mártires, os seus
santos e os seus apostolos
apóstolos e dispõe duma tão formi-
dável energia de bondade e de graça, como o ideal
sectarista de qualquer outra religião.
E chegamos, lógica e naturalmente, à conclusão de
que as formulas exteriores nada valem e sim o que é
necessário éé criar
criar em
em cada
cada povo,
povo, cc dar
dar aa cada
cada indivi-
indivi-
duo, a porção de idealismo necessário para que a sua
acção tenha a força imperiosa das grandes e inabaláveis
convicções.
A nossa raça está precisamente no ponto em que
este resultado pode ser fácilniente
facilmente atingido, se todas
as vontades inteligentes convergirem sinceramente
para o fim magnifico de criar um idealismo colectivo
da raça, sem exclusivismo duma religião que já hoje é
impossível unificar em
impossível unificar em todos
todos osos portugueses,
portugueses, diremos
diremos
mesmo, em todos os lusitanos, uns porque não perten-
cem a nenhuma, outros porque julgam outras superio-
res, outros mesmo porque são indiferentes às suas
formas exteriores e sem elas não ha imposição reli-
giosa.
O que c certo, porém, é que a raça portuguesa não
é propensa a uma religiosiosidade mística e contem-
plativa, antes se tem sempre intensificado i uma acção
de combatividade de que o proprio próprio florilégio portu-
guês é a convincente prova. Os nossos santos fazem
milagres portugueses, têem acção, têem alma nacional,
trabalham pela humanidade, mas ainda mais trabalham
pela propria
própria grei. Podemos bem dizer que o povo por-
tuguês é orgulhosamente idealista e não tem, nem
teve nunca, o sentimento duma verdadeira humildade
cristã.
85
que
que nuncanunca se se orgulhar
orgulhar da da origem
origem comum
comuin ee aos aos seus
seus
filhos
filhos aa certeza
certe7a de de que,
que, embora
embora afastados,
afastados, nunca
nunca são são
esquecidos.
EE deste
deste momento
momento grandioso
grandioso em em queque todos
todos estamos
estamos
unidos
unidos para para levar
levar aa cabocabo aa missãomissão que que nos
nos iinpoze-
iinpoze-
mos
mos de de confraternização
confraternização ee apoio, apoio, éé necessário
necessário que que
parta
parta uma uma nova
nova fasefase das
das relações
relações luso-brasileiras.
luso-brasileiras.
Todos que que conhecem
conhecem historia historia ee sociologia
sociologia sabem
sabem
perfeitamente que que os os interesses
interesses economicos
económicos imediata-
imediata-
mente seguem aa propaganda
mente seguem propaganda idealista,
idealista, torna..do-a
tornar.do-a com- com-
preensível à grande maioria, que se não movimenta
por questões
questões morais.
morais. ••
O interesse economico
O interesse económico é, é, por
por assim
assim dizer,
dizer, aa mate-
mate-
rialisação do do ideal
ideal ee aa formaforma como,
como, através
através de de todos
todos
os tempos, ele
os tempos, ele sempre
sempre se se definiu
definiu ee impôs.
impôs. Depois
Depois dos dos
iniciadores
iniciadores que que esboçam
esboçam os os movimentos
movimentos espiritual-
espiritual-
mente,*
mente,-numa numa grande
grande visãovisão abstrata,
abstrata, que que vae
vae áleni
alem das das
preocupações materiais, seguem-se
preocupações materiais, seguem-se os os realisàdores,
realisàdores, im- im-
pelidos
pelidos pela pela vontade
vontade impostaimposta espiritualmente,
espiritualmente, mas mas
imediatamente procurando procurando aa sua sua realisação
realisação no no inte-
inte-
resse material, que
resse material, que aa todos
todos se se impõe.
impõe.
Outro
Outro nãonão foi foi oo segredo
segredo dos dos grandes
grandes movimentos
movimentos
colectivos da humanidade.
Despresativamente, numa numa grande
grande ignorância
ignorância ee falta falta
de serenidade perante
de serenidade perante os os factos
factos históricos,
históricos, tem-sc
tem-se
falado muito no
falado muito no movei
movei comercial
comercial ee nos nos interesses
interesses ma- ma-
teriais
teriais da da guerra,
guerra, em em que que ainda
ainda estamos
estamos envolvidos,
envolvidos,
apesar
apesar das das chancelarias
chancelarias terem terem de de haha muito
muito ploclamado
ploclamado
aa paz.
paz. EE nono entanto,
entanto, esses
esses interesses
interesses ee esse esse movei
movei éé tão tão
lógico
logico ee humano
humano como como logico
lógico ee humano
humano foi foi sempre
sempre oo
inovei
inovei de de todos
todos os os movimentos
movimentos colectivos
colectivos sem sem exclu-
exclu-
são
são dosdos religiosos,
religiosos, como como oo mostra mostra oo movimento
movimento
árabe invadindo aa Peninsula
arabe invadindo Península sob sob oo pregão
pregão idealista
idealista da da
guerra santa; as
guerra santa; as "Cruzadas,,
"Cruzadas,, que que foram
foram aa ressaca
ressaca do do
mesmo movimento feito
mesmo movimento feito pelos
pelos europeus;
europeus; assim assim comocomo
teve
teve umum aspecto
aspecto mercantil
mercantil ee economico
económico oo movimento
movimento
portugés
portugês das das descobertas
descobertas ee conquistas,
conquistas, oo que que dede modo
modo
algum
algum nos nos apouca,
apouca, antes
antes pelo pelo contrario.
contrario.
Todas
Todas as as guerras
guerras são, são, de de principio,
principio, idealistas
idealistas por- por-
que
que aa força
força queque as as impõe
impõe éé aa ideia ideia dede grandeza
grandeza da da
83
E para
para terminar,
terminar, meus
meus amigos,
amigos, eu
eu só
só tenho
tenho uma
uma
palavra mais aa dizcr-vos
palavra mais dizcr-vos pois
pois que
que ela
ela representa
representa oo
meu profundo ee reconhecido
meu profundo reconhecido sentir
sentir —muito
—muito obrigada
obrigada
pela benevolência
benevolência comcom que
que me
me escutasteis,
escutasteis, gentileza
gentileza
mais aa juntar
juntar às
às que
que aa todos
todos devo
devo nesta
nesta terra!
terra!
^P^W-^^B
O Urbanismo
O Urbanismo
isuas causas
Suas causas —-Regresso
Regresso d
o terra
terra
1
OO Urbanismo
Urbanismo
Todo oo mundo
Todo mundo necessita
necessita hoje
hoje de
de realizar
realizar um
um grande
grande
esforço inteligente
esforço inteligente de de regresso
regresso àà terra
terra para
para enveredar
enveredar
pelo único
pelo único caminho
caminho queque nos
nos salvará
salvará dada ruína
ruína ee dodo de*
de-
sespero.
EE mais
mais do do que
que tudo,
tudo, ee necessário
necessário queque aa humanidade
humanidade
dê àà terra
dê terra oo seuseu amor
amor apaixonado
apaixonado ee fecundo
fecundo para
para apres-
apres-
sar oo seu
sar seu renovamento
renovamento pela pela sciencia
sciencia ee pela
pela industria,
industria,
que bem
que bem ligadas
ligadas àà agricultura
agricultura aumentarão
aumentarão prodigiosa-
prodigiosa-
mente aa riqueza
mente riqueza comum
comum ee trarão
trarão dede novo
novo aos
aos homens
homens
aa alegria
alegria expansiva
expansiva ee sã sã de
de viver.
viver.
Ora um
Ora um dos dos males
males de de que
que aa sociedade
sociedade vem vem
sofrendo éé oo urbanismo
sofrendo urbanismo exagerado
exagerado contra
contra oo qual
qual vai
vai
por essa
por essa terraterra fóra
fora umum clainôr
clamor apavorado,
apavorado, um um pregão
pregão
temeroso, anunciando
temeroso, anunciando oo proximo
próximo despovoamento
despovoamento dos dos
campos em
campos em beneficio
beneficio dasdas cidades.
cidades.
Antes "desta
Antes "desta guerra
guerra monstruosa,
monstruosa, aa conflagração
conflagração maismais
intensa e extensa de quantos se têem
intensa e extensa de quantos se têem dado no mundo dado no mundo
pelo menos
pelo menos até até onde
onde chegam
chegam .os.os nossos
nossos conhecimentos
conhecimentos
históricos, oo problema
históricos, problema do do excesso
excesso de de urbanismo
urbanismo vinhavinha
preocupando muito
préocupando muito tudos
todos osos que
que vêem
vêem ee sentem
sentem aa vida
vida
com inteligência.
com inteligência.
O urbanismo
O urbanismo exagerado,
exagerado, gritava-sc
gritava-sc de de todos
todos os os
lados, —eis
lados, —eis oo grande
grande perigo!
perigo!
Se aa cidade,
Se cidade, aa urbe
urbe continuar
continuar aa devorar
devorar oo homem
homem
chamando-o, atraindo-o,
chamando-o, atraindo-o, absolvendo-o,
absolvendo-o, na na insaciável
insaciável
96
07
Temos
Temos uni um ideal
ideal superior
superior dos dos nossos
nossos jkveres
jteveres so- so-
ciais para com o resto da Humanidade.
ciais para com o resto da Humanidade. E temos um E temos um
íacto com
tacto com que que nono seuseu tempo
tempo mal mal sese podia
podia contar:
contar: aa
Sciencia
Sciencia que que tem tem transformado
transformado oo n^undo, nyjndo, ee faz (az
brotar
brotar risos risos ee cantos,
cantos, oo bem, bem, aa alegria
alegria ee aa fartura,
fartura,
onde nessa
onde nessa arredada
arredada época época só só havia
havia lagrimas
lagrimas oc deses-deses-
peros ee resignação.
peros resignação.
Sim,
Sim, os os problemas
problemas sociais sociais apresentam-se
apresentam-se da da mesma
mesma
forma, desde
forma, desde que que se se dãodão factos
factos mais
mais ou ou menos
menos seme-seme-
lhantes:—o que
lhantes:—o que difere
difere éé oo remedio
remédio que que hoje,
hoje, mais
mais do do
que nunca, está
que nunca, está nana nossa
nossa mão,mão, emquajito
emquajito que que nesses
nesses
tempos era
tempos era embrionário
embrionário ee metafísico.!
metafísico.}
Tem sido
Tem sido enorme,
enorme, tem tem sido
sido uma
uma upopeia
epopeia homérica,
homérica,
que
que nosnos fazfaz curvar
curvar respeitosos,
respeitosos, ee ao ao mesmo
mesmo tempo tempo nos nos
orgulha, o pensar na luta grandiosa
orgulha, o pensar na luta grandiosa que a Humanidade que a Humanidade
vem travando,
vem travando, atravez atravez das das idades,
idades, contra
contra todas todas as as
forças
forças hostishostis da da impassível
impassível Natureza,
Natureza, com com aa únicaúnica
iorça
iorça da da suasua inteligência,
inteligência, que que aa leva
leva quási
quási dominada,
dominada,
senão vencida!
Ao contemplar oo ser
\o contemplar ser civilizado
civilizado ee culto,
culto, queque domi-
domi-
nou
nou os os terrores
terrores da da alma
alma embrionária
embrionária de de seus
seus avós,
avós,
levantou aa cabeça
levantou cabeça para para oo céu,céu, num
num desafio
desafio sublime,
sublime,
aperfeiçoou ee alindou
aperfeiçoou alindou aa própria
própria obra
obra da da Natureza;
Natureza; nós nós
devemos
devemos sentir sentir um um reconhecimento
reconhecimento sem sem limites
limites por por
esses primitivos
esses primitivos seres, seres, que que formaram
formaram oo primeiro
primeiro élo 61o
asceucional da
asceucional da cadeia,
cadeia, de de queque nósnós nao não sòmos
somos aindaainda
oo último!
