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Santarém – PA
Junho de 2014
EDUARDO GENNER FERREIRA DE ALMEIDA
Santarém – PA
Junho de 2014
iii
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Márcio Rocha Remédios (UFPA)
Examinador 01
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo da Silva (UFOPA)
Examinador 02
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Sergio Antônio de Sousa Farias (UFOPA)
Examinador 03
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Manoel Roberval Pimentel Santos - UFOPA
Orientador
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Ferreira de Sousa - UFPA
Co-Orientador
DEDICATÓRIA
A Deus.
A minha amada mãezinha, Olgarina.
A todos os meus irmãos.
vi
AGRADECIMENTOS
(Josué 1:8)
viii
RESUMO
Neste trabalho foram caracterizados os ácidos esteárico e palmítico nas
formas Bm e C, sob temperatura ambiente, através das espectroscopias de
Infravermelho e Raman. Primeiramente foi obtida a cristalização dos dois
ácidos graxos usando o método da evaporação lenta do solvente utilizando
para isso dois solventes, o clorofórmio e o etanol, em duas temperaturas, ~ 16
°C e ~ 0 °C. Foram obtidos cristais simples com duas formas polimórficas
chamadas na literatura científica Bm e C, as duas na simetria monoclínica com
grupo espacial P21/a (C2h5) e Z=4 sendo estas confirmadas via difração de
Raio-X. Em seguida as técnicas espectroscópicas foram aplicadas para a
caracterização dos ácidos. Foram realizadas medidas de Infravermelho na
região do infravermelho médio, na região de 400 a 3000 cm -1 e em Raman, na
região de 30 a 3000 cm-1. Isto permitiu a caracterização dos ácidos esteárico e
palmítico. Os espectros de Infravermelho e Raman das duas formas
polimórficas para os dois ácidos mostram diferenças principalmente na
intensidade e posição dos picos. A atribuição das bandas observadas foi feita
através da correlação com espectros Raman e de Infravermelho de seus
componentes individuais e de outros compostos encontrados na literatura.
ABSTRACT
In this work, stearic and palmitic acids were characterized in Bm and C
forms, at room temperature, through Infrared and Raman spectroscopy. First,
crystallization of the two fatty acids was obtained using the method of slow
evaporation of solvent using two solvents, chloroform and ethanol, at two
different temperatures: ~ 16 °C e ~ 0 °C. Single crystals were obtained in two
polymorphic forms called in the scientific literature Bm and C in both monoclinic
symmetry with space group P21/a (C2h5) and Z=4, which were confirmed by
technique of X-rays diffraction. Then spectroscopic techniques were applied to
characterize the acids. Infrared measurements in the mid-infrared region,
between 400 to 3000 cm-1, were performed and Raman in the region 30 to 3000
cm-1. This allowed the characterization of stearic and palmitic acids. The
Infrared and Raman spectra of the two polymorphic forms at the two acids
mainly showed differences in the intensity and position of the peaks. The
assignment of the observed bands was made by correlation with Raman and
Infrared spectra of its individual components and other compounds found in the
literature.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 49
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 50
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 50
3.1 Espectroscopia no Infravermelho ................................................................... 51
3.2 Espectroscopia Raman .............................................................................. 54
CONCLUSÃO................................................................................................... 56
AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 57
SÍNTESE INTEGRADORA .............................................................................. 59
xii
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 1: Estrutura molecular dos principais ácidos graxos dos óleos vegetais .................. 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2: Decomposição da luz por um prisma ................................................. 4
Figura 3: O espectro eletromagnético............................................................................. 5
Figura 4: Mecanismo de espalhamento Raman ................................................ 7
Figura 5: Regiões do espectro utilizadas em espectroscopias ........................ 10
Figura 6: Tipos de vibração das moléculas ..................................................... 11
Figura 7: Graus de liberdade de vibração ou vibrações fundamentais ............ 12
Figura 8: Primeira radiografia da história ........................................................ 14
Figura 9: Produção de Raios-X a nível atômico .............................................. 15
Figura 10: Difração de Raios-X pelos planos dos átomos ............................... 17
Figura 11: Padrão de difração dos ácidos esteárico e palmítico na forma C .. 25
Figura 12: Padrão de difração dos ácidos esteárico e palmítico na forma Bm. 26
Figura 13: Conjunto de equipamentos para medidas de espectros Raman .... 28
Figura 14: Espectrômetro VERTEX 70 ............................................................ 29
CAPÍTULO I
Figura 1: Estrutura molecular e célula unitária (forma B) do ácido esteárico ................... 38
Figura 2: Espectro de Infravermelho do ácido esteárico na forma Bm e C ....................... 39
Figura 3: Espectro de Infravermelho do ácido esteárico na forma Bm e C ....................... 41
Figura 4: Espectro Raman do ácido esteárico na forma Bm e C ................................... 42
Figura 5: Espectro Raman do ácido esteárico na forma Bm e C .................................... 43
CAPÍTULO II
Figura 1: Estrutura molecular e célula unitária do ácido palmítico ................................. 51
Figura 2: Espectro de Infravermelho do ácido palmítico na forma Bm e C ....................... 52
Figura 3: Espectro de Infravermelho do ácido palmítico na forma Bm e C ....................... 53
Figura 4: Espectro Raman do ácido palmítico na forma Bm e C ................................... 54
xiii
1. INTRODUÇÃO GERAL
Tabela 1 - Ácidos graxos saturados importantes: Fórmula molecular e nome trivial. Adaptado
de CHOW, 2008.
