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MANUAL DE

GINECOLOGIA
NATURAL E
SABEDORIA
POPULAR
As flores do meu ventre

Uma experência em saberes e práticas antigas no cuidado com a saúde uterina


por Laura Daltro
Neta de Francisca - Práticas antigas através das folhas
//
MANUAL DE GINECOLOGIA NATURAL
E SABEDORIA POPULAR

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

QUAL A FUNÇÃO DESTE EBOOK?

O QUE É O ÚTERO?

A INFÂNCIA E O ÚTERO?

ÓRGÃOS GENITAIS E SEXUALIDADE

A CICLICIDADE NOS TORNA QUEM SOMOS!

CICLO MENSTRUAL

O QUE É NORMAL E O QUE NÃO É NORMAL NA


MENSTRUAÇÃO?

FIQUE ATENTA SE...

SE OBSERVE! SE VEJA!

PRÁTICAS E CUIDADOS UTERINOS


(vaporização, chás, sumos e outras práticas)

SEU ÚTERO SENTE E SABE O QUE VOCÊ COME!


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INTRODUÇÃO
Corpos portadores de ventre em uma sociedade ocidentalizada, crescem

distantes da liberdade e estimulo ao autoconhecimento do potencial físico e

energético que é carregar dentro de si um útero.

São gerações de ventres que se desenvolvem distantes de conhecer a si

mesme de forma aprofundada ou mesmo mínima. Cruéis marcas deixadas

pelo machismo e apagamento de culturas e práticas não ocidentais como

indígenas e de comunidades africanas retiradas de forma violenta de seus

territórios em África.

Este mesmo é o mesmo que ainda hoje criminaliza e desvaloriza saberes

utilizados por mulheres e homens antigos, do campo e das periferias das

cidades, que curaram e trataram gerações de ventres através do uso de

sumos, garrafas, beberagens e preparados vindos diretamente da terra,

muitas vezes desenvolvidos por mulheres negras e indígenas na tentativa de

sarar doenças advindas de europeus e disseminadas por homens brancos

que violentavam jovens meninas negras e indígenas.

Autoconhecimento, autocuidado, principalmente no que dizem a respeito do

cuidado com o útero e ovários, são bases e fundamento de comunidades

tradicionais, considerando que aquela/e que carrega um ventre, alimenta a

terra e trás vida para ela.

Quando nos aproximamos da sabedoria e cuidado ancestral através das

folhas para cuidado com nosso corpo e ventre, nos aproximamos de uma

herança valiosa que nos foi deixada por quem veio antes de nós.

É preciso demarcar o lugar de onde viemos, para saber pra onde iremos.

Se o futuro é ancestral, que possamos retornar aos saberes e práticas

desenvolvidas por nossos mais antigos para nosso bem viver e saúde uterina.
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E SABEDORIA

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QUAL A FUNÇÃO DESDE EBOOK?


Porque falar de Ginelocogia Natural na perspectiva da sabedoria
popular?

O Manual de Ginecologia Natural e Sabedoria Popular, é


um sonho materializado e escrito por Laura Daltro - Neta
de Francisca e tem como principal objetivo o alcance da
autonomia dos cuidados uterinos de pessoas com útero.
considerando a realidade dos mais diversos corpos que
carregam em si esse portal capaz de diversas funções que
ultrapassam apenas a função reprodutiva. A existência
deste manual também tem o objetivo de voltarmos
nossos olhares para as mulheres e homens perifericas e
do campo, que carregam consigo saberes antigos no que
diz a respeito o cuidado com a saúde uterina e que há
milênios exercem a Ginecologia Natural e o uso de folhas
para essa função.
MUITAS MÃOS E OUVIDOS ATÉ AQUI

Nunca é demais citar que para a construção desta ferramenta de


cuidado e autoconhecimento, foi necessário o auxilio de muitas
mãos e muita paciência, pesquisa, experimentos e estudos, que
trouxessem um conteúdo relevante e seguro para os ventres que
venham acessa-lo. Aqui existe mãos e histórias de minhas ancestrais
que desde sempre fazem o uso de folhas para a saude propria e de
todas nós, Netas de Francisca, que descendemos desta linhagem.
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Aqui trago experiências individuais e coletivas a partir de experiências


vividas por diversas mulheres, leituras e hábitos que auxiliam no trato
e resposta do corpo que refletem na saúde uterina.