último! Assim,Assim, desde desde que que uma uma civilização
civilização atinge
atinge oo
seu
seu maior e mais belo desenvolvimento, tr-da aa preo-
maior e mais belo desenvolvimento, toda preo-
cupação do
cupação do homem
homem éé exteriorisar
exteriorisar aa sua sua felicidade
felicidade ee oo
seu legitimo orgulho
seu legitimo orgulho de de criador
criador de de maravilhas.
maravilhas.
A história da habitação,
A história da habitação, que tem vindo que tem vindo aa acompa-
acompa-
nhar oo desenvolvimento
nhar desenvolvimento das das sociedades
sociedades com com uma uma fide-
fide-
lidade que
lidade que nosnos mostra
mostra como como num num livro
livro dede queque sese vol-
vol-
tem
tem as as páginas,
páginas, os os factos
factos que que comprovam
comprovam aa sequencia
sequencia
lógica-da
lógica evolução humana;
da evolução humana; da-nosdá-nos bem bem clara
claraacerk/a
a certe/a
do que
do que afirmamos!
afirmamos! O O homem
homem 110 no seu estado primitivo
SL-U estado primitivo
eontenta-se
contenta-se para para aa suasua vida
vida rudimentar,
rudimentar, somente
somente pre-a presa
às necessidades
às necessidades mais mais vulgare
vulgares, duma duma materialidade
materialidade
animal, com
animal, com aa caverna
caverna que que aa Natureza
Natureza cavou cavou nn. ss
rochas,'
rochas, ou ou nasnas montanhas
montanhas abruptas,
abruptas, com com oo ramo ramo da da
QP^
ee descabida
descabida vergonha
vergonha tem-se tem-se feitofeito cafr
cafr sobre
sobre esta
esta ver-
ver-
dade incontestável
dade incontestável aa mais mais ahsurda
absurda hipocrisia.
hipocrisia.
Todos nós
Todos nós somos
somos egoístas
egoístas ee só só raros
raros dentre
dentre nós nós
teem aa coragem
tc.em coragem bastantebastante de de oo confessar,
confessar, chamando
chamando
sobre si
sobre si osos protestos
protestos ee as as indignações
indignações de de quem,
quem, no no
fundo, o» éé tanto
fundo, tanto ou ou mais
mais do do queque esses
esses queque oo pro- pro-
clamam.
As mais
As mais belas
belas acções,
acções, como como as as.mais abjectas e-e-
. mais abjectas
vergonhosas, proveetu
vergonhosas, provêem da da mesma
mesma origem origem psíquica,
psíquica,
como da
como da mesma
mesma terra terra se se alimentam
alimentam as as arvores
arvores que que,
vergam ao
vergam ao peso
peso do do fruto,
fruto, com
com que que saciam
saciam aa fomefome da da
pobre viandante,
pobre viandante, cc os os cipós
cipós espinhosos
espinhosos que que rastejam
rastejam
pelo chão
pelo chão ee lhe lhe rasgam
rasgam os os pés pés doridos
doridos do do caminho.
caminho.
Não disfarcemos
Não disfarcemos com com palavras,
palavras,. maismais ou ou menos
menos
bonitas, um
bonitas, um facto
facto que que todos,
todos, os os que
que de de boaboa fé fé na.
na
própria alma
propria alma procuram
procuram os os porquês
porquês da da vida,
vida, encontram
encontram
sem dificuldade.
sem dificuldade.
fj por
fi' por egoísmo
egoismo que que nosnos sacrificamos
sacrificamos pelospelos nossos
nossos
amigos, pela
amigos, pela satisfação
satisfação que que nos nos causa
causa aa suasua alegria,
alegria, <l.1
sua felicidade
sua felicidade ;; como como cc por por egoísmo
egoismo que que muitos
muitos tor- tor-
turam tudo
turam tudo ee todostodos para para lhes
lhes impor
impor aa suasua noção
noção de de
felicidade. Tão
felicidade. Tão egoísta
egoísta éé oo que que só só pensa
pensa na na satisfação
satisfação
dos próprios
dos próprios prazeres,
prazeres, como como aqueleaquele que que se se sacrifica
sacrifica
pelos outros,
pelos outros, gosando
gosando intensamente
intensamente com com oo bem bem que que
por suas
por suas mãosmãos espalha.
espalha.
I:' egoísta
I:' egoísta oo medico medico que que se se esconde
esconde parapara nãonão ver ver
sofrer, numa
sofrer, numa impotência
impotência dolorosa,dolorosa, oo doente doente que que não não
pode salvar;
pode salvar; como
como éé egoístaegoísta aquele
aquele queque até
até aoao ultimo
ultimo:
instante procura
instante procura vencer vencer aa mortemorte ee gosagosa cumcom as as espc
espc;
ranças cc com
ranças com oo reconhecimento
reconhecimento do do moribundo,
moribundo, que que
já só
já só nele
nele temtem fé. fé.
I:' egoísta
ti' egoista oo que que esconde
esconde nas nas mãos
mãos avaras
avaras oo oiro oiro
que éé aa sua
que sua única
única alegria,
alegria, comocomo éé egoísta
egoista oo prod"go
pródigo
que oo espalha
que espalha sem sem conta
conta parapara satisfação^
satisfação da da sua
sua louca
louca
fantasia, dos
fantasia dos seus
seus vicios
vícios ee dasdas suas
suas paixões.
paixões.
li' egoísta
ti' egoista oo que que pratica
pratica oo mal, mal, como
como éé egoísta
egoista oo
que pratica
que pratica oo bem;bem; oo que que prega
prega aa bondade
bondade ee oo desinte-
desinte-
resse, como
resse, como oo que que faz faz cair
cair sobre
sobre oo seu seu semelhate
semelliate oo
férreo peso
férreo peso da da maldade.
maldade.
E' egoísta
E' egoista oo que que propagandeia
propagandeia os os mais
mais altos
altos ideais;
ideais;
100
11)0
o filosotp,
filosofo, oo santo,
santo, oo poeta;
poeta; comocomo da da mesma
mesma formaforma oo
éc oo mais mais indiferente
indiferente ou ou oo mais
mais despresível,
despresível, oo mais mais
infimo semeador de mentiras.
Porque todos,todos, convençamo-nos
convençamo-nos disso, disso, apenas
apenas nos nos
seus
seus actosactos procuram
procuram aa satisfação
satisfação de de umum desejo
desejo proprio,
próprio,
todos buscambuscam oo goso goso intimo,
intimo, aa felicidade
felicidade enfim!
enfim!
Não contrariando detcitos,
Não contrariando defeitos, que que são,
são, afinal,
afinal, qualida-
qualida-
des inerentes
inerentes ãá condição
condição humana,
humana, não não sese deve
deve espa-
espa-
lhar
lhar uma uma falsa
falsa moral
moral baseada
baseada na na mentira
mentira ee no no absurdo
absurdo
mas educareducar oo ser ser humano
humano de de forma
forma aa queque aa sua
sua felici-
felici-
dade consista
consista em em criar
criar aa alegria
alegria ee oo bembem dosdos outros.
outros.
Não
Não sc se lhe
lhe dê
de uma
uma falsa
faisa noção
noção da da existência
existência ee das das
necessidades da da vida,
vida, tazendo-o
fazendo-o crer crer que
que oo seu
seu alhea-
alhea-
mento,
mento, oo seu seu desinteresse
desinteresse podem podem trazer-lhc
trazer-lhe aa ventura
ventura
ambicionada.
Não! Convençamo-lo de
Não! Convençamo-lo de que
que tem
tem oo dever
dever de de serser
feliz ne*te
neste mundo
mundo ee contribuir
contribuir com com aa parcela
parcela minima
minima
da sua sua felicidade
felicidade parapara aa soma soma total
total dodo bem
bem estar
estar ee
da alegria
alegria colectiva.
colectiva.
Façamos com que a alegria de cada mu, um, o seu
triunfo, a sua satisfação, tenham por base o bem-estar, a
alegria, a satistação
satisfação alheia.
Não preguemos aa tristeza
Não preguemos tristeza de de viver,
viver, masmas aa sua sua
beleza criadora.
Não acatemos
acatemos os os queque nos nos pregam
pregam oo desprezo
desprezo da da
felicidade terrena,
terrena, porque
porque ela ela existe
existe de de facto
facto nana tran-
tran-
quilidade
quilidade das das consciências
consciências que que podem
podem encontrar
encontrar aa natu-
natu-
ral satisfação do
ral satistação do seu
seu egoísmo,
egoisino, espalhando
espalhando aa alegria
alegria cc oo
bem
bem estar estar porpor todos
todos os os que
que os os cercam.
cercam.
tE sendo
sendo oo homem,
homem, como como vimos,
vimos, um um ser
ser fundamen-
fundamen-
talmente inteligente
inteligente ee egoísta,
egoísta, criou
criou para
para seuseu bem
bem aa
sociabilidade,
sociabilidade. Frisa-o rrisa-o bem o povo na sua filosofia
instintiva:—"Só
instintiva: — "Só se se veja
veja quemquem só só sese deseja!,,
deseja!,,
Ora aa sociabilidade
sociabilidade humana humana desenvolve
desenvolve as as faculda-
faculda-
des
des da da inteligência
inteligência ee converte
converte em em virtudes
virtudes os os proprios
próprios
defeitos. Porque, se
defeitos. Porque, se esse
esse pobre
pobre serser tão
tão desprovido
desprovido de de
meios
meios de de defesa
defesa naturais,
naturais, procura
procura oo seuseu semelhante
semelhante ee
aa ele
ele se se liga,
liga, aoao principio
principio sob sob aa fornia
fornia primitiva
primitiva de de
clan
clan ou ou tribus,
tribus, ee emem sucessivos
sucessivos estádios
estádios chega
chega àà com-com-
plicada associação de
plicada associação de interesses,
interesses, que que são
são as
as sociedades
sociedades
101
•• Depois,
Depois, procura
procura oo seir seu seinelliaiite
semelhante pela pela necessidade
necessidade
intelectual
intelectual do do convívio,
convívio, que que sese desenvolve
desenvolve tanto tanto mais
mais
quanto mais
quanto mais cresce
cresce em em civilisaçâo.
civilisação.
A convivência
A convivência nem nem sempre
sempre quere quere dizer
dizer afecto;
afecto; às às
vezes nem
vezes nem significa
significa simpatia,
simpatia, mas mas éé sempre
sempre aa necessi-
necessi-
dade de
dade de.trocar impressões, de
.trocar impressões, de cambiar
cambiar conhecimentos,
conhecimentos,
de permutar
de permutar oo riso riso que
que se se comunica,
comunica, aa alegria
alegria que
que se ^e
torna mais
torna mais intensa,
intensa, as as lágrimas
lágrimas que que menos
menos custam
custam aa
chorar quando
chorar quando em em comum
comum sentidas.
sentidas.
E' bem
E' bem natural,
natural, portanto,
portanto, que oo homem
que homem procure
procure
sempre--de preferencia
stmprc preferencia aa habitação
habitação na na cidade.
cidade.
E' mesmo
E' mesmo um um facto
facto taltal nutural,
nutural, tãotão constatado
constatado por por
todas as
todas as civilisações,
civilisações, que que historicamente
historicamente conhecemos,
conhecemos,
que chega
que chega aa surpreender
surpreender oo brado brado de de estranheza
estranheza ee de de
.pânico
.pânico que que corre
corre dc de boca
boca em em boca
boca sobre
sobre oo perigo
perigo do do
uirbanismo exagerado
uirbanismo exagerado ee do do despovoamento
despovoamento dos dos cam-
cam-
pos ein
pos em benefício
benefício das das cidades...
cidades...
