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A PREGAÇÃO QUE ESCLARECE E CONFRONTA (2.

14-36)

1. Pedro se levanta ousadamente para explicar o evento no Pentecostes (vs.14-15)

 Pedro se coloca na posição de apóstolo com os outros onze, apóstolos que:


 Foram escolhidos para andar e aprender com Jesus,
 Foram escolhidos para testemunhar por terem o visto ressuscitado e
 Ostentavam autoridade para declarar o que era verdade sobre ELE e SEU
ensino.

Implicação: Ninguém guarda a mesma autoridade que os Doze apóstolos tiveram,


exceto Paulo.

Aplicação:

 Em nossa igreja iremos evitar que qualquer líder assuma um papel de


autoridade para declarar o que é verdade sobre Deus senão fiado na Palavra.

 Precisamos ser cautelosos cada vez que ouvimos um novo ensino ou filosofia.
Em especial:

 quando ela se encaixa com o que achamos que é melhor para nós
 quando ela nos polpa de crucificar o ego
 quando é dita por um pregador famoso e admirável
 quando é propagada por um grupo doutrinário que tenho seguido

 O medo de Pedro nas últimas horas antes da crucificação contrasta com a sua
ousadia diante da multidão (Que mudança toca aquele que é cheio do Espírito!).

Implicação: A chave para mudanças no coração está no controle de suas vontades


impulsivas para uma rendição ao controle do Espírito.

Aplicação:

 Observe as atitudes que você pratica no dia a dia por impulso (sem analisar)
 Verifique os desejos que controlam suas decisões
 Ofereça alguns “nãos” para estas coisas como um convite para o Espírito Santo
enchê-lo (birra piedosa).
 Valorize o tempo de estudo e meditação na verdade e oração sincera.
 Ofereça ao Espírito atitudes de obediência que são contrárias aos desejos.
 Agradeça ao Senhor por todas estas experiências ao final do dia.

 Como você poderia aplicar este plano em sua vida? Quais atitudes impulsivas e
desejos descontrolados estão ameaçando impedir o enchimento do Espírito?
 Qual a atitude inversa representaria um convite ao Espírito?
 Notamos que após a manifestação do Espírito o povo se dividiu entre os que ficaram
sem entender, e aqueles que, incrédulos, ridicularizaram.
 Antes de explicar a situação, Pedro expõe a loucura dos incrédulos, pois era
incoerente que os discípulos estivessem bêbados antes do café da manhã,
conforme os costumes da época poderiam confirmar.
 É notável que aqueles que zombaram não estavam comprometidos em saber a
verdade e entender a situação, mas, havia uma disposição anterior para
menosprezar aquele grupo, por causa da simplicidade de serem galileus.

Implicação: O evangelho não precisa atender apenas à logica compreensível ao


homem, mas, precisa destruir a fortaleza da incredulidade que é natural dele.

Aplicação:

 Não vamos apostar apenas em explicar o evangelho com clareza, mas, vamos
sempre ter uma expectativa que o Espírito DECIDIRÁ por quem fará algo mais
para convencer.

2. Pedro explica o episódio no Pentecostes com dois argumentos básicos (vs.16-36):

a) Uma prévia do derramar do Espírito dito por Joel que prenuncia a revelação da
grandeza do Senhor (vs.16-21)
 O cumprimento completo ou final da profecia será nos últimas dias. “A citação de
Joel é um exemplo da Lei da dupla referência, de acordo com a qual as profecias
bíblicas se cumprem de forma parcial em uma época e total numa ocasião
posterior.”1

 “Últimos dias” é uma expressão que Pedro adiciona a profecia original de Joel (já
falamos sobre a autoridade dos apóstolos para isso), que faz referência aos
acontecimentos finais desta era que estamos vivendo, que são dias também
conhecidos como “o dia do Senhor” (v.20; Jl. 2.28; João 6.39-40).
 São expostos dois fatos que se cumprirão nestes tais últimos dias. (17-20)

 Primeiro sinal: um derramamento universal do Espírito no qual pessoas de


qualquer sexo, de todas as idades e classes sociais serão agraciadas por este
derramar (17-18). De fato, neste momento não foi tão universal, como será no
futuro, mas, atingiu a todos os que estavam reunidos na casa, por isso, tem um
sentido parcial ou simbólico.

 Segundo sinal: manifestações cósmicas chamativas, muito próprias do que as


Escrituras descrevem acontecer ao final da tribulação e proximidade da volta
de Cristo, “antes que venha o glorioso dia do Senhor”, o que mostra que o
cumprimento completo desta profecia não aconteceu ainda (19-20).