Lembrando que cada corpo é único, assim como sua mente, sua rotina,
sua casa. VOCÊ É ÚNICA E SEU ÚTERO TAMBÉM!

Este ebook não traz fórmulas mágicas, mas sim caminhos possíveis
para cuidados e tratamentos de desequilíbrios uterinos, visando
principalmente que a partir dele você consiga encontrar o seu
equilíbrio, a partir da sua vivência e experiência pessoal. É antes de
tudo um convite a um mergulho em você mesma.

Desejo que você aproveite a leitura e as experiências, irmã!

Se conheça!

Amor,
Laura Daltro - Neta de Francisca
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O QUE É O ÚTERO?
" O útero tem uma bandeira de cor vermelha onde
tudo pode ser diferente, tudo pode mudar"
- María Quinelen

Quando você pensa no seu útero, do que você lembra? Que lembrança
vem imediatamente a sua mente e quais sensações atravessam o seu
corpo?

Não seria surpresa se, para quem está entrando neste universo de
autoconhecimento e construção da autonomia no cuidado uterino,
imediatamente viesse a lembrança de um orgão que fica no baixo ventre
e cumpre a função de menstruar e parir.

Quando abrimos o dicionário encontramos a seguinte descrição:

Útero: órgão muscular oco do aparelho genital feminino que acolhe o ovo
fecundado durante seu desenvolvimento e o expulsa, finda a gestação.

Como podemos ver a descrição ocidentalizada e nomeada pela medicina


ocidental, considera o útero um orgão oco e sem funções que
ultrapassem o menstruar, gerar e expulsar, mas acontece que ele tem
inúmeras função que passam e muito somente disto. Vem comigo que eu
te mostro!
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Ainda na escola somos apresentadas ao que chamam de orgãos


genitais femininos e assim como no dicionário, aprendemos que
ambos, sejam "femininos ou masculinos", tem apenas funções
reprodutivas. O que esquecem de nos contar é que estes orgãos
carregam em si o mundo, a origem do mundo, principalmente
quando estamos falando do útero.

Para além disto, nosso útero tem ligação direta com nosso cerebro, nossa
mente, nossa saúde mental e plenitude de vida, por estes e outros
motivos, é um equivoco enorme considerarmos que ele seja apenas um
orgão oco, até porque ainda que fosse, é capaz de trazer vida ao mundo e
isto, por si só, já é de um pode imenso!

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A INFÂNCIA E O ÚTERO

É longe de ser incomum relatos de pessoas com útero que no decorrer


da infância relatam o silenciamento e proibição de qualquer que fosse
a relação de toque ou descobrimento das possibilidades que este
orgão tão poderoso é capaz de proporcionar. Estes silenciamentos são
pano de fundo para inúmeras situações de desconhecimento de seu
funcionamento e funções, além das diversas situações que ocasionam
abusos, que justamente pelo medo/vergonha/repressão, acontecem
sem que a vitima consiga sequer relatar os acontecimentos. Por estes
e outros motivos precisamos falar com nossa descendencia sobre as
funções, potencialidades e inclusive o que pode ou não ter contato
com este espaço. Isto serve para todos os tipos de orgãos sexuais e
não é menor e nem menos importante trazer esse lembrete e alerta
aqui.

Conhecer, saber o porque existe, formas de cuidado e cultivar em


nossas crianças a relação de cuidado com esta parte do corpo, é
fundamental para a construção de uma vida saudável com ele.
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ORGÃOS GENITAIS E SEXUALIDADE


UMA PARTE PEQUENA DE UM UNIVERSO ENORME!

