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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

BACHARELADO EM DIREITO

ATIVIDADE AVALIATIVA 03

ELABORAÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

(PROPOSIÇÃO DE INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE)

Feira de Santana – BA
Outubro de 2022
Universidade Estadual de Feira de Santana
Curso de Direito, 8º semestre
Disciplina: Laboratório de Prática Trabalhista
Professor: Uziel
Alunos: Weslei Dias Machado
Abílio Pereira Santos

ATIVIDADE AVALIATIVA 03 - ELABORAÇÃO DE RECLAMAÇÃO


TRABALHISTA

EXCELENTÍSSMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 3ª VARA DO


TRABALHO DE FEIRA DE SANTANA/BA

BANCO W inscrito no CNPJ sob n.° 000.000.00, com sede localizada à Av. Getúlio
Vargas, Bairro Centro, Município e Comarca de Feira de Santana, neste ato
representado por seu sócio proprietário Sr. SÁVIO DA SILVA, residente e domiciliado
no mesmo endereço, endereço eletrônico savio@bancow.com, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, por intermédio seu advogado ao final firmado, com
procuração anexa e endereço eletrônico com fulcro nos arts. 494, 853 a 855 da CLT e
no artigo 5º, XXXV, da CRFB, propor o presente.

INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

Em face de FIDEL, brasileiro, casado, bancário, portador do RG n.° 111.111.111.11,


inscrito no CPF sob n.º 222.222.222.22, com CTPS 33333333 e PIS 44444444,
endereço Rua São José, bairro do Tomba, Feira de Santana, Bahia, endereço eletrônico
fidel@fidel.com.br, de acordo com as razões a seguir aduzidas

I – DA SÍNTESE DOS FATOS

O trabalhador Fidel exercia a função de escriturário no banco autor, desde a data de sua
contratação, em 02.03.2013. No dia 04.06.2019, o investigado candidatou-se ao cargo
de dirigente do Sindicato dos Bancários do Estado de Pernambuco, sagrando-se
vencedor da eleição, de modo que tomou posse na data de 05.08.2019, com mandato de
três anos.

Todavia, na data de 20.12.2021, envolveu-se em uma reprovável contenda com um


cliente e o agrediu fisicamente, nas dependências da agência, sem nenhuma justificativa.

Por consequência, na data de 21.12.2021, após a averiguação do ocorrido, o Gerente-


Geral, de forma preventiva, suspendeu Fidel.

Destarte, considerando a estabilidade sindical obtida pelo empregado e a manifesta falta


grave cometida por este, inarredável o ajuizamento do presente inquérito para apuração
de falta grave.

II – DA TEMPESTIVIDADE

O réu Fidel foi preventivamente suspenso na data de 21.12.2021, de modo que a


presente ação é tempestiva, visto que ajuizada no prazo de 30 dias, consoante previsto
no artigo 853 da CLT.

III - DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

III.I – Da Instabilidade Sindical

O réu sagrou-se vencedor em eleição para o cargo de dirigente do Sindicato dos


Bancários, sendo que tomou posse em 04.06.2011 e exerceria a função obtida durante o
período de três anos.

Logo, ante o registro da candidatura do réu, este adquiriu estabilidade sindical,


consoante preconiza o artigo 543, §3º, da CLT e artigo 8º, inciso VIII, da Constituição
Federal, sendo necessário o decorrer de 1 (um) ano após o final do mandato de 3 (três)
anos.

III.II – Da Necessidade de Apuração de Falta Grave em Inquérito

Considerando que o réu se envolveu, nas dependências da agência na qual laborava, em


uma reprovável briga com um cliente, praticando ato de agressão física contra este sem
qualquer justificativa, a conduta do empregado se configurava com perfeição ao
conceito de falta grave, consoante leciona o artigo 482, alínea i, da CLT.

Não obstante, tendo em vista que o funcionário adquiriu a estabilidade sindical em razão
do advento em função de Gerente-Geral, faz-se necessário o ajuizamento de inquérito
judicial para a apuração de falta grave cometida pelo réu, a fim de que sua dispensa seja
realizada de forma legal, consoante dispõe a Súmula 379 do TST.

Finalmente, a jurisprudência mais recente emanada pelo Tribunal Regional do Trabalho


da 9ª Região é firmada no sentido da necessidade de ajuizamento de inquérito nestes
casos, consoante julgado cujos fundamentos determinantes (ratio decidendi) são os
mesmos do caso em apreço.

TRT-PR-12-05-2015 RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA
GRAVE. DIRIGENTE SINDICAL.  SUSPENSÃO DO
EMPREGADO SEM PAGAMENTO DE SALÁRIOS. VIOLAÇÃO
AOS PRINCÍPIOS DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, DA
DIGNIDADE HUMANA E DA MILITÂNCIA SINDICAL. ATO
ILEGAL. SEGURANÇA CONCEDIDA. O ato do dirigente de
sociedade de economia mista municipal que, após sindicância e
processo administrativo disciplinar, concluiu pelo ajuizamento de
inquérito para apuração de falta grave, não pode ser considerado
ilegal, porquanto respaldado no art. 5º, XXXV, da CRFB e no art.
853 e seguintes, da CLT. Eventual falta de razoabilidade ou
proporcionalidade na punição pretendida (falta grave) deve ser
apreciada no bojo do inquérito para apuração de falta grave, após
a imprescindível dilação probatória que caracteriza o procedimento,
não sendo passível de aferição pela via do mandado de segurança. (...)
Conquanto a empregadora tenha o direito líquido e certo de suspender
o trabalhador enquanto tramita o inquérito para apuração de falta
grave. (art. 494, da CLT e da OJ nº 137, da SDI-2/TST), é imperativo
que tal dispositivo celetário seja interpretado à luz dos princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana, da presunção de
inocência e da liberdade da militância sindical. No conflito entre os
dois interesses jurídicos legítimos, deve ser aplicada a técnica de
ponderação de interesses. No caso em tela, a sobrevivência do
impetrante, apenas possível mediante a percepção das verbas salariais
pagas pela empregadora, é mais importante, assim como a militância
sindical, garantia que visa ao bem maior da sociedade. (...) (TRT-PR-
03751-2014-863-09-00-0-ACO-13389-2015 - 2A. TURMA. Relator:
CÁSSIO COLOMBO FILHO. Publicado no DEJT em 12-05-2015.

Destarte, considerando que o réu foi suspenso preventivamente, na data de 21.12.2021,


em conformidade ao artigo 494 da CLT e à OJ nº 137, da SDI-2/TST, fica autorizado o
ajuizamento do presente inquérito.

IV – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, pugna-se pela procedência da presente ação e o reconhecimento da


falta grave cometida pelo réu, com a consequente desconstituição do contrato de
trabalho, por justa causa, consoante preconiza o artigo 482, alínea i, da CLT
V – DAS PROVAS

Protesta o requerente pela possibilidade de produzir todas as provas cm direito


admitidas, especialmente o depoimento do Consignatário, sob pena de confissão
(súmula 74, do TST), oitiva de testemunhas, prova pericial e inspeção judiciai, caso se
verifiquem necessárias no decorrer do processo.

Nestes termos,

Pede deferimento

Feira de Santana/Bahia, 19 de janeiro de 2022

João Santos da Silva


Advogado
OAB/BA nº. 01.234

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