1
William MacDonald. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento [sobre Atos 2.17]. Editora Mundo
Cristão
 Os dois sinais apontam o dia em que a glória de Deus será revelada . Observe a
conjunção “e” que conecta os dois fatos descritos na profecia que prenunciam a
salvação para aqueles que invocarem o nome do Senhor. Ou seja, o propósito das
demonstrações históricas da grandeza do Senhor é chamar a atenção das pessoas
para a necessidade de invocarem SEU nome, para que sejam salvos!

 Notas importantes de Interpretação bíblica:


 O texto trata-se narrativa, e como tal, deve ser usado para entender o que
aconteceu e não o que devemos fazer. Sabemos que ouve um barulho especial
e uma manifestação incomum e não devemos esperar que estas mesmas
coisas se repitam pois não são normas divinas, apenas fatos contados.

 Esta é uma narrativa de um período transitório entre o velho e o novo


testamento, de tal maneira, que o culto, organização da igreja e manifestações
do Espírito ainda não tinha formas prontas, por isso, requer cuidado ao tirar
lições.

 O tipo de interpretação feita por Pedro dos textos do AT ignora o contexto e


seu significado literal e histórico, dando a estes textos significados novos além
do que um leitor ou ouvinte das mesmas palavras em que os textos foram ditos
ou escritos entenderia. Porém, não podemos querer exercer uma autoridade
de interpretação que apenas os apóstolos tiveram.

 E como usar as narrativas em nossa vida? 2

 Observando traços do caráter e a maneira e grandeza do que Deus faz;


 Observando a maneira como Deus intervém para cumprir seu
propósito;
 Observando a maneira como o texto diz que Deus enxerga os
acontecimentos:
Como diz Hélder Cardin falando sobre a teologia que podemos
aprender nas narrativas: “Esses princípios e verdades expressam-se
principalmente no modo corno Deus conduz toda a história, aprovando
ou reprovando, abençoando ou disciplinando seu povo.”3
 Observando aspectos práticos do relacionamento entre Deus e seu
povo;
 Deixando que o texto gere temor pelo Senhor ao observar erros
cometidos pelos personagens e suas consequências.

 e quando os olhos de alguém é aberto para enxergar esta grandeza, sua alegria
para ser santo, servir e pregar o evangelho são notáveis.

 Ler com paciência e contemplação as Escrituras, buscar um coração humilde e


resistir à ansiedade ao observar Deus nos fatos da vida, e um toque do poder
do Espírito ajudam a enxergar grandeza de Cristo e tornar-se seu admirador.

2
Adaptado da aula do Hélder Cadin no Curso Avançado de Liderança do Instituto Haggai: “O que nos contaram
nossos pais – Salmo 78”. https://youtu.be/RpLSSIrjgzI?t=2021
3
CARDIN, Hélder. Hermenêutica. Ed. Vida Nova.
 Você é um cristão alegre por seguir a Cristo? Senão, entende o que deve fazer?

b) A supremacia de Jesus, visível desde o início do seu ministério até sua Exaltação (22-36)
 Sua supremacia é visível em uma vida extraordinária (v.22). Os feitos de Cristo
foram tão notórios que deixavam as pessoas maravilhadas e realmente esta era a
intenção.

 Sua supremacia é visível na condução soberana de sua morte (vs.22-23). Pedro


destaca que a morte de Jesus não foi um acidente ou derrota ou perda de controle
de Deus. Você realmente um olhar mais Claro para o julgamento do Éden, assim
como o sentido dos sacrifícios da velha Aliança, bem como as palavras dos
profetas como em Isaías 53 indicam que o Calvário já era esperado. Porém, a
participação cruel ficou com os judeus que se utilizaram do governo Romano
(“gentios”) para crucificar o Cristo.

 Sua supremacia é visível na indiscutível ressurreição do Cristo (vs.24-32). O fato em


si de uma ressurreição já é algo extraordinário e digno de admiração. Some-se a
isso o fato de que as poesias do velho testamento demonstram que tudo isso fazia
parte de um plano poderoso de Deus.