Esta é só uma parte de um universo imenso e geralmente só


vamos olhar para eles quando entramos na adolescência ou
na chamada puberdade, onde surgem pêlos, menstruação,
cólicas, incômodos da pré menstruação, desejo sexual.

PELOS, VULVA, MONTE DE VÉNUS, GRANDES LÁBIOS,


PEQUENOS LÁBIOS, CLITÓRIS VESTÍBULO VULVAR, BEXIGA,
PERÍNEO, VAGINA, HIMEM, COLO DO ÚTERO, ÚTERO,
ENDOMÉTRIO, OVÁRIOS, MUCO, MENSTRUAÇÃO,

As palavras acima compõe toda uma orquestra que funciona


perfeitamente e de forma única em cada uma de nós!
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Na imagem acima podemos enxergar a localização de cada parte


do compõe o que chamamos de orgão sexual, que nos leva de
encontro ao nosso útero.

Cada um deles funciona de maneira harmoniosa e quando em


equilibrio, nos tornam mais criativas, ativas, comunicativas.

O útero que gera vida, sangra, dá prazer, nos envia mensagens


todos os dias sobre como está nossa saúde mental, física e até
espiritual. Se conecte com ele para alem do que te disseram na
escola e no decorrer da vida.
Esse orgão complexo nos faz ser exatamente como somos!
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A CICLICIDADE QUE NOS TORNA QUEM


SOMOS!
O VENTRE A NATUREZA

Nós estamos diretamente conectadas com a natureza, com a lua e


com as águas que ela movimenta. Compreender isso, é
fundamental para que consigamos acessar e entender de fato o
que é a ciclidade que nos acompanha.

Quando ultrapassamos o conceito e forma ocidental de


organização da sociedade em que vivemos hoje e nos dispomos a
fazer o movimento de observar como funcionavam por exemplo as
comunidades africanas e indígenas nos deparamos com um cenário
totalmente diferente do que está colocado para nós desde sempre,
desde que nascemos aqui no ocidente.
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Não é novidade falar, mas sempre vale lembrar que, a mulher sempre teve
um papel fundamental na organização das sociedades indígenas e
africanas. A imensa e intensa ligação com a lua e as marés, influenciam de
forma direta no ciclo menstrual de pessoas com útero.

Assim como as plantações são influenciadas pela lua em seu ciclo, nós
também caminhamos lado a lado com ela em um ciclo comum de 28 dias,
que reverbera, por exemplo, em nossa chamada lua interna (minguando,
renovando, crescendo, estando cheia e voltando a minguar).

Pabla Perez, em seu livro "Manual de Introdução a Ginecologia Natural",


cita o "curioso" mas não incomum acontecimento de mulheres que vivem
em comunidades que não possuem energia elétrica, onde as mulheres
costumam menstruar na lua nova e ovular na lua cheia, fazendo dessa
forma um movimento perfeito para possíveis fecundações e nascimentos
de bebês em luas cheias. Não atoa as maternidades mundo afora ficam
lotadas de mulheres parindo quando a lua enche no céu!

ela dita o ritmo das marés


de quem nasce
e do sangue que corre entre as pernas
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CICLO MENSTRUAL
FASES, SINAIS, SANGUE

"Sangrar é um processo natural de toda pessoa que carrega em si um


útero. Sangrar é fisiológico. Tão natural quanto ir ao banheiro fazer xixi
e coco. Quando você sangra dentro do seu ciclo menstrual, seu útero
esta te dizendo que está tudo bem."

A menstruação é a descamação do endométrio quando não ocorre a fecundação.


Assim como vimos a respeito do útero, a menstruação também não é algo simples
para ser colocada em uma caixinha. Existe todo um funcionamento que precisa
acontecer de forma periódica para que ela se manifeste todos os meses, chamamos
isso de ciclos.

Estes ciclos variam de 28 a 30 dias e nos acompanham da adolescência até a


menopausa. O comum, é que o primeiro sangramento menstrual aconteça na faixa
dos 12 anos de idade, mas como disse no começo da nossa conversa, cada corpo é
único e essa idade também pode variar.