Comprimento de onda
do laser: λ = 514,5 nm
Figura 8 - Primeira radiografia de uma parte do corpo da história. Fonte: Google, 2012.
15
nλ = SQ + QT (1)
ou
1.1.6 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVOS
2 MATERIAL E MÉTODOS
AP-forma C
AE-forma C
5 10 15 20 25 30 35 40 45
2 (Grau)
Figura 11: Padrão de difração dos cristais dos ácidos esteárico e palmítico na forma C.
Tabela 4: Dados estruturais dos cristais dos ácidos esteárico e palmítico na forma C
AP-forma Bm
AE-forma Bm
Intensidade (un. arb.)
5 10 15 20 25 30 35 40 45
2 (Grau)
Figura 12: Padrão de difração dos cristais dos ácidos esteárico e palmítico na forma Bm.
27
Tabela 5: Dados estruturais dos cristais dos ácidos esteárico e palmítico na forma Bm.
Portanto, pode ser observado nas Figuras 11 e 12, que tanto o ácido
palmítico como o ácido esteárico podem se cristalizar em duas formas distintas
(Bm e C), dependendo das condições de temperatura.
de 20,9 mm. Para que se tenha pelo menos duas geometrias de espalhamento
o cristal sofreu um giro de 90°. Estas medidas foram realizadas em parceria da
UFOPA com a UFC.
Figura 13: Conjunto de equipamentos para medidas de espectros Raman. Fonte: Eduardo
Almeida, 2013.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Society of Japan.51 (1978) 70.
CAPÍTULO I
_____________________________
* Capítulo escrito de acordo com as normas da revista Vibrational Spectroscopy
(http://www.elsevier.com/journals/vibrational-spectroscopy/0924-2031/guide-for-authors). Este será
submetido após sua finalização e tradução para o idioma inglês.
34
RESUMO:
ABSTRACT:
Single crystals of stearic acid in Bm and C forms were crystallized by slow evaporation of
the solvent at temperatures of 0 oC and 16 oC, respectively. These polymorphic phases
were confirmed by the X-ray diffraction and the Raman spectra in the region 30-3000 cm-1
and Infrared from 400-4000 cm-1, performed at ambient temperature, were analyzed in this
work. The assignment of the observed bands was made by correlation with infrared and
Raman spectra of its individual components and other compounds founded on scientific
literature.
1. Introdução
2. Material e Método
O ácido esteárico foi adquirido junto à empresa Merk & Co. Inc. e não foi feita
nenhuma purificação adicional. Os cristais de ácido esteárico nas formas Bm e C,
analisados, neste estudo foram cristalizados através da evaporação lenta de uma solução
de clorofórmio em temperaturas de 0 oC e 16 ºC, respectivamente. As amostras obtidas
são cristais largos, com formato de plaquetas finas e geometria de losango. As medidas
em Raman à temperatura ambiente foram realizadas utilizando um espectrômetro triplo da
Jobin-Y von modelo T 64000 e um sistema detector CCD (Charge-CoupledDevice) com
um laser de argônio emitindo na linha 514,5 nm. As medidas espectrais foram obtidas
com resolução de aproximadamente 2 cm-1. Para focar o laser na amostra foi utilizado um
microscópio da marca Olympus e acoplado a ele há uma câmera de vídeo com uma lente
de aumento de 20x e distância focal de 20,9 mm. Os espectros de absorção no
infravermelho foram gerados na região do infravermelho médio, por meio de um
espectrômetro de infravermelho com transformada de Fourier, VERTEX 70 da Bruker,
com resolução espectral de 4 cm-1. Foi utilizada a técnica de transmitância a partir de
pastilhas de Kbr com espessura de 13 mm onde as amostras de ácido esteárico
representam 3% do material. Os padrões de difração de Raio-X foram realizados usando
o método de pó com a utilização de um difratômetro convencional da marca Rigaku
configurado numa geometria Bragg-Betano. A fonte de radiação usada foi da linha Kα do
cobre. O intervalo angular para todas as medidas foi entre 3-45º em 2θ e o passo foi de
0,02º com velocidade angular do feixe de 0,5°/min no modo contínuo.
38
3. Resultados e Discussão
Ácido Esteárico
Forma B
Transmitância %
Forma C
A banda em torno de 724 cm-1 nas duas formas polimórficas é atribuída à vibração
rocