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Parte 01/02

Energia e metabolismo Prof. Dr. Francisco Candido Cardoso Barreto

Objetivos da aula
• Estudar os processos pelos quais a energia obtida dos alimentos é
transformada em atividade orgânica;
• Entender as implicações desses processos para manutenção da
homeostasia;
• Compreender que há variações nas vias metabólicas entre os
organismos em função da disponibilidade de alimentos;
• Conhecer a grande gama de adaptações existentes cujo objetivo é
obter e aproveitar da forma mais eficiente a energia.
Metabolismo energético
• Fato: Para manutenção da vida os organismos consomem energia.

• Do ponto de vista de um ecossistema, há uma dinâmica complexa de


troca e manutenção dessa energia entre os organismos.

• Do ponto de vista social, pessoal, sempre discutimos sobre o valor


nutricional de alimentos, queima de gorduras, estratégias para ganho
de massa ou perda de peso, etc.

• Mas...qual a origem dessa energia?

• A energia que utilizamos é derivada da quebra de moléculas de


modo a facilitar a sua disponibilidade para o metabolismo.

• A energia livre para os processos fisiológicos dependerá do tipo de


alimento e de variáveis ambientais, determinando o que
chamamos de taxa metabólica*.
*Uma breve explicação sobre taxa metabólica

• O que entendemos como taxa metabólica é na verdade uma medida


dependente de diversas condições.

• Dada essa diversidade, há a necessidade de uma classificação mais


específica para deixarmos claro ao que nos referimos.

• Essa classificação está relacionada ao estado funcional do


organismo.

*Uma breve explicação sobre taxa metabólica

• Quando em repouso, nos referimos à taxa metabólica basal, que indica


a quantidade de energia necessária para manter o organismo saudável.
• Seguindo esse raciocínio, existe a taxa metabólica de exercício, taxa
metabolica média diária e assim por diante.
• Podemos também calcular essa taxa metabólica associada ao consumo de
O2. Nesse caso temos a taxa metabólica absoluta e a taxa
metabólica relativa (quando mensuramos o consumo de O2 por unidade de
massa do animal)
• Alguns processos são grandes consumidores de energia, entre
os quais temos o “turnover” de proteínas, as bombas de Na+
e K+, a atividade da miosina ATPase na contração muscular e
a gliconeogênese, que chegam a representar 45% da taxa
metabólica.

! Atividade: ler o texto disponível na plataforma sobre


turnover de proteínas

Os elementos que transferem energia entre as moléculas são


chamados fosfagênios, e entre eles o trifosfato de adenosina (ATP) é o
mais par ticipante nos processos metabólicos em seres vivos,
juntamente com outros adenilatos (ADP e AMP), em vias que podem
ser aeróbicas ou anaeróbicas.
• O processo de fosforilação do ADP para ATP demanda uma
transferência de energia com perda de 60% do seu valor.

• Isso faz com que pensemos questões relacionadas à eficiência


real desse processo.

• No entanto, esse calor gerado é importante para o controle


da temperatura em muitos organismos.

• O “turnover” do ATP é baixo na maior parte das células, não


se configurando como um depósito de material combustível;

àEle serve para o consumo imediato.

• Exceção: fibras musculares, nas quais o aumento da atividade


motora imprime um aumento expressivo do “turnover” de
ATP.
• Quem atua na célula com a função de reserva para uso mais
imediato são os fosfatos de creatina (CrF) e o fosfato de
arginina (ArF).

• Esses fosfagênios se encontram em concentrações dez


vezes superiores ao ATP em alguns tecidos, como o muscular
e o cerebral, e são metabolizados rapidamente.

• O metabolismo energético também varia em função da


massa corporal, sendo mais intenso nos animais de porte
menor, que possuem uma taxa metabólica específica elevada

• A seguir alguns exemplos envolvendo mobilização energética.


• 1. Os músculos de contração rápida de alguns animais
possuem reservas elevadas destes fosfagênios.

Ex. músculo branco da truta-arco-


íris (Oncorhynchus mykiss), que
pode conter 30 mmol de CrF/kg de
tecido

• 2. O músculo adutor das


vieiras, moluscos bivalves da
família Pectinidae, com até
50 mmol de ArF/ kg de
tecido.
• 3. Os músculos das asas de
beija-flores contêm grande
quantidade de CrF.

• Esses fosfagênios agem,


portanto, como um “tampão”
de ATP, favorecendo uma
relação ATP/ADP.

• Ao obser varmos a variedade de adaptações e estratégias


metabólicas, podemos ter a falsa impressão de que o que vemos
representa a diversidade total de possibilidades evolutivas.

• Porém, isso está longe de ser verdade.