■ Eoi assim
Foi assim na linda
na linda Orecia Gréciaondeonde em balde
em balde o cida-o cida-
dão, oo simpático
dão, simpático professor,
professor, oo filosofo
filosofo de de clara
clara ee justa
justa
doutrina que
doutrina que era
era Plutarco,
Plutarco, chamava
chamava os os seus
seus patrícios
patrícios
ao viver
ao viver simples
simples dos dos campos,
campos, descrevia-lhes
descrevia-lhes as as vanta-
vanta-
gens da
•gens da vida
vida rural,
rural, ee clamava
clamava contra
contra aa existência
existência inteu-
inteu-
.sificada das
•sificada das cidades,
cidades, que que despovoavam
despovoavam as as províncias
província*
fazendo com
fazendo com que que faltassem
faltassem os os braços
braços parapara oo cultivo
cultivo
do pão e do vinho!
As suas
As suas lições
lições escutadas
escutadas com com respeito
respeito não não conse-
conse-
guiam desviar
guiam desviar aa corrente
corrente emigratoria
emigratoria que que jájá se
se fazia
fazia
■então, não
■então, não sõ sõ para
para cidades
cidades da da propria
própria Orecia,
Grécia, ifiasriias
para aa capital
para capital do do Império
Império essa essa RomaRoma avassaladora
avassaladora ee
magnifica.
Foi assim no soberbo domínio romano, onde era
tomado como
tomado como castigo,
castigo, sacrifício
sacrifício que que merecia
merecia oo su- su-
premo premio de ser chamado à capital, o ler um em-
prego, embora rendoso, nalgum recanto do vasto
Império.
E devemos
E devemos compreender
compreender que que assim
assim fosse,
fosse, poispois
seria uma
seria uma verdadeira
verdadeira prova prova de de coragem
coragem oo sair sair da da
super-civilização da
super-civilização da cidade
cidade eterna,
eterna, com coní osos seus
seus palá-
palá-
cios de mármore, floridos e perfumados, onde as tape-
çarias ee as
çarias as purpuras
purpuras de de Mileto
Mileto vedavam
vedavam recantos
recantos mais mais
103
Europn,
simbolisa o lôrpa, o pacóvio, tanto na velha Europa
como na joven América...
Se é o pobre, o trabalhador humilde e ignaro, que
vem ao povoado com a desconfiança natural de quem
lhe não conhece senão os enganos, é o saloio, o cam-
póuio que faz rir os alfenins da cidade.
Sc é rico, é o fazendeiro, o lavrador, que adulam
somente para lhe arrancarem das algibeiras fornecidas
o oiro ambicionado.
A mais insignificante costureira das cidades olha
com
coin ironia a pobre menina que se sente acanhada
fora dum meio que lhe dizem inferior, embora se
conheça mais ajuizada e mais instruída de que as suas
criticas.
O provinciano é sempre aos olhos do habitante da
cidade, um exótico necessário, para que ele possa con-
tinuar a sua existência mais fácil e agradável.
Ha
lia alguma justiça, ha alguma razão, ha alguma
verdade ou compreensão da psicologia humana em
tal procedimento, que contrasta com as catilinarias que
os moralistas pregam contra as cidades, donde são os
primeiros a não quererem sair?
Isto não cé razoavel
razoável nem lógico, pois o que é bom
para uns ha de fatalmente sê-lo para os outros, aliás a
justiça será uma palavra sem sentido.
Não falseemos a Natureza, não contrariemos a scien-
cia não—vamos de encontro aos seus preceitos sagrados!
A Natureza tez
fez todo o sêr providencialmcnte egoísta
porque sem este instinto nenhum entraria na luta
pela vida, de que resulta a natural selecção.
A siencia indica-nos o caminho por onde devemos
seguir para chegar ao nosso fim de felicidade colectiva
sem de forma alguma usar da violência,- que irrita e
não convence.
A'força,
A'força como escravos sem vontade... nem para
o céu a maior parte da gente desejaria ser levado.
Convicto, de bôa vontade, não ha inferno que não
pareça um paraíso. Como sempre, na filosofia natural
do povo encontramos razões que apoiam os nossos
acertos, pois lá diz nos seus aforismos; "O que é de
ioâ
108
111
Ill
O ser liumaiiu,
Oser humano, para se elevar moralmente e estimar
t respeitar a vida, necessita da Arte que enobrece a
existência, da alegria, do amor e do conforto!
A saúde
saude moral não se mantém muitas vezes no
habitante do campo porque a monotonia e a tristeza
dum viver sem compensações espirituais o mergulha
num invensivcl tédio, que lhe desorganisa o sistema
nervoso apresentando tantos exemplos de histeria ec
neurastenia, que a sciencia medica comprova.
Conhecendo bem de perto a vida da província em
Portugal, c mnum pouco a do interior do Brasil, especial-
elevadas—porque a vivemos e por-
mente a das classes elevadas—porquea
que nunca deixamos de a sentir atravez das confiden-
cias de amigas que contamos por todo o país, amigas
desconhecidas muitas, mis mas amigas, sem duvida, bem
certas, porque representam corações reconhecidos pela
campanha que de ha muito vimos fazendo pela eleva-
ção social e moral do nosso sexo—podemos bem dizer
o que é a vida triste das senhoras, que residem nas
provindas c nas colonias
colónias portuguesas.
A vida das altas classes rurais teve em Portugal,
como ainda hoje a mantém a Inglaterra—o único país,
talvez, que conseguiu fugir à pulverização territorial —
um brilho e- um encanto excepcional.
província em Portugal e do inte-
Houve terras de provinda
rior do Brasil, que se poderiam considerar umas peque-
nas cortes cheias de fausto, de elegância e de cultura.
Vila Rica foi aqui um explendido exemplo nos tempos
coloniais.
A extinção dos vínculos (medida aliás justíssima
porque nada mais injusto do que os privilégios here-
ditários) e a dos conventos de ordens contemplativas
— opulentos morgadios colectivos onde se abrigavam
todos os que não podiam, fóra,fora, manter o lugar que
os seus nomes impunham,—pulverisaram, por assim
dizer, os grandes domínios rurais e imprimiram à vida
provinciana uma nova orientação.
O povo deixou de ser o servo adstricto áà gleba e
ponde aspirar a tudo porque a tudo se pode chegar
na concorrência social em que alguns factores princi-
S
14
114
Uma vez,
Uma vez, era
era por
por umauma dessas
dessas incomparáveis
incomparáveis ma- ma-
nhãs translúcidas ee formosas
nhãs translúcidas formosas das das primaveras
primaveras em em
Portugal. Dir-se-hia
Portugal. Dir-se-hia que
que oo solsol vinha
vinha mais
mais límpido
límpido ee
mais tépido
mais tépido duma
duma longa
longa tnvessia
tnvessia através
através dodo espaço.
espaço.
O azul
O azul lavado
lavado ee intenso
intenso dava-nos
dava-nos aa sensação
sensação embria-
embria-
gante
gante ee felizieliz de
de vivermos
vivermos num num mundo
mundo muito
muito novo,
novo,
sem poeiras
sem poeiras ee semsem tristezas.
tristezas. I1'oda
oda aa passarada
passarada cantava
cantava
aa sua
sua alegria
alegria de de viver
viver ee os os campos
cnnpos lavado-
lavados pelas
pelas
ultimas chuvas, oireciam e nevavam-se das ilores flores sin-
gelas dos
gelas dos prados
prados ee das
das flores
flores prometedoras
prometedoras das das arvo-
arvo-
res, ,.
res, ,. Visitávamos
Visitávamos de de surpresa
surpresa uma
uma família
íamilia amiga,
amiga, que
que
m
m
çánios
çámos a apostolar no meio da indiferença de uns, da
má vontade de outros e da ironia de quàsi todos,
temos a consolação de ver as nossas palavras e as
nossas ideias, repetidas pelos homens mais representa-
tivos da sociedade. A mulher reclama, em toda a parte
do mundo, o direito de viver consigo propria própria e para
a sua propria
própria alma. E
ri quando a deixem, elacia saberá en-
cher com os seus proprios
próprios pensamentos a vida monó-
tona do campo. Encontrará nos seus livros e no tra-
útil e fecundo, as companhias mais úteis e que
balho util
melhor a podem divertir.
Muitos livros encontra hoje a mulher que a
orientem nos trabalhos e no viver util do campo: não
os falsos livros em que os filosofos
filósofos do século XVIII ec
princípios doXIXtaziam
do XIX faziam da vida campestre descrições
mentirosas, que na realidade era impossível encontrar,
criando assim aborrecimentos e desilusões; mas livros
verdadeiros e úteis que as ensinem a fazer da sua
casa o centro amável de todos os que as rodeiam, eotnocomo
a tirar o lucro de todas as coisas de que se pode fazer
uma
nina pequena industria.
Enbelezar, falseando a verdade, a vida eampezina é
prestar um mau serviço social. A mentira só serve
para criar desilusões e revoltas.
E' necessário que a mulher conheça o que a vida
rural tem de bom, pois como a vida das cidades,
ela tem coisas boas e coisas más. Para tudo lia com-
pensações, e em toda a parte podemos e devemos en-
contrar meio de tirar o maior partido de tudo o que
nos rodeia criando a felicidade propria
própria e com ela a de
todos sobre que possa exercera
exercer a sua beneíica
benéfica influencia.
Assim a mulher será no campo uma grande força
civilizadora, como indiscutivelmente o foi em tempos
idos.
Um
Uin outro meio existe que ela bem compreenderá
e auxiliara
auxiliará proporcionalmente; um meio que está de
acordo com a ra/ãorazão e com a lógica, não contrariando
de modo alburnalgum as características a que me reteri referi
atraz, e que são as qualidades inerentes ao ser hu-
mano:— o egoísmo, a inteligência ce a sociabilidade.
Lste meio é6 levar para o campo todos os bene-
liste
fícios da civilizarão, é tornar aí a vida tanto, otr od mais,
agradável, socialisar- e aproxi-
agradavel, do que nas cidades; é socialism
mar não só as classes abastadas como todas as pobres pobre*
criaturas, que vivem esmagadas pelo trabalho da terra,
sem fac;a ter da vida uma
sein um conforto espiritual que as faca
ideia mais nobre.
Nesta ordem de ideias, temos, em primeiro logar
de enfrentar corajosamente o problema do ensino pri-
mário e da escola, encarando a professora rural não só
como a mestra de primeiras letras das crianças, mas
também como a guia e orientadora do povo e em espe-
cial, das mães.
A professora rural, que é a pobre creatura que
aceita como 11111
um castigo a sua colocação fóra
fora da cidade
só porque não teve bastantes empenhos para fazer
proteger a sua colocação urbana, deve desaparecer
liara
para dar lugar a uma entidade completamente diversa
tornando-se cônscia da grande missão que tem de
cumprir.
:
lbalando
alando dcSSte
deste modo do professorado rural penso
no meu país, mais do que no Brasil porque não julgo
conhecer suficientemente este país para avançar afirma-
ções categóricas neste sentido.
Pois a professora rural no meu país é a pobre
menina d*, de tamilia modesta e quasi sempre pouco culta
que sai da Kscola Normal com a vaidade académica
dos inferiores, julgando ter conquistado o direito áA
consideração admirativa do mundo, quando apenas
merece a sua expectativa sôhresobre o valor a provar em
obras reais.
Sem conhecimentos práticos nem uma forte com-
preensão da responsabilidade que vai tomar tomar- sobre «5 us
seus ombros, ela vai ser Ser atirada sem preparo algum
■JJ
para
para as as mais
mais estranhas
estranhas ec mais mais diversas
diversas regiões
regiões do do
pais.