É interessante buscar dentro do seu ciclo familiar a idade que em média as mulheres
costumam menstruar pela primeira vez. A nossa linhagem tem muito a dizer não só
sobre nosso corpo, mas sobre nós de forma geral e quando falamos de útero, os
fatores genéticos são importantes personagens nessa história que é sobre você
também!
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SINAIS
Quando menstruamos é natural sentirmos a necessidade de
recolhimento, silêncio e diminuição no ritmo de atividades que, no dia a
dia, são comuns. Menstruar é um acontecimento bastante cansativo e
que demanda não só nossa energia física mas também emocional. Há
uma descarga grande de hormonios que foram direcionados de nosso
cerebro, até nossos ovários e nosso útero, com a intenção de ovular e
em seguida haver a fecundação. Toda essa descarga que ocorre e
movimenta nosso corpo e ventre, desemboca em um rio que se chama
menstruação, por isso não é incomum ouvirmos sobre a TPM.

A tensão pré menstrual é resultado desse processo todo que


conversamos aqui em cima, por isso conhecer seu ciclo menstrual é
importante, mas respeita-lo também é fundamental.

PERIODO FERTIL
Essa movimentação toda que ocorre, é causada pelo estrogêneo, que
como falamos prepara o útero para receber o ovulo, o ovulo vai até as
trompas uterinas e assim começamos a ovular!
A ovulação reflete em nós nos dando mais energia, disposição,
capacidade de comunicação, beleza e atração, além do desejo sexual.
Essa energia tão poderosa pode ser utilizada de diversas formas.
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O periodo fertil é um momento que não se reduz somente ao desejo


sexual e reprodutivo, mas também energia criativa, a capacidade criar e
co-criar projetos, metas, organização da vida. Quando aprendemos a
direcionar essa energia de forma correta e agradavel para nós mesmas,
vemos o quando é poderoso estar conectada com nossos ventres. O útero
é fonte criadora de diversas coisas preciosas!

É uma ótima fase para observar o cheiro, suor, cabelos, voz, forma que
seu corpo se movimenta. Analisar a textura, aroma e até o sabor que seu
corpo libera (por aqui acho uma fase agradavel e faço dela um momento
de auto observação da produção para a vida e prazer.

Se sinta, se toque, se prove, se veja!


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O QUE É NORMAL E O QUE NÃO É


NORMAL NA MENSTRUAÇÃO?

desequilíbrios no ciclo menstrual

Cada corpo é único e responde de uma maneira pessoal e intima a


cada uma de nós, apesar de haver um padrão considerado
"normal". Neste sentido, é fundamental que estejamos atentas
aos desequilíbrios que podem acontecer e que as vezes nos dão
sinais discretos, as vezes é como um grito.

Autoconhecimento, se permitir sentir a cólica, saber como sua


cólica é normalmente, como seu útero se comunica com você.
Saber a cor do seu muco, o seu cheiro.

Conhecer seu período ovulatório, fértil, lúteo e menstrual, a cor


do sangue, a quantidade, é fundamental para conseguir
identificar qualquer desequilíbrio que possa surgir. Estar atenta
ao seu corpo.

Veja, aqui não é manual que obriga a gostar de menstruar. Muitas


de nós não suporta quando esse momento chega e sabe o que eu
tenho pra te dizer sobre isso? Tá suave, irmã! Você não precisa
gostar, mas você precisa conhecer para reconhecer.
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FIQUE ATENTA SE...


SINAIS DE DESEQUILIBRIOS E PATOLOGIAS

Excesso de sangramento - É normal sangrar de 3 a 7 dias durante


o periodo menstrual. Quando essa variação aumenta para 9, 10,
11 dias ou mais, é importante ascender o sinal de alerta, pois isso
pode indicar algum desequilibro ou patologia.

Ausência de menstruação - O corpo que tem útero sangra! Esteja


atenta caso sua menstruação não venha por longos períodos.
Apenas corpos grávidos não menstruam. Se você fica longos
períodos sem menstruar, busque auxilio de um profissional e
investigue pois indica desequilibrio ou patologia.