!Primeiro devido ao fato de que a vida surgiu em nosso planeta sob


condições completamente diferentes das atuais (ex. concentração de
oxigênio na atmosfera) e
!Segundo pela gigantesca quantidade de espécies já extintas.
Uso e significado das vias metabólicas anaeróbicas

• Para nós é clara a importância do O2 para sobrevivência.

• Mas será que o que entendemos como respiração envolve


apenas o O2?

• E para diferentes grupos de organismos, o O2 possui a


mesma importância?
• A maior parte dos animais tem nas vias anaeróbicas um meio de
manter a sua provisão de energia. Alguns exemplos:

1. Em situações onde exista uma demanda aumentada do


metabolismo em atividades vigorosas;
2. Pela interrupção do suprimento de oxigênio em um mergulho
prolongado;
3. Por estarem em zonas entremarés;
4. Cobertos por sedimentos terrestres mal aerados;
5. Por estarem no lúmen do intestino que parasitam.

• De forma geral os vertebrados não toleram condições


com baixa oxigenação (hipóxia), mantendo seus
processos através de vias anaeróbicas apenas por curtos
momentos.

• O motivo disso é que apesar da rapidez das reações, os


subprodutos desse metabolismo inibem a própria
anaerobiose.
Ex. um trabalho muscular submáximo em mamíferos só é possível
de forma prolongada se o fígado e outros tecidos eliminarem o
lactato na mesma taxa em que ele é formado.

Como podemos supor, há exceções, e em lagoas congeladas alguns


peixes sobrevivem à hipóxia por algumas semanas.

Via glicolítica básica e alternativa


• A glicólise é um processo de fermentação complexo (com
10 passos de catálise enzimática)
• Ela ocorre no citoplasma onde é fosforilada por um ATP,
formando glicose 6-fosfato.

Glicose + ATP glicose 6-fosfato + ADP



• Essa é a fórmula geral. A glicólise pode ser modificada de
acordo com as circunstâncias ambientais.

• É o que ocorre quando a quantidade de O2 disponível é


baixa. Nesses casos há o desencadeamento da seguinte
reação:

Glicose + 2 ADP + 2 Pi + 2 NAD ! 2 piruvatos + 2 ATP + 2 NADH +


H+

• A produção de H+ leva a uma acidose incompatível com a


sobrevivência.

• Os organismos possuem estratégias para eliminar o H+ das


células assim como utilizar o lactato para tamponar o H+ (ele
age como aceptor de elétrons)

• No entanto, a tolerância para acúmulo de lactato nos tecidos


é limitada variando bastante entre grupos animais.
• Mas o subproduto de uma atividade anaeróbica glicolítica
nem sempre é o lactato ! pode ocorrer a produção de
etanol ou iminoácidos

• Dessa forma que alguns peixes sobrevivem em anóxia por


períodos prolongados quando aprisionados em baixas
temperaturas

• Nessa condição, o metabolismo reduz em até 80%,


economizando as reservas de glicogênio, que é convertido a
piruvato por uma via anaeróbica no citoplasma.

• Esse piruvato é descarboxilado na mitocôndria e reduzido a


etanol no citoplasma, sendo posteriormente extretado.

! Isso permite ocorrência de glicólise sem o acúmulo de


ácido.

• Esse processo também é encontrado em parasitos que


habitam o intestino de outros organismos

• Em moluscos ao invés de piruvato, é utilizado o aspartato


nesse processo.
• É importante saber que além do material combustível
presente e da disponibilidade de oxigênio para as reações, a
glicólise é controlada pelos seus próprios subprodutos e
também por hormônios e neurotransmissores que modulam
as atividades das proteínas G, adenilciclase, AMPc e proteínas
quinases.

• Na glicólise, diversos substratos podem ser aproveitados, de


aminoácidos a outros tipos de açúcares.
• A galactose é convertida a glicose 6-fosfato, assim como a lactose do
leite, que, depois de ser metabolizada a frutose, é convertida em glicose.
• A frutose, presente nas plantas e no mel ou contida nos adipócitos do
tecido adiposo branco, pode ser metabolizada pela hexoquinase a
frutose 6-fosfato e entrar na via glicolítica.
• Os elementos que não servem de substrato para a via glicolítica são os
lipídios, por se encontrarem em estado muito reduzido para serem
fermentados.
Na próxima aula veremos:

• o metabolismo aeróbico
• Iremos rever o ciclo de krebs
• Iremos entender como se dá o controle do metabolismo
aeróbico e o que se entende por depressão metabólica
• Entender como outras variáveis como massa corporal e
temperatura do meio influenciam esses processos.

Por hoje é só

Leiam o texto sobre turnover de proteinas e o capítulo


correspondente a essa aula no livro texto da disciplina

Dúvidas? Utilizem o fórum.

Até a próxima!

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