Caída
Caída tuim tuim meio
meio bisonho
hisonlio ee desconfiado
desconfiado éé imediata-
imediata-
inenle
mente posta posta numa
mima situação
situarão em em queque sósó umauma grande
grande in- in-
teligência, uma grande prática da vida social ce um
grande
grande fundo fundo de de energia
energia moralmoral ee bondade
bondade pode pode salvá-la
salvá-la
da inveja de
da inveja de uns
uns ee da da hostilidade
hostilidade dos dos outros.
outros. As As
mulheres
mulheres olham-na olham-na com com inveja,
inveja, os os homens
homens procuram
procuram
conhecer
conhecer as as Vias
suas qualidades
qualidades para para avaliar
avaliar dasdas suas
suas fra-
fra-
quezas e a pobre —muito cheia da sua pequenina
bagagem scientífica-—ou
scientífica—ou se isola desconfiada, ou se
baualisa.
banalisa. tan Lm qualquer dos casos anda mal.
A' professora rural.como
A' professora rural.como éé recrutada
recrutada no no nosso
no^so país,
país,
falta
falta quariquasi tudotudo parapara serser umum elemento
elemento civilizador
civilizador no no
campo, desde a idade até aos
campo, desde a idade até aos conhecimentos neces- conhecimentos neces-
sários
sários para para preencher
preencher um um lugar
lugar queque devia
devia seiser umum ver-
ver-
dadeiro sacerdócio de
dadeiro sacerdócio de lições
lições ee orientação
orientação moral moral entre
entre
o povo rude de que vai educar os filhos filhos.
Para evitar este
l\ara evitar este malmal aa professora
professora rural rural deverá
deverá ser ser
de futuro colocada
de futuro colocada em em condições
condições tais tais dede defesa
defesa moral
moral
ee de
de aproveitamento,
aproveitamento, que que corresponda
corresponda em em absoluto
absoluto ás as
necessidades
necessidade*, que o momento social exige.
Partindo
Partindo do do princípio
princípio geralmente
geralmente aceite aceite de de que
que aa
vida
vida no no campo
campo é6 um um continuo
continuo sacrifício
sacrifício espiritual,
espiritual,
começaríamos por pagar esse sacrifício generosamente.
Assim
Assim aa professora
professora ruralrural gosaria,
gosaria, alem
alem das das vantagens
vantagens
duma
duma boa boa habitação
habitação ee respectivo
respectivo terreno
terreno hortícola,
liortícula.um um
ordenado
ordenado superior superior ao ao da da professora
professora urbanaurbana que que tem
tem
outros
outros meios meios de de auferir
auferir lucros
lucros alemalem dos dos profissionais
profissionais
com
com liçõeslições particulares
particulares ee outros outros empregos
empregos que que na.nas
horas vagas pode exercer, meios.exteriores
horas vagas pode exercer, meios.exteriores de cultura de cultura
ee distração
distração em em museus,
museus, bibliotecas
bibliotecas ee sociabilidade.
sociabilidade.
A professora rural
A professora rural éé uma
uma isolada
isolada intelectual
intelectual e, e, por-
por-
que não convém que o seja, é necessário
que não convém que o Seja, é necessário que se lhe dêem que se lhe dêem
meios materiais para
meios materiais para continuar
continuar aa sua sua instrução
instrução ee não não
ficar atrazada 110
ficar atrazada no meio
meio da da civilização
civilização para para fazer
fazer parte
parte
útil
util dada qu.il
qual tem
tem de de preparar
preparar os os seus
seus discípulos.
discípulos.
Mas
Mas comocomo aa instrução
instrução media,
media, geral
geral que que éé aa Lscoln
líscola
Normal, não
Normal, não pode
pode preparar
preparar uma uma mulher
mulher de de vinte
vinte ee
poucos anos para o desempenho duma tão grande
124
Quanto mais
Quanto mais oo Brasil
Brasil mergulhar
mergulhar na na tradição
tradição portu-
portu-
guesa
guesa ee revigorar
revigorar os os velhos
velhos costumes
costumes dos dos verdadeiros
verdadeiros
fundadores da
fundadores da nacionalidade,
nacionalidade, chamando
chamando àà sua sua vida
vida
rural os
rural os valores
valores raciais
raciais que
que oo fortaleçam
fortaleçam etnicamente,
etnicamente,
mais
mais fácil fácil lhe
lhe será
será combater
combater oo urbanismo
urbanismo exagerado
exagerado
que éé um
que um perigo
perigo em em todatoda aa parte
parte ee mormente
mormente num num
país da
país da grandeza
grandeza deste,deste, que
que absorve
absorve os os rios
rios de
de sangue
sangue queque
paraêle
paraêle correm correm de de toda
toda aa parte
parte dodo mundo,
mundo, aumentando
aumentando
as suas
as suas cidades
cidades desporporcionalmente
desporporcionalmente aos aos campos
campos cuja cuja
riqueza está
riqueza está ainda
ainda mal mal explorada
explorada por por falta
falta de
de braços
braços cc
de corações
de corações que que amem
amem aa terra.
terra.
Vemos, pois,
Vêmos, pois, que
que oo regresso
regresso àà terra
terra cc uma
uma necessidade
necessidade
premente tanto
premente tanto nos nos velhos
velhos países
países tradicionais
tradicionais em em que
que
o homem
o homem se se sente
sente cansado
cansado de de por
por ela ela sese sacrificar,
sacrificar,
tomo nos
como nos paises
paises novos
novos onde
onde ainda
ainda se se não
não habituou
habituou aa
querer-llic.
querer-lhe.
C) problema
O problema está está posto
posto nestas
nestas condições
condições ee oo que que cé
necessário
necessário éé favorecerfavorecer por por todas
todas as as formas
formas oo regresso
regresso
;t;t terra,
terra, orientando-o
orientando-o com com critério
critério cc inteligência.
inteligência.
Para que
Para que isto
isto suceda
suceda sem sem violência
violência éé necessário
necessário
que
que as as populações
populações rurais rurais se
se tornem
tornem mais mais cultas
cultas dodo que
que
as da
as da cidade
cidade pois pois para
para oo serem
serem teem teem maismais tempo
tempo ee
menos distracção.
menos distracção. Que Que as as escolas
escolas se se multipliquem,
multipliquem,
que os
que os livros
livros sc se espalhem,
espalhem, que que cadacada núcleo
núcleo de de agri-
agri-
cultores tenha
cultores tenha aa sua sua associação,
associação, aa sua sua bibliotéca,
biblioteca, aa suasua
sala dc
sala de leitura,
leitura, ee enquanto
enquanto aa maioriamaioria fôr fôr analfabeta,
analfabeta,
lenha quem
tenha quem dia dia aa diadia ouou semana
semana aa semana,
semana, lheslhes leia
leia
tudo quanto
tudo quanto possa
possa interessar
interessar ee instruir,
instruir, ee lhes
lhes vá
vá também
também
contando os
contando os progressos
progressos que que aa Humanidade
Humanidade não não pára
pára
de realizar.
rt urgente
F urgente que que oo campo
campo se se torne
torne :: — —não
não o o desterro
desterro
mal sofrido
mal sofrido dos dos que que nãonão conseguem
conseguem empregar-se
empregar-se nas nas
cidades, mas
cidades, mas oo lugar lugar onde
onde melhor
melhor nos nos corre
corre aa
existência,
existência, mais mais docedoce ee mais
mais alegre
alegre aa vida vida sese apre-
apre-
senta.
Para isso
Para isso instituam-se
instituam-se as as grandes
grandes festasfestas rurais;
rurais;
conservem-se
conservem-se as as romarias,
romarias, que que sãosão osos restos
restos dosdos cul-
cul-
tos da
tos da Natureza
Natureza aos aos quais
quais oo nosso
nosso bom bom povo povo se se ape-
ape-
gou com
gou com tanta tanta inteligência
inteligência ee critério,
critério, queque séculos
séculos
de fanatismo
de fanatismo miàtico
mistico não não conseguiu
conseguiu destrui-las.
destrui-las.
129
129
se desprende sem
se desprende sem interesse,
interesse, ou ou dela
dela sese afasta,
afasta, porpor não
não
corresponder já já ao
ao seu
seu ideal!
ideal!
No entanto, éé necessário
No entanto, necessário que que elaela deixe
deixe de de serser aa
formiga
formiga laboriosalaboriosa que que no no seio
seio da da terra
terra oculta
oculta oo seu seu
imenso
imenso labor, labor, ee venlia
venha àà luz luz dodo dia
dia exercer
exercer oo seu seu ver-
ver-
dadeiro
dadeiro destino.destino. Não Não liaha razão
razão parapara queque continue
continue aa
esconder
esconder nos nos velhos
velhos cortiços,
cortiços, áá moda moda antiga,
antiga, aa mara-
mara-
vilha
vilha do do seu seu esforço
esforço inteligente.
inteligente.
Assentada comodamente sôbre
Assentada comodamente sobre aa maquina
maquina de de semear
semear
ou
ou de de lavrar,
lavrar, dirigente
dirigente de de industrias
industrias agrícolas,
agrícolas, cons-
cons-
ciente
ciente do do altoalto papel
papel social,
social, ela ela éé hoje,
hoje, finalmente,
finalmente, aa
dominadora
dominadora pelo pelo trabalho
trabalho inteligente
inteligente dessa dessa terra
terra aspera
áspera
que
que até até aqui
aqui aa temtem somente
somente escravisado!
escravisado!
E', enfim, aa dona
E', enfim, dona da da terra!
terra! EE comocomo os os proprietários
proprietários
teem
teem sido sido sempre
sempre os os mais
mais fortes,
fortes, cia,
cia, chamada
chamada ao ao seu
seu
verdadeiro
verdadeiro papel papel de de cultivadora
cultivadora ee guarda guarda territorial,
territorial,
será,
será, no no futuro,
futuro, aa melhor
melhor fiadora
fiadora dos dos destinos
destinos sociais!...
sociais!...
Minhas senhoras, éé aa vós
Minhas senhoras, vós principalmente
principalmente que que cabecabe
oo dever
dever de de cuidar
cuidar da da terra
terra ee transformar
transformar em em alegria
alegria ee
fartura
fartura oo apavorado
apavorado horror horror da da hora
hora presente,
presente, prégando
pregando
pelo exemplo oo regresso
pelo exemplo regresso àà terra,
terra, movimento
movimento salvadorsalvador
que
que se se torna
torna urgente
urgente realisar
realisar em em condições
condições de de triunfo
triunfo
e de
de felicidade
felicidade colectiva.
colectiva.
Se
Se aa mulhermulher portuguesa
portuguesa oo quizer quizer comcom todatoda aa suasua
alma enérgica de
alma enérgica de acção,
acção, àà qualqual tanto
tanto deve
deve aa raçaraça qneque
se impôs ao
se impôs ao mundo,
mundo, num num desdobramento
desdobramento de de força
força tal,
tal,
que chega aa parecer-nos
que chega parecer-nos uma uma tantasia
fantasia de de efabuladores
efabuladores
de lenda, ela
de lenda, ela tornará
tornará dessedesse lindo
lindo rincão
rincão da da Europa,
Europa,
que
que éé aa Patria
Pátria tradicional
tradicional da da raça,
raça, oo pomar
pomar ee oo jardimjardim
do velho mundo,
do velho mundo, porta porta triunfal
triunfal de de entrada
entrada por por onde
onde
todos
todos os os americanos,
americanos, do do sul sul ee do do norte,
norte, desejarão
desejarão
penetrar na na velha
velha terra
terra dos
dos seus
seus avós.
avós.
Nada
Nada ali ali nos
nos falta
falta para
para sermos
sermos os os primeiros,
primeiros, senão senão
aa vontade
vontade enérgica,euergica, aa persistência,
persistência, aa alegria alegria de de bem
bem
fazer,
fazer, queque só só aa educação
educação ee aa acção acção feminina
feminina traz traz às
às
sociedades mais mais avançadas.
avançadas.