Sangramento em excesso contendo sangue vivo ou marrom - Nós


não passamos o dia inteiro sangrando quando estamos
menstruadas e nem ficamos o dia inteiro sem sangrar. O sangue
vem em intervalos. Caso perceba muito sangramento e vivo ou
pouco e amarronzado, é interessante investigar.

Cólicas seguidas de desmaios -cólicas menstruais são normais, é


parte do processo, mas é importante investigar quando surgem
sintomas excessivos.
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Excesso de coágulos - observe sua alimentação e ingestão de


farinhas, açucar, alcool e leite animal. Um dos causadores de
coagulos, bem como colicas em excesso, inchaços e periodos de
tensões pré menstruais desafiadores, é a ingestão em demasia
destes alimentos

As cólicas também podem ser causadas por fatores emocionais,


ausencia de movimentação e exercicios físicos.

Esteja atenta você!


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OBSERVE!
SE VEJA!
ME VEJO, ME TOCO, ME SINTO E TUDO EM MIM VAI BEM!

Você já experimentou se tocar?


Não no sentido sexual da coisa, mas de se tocar para saber como é
dentro de você. Já rolou isso aí? Se perceber na entrada e saída de cada
ciclo ou cada fase do ciclo. É parte da conquista de sua autonomia e do
seu processo de autoconhecimento tentar realizar esse tipo de prática.

Pegar um espelho e colocar no chão, olhar as cores, texturas, tamanhos


e formatos que sua vulva tem. Olha-la nos olhos!

Eu lembro que desde muito cedo eu me tocava, mas quando coloquei um


espelho a primeira vez, eu enxerguei, vi como era algo que fui ensinada
a olhar de cima e sem detalhes, sem ficar muito tempo ali olhando. Foi
uma ótima experiência e eu te recomendo fazer isso de tempos em
tempos. A quanto tempo você não olha a sua vulva por conta das
correrias da vida?

Talvez seja a hora de retomar essas e outras práticas de autoconhecimento!


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PRÁTICAS E CUIDADOS UTERINOS


VAPORIZAÇÃO, CHÁS, SUMOS, FOLHAS E OUTRAS PRÁTICAS

Como conversamos bem lá no inicio, nosso útero está diretamente ligado


a natureza. É um conjunto, o todo, que envolve cuidados que quando
realizados, são capazes de auxiliar no alivio de incômodos pré
menstruais, desequilibro, patologias, recuperação de processos
emocionais, estímulos e recuperação do pós parto.

Aqui deixo algumas folhas, medicinas e práticas que podem te auxiliar


no cuidado com a saúde uterina.

Folha de algodão - a folha de algodoeiro é estimulante, regula o ciclo menstrual e


diminui significativamente coágulos. Auxilia no trabalho de parto. Pode ser usada
como chá, sumo, banho de assento ou vaporização.

Folha de amora - diminui sintomas da menopausa, regula ciclo menstrual, auxilia


no excesso de cólicas uterinas e no trabalho de parto. Pode ser usada como chá,
banho de assento ou vaporização.

Fava juncá - combate hemorragias uterinas e sangramentos excessivos durante a


menstruação, inchaços e prisão de ventre.

Aroeira - combate excesso de sangramento, tem efeito antinflamatório e


cicatrizante. Pode ser usada como asseio ou vaporização uterina.

Barbatimão - possui efeitos cicatrizantes na pele e mucosas, é antibacteriana,


antifungica, anticoagulante, auxilia na tonificação do útero, recuperação de
fissuras pós parto. Pode ser usada como asseio.
Jurubeba - trata infecções e inflamações uterinas. Proporciona tonificação e combate
candidíase de repetição e vaginismo/vaginite. Pode ser usada como asseio

Copaíba - tem efeito cicatrizante e coagulante. Combate coceiras e corrimentos


semelhantes aos da candidíase. Tonifica o útero. No banho de assento pode ser usado
com barbatimão. Pode ser usada como asseio.