Atos 2.25b – 28 Salmo 16.8-11


Faz referência a Cristo e à sua Faz reverência a Davi e como ele
ressurreição encarava situações de risco de morte.
“‘Eu sempre via o Senhor diante de mim. “Sempre tenho o Senhor diante de mim.
Porque ele está à minha direita, não serei Com ele à minha direita, não serei abalado.
abalado. Por isso o meu coração se alegra e no
Por isso o meu coração está alegre e a íntimo exulto; mesmo o meu corpo
minha língua exulta; o meu corpo também repousará tranquilo,
repousará em esperança, porque tu não me abandonarás no
porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo
sepulcro, nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição.
sofra decomposição. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a
Tu me fizeste conhecer os caminhos da vida alegria plena da tua presença, eterno
e me encherás de alegria na tua prazer à tua direita.”
presença’.”

Em sua grandeza Deus não permite que o filho fique preso as cadeias da morte
porque ainda que permitisse que homens o matassem, seria impossível que Deus
permitisse que ele ficasse definitivamente morto.

 Sua Supremacia é visível em sua exaltação passando a dirigir as ações do Espírito,


embora fosse um com ELE (vs.33-35). O Pai reconhece a consumação da obra do
Filho e passa a próxima etapa em que o Filho dirige as ações do seu povo pelo
Espírito. Desta posição, o Filho colocará todos os seus inimigos em submissão.
Aqui temos provavelmente o momento de maior tenção para os ouvintes daquela
pregação. Isto porque, todos aqueles que estavam ouvindo estavam
representados no grupo que pediu a crucificação de Cristo Jesus e que, portanto,
se enquadravam como SEUS inimigos.

É notável um argumento cíclico no todo. Ou seja, o derramamento do Espírito é um


evento que promovido pelo Cristo que demonstra autoridade e poder. Atributos estes
que já haviam sido manifestados durante sua vida morte e ressurreição, trazendo a
todo o que já pecou uma tremenda expectativa de juízo condenatório, a não ser que
em temor invoquem o seu nome.

O v.36 é uma conclusão: os judeus deveriam Temer ao Senhor, pois eles podiam notar
pelos eventos da vida, morte e ressurreição e na ausência de Jesus, o próprio jeito em
que o Espírito foi derramado, que eles entraram em grande encrenca quando
rejeitaram a Cristo e o mataram.

Implicação:

 Uma visão correta da situação do homem em relação ao seu Deus desde o seu
nascimento deve criar um terror por causa da iminente ira de Deus.
 O controle que Deus exerceu durante toda a história inclusive da história do
seu filho encarnado, deve gerar em nós uma sólida confiança de que ELE é
poderoso para nos salvar.

Aplicação:

 Se o tempo e o desvio pelo caminho de uma religiosidade fria tiraram de você


o temor por causa do seu pecado ou a confiança na graça do Senhor, é
necessário voltar ao ponto onde você caiu.
 A soberania do Deus que é capaz de cumprir a promessa que salvar você no
último dia também pode ser vista no controle que ele possui da sua vida para
fazê-lo se tornar cada vez mais Santo.

APÊNDICE

O uso do Velho Testamento pelos autores do Novo

1. Parte do uso do velho testamento vem das expressões que constavam na memória cheia
das Escrituras de um judeu comum, mas cujo teor da declaração no Novo Testamento
não está necessariamente ligado ao mesmo assunto do texto do velho testamento de
onde a expressão foi importada (Ex.: “uma espada atravessará a sua alma” (Lc. 2.35 cit. Sl.
37.14).

2. O outro uso agora mais comum é de um trecho do velho testamento como autoridade
para tornar o argumento, utilizado no novo, incontestável. Nestes casos era comum o
termo “Como diz as Escrituras” (Rm 10.11; cit. Is 28.16). Note que essa percepção da
autoridade das Escrituras é confirmada por Pedro (2 Pedro 1.21) e Jesus ((Mc 12.36; cf. Mt
22.43) quando se refere a Davi (Sl 110.1) como alguém que falou pelo Espírito.
3. Quanto a interpretação destes textos deve-se considerar alguns princípios e
pressupostos:
“...para se compreender o uso que os primeiros cristãos fizeram do AT, devem ser levados em
conta três fatores decisivos. (1) O judaísmo pré-cristão tinha alguns estereótipos de métodos
de exegese. (2) O próprio Jesus herdou alguns deles, é evidente, embora ele os virasse do
avesso com perfeita originalidade. (3) Acrescentada à atitude padrão de Jesus em relação ao
AT, a igreja primitiva associou a sua convicção de que o “Espírito de Cristo”, que havia
inspirado e guiado os profetas de antigamente, estava atuante agora de forma renovada no
povo de Cristo, despertando o seu entendimento para uma compreensão vitalmente nova das
Escrituras.”

F. F. Bruce. Comentário Bíblico NVI (p. 2984). EDITORA VIDA. Edição do Kindle.

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