EE se
se vós,
vós, senhoras
senhoras brasileiras,
brasileiras, oo quizerdes
quizerdes também,
também,
quanto
quanto vos vos ficará
ficará devendo
devendo aa imposição
imposição futurafutura desta
desta
Pátria
Pátria àà qual qual nósnós tanto
tanto queremos
queremos ee tanto tanto desejamos
desejamos
engrandecida
engrandecida pois pois que que elaela representa
representa uma uma dasdas maismais
134
nhã, quando
nhã, quando se se abrir
abrir oo nosso
nosso pavilhão
pavilhão de de exposição,
exposição,
que
que aa concorrência
concorrência de de produtos
produtos portugueses
portugueses será será aa
maior ee aa mais
maior mais variada
variada de de quantas
quantas vieramvieram aa este este
grande Brasil
grande Brasil comcom oo propósito
propósito de de lhelhe demonstrar
demonstrar
quanto
quanto éé amimado
amimado ee acarinhado
acarinhado por por todas
todas as as nações
nações
do mundo,
do mundo, como como uma uma das das mais
mais radiosas
radiosas ee consola-
consola-
doras certezas
duras certezas da da continuidade
continuidade da da civilização
civilização euro- euro-
peia, nesta
peia, nesta joven
jovcn América,
América, que que éé aa nossa
nossa filha
filha pre-pre-
dilecta.
O Sr.
O Sr. Comissário
Comissário Cerai Cerai da da Exposição
Exposição Portuguesa
Portuguesa
disse-nos aqui,
disse-nos aqui, ee tem-no tem-no repetido
repetido em em toda toda aa
parte,
parte, oo que que representa
representa para para os os portugueses
portugueses esta esta
demonstração das
demonstração das nossas
nossas amistosas
amistosas relações.
relações.
E dito
E dito por
por S. S. Ex."
Hx." nãonão éé necessário
necessário repeti-lo
repeti-lo aos aos
brasileiros,
brasileiros, mas mas tão tão somente
somente explicar
explicar aosaos portugueses
portugueses
alguns factos,
alguns factos, que
que parecerão
parecerão estranhos
estranhos aa quem quem de de ha ha
muito está
muito está afastado
afastado de de Portugal,
Portugal, ou ou para
para estes
estes assuntos
assuntos
não tem
não tem dirigido
dirigido aa sua sua atenção.
atenção.
Vou-me referir
Vou-me referir tãotão sónienb
somente às às pequenas
pequenas industrias
industrias
regionais artísticas,
regionais artísticas, porque
porque éé delas
delas que
que ha ha anos
anos venho
venho
cuidando
cuidando em em missão
missão oficial,
oficial, ee pelo
pelo voluntário
voluntário ee pessoal
pessoal
interesse que
interesse que sempre
sempre lhes lhes dediquei,
dediquei, como
como um um dosdos mais
mais
seguros factores
seguros factores do do resurgimento
resurgimento nacional
nacional pela pela tra- tra-
dição.
Tratamos, pois,
Tratamos, pois, de de rendas,
rendas, bordados,
bordados, tecidos,
tecidos, tape-tape-
çarias, olaria
çarias, olaria regional,
regional, obrasobras de de verga,
verga, de de filigrana
filigrana ee
outras pequenas
outras pequenas indústrias
indústrias que que já
já hoje
hoje começam
começam aa ser ser
em Portugal "grandes
em Portugal "grandes indústrias,,
indústrias,, no no resultado
resultado econó- econó-
mico, sem
mico, sem porpor isso
isso perderem
perderem aa sua sua bela
bela qualidade
qualidade de de
industrias artísticas,
industrias artísticas, regionais
regionais ee caseiras.
caseiras.
Parecrá estranho
Parec-rá estranho que que venhamos
venhamos dizer dizer que que isso isso
que aí
que aí vein
vem representa
representa oo fruto fruto duma
duma grande
grande ee intensa
intensa
propaganda, promovida
propaganda, promovida pelo pelo Comissariado
Comissariado ee feita feita
por intermédio dos
por intermédio dos seusseus agentes
agentes e, e, sobretudo,
sobretudo, da da
imprensa, que
imprensa, que bembem orientada
orientada ee dirigida
dirigida dumaduma forniaforma
inteligentemente patriótica,
inteligentemente patriótica, pela pela jornalista
jornalista Virginia
Virgínia
Quaresma, levantou aA ideia
Quaresma, levantou ideia dada concorrência
concorrência aa esta esta
exposição, como
exposição, como unia uma verdadeira
verdadeira devoção
devoção de de patrio-
patrio-
tismo?!
Toda
Toda aa imprensa
imprensa portuguesa
portuguesa se se movimentou
movimentou neste neste
139
cuidar
cuidar em em assuntos
assuntos de de oferta
oferta ee procura,
procura, seja seja umaunia coisa
coisa
palpável
palpavel o o esforço
esforço que que oo comissariado
comissariado realisou realisou para para
conseguir trazer para
conseguir trazer para oo deslumbramento
deslumbramento dos dos vossos
vossos
olhos
olhos ee para
para oo orgulho
orgullio dos dos vossos
vossos corações
corações lusitanos
lusitanos
isso
isso queque aí aí vem
vem ee desde desde já já sabemos
sabemos que que vos vos vaivai
enclier
encher de satisfação.
EE falo-vos
falo-vos com com tantatanta maior
maior convicção
convicção quanto quanto éé
eerto
eerto que que aa esta
esta obra obra apenas
apenas tenhotenho ligado ligado oo meu meu
coração
coração de de mulher
mulher portuguesa,
portuguesa, que que acima
acima de de tudo
tudo põe põe
oo orgulho
orgulho de de oo serser ee oo desejo
desejo de de que
que justiça
justiça se se faça
faça
quando
quando haja haja de de fazer-se,
fazer-se, nenhuma
nenhuma ligaçãoligação moral moral ou' ou'
material tendo com
material tendo com aa obra obra dodo comissariado.
comissariado.
Acostumada
Acostumada aa julgar julgar pela
pela minha
minha propria
própria consciên-
consciên-
cia
cia ee aa verver pelos
pelos meus meus proprios
próprios olhos,olhos, sem sem outro
outro
interesse,
interesse, queque não
não sejam
sejam os os da
da minha
minha PatriaPátria.e .e osos deste
deste
Brasil, que éé dela
Brasil, que dela oo mais
mais belobelo prolongamento
prolongamento moral, moral,
entendi
entendi de de meumeu dever
dever vir vir dizer-vos
dizer-vos duma duma forma forma es- es-
pontânea, clara
clara ee simples
simples oo que que me me parece
parece que que deveis
deveis
saber, isto é:
Que
Que o o facto
facto só só por
por si,
si, do
do envio
envio dos dos produtos
produtos que que
—
— emem breve
breve idesides verver — — desmente
desmente em em absoluto
absoluto aqueles aqueles
que
que emem superficiais
superficiais juisos juisos apregoam
apregoam oo desamor desamor ee aa
indiferença
indiferença da da metrópole
metrópole pelos pelos filhos
filhos que que no no Brasil
Brasil
labutam
labutam com com tanta
tanta coragem,
coragem, tantatanta fé fé ee tanta
tanta honra
honra por por
manter
manter bembem altoalto oo nome
nome português
português ee afirmarafirmar as as gran-
gran-
des qualidades
qualidades da da raça.
raça.
E' preciso não
E' preciso não confundir
confundir aa poucapouca ou ou nenhuma,
nenhuma, ou ou
mesmo nociva, acção
mesmo nociva, acção dos dos governos
governos com coin oo sentimento
sentimento
do povo, de
do povo, de nós
nós todos,
todos, da da nação
nação em em si si propria,
própria, comocomo
organismo
organismo vivo vivo queque trabalha,
trabalha, queque sente,
sente, que que sofre,
sofre, que
que
aina
ama ee queque pensa.
pensa.
Os governos (os
Os governos (os nossos
nossos como
como os os de
de todos
todos os os povos
povos
só em momentos
só em momentos excepcionais
excepcionais da da história
história éé que que refle-
refle-
ctem completamente oo sentir
ctem completamente sentir dosdos governados.
governados. Felizes Felizes
os homens que
os homens que têem
têem aa sorte sorte de de viver
viver num num desses
desses
momentos geniais dos
momentos geniais dos povos
povos em em que que aa ideiaideia da da raça
raça
toma corpo ee alma
toma corpo alma ee se se integra
integra nos nos seus
seus dirigentes!...
dirigentes!...
Portugal
Portugal teveteve já já esse
esse momento
momento nos nos dois dois grandes
grandes
séculos
séculos dada suasua Historia
Historia ec com com eleseles realizou
realizou oo maior maior
assombro dos dos tempos
tempos modernos.
modernos.
mmmmmm
141
E porque
porque aa raça
raça sente
sente em em si si propria
própria energias
energias para para
se renovar
renovar cmcm sonho
sonho ee em em acção,
acção, éé que
que temos
temos espe-espe-
rança de que outro grande momento se aproxima para
o qual,
qual, consciente
consciente ou ou inconscientemente,
inconscientemente, todos todos esta-esta-
mos trabalhando!
Espera-o, pois, meus
Espera-o, pois, meus senhores,
senhores, que que não não duvideis
duvideis
mais dodo carinho
carinho ee do do interesse
interesse dos dos irmãos,
irmãos, que que sese
encontram em em Portugal,
Portugal, porque
porque de de facto
facto oo sentimento
sentimento
do povo português
do povo português pelospelos queque andam
andam pelopelo mundo
mundo aa
mourejar ee aa espalhar,
espalhar, em em honra
honra ee em em proveito
proveito oo nomenome
sagrado da da nossa
nossa Patria,
Pátria, éé imenso!
imenso!
Não ha linda velhinha das nossas aldeias da Serra
ou
ou dada Beira-Mar,
Beira-Mar, queque nãonão reze
reze todas
todas as
as noites
noites aoao serão
serão
por aqueles
aqueles que
que partiram
partiram ee hão hão dede voltar
voltar umum dial...
dia!...
Não ha
ha moça
moça queque não
não cante
cante nasnas desgarradas
desgarradas das das
romarias, nas
nas mondas
mondas ee nas nas ceifas,
ceifas, aquelas
aquelas inúmeras
inúmeras
quadras queque oo folclore
folclore luso-brasileiro
luso-brasileiro recolhe
recolhe com com
todo oo cuidado,
cuidado, lembrando
lembrando as as continuas
continuas relações
relações de de
amores em que sempre vivemos. Não ha família de
Portugal que
que nãonão tenha
tenha uma uma recordação
recordação do do Brasil,
Brasil,
uma saudade
saudade ou ou um
um nome
nome aa enlear-se
enlear-se emem seuseu proprio
próprio
nome, como
como nãonão haha familia
família brasileira
brasileira que
que nãonão sinta
sinta no
no
seu sangue o calor dos beijos de Portugal.
Que importa,
importa, pois,
pois, que
que osos governantes
governantes nem nem sempre
sempre
compreendam as necessidades e desejos da Colonia? Colónia?
Compreendem-nos ee sentem-nos sentem-nos bem bem os os gover-
gover-
nados.
Ao vosso entusiasmo, ao calor com que respondeis
sempre a tudo quanto seja prestigiar o nome português
ec elevar em "laus-perene,, de almas o santo nome de
Portugal, a metrópole respende resprnde com o esforço, o
carinho ee oo interesse
interesse que que vem vem mostrando
mostrando em em vosvos
prestigiar aos olhos dos estrangeiros já não só nos
valores intelectuais e morais que vos envia, como no
entusiasmo comcom queque concorreu
concorreu á;í exposição
exposição para para queque
possais afirmar
afirmar queque aa vossa
vossa Patria
Pátria éé hoje
hoje uma uma nação
nação
que não só produz o que de melhor e de mais belo
entra nos mercados mundiais, como se prepara para
viver com honra á luz do dia, honrando os seus filhos
em qualquer parte do mundo em que se encontrem, por
142
144
pois, definitivamente no
pois, definitivamente no assunto,
assunto, começaremos
começaremos pelas pelas
rendas,
rendas, que que sãosão hoje
liojc uma
uma das das mais
mais belas
belas produções
produções
portuguesas
portuguesas cc entre entre elas,
elas, pela
pela "renda
"renda de de bilros,,
bilros,, queque
tem longínquas tradições
tem longínquas tradições entreentre nós.
nós.