Uxi Amarelo - trata e previne o surgimento de cistos e miomas uterinos. Tonifica e


auxilia no tratamento de ovários policísticos. Pode ser usada em chás ou banho de
assento

Rosa vermelha - alivia cólicas e enxaquecas causadas pela pré menstruação, é


anticoagulante. Pode ser usada em chás e banho de assento ou vaporização uterina.

Rosa branca - antifúngica e calmante. Trata candidíase, ansiedade, dores de cabeça e


infecções urinárias.

Camomila - tem efeito calmante, antifúngica e cicatrizante. Pode ser usada como chá,
banho de assento ou vaporização.

Calêndula - tem efeito cicatrizante, diminui o excesso de sangramento menstrual.


Auxilia na recuperação de perdas gestacionais. Aumenta a lubrificação. Pode ser usada
como chá, sumo, extrato, banho de assento e vaporização.

Babosa - tem efeito cicatrizante, antifúngico e bactericida, repelente. Auxilia no


tratamento de candidíase e aumenta a lubrificação vaginal.

Jasmim - diminui o fluxo menstrual, na diminuição de cólicas, auxilia na lubrificação


vaginal, estimula o trabalho de parto,, melhora o sono e diminui a ansiedade. Pode ser
usada como chá, banho de assento, tintura, vaporização do útero.
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BANHO DE ASSENTO
Como funciona?

Ferva 2 litros de água e coloque as folhas logo após desligar a panela. Feche a
panela com tampa para infusionar (em caso do uso de cascas deixe decoctar por
3 minutos).

Despeje a agua com as folhas ou cascas em uma bacia que caixa sua pelve.
Sente e permaneça por pelo menos 20 minutos ou até a água esfriar.

Torne esse momento prazeroso. Acenda uma vela, incenso ou coloque uma
música que você gosta.

OBS: o banho de assento também pode ser feito frio. Aguarde a água esfriar e
aproveite!

VAPORIZAÇÃO UTERINA
Conhecida pelas mais velhas como banho de asseio. A vaporização uterina
é uma prática milenar que consciente em infusionar ervas em uma
cumbuca de vidro, louça ou barro e colocar a vulva em direção ao vapor
que sai dela pelo periodo de 15 a 1h ou até o vapor acabar.

Se liga que na próxima página a gente entra um pouco mais fundo nessas
duas práticas.
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BANHO DE ASSENTO E
VAPORIZAÇÃO DO ÚTERO
Quais funções de cada uma dessas tecnicas?

Com a internet a informação chega de uma maneira muito mais fácil a todos
nós, mas nem sempre chega até nós de forma correta.

A vaporização do útero e o banho de assento são técnicas muito antigas,


realizadas por nossas mais velhas, anciãs. Feitas antes de tudo para cuidado e
prevenção de questões que possam afetar nosso útero e saúde. Nossas
ancestrais desenvolveram ferramentas poderosas de cuidado e prevenção e
estas duas técnicas são algumas delas por mais embranquecido, esotérico e
dificultoso que possa parecer, são técnicas simples. No tempo de nossas
ancestrais não dava para ser difícil, nem complexo, a meta era estar viva e
saudável

A internet chega e transforma práticas negras e indígenas em algo branco e


coisas simples em algo complexo. Este tipo de acontecimento afasta os nossos
de uma prática nossa, tornando inacessível e não fazendo com que possamos
nos enxergar no lugar do cuidado. Lugar este que sempre foi nosso, de
mulheres negras e indígenas.

Mas vamos lá! Para que servem essas práticas?

Ambas as práticas tem como objetivo o tratamento e prevenção de


desequilibros que podem afetar nosso útero.

O banho de assento é uma prática indicada inclusive por médicos


ginecologistas para o tratamento de candidíase recorrente, fissuras ou
machucados na região da vulva.