A renda de
A renda de bilros
bilros queque se se fazia
fazia lia
lia séculos
séculos em em
todo o litoral português, manteve-se
todo o litoral português, manteve-se até há meio até há meio
século
século na na manifesta
manifesta inferioridade
inferioridade das das indústrias
indústrias que que
não
não saíam saíam da da produção
produção popular,
popular, sem sem ensino
ensino nem nem
incentivo.
iucentivo.
Quando
Quando se se diz
diz queque uma
uma indústria
indústria regional
regional representa
representa
aa tradição
tradição popular,
popular, isto isto não
não éé aa expressão
expressão da da verdade,
verdade,
em toda a sua completa nitidez e simplismo.
A arte popular
A arte popular descreve
descreve oo mesmomesmo idêntico
idêntico ciclociclo dos
dos
contos,
contos, das das quadras,
quadras, da da musica
musica ee de de tudo
tudo quanto
quanto oo
folclore colecciona e estuda.
Não
Não há há nada
nada que que mais
mais claramente
claramente demonstre
demonstre oo
simplismo
simplismo das das pessoas
pessoas que que teem
teem umauma cultura
cultura mediana,
mediana,
como
como o o quererem
quererem convencer
convencer oo públicopúblico de de que
que oo povo
povo
tem uma arte própria, por êlc próprio
tem uma arte própria, por êlc próprio inventada sem inventada sem
cultura prévia, por graça de Deus!
Não
Não éé assim,
assim, nem nem foi foi nunca
nunca assimassim! O O espirito
espirito
humano segue uma trajectória disciplinada
humano scfcue uma trajectória disciplinada a que não a que não
há fugir. É
há fugir. É por
por selecção
selecção que que se se formam
formam as as élítes
elites do
do
pensamento da arte e do valor próprio.
É dessas élítes
É dessas elites que que partem
partem todas todas as as iniciativas,
iniciativas,
todas
todas as as formas
formas superiores
superiores do do espírito
espírito cc éé quando
quando
descem
descem às às massas
massas que que se se vulgarizam
vulgarizam cc se se conser-
conser-
vam.
Vcem
Vcem dc de novo
novo as as "élítes,,
"elites» que que asas encontram
encontram des- des-
prestigiadas
prestigiadas ce as as elevatn
elevam daudo-lhe
daudo-lhe nova nova bi beleza
leza ee nova
nova
forma, para dc
forma, para de novo
novo cairem
cairem na na massa
massa que que as as adapta
adapta aa
sua força inconsciente.
É
É oo que
que sucede
sucede com com os os cantos
cantos ee contos
contos populares,
populares,
(que todas as
(que todas as nações,
nações, qua qua ido
ido entram
entram num.pcriodo
num.periodo de de
força e cultura renovadora precisam
força e cultura renovadora precisam integrar no pró- integrar no pró-
prio movimento, ee com
prio movimento, com tudotudo quanto
quanto religiosamente
religiosamente
procuramos
procuramos no no povo,
povo, porque
porque ele ele éé oo único
único que que sabe
sabe
conservar
conservar aa tradição,
tradição, exactamente
exactamente porque porque representa,
representa,
em certos momentos,
em certos momentos, aa estabilidade
estabilidade da da incultura
incultura que que
se não renova.
145
(>ra
Ora c o que sucede com as nossas
nossa? rendas c outras
artes, como iremos ver:
vêr:
A renda portuguesa, salvo um ou outro produto
trabalhoso saído dos conventos ou da habilidade
individual de alguma senhora de família distinta, não
conseguiu impòr-se pela moda; nenhuma noticia se en-
contrando além das que a história proclama como mo-
tivo de revolta feminina contra as leis suntnarias
suntuarias de
alguns reis.
As próprias rendas admiráveis do tesouro de S.
Roque, foram mandadas comprar em Flandres e em
França pelo rei D. João V.
No entanto as senhoras que ajudaram a coloni-
zação que os portugueses realizaram por todo o mundo,
não se esqueceram de levar nos seus arcazes e baús
de couro tacheado, os piques, as almofadas c as linhas
finíssimas para que as suas donzelas e escravas apren-
dessem a arte de tecer maravilhas com os bilros a
voltear entre os dedos hábeis. F assim nós vamoi vamos
encontrar nas ilhas as rendeiras tradicionais, na Indiaíndia
portuguesa e aqui 110no Brasil, especialmente no norte,
onde a renda cearence se pôde classificar uma pequena
indústria regional de tradição portuguesa.
No entanto os últimos 50 anos foram para a renda
em Portugal o momento Insto ico da sua grande traiis
histórico trans-
formação e elevação.
Pela teoria qne
que vimos enunciando, sem pruridos
a erudição, a renda portuguesa, que tinha descido
dos conventos e das famílias de tratamento para o
povo, mecanicamente se elevou 110 no dia em que
as classes cultas a foram buscar ao conservantisino
conservantistno
tradicional desse mesmo povo, que cé o reservatório
de todas as energias, a fonte pura e fresca onde
todas as raças têem de mergulhar para rejuvenescer
e progredir..
progredir.,
Porque o segredo da tradição e a lòrça
força inteligente
do tradicionalismo não é voltar a ser infantilmente o
que fomos, mas sobre isso que fomos criarmos nova
energia e novo idealismo, dentro da psicologia da raça.
Pois bem, as rendas portuguesas teem já hoje um
10
146
TRISTEZAS
TRISTEZAS
Na marcha da vida
Que vae a voar
Por esta descida
Caminho do mar,
Caminho da morte
Que me lia-de arrancar
O grito mais forte
Que eu posso exalar;
O ai da partida
Da patria,
pátria, do lar,
Dos meus e da vida,
Da terra e do ar;
Já perto da onda
Que ine
me ha-de tragar,
Embora
bmbora se esconda
No fundo do mar;
De noite e de dia
Me alveja no ar
O fumo que eu via
Subir do meu lar!
Que sonhos
bonhos doirados
Me estão aa"lembrar!
"lembrar!
Masjtempos passados
Não'podem
Não "podem voltar!
Carreira da vida,
Que vaes a voar
Por esta descida,
Vae mais devagar; •
Que eu vou deste mundo,
Talvez, descançar,
E nunca do fundo
Dos mares voltar!...
160
A
A VIDA
VIDA
Foi-se-mc
Foi-se-me pouco a pouco amortecendo
A luz que nesta vida me guiava,
Olhos fitos na qual até contava
Ir os degraus do túmulo descendo.
Em se ela anuveando, em a não vendo,
Já se me a luz de tudo amiveava;
anuveava;
Despontava ela apenas, despontava
Logo em minha
Logo em minha alma
alma aa luz
luz que
que ia
ia perdendo.
perdendo.
Alma gémea
Alma gémea dada minha,
minha, ee ingénua
ingénua ee pura
pura
Como os anjos
Como os anjos do
do céu
céu (se
(se oo não
não sonharam...)
sonharam...)
Quiz mostrar-me
Quiz mostrar-me que
que oo bem,
bem, bem
bem pouco
pouco dura!
dura!
Não sei se
Não sei se me
me voou,
voou, se
se ma
m'a levaram;
levaram;
Nem saiba eu nunca a minha desventura
Contar aos que
Contar aos que iuda
iuda em
em vida
vida não
não choraram...
choraram...
Também
Também em em Antéro
Antero se se pode
pode bembem reconhecer
reconhecer esta
esta
primeira fase do movimento, que nos conduz com
muita firmeza ao
muita firmeza ao sentimento
sentimento ee àà expressão
expressão nacionalista
nacionalista
do momento atual.
Antero renovou aa sua
Antéro renovou sua alma
alma ee aa sua
sua expressão
expressão dc de
português antes de
português antes de ter
ter adquirido,
adquirido, como
como depois
depois suce-
suce-
deu, toda aa cultura
deu, toda cultura filosófica
filosófica contemporânea
contemporânea ee pro pro-
curado individualmente uma
curado individualmente uma nova
nova verdade.
verdade.
Nas suas tão
Nas suas tão simples
simples quadras
quadras ao ao Mondego,
Mondego, que que são
são
dos seus primeiros
dos seus primeiros tempos
tempos de de Coimbra,
Coimbra, encontramos
encontramos
já expressa aa nova
já expressa nova forma
forma do do lirismo
lirismo português
português relacio-
relacio-
nado com oo passado
nado com passado através
através dumdum sentimento
sentimento popular
popular
cheio
cheio dede ternura
ternura pelas
pelas forças
forças naturais
naturais ee pelas
pelas coisa>
coisa>
que adquirem alma, pensamento e individualidade
que adquirem alma, pensamento e individualidade em em
toda
toda aa nossa
nossa verdadeira
verdadeira poesia
poesia popular:
popular:
Lindas águas do Mondego,
For cima olivais do monte!
Quando as águas vão crescidas
Ninguém passa além da ponte !
1*2
Península
Peninsula c define a alma da tia nova civilização c o
espirito que a anima.
Toda a sua obra, tnesmo
mesmo quando não concordamos
com o espirito imediato que a dirige, é um factor de
muita importância no movimento que se vem acen-
tuando cada vez com mais firmeza.
Oliveira Martins, mesmo quando quere contra-
riar o movimento expansivo da raça, preferindo ao
largo manto enfunado a todos os ventos da ambi-
ção idealista do Infante D. Henrique, o capelo
estreito do Regente, não consegue senão exaltar as
qualidades expansivas da raça e dar a certeza dum
renovamento místico que nos conduz a um novo
período de imposição civilizadora. Ajudando o movi-
mento e dando-llie,
dando-lhe, com a sua critica cheia de bom
senso, o contacto directo com o grande publico, que
necessita do riso pira
para destruir e do bom senso para com-
preender, surge Ramalho Ortigão. A sua prosa duma
beleza cristalina e sem largos vòos,
voos, é como um banho
lustral que limpa a sociedade portuguesa dos últimos
ridículos do romantismo e a impulsiona para uma
acçãp huinana
humana e fecunda.
É à sua critica, cheia de sensibilidade patriótica,
que principalmente se deve a ligação intima das novas
gerações com a alma do povo, sob o ponto de vista
da arte e dos costumes regionais.
Ramalho Ortigão é o revelador da paisagem e da
beleza da vida popular na sua rude e forte sensibili-
dade das coisas. Foi com êle, percorrendo as paisa-
gens montesinas, abeirandornos das ondas que veem vêem
morrer nas areias finas das nossas praias, correndo
feiras e romarias, que Portugal começou a reconhecer
reconl.ecer
c a compreender a arte e a tradição artística, que o
povo escondera, humilhado pelo desprezo dos que se
diziam cultos, para melhor a guardar como uma das
mais belas coisas da sua continuidade tradicional, fòrça
força
que já hoje pesa beneficamcnte
beneficamente 110 no movimento de
resurgimento nacional que vimos estudando.
Com Eça de Queiroz vein vem a renovação da forma
literária, que tomou sob os seus dedos nervosos,
lCn
Kit
inspirado
inspirado pela pela critica
critica amarga
amarga dum dum grande
grande orgulho
orgulho inte-
inte-
lectual que
lectual que se se sente
sente amesquinhado
amesquinliado pelo pelo meio meio conse-
conse-
guindo aa mais
guindo mais bela
bela forma
forma estctica
estética queque aa arte
arte ee oo senti-
senti-
mento
mento moderno moderno podem podem adquirir,
adquirir, ligando-se
ligando-se numa numa
pureza que
pureza que vaivai para
para além
além do do assunto
assunto ee do do momento
momento
que viveu,
que viveu, atéaté àà grande
grande tradição
tradição da da raça.
raça.
A personalidade critica
A personalidade critica ee amargurada
amargurada de de Eça
Eça ce aa
sua sensibilidade
sua sensibilidade estética
estética em em face
face dada natureza
natureza ee da da
verdadeira alma
verdadeira alma dodo povo
povo português,
português, tornam
tornam compreensí-
compreensí-
vel
vel oo lirismo
lirismo em em prosa
prosa dede Fialho
Fialho de de Almeida,
Almeida, todo todo
impregnado dum
impregnado dum forte
forte regionalismo
regionalismo ee duma duma plastici-
plastici-
dade amorável
dade amorável ou ou caricatural,
caricatural, que que será será eterna
eterna em em
alguns trechos
alguns trechos das das suas
suas paisagens
paisagens ee em em algumas
algumas figu- figu-
ras
ras tão tão vividas,
vividas, tão tão realistas
realistas como como os os barros
barros de de
Machado de
Machado de Castro,
Castro, maravilha
maravilha da da sensibilidade
sensibilidade artís- artís-
tica do
tica do povo
povo português.
português.
A par destes
A par destes grandes
grandes valores
valores construtivos
construtivos da da raça
raça
vêem as
veem as duas
duas maiores
maiores sensibilidades
sensibilidades literárias,
literárias, que que
são Guerra
são Guerra Junqueiro
Junqueiro ee Gomes
Gomes Leal. Leal.
Apanhados
Apanhados por por este
este grande
grande movimento
movimento de de criação
criação
ee transtormação
transformação da da ideia
ideia religiosa,
religiosa, oo génio génio incons-
incons-
ciente que
ciente que os os domina
domina eleva-os
eleva-os na na manifestação
manifestação do do seu
seu
lirismo
lirismo cheiocheio de de pureza
pureza ee de de simplicidade
simplicidade tradicional.
tradicional.
Em Gomes
Em Gomes Leal Leal oo misticismo
misticismo religiosoreligioso atingeatinge oo
máximo da
máximo da pureza
pureza ee dada simplicidade
simplicidade lirica lirica cmcm algumas
algumas
das mais lindas
das mais lindas paginas
paginas da da Historia
Historia as de Jesus.
Jesus.
Aquele que
Aquele que foi
foi oo autor
autor irreverente
irreverente de de tantas
tantas poesias
poesias,
de revolta
de revolta éé na na sua
sua comunhão
comunhão coin com as as criancinhas
criancinhas dum dum
lirismo suave, como
lirismo suave, como se se tivesse
tivesse de de ser ser recitado
recitado num num
mistério religioso
mistério religioso do do Natal,
Natal, numa
numa igreja
igreja para para aa almaalma
simples do povo.
Basta dizer algumas
Basta dizer algumas quadras
quadras dessadessa Historia
Historia sem sem
par, para que da sua pureza e simplicidade
par, para que da sua pureza e simplicidade lirica st- lirica se
tire' aa ligação,
tire' ligação, embora
embora inconsciente,
inconsciente, com com aa tradição
tradição
popular:
Ó pombas que
Ó pombas que andais
andais voando
voando
Sobre as
Sobre as nuvens,
nuvens, ee as as bandeiras,
bandeiras,
Regatos! que
Regatos! que ides
ides regando
regando
Os verdes pés
Os verdes pés dasdas roseiras,
roseiras,
lfifi
I6f»
evangelistas
Evangelistas da Igreja!
Nos vossos nichos sósinhos,
Ein biblia adeja
Eni cuja bíblia
O vôo dos passarinhos,
Ó
O crianças pequeninas!
Com olhos cheios de luz,
Koinanzeiras
Roinanzeiras purpurinas,
Como as chagas de Jesus !
Madonas de olhos profundos!
Como céus espirituais,
Ou como dois vastos mundos,
Para chorar os mortais,
Estrelas ! celeste côro
coro !
Que andais rolando nos ceus,
céus,
Como grandes rodas de ouro
Do antigo carro de Deus,
Ouvi a história sem par,
Que eu rimei às criancinhas,
f!
E liei de fazer decorar
Aos lirios e às andorinhas.
Podia ler-Ihes outras poesias dessa pequenina ma-
ravilha de sensibilidade e de pureza, mas basta êsteeste
prefacio, que é como o resumo do "mistério,, que vai
passar como um rufiar de asas de anjo no novo
momento da raça, que para eles eram ainda saudade
e vaga aspiração.
Guerra Junqueiro que tem um lirismo todo
impregnado de ternura pela terra no seu livro os
Simples
bimples e amoroso em algumas das suas boas
próprio e atinge a grandeza cio
poesias, sai de si proprio do génio,
interprete da ansiada alma da raça no poema A
Pátria.
Patria.
A sua sensibilidade literária e a sua rara capaci-
dade de interpretação deixain-no penetrar de toda a
momentânea desgraça nacional e fazem com que atinja
mmmm
167
16Q
169
E que Pátria?.di-lo
Pátria?...— di-lo "Astrologos,,
"Astrólogos,, a figura
simbólica que representa o momento de aspiração e de
desanimo, que resalta de toda a obra de reconstrução
histórica e de pensamento impregnado de desgraça, de
Oliveira Martins:
li Pátria! A máis
l que Patria! mais formosa e linda
Que ondas do mar e luz do luar viram ainda !...
E essa Pátria, sentindo-se apertada entre os pro-
blemas da politica europeia e os limites que o mar lhe
punha ao lado, abriu as largas e possantes asas do
sonho e desdobrou-se e cresceu e tornou-se tamanha,
que nenhum povo moderno a ponde igualar.
Epopeia inaudita! Herói, ele a viveu,
Sonhador, a cantou: Ésquilo
Esquilo e Prometeu!
Inda em hinos de bronze, ein estrofes marmóreas
Vibra eterno o clangor dessas passadas glorias...
Castelos nas
Castelos nas praias,
praias, galeras
galeras nas
nas ondas,
ondas, reinos
reinos d'alem-
cTalem-
mar!...
O vento sopra,
O vento sopra, oo vento,
vento, sopra...
sopra...
Que bandos de
Que bandos de nuvens!...
nuvens!... Vão-se
Vâo-se aa desmanchar!...
desmanchar!...
Castelos..
Castelos....galeras... reinos d'alem-mar...
galeras... reinos d'alem-mar...
Foi um
Foi um sonho
sonho lindo...
lindo... foi
foi um
um sonho
sonho lindo...
lindo... Como
Como
éé boin
bom sonhar!...
sonhar!...
Acordei sem alma...
Acordei sem alma... Quem
Quem me me encontra
encontra aa alma...
alma...
Quem m'a torna
Quem 111'a torna aa dar!
dar!
Mas.apesar
Mas,apesar dede tudo,
tudo, esse
esse canto
canto não
não éé um
um Deprofundib
Deprofundis
de enterro,
de enterro, porque
porque aa hora
hora perturbada
perturbada ee mámá vai
vai passar.
passar.
A alma santa,
A alma santa, aa alma
alma imensa
imensa da da Pátria
Pátria liberta-se
liberta-se
pela violência sagrada
pela violência sagrada dada revolta
revolta ee encontra
encontra — —final-
final-
mente!—o
mente!—o velho velho corpo
corpo esfarrapado
esfarrapado ee miserável
miserável ee ftí-lo
fá-lo
renascer numa grande
renascer numa grande ee pura
pura alvorada
alvorada dede luz.
luz.
EE oo velho
velho guerreiro,
guerreiro, inconsciente
inconsciente ee esquecido
esquecido do do
beii passado, perdido
seu passado, perdido oo nome
nome na na escuridão,
escuridão, transfigu-
transfigu-
ra-se
rasse ee retempera-se
retempera-se na na dôr
dôr para
para aa consciência
consciência do do seu
seu
destino futuro:
Ó dôr,
Ó dôr, filha
filha de
de Deus,
Deus, mãe
mãe do
do Universo!
Universo!
A hora grande,
A hora grande, aa hora
hora imensa,
imensa,
Já por um
Já por um fio
fio está
está suspensa...
suspensa...
Não tarda muito
Não tarda muito que
que ela
ela dê
dê 1...
1...
Carne medrosa, porque
Carne medrosa, porque treines
tremes?...
?...
Ó alma ansiosa,
Ó alma ansiosa, porque
porque gemes?
gemes?
Porquê?!...
Porquê ?!...
Arde na dôr,
Arde na dôr, carne
carne maldita!
maldita!
Revive em dôr,
Revive em dôr, alma
alma infinita!
infir.ita!
Na dôr bemdita
Na dôr bemdita espera
espera ee crê
crê !...
!...
A geração
A geração que
que imediatamente
imediatamente se se seguiu
seguiu trouxe
trouxe
desta dôr ee desta
desta dôr desta revolta
revolta aa consciência
consciência dum
dum novo novo
ideal de
ideal de Pátria
Pátria ridimida
ridimida ee grande,
grande, comungando
comungando na na
religião da
religião da Raça,
Raça, nono respeito
respeito do
do passado
passado ee na
na iéié no
no
futuro. •
171
A esta geração
A esta geração pertence
pertence Alberto
Alberto Osprio
Osprio de
de Castro,
Castro,
que estendeu
que estendeu aa sua
sua ternura
ternura pelas
pelas nossas
nossas coisas
coisas aa todo
todo
172
esse
esse imenso imenso Portugal
Portugal que que sese desdobra
desdobra pelospelos mares
mares
além ee faz
além faz dada sua
sua poesia,
poesia, duma
duma sensibilidade
sensibilidade quásiquási
doente, o reflexo da imensa e vaga saudade congenita congénita
da raça.
da raça. Saudade
Saudade da da terra
terra cmcm queque nascemos,
nascemos, da da vida
vida
que
que vivemosvivemos ee se se identifica
identifica comcom aa nossa
nossa alma
alma porpor tal
tal
forma, que
forma, que toda
toda aa existência
existência sofremos
sofremos desse
desse sofrimento
sofrimento
que éé prazer
que prazer ee éé dôr,
dôr, que
que éé desesperança
desesperança ee conforma-
conforma-
ção.
ção. .. .. Dessa
Dessa ânsia
ânsia de de viver
viver oo futuro
futuro nono desgosto
desgosto de de
irremediavelmente ter perdido o passado passado!!
Saudade do proprio próprio futuro que não vivemos ainda
ee das das coisas
coisas queque nãonão vimos,
vimos, cc oo nosso
nosso sangue
sangue já já so-
so-
freu ee já
freu já viu
viu pelo
pelo mundo,
mundo, tão tão pequeno
pequeno para para oo nosso
nosso
desejo e para o nosso sonho!
Como reflexo desta sensibilidade, vibrando através
de todos
de todos os os mares
mares ee de de todos
todos os os continentes
continentes por por onde
onde
aa alma
alma lusitana
lusitana se se dispersa,
dispersa, vamos
vamos ler ler algumas
algumas poesias
poesias
dum exotismo que
dum exotismo que coloca
coloca oo seu seu autor
autor num
num logar
logar que
que
aa literatura
literatura dos dos últimos
últimos séculos
séculos da da nossa
nossa decadência
decadência
tinha deixado vago.
Este poeta, que para o grande publico ainda ficará
por muito tempo
por muito tempo um um estranho,
estranho, vem vem iniciar
iniciar nana poesia,
poesia,
como oo grande
como grande artista
artista que
que éé Wenceslau
Wenceslau de de Moraes
Moraes oo
fez na
fez na prosa,
prosa, aa ligação
ligação sentimental
sentimental com com os os cronistas
cronistas ee
os poetas dos
os poetas dos séculos
séculos XV XV ee XVI,
XVI, que
que souberam
souberam vèr, vêr,
sentir ee sofrer
sentir sofrer oo exotismo
exotismo perturbador
perturbador das das terras
terras dodo
Oriente.