A vaporização por sua vez ainda é questionada pela medicina ocidental, mas
em nada surpreende esse questionamento surgir sobre uma prática que foi
realizada pela primeira vez em KEMET (Antigo Egito) e que ainda hoje
acontece em comunidades africanas.
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A vaporização do útero auxilia no tratamento e prevenção de


cistos, miomas, endometriose, ausência de lubrificação, estimula
a libido, fortalece a pelve. A prática em si é um convite ao
autoacolhimento.

Ela diminui as cólicas e desconfortos pré menstruais, trata


questões ligadas a desequilibro emocionais causados pelo ciclo
menstrual desequilibrado, como é o caso da disforia menstrual.

É uma importante ferramenta de autoconhecimento e


autocuidado próprio

CONTRAINDICAÇÕES:

Não é recomendado que se faça vaporização do útero em ventres


grávidos, pessoas que façam uso do diu de cobre, estando em
fase menstrual, com fissuras, feridas ou inflamações ativas.

Nestes casos recomenda-se a pratica de banho de assento ou


asseio.

Outra observação importante é que o excesso da prática de


vaporização do útero pode deixar a região da vulva sensível,
causando pequenos ferimentos e fissuras, além do risco de
desencadeamento de candidíase recorrente. Como toda medicina
não vale a pena fazer o uso indiscriminado de nenhuma prática.
Use bem e com moderação.
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SEU ÚTERO SENTE E SABE O QUE VOCÊ


COME!

Nossa saúde uterina esta diretamente ligada ao que colocamos


na boca! Desequilíbrios de ordem hormonal que podem afetar
nosso útero tem muita ligação com o alto consumo de carnes,
gorduras.

Estes alimentos, além de causarem cólicas, tpm bruta e


inflamações internas no corpo, também propiciam a criação e
crescimento de cistos, feridas. Busque se alimentar da melhor
maneira que for possível para você.

Evite leite, queijos, frituras, gorduras animais, álcool e cigarro.


Não estou falando para você banir esses prazeres da sua vida,
mas sim que modere para seu próprio bem estar.

Tome mais sucos, omega 6, folhas verdes (couve, brócolis,


rúcula. Consuma frutas! É um bem que você faz para sua saúde
uterina e para o seu corpo de maneira geral.

O ocidente nos levou a um nível tão brutal, que não nos


importamos com o que colocamos para dentro do nosso corpo.
Na correria do dia a dia acabamos nos alimentando mal e
consumindo alimentos rápidos, mas que mais tarde irão
reverberar de forma nada positiva em nossa saúde. É um
projeto perverso de morte e adoecimento através do que come!

Busque tomar mais sucos, chás, verduras cruas. Se os


incômodos existem, acredite, eles vão melhorar muito após a
pratica de reeducação alimentar que estou te propondo aqui.
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FONTES

MANUAL DE INTRODUÇÃO A GINECOLOGIA


NATURAL - PABLA PÉREZ SAN MARTÍN

PARIREMOS COM PRAZER - CASILDA


RODRIGÀNEZ

MANUAL DE GINECOLOGIA NATURAL E


AUTÔNOMA - LAIS SOUZA, JAQUELINE ALMEIDA,
LUMA FLÔRES

EXPERIÊNCIA E HISTÓRIAS CONTADAS POR


LAODICEIA ROSA DALTRO E REGINALDO LUZ
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SOBRE LAURA DALTRO


Doula desde 2017, empreendedora na
plataforma Neta de Francisca,
fundadora do Coletivo Doulas Pretas na
cidade de Salvador, BA, erveira e
terapeuta em Ginecologia Natural pela
Escola Shen (Escola de Ginecologia
Natural). Maranhense e bisneta de
Francisca Salazar. Resgata práticas
antigas de cuidado com a saúde física,
mental e espiritual, através das folhas
e do convívio direto com mulheres e
homens mais velhas que desde sempre
fazem uso de folhas no cuidado
cotidiano da própria saúde e da
comunidade ao redor das periferias e
territórios ancestrais no estado do
Maranhão

Através da Neta de Francisca, busca


honrar o legado e história deixados do
por sua ancestral não só para si, mas
para toda a linhagem descendente desta
grande mulher.

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