Ainda
Ainda 110 no século
século XVII,XVII, apesar
apesar da da decadência
decadência da da
época, os
época, os poetas
poetas ee prosadores
prosadores que que vinham
vinham parapara oo Bta-
Bra-
sil marcavam
sil marcavam oo momento momento da da vida
vida ee da
da acção
acção colectiva
colectiva
da raça, escrevendo
da raça, escrevendo ee sentindo
sentindo aa febre
febre dodo exilio.
exilio.
Depois é que a literatura cai por tal forma 11a na bana-
lidade importada
lidade importada que que nenhum
nenhum reflexo
reflexo lhe
lhe encontramos
encontramos
do continuo desdobramento,
do continuo desdobramento, que que nunca
nunca deixámos
deixámos de de
ter, não
ter, não só só partilhando
partilhando aa existência
existência pelas
pelas nossas
nossas
colónias, como
coíonias, como emigrando
emigrando por por toda
toda aa face
face da
da terra.
terra. -•
A sensibilidade artística
A sensibilidade artística dosdos poetas
poetas ee dosdos prosa-
prosa-
dores não
dores não acompanhava
acompanhava aa acção acção oo assim
assim as as nossas
nossas
crónicas de
crónicas de feitos
feitos que
que continuaram
continuaram aa ser ser heroicos
heróicos como
como
outrora, passaram aa ser
outrora, passaram ser relatórios
relatórios oficiais
oficiais minados
minados de de
traça pelas repartições do Estado.
173
Do "Auto do Niniano"
Niniana"
Acto IV —Stena
— Scena III!
Ao homem,
liomem, Niniana, o sonho de que vai?
Hoje é minh'alma, emfim, serena ate à morte.
C)
O sonho é uma prisão radiosa de cristal,
Uma prisão, porem, que enfraquece o mais forte.
Sofri toda a paixão e toda a dor humana,
Ansiei pela verdade e pelo eterno bem,
f:E não vi que a verdade cas
eras tu Niniana,
Que a bondade eras tu somente, minha mãe!
Não via que eras tu a suprema beleza,
Que todo o humano ideal só de ti distanciava!
Perdoa, minha mãe, perdoa, Natureza.
Ai! liberta do sonho a pobre carne escrava!
Ai! liberta da alma a pobre chaga viva!
Pede o pródigo filho o teu perdão de mãe.
Dispersa enfim meu ser, minha mãe compassiva.
NINIANA
NINIANA
Alma afina!
afinal serena, à paz eterna vem.
ÉE todo o cançasso da alma que se esgotou a dese-
jar c a sofrer a desilusão da vida.
Todo o português sente, no fim do seu muito lidar,
a desproporção enorme do seu sonho com a realidade
que consegue dominar.
A poesia seguinte é uma evocação que nos faz
174
DIU
DIU
Na fina, rasa,
Na fina, rasa, alvadia
alvadia paisagem
paisagem
Do Kathiawar,
Do Kathiawar,
O Castelo
O Castelo dede sangue
sangue ee de
de earnagem
earnagem
Fica
Fica aa dormir
dormir seu
seu sono
sono secular.
secular.
Trovejavam ha ha pouco
pouco osos Baluartes,
Baluartes,
Ultima salva ao
Ultima salva ao Visorei
Visorei que
que sai,
sai,
EE aa grita,
grita, oo desfraldar
desfraldar dos
dos estandarte
estandarte ,,
O troar dos
O troar dos pelouros,
pelouros, ruge
ruge ee cai.
cai.
Cai, como aa noite
Cai, como noite palida
pálida sangrando.
sangrando.
A Fortaleza imóvel
A Fortaleza imóvel contra
contra oo mar
mar
FÉ só
só um
um sangue
sangue morto
morto coagulando,
coagulando,
Um sangue eterno
Um sangue eterno enegrecendo
enegrecendo oo ar.
ar.
O Golfo de
O Golfo de Cambaya
Cambaya
Em frente... aa noite,
Em frente... noite, oo mole
mole arfar
arfar da
da vaga...
vaga.
Diu, atraz, aa perder-se
Diu, atraz, perder-se emem sombra
sombra vaga,
vaga,
Na névoa ee aa espuma
Na névoa espuma lívida
lívida da
da praia...
praia...
Sousa Coutinho, oo Cunha,
Sousa Coutinho, Cunha, oo Rumccão,
Rumecão,
Sultão Balidur, Dom
Sultão Bahdur, Dom Fernando,
Fernando, Silveira,
Silveira,
Dormem
Dormem nana paz
paz da
da hora
hora derradeira,
derradeira,
No mesmo pó
No mesmo pó irmão.
irmão.
A grande paz
A grande paz dada morte
morte envolve
envolve tudo.
tudo.
Só
Só oo muro
muro ficou
ficou guardando
guardando oo mar,
mar,
Contorno inútil, para
Contorno inútil, para sempre
sempre mudo,
mudo,
De uma erupção
De uma erupção lunar.
lunar.
1M
1Õ
O chão preparando,
Sc arrasta morosa,
Caminha a charrua,
Arando,
Lavrando.
Na glória do dia,
Aos campos lavrados
(Num gesto que enleia)
O grão à mão cheia
O homem confia,
O trigo aos punhados
Espalha,
Semeia.
Refresquc-a a chuvada,
O sol a conforte,
Do tempo aos boléus
Do alto dos céus !...
A seara c confiada
Aos transes da sorte,
A graça
De Deus!
Na geira enterrado,
(Quem sabe os reve/es I?...)
Dormita num sono
Profundo,
Sagrado.
Escuto em mim,—oiço
mim,- oiço a grita
da rude gente aflita:
—Senhor Deus, misericórdia!
—Virgem Mãe, misericórdia
misericórdia!!
Doidos de fome e dcde terror varados,
gritamos nossos pecados
e sai de cada boca rouca e louca
a confissão!
—Senhor
-Senhor Deus, misericórdia!
-Misericórdia, Virgem Mãe !
E o vento geme
no bulcão
sem astros;
anoitecemos sem leme,
amanhecemos sem mastros!
E o mar e o céu, sem fim, além...
alem...
Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
182
naus da India
As rtaus índia
São três
três as
as Naus...
Naus... Lá
Lá vão
vão elas,
elas,
Sob remotas estrelas,
A vogar...
Mares nunca navegados,
Mistérios indesvendados,
indesvendados,
A rasgar...
Mais,
Mais que os ventos do quadrante
E um Eldorado distante
A tentar...
I.eva-as o génio da Ideia
E o valor duma Epopeia
A enfunar...
Lá vão as Náus,
Naus, lá vão elas,
Sob outros climas e estrelas,
A dobrar...
Cedem ondas pavorosas...
Abrem-se Afiicas famoeas,
Africas famosas,
Par em par.
Novas terras, águas novas,
Que p'ra muitos foram covas
De enterrar...
Rolam vagas, cantam versos,
Baloiçantes como berços
A embalar...
183
(A VIRGEM DA SÉ DE CEUTA)
Santa Afaria
Maria de Africa, morena,
Nossa Senhora épica da Raça
Olhando o azul do Estreito com que pena
Por ver que é outra a gente que lá passa!
Santa Maria de
Santa Maria de Africa
Africa trigueira,
trigueira,
Scismando sobre ossadas
Scisfnando sobre ossadas portuguesas,
portuguesas,
Guarda por nós
Guarda por nós oo Algarve
Algarve de
de Alem-Mar
Alem-Mar
Pode bein
Pode bem ser
ser que
que Deus
Deus ainda
ainda queira
queira
Que
Que àà sombra
sombra dessas
dessas velhas
velhas fortalezas
fortaleza*
A tua
A tua voz
voz nos
nos volte
volte aa comandar!
comandar!
• . '.
Ás nm/keres Portuga/
mulheres de Portugal
Senhora;
Róis
Pois bem, senhoras, o momento chegou em que o
nosso amor e o nosso orgulho pelos tilhos filhos da nossa
alma, e do nosso sangue, já não pode ser tão sómente somente
a ternura dos afectos familiares, que até hoje teem con-
seguido manter através de tudo a ligação moral da
gente portuguesa, largamente dispersada pelo mundo, inundo,
tem de ser também acção disciplinada e forte que
dê equilíbrio ao esforço conjunto de toda a nação.
A nossa missão adentro do Portugal maior e reno-
vado, que os nossos filhos sonham, já não pode ser
instinto somente, mas orgulho e certeza inteligente
no futuro!
A obra dos portugueses no exterior e, principal-
mente, no Brasil, é daqueles factos morais tão grandes,
tão fundamentais e determinantes para o caminhar da
humanidade, para a civilização, que não ha sociologosociólogo
que a não reconheça, não ha sábio que a não marque
definitivamente nos seus estudos e trabalhos, não ha
ninguém que a não veja c respeite.
É graças
graças aoao esforço
esforço inteligente
inteligente ee ao ao sacrifício
sacrifício
instintivo ce continuo dos homens que partem pelo
mundo, levados pela ambição ou pelo cumprimento do
dever, que
que aa nossa
nossa lingua
língua sese espalha
espalha ee mantém
mantém uma
uma
das mais faladas da civilização europeia, que a nossa
Pátria é a terceira em domínio
domiuio colonial, que a nossa
historia continua e que o futuro nos dà certezas ma-
gnificas, que todos os outros povos invejam! Mas,
doloroso é confessá-lo, todo êsse esse esforço e sacrifício
da raça
raça sese apouca
apouca ec inferiorisa
inferiorisa com
com aa incompreensão
incompreensão ee
incapacidade com que adentro do país se tem encarado
o problema da nossa expansão racial apoucando-a c
inferiorisando-a, aqueles mesmos que tinham o dever
de a orientar, aproveitar e disciplinar!
A própria energia do povo, lutando adentro de
fronteiras pelo renovamento da Pátria, em seu trabalho
e progresso, sofre da desorientação, indisciplina e
incapacidade dirigente ; mas esse mal que é aqui dolo-
roso e atraza o caminhar seguro duma nação, que
aspira á máxima grandeza, é, em tace face do problema
exterior, 11111
um crime de que todos nós somos responsa-
195
i05
Houve
Houve um um momento
momento na na moderna
moderna vidavida portuguesa
portuguesa
em
em queque as as mulheres
mulheres poderiam
poderiam ter ter tido
tido uma
uma acção
acção
grande
grande ee decisiva
decisiva nana marcha
marcha ascendente
ascendente da da nacionalida-
nacionalida-
de; mas quiz
de ; inas quiz aa fatalidade
fatalidade das
das coisas
coisas mesquinhas
mesquinhas da da vida,
vida,
que sempre teem
que sempre teem retardado
retardado as as nossas
nossas realizações,
realizações,
deixando
deixando para para osos outros
outros aa gloriosa
gloriosa alvorada
alvorada dasdas ideias
ideias
que
que nós nós antevemos,
antevemos, que que aa parte
parte feminina
feminina da da nação,
nação,
que representava momentaneamente
que representava momentaneamente aa elite elite feminina
feminina
dirigente, sofresse da
dirigente, sofresse da incompreensão
incompreensão de de uns
uns ee dasdas
paixões mesquinhas de
paixões mesquinhas de outros,
outros, não
não deixando
deixando que que aa
maioria, então unificada
maioria, então unificada porpor umum sentimento
sentimento comum,
comum,
entrasse ,'no desempenho
entrasse ,'no desempenho da da sua
sua verdadeira
verdadeira missão
missão
social perante oo problema
social perante problema da da guerra,
guerra, atravez
atravez dodo inte-
inte-
resse português, que
resse português, que éé em
em todos
todos os os momentos
momentos oo que que
nos pode
pode ee deve
deve orientar.
orientar.
196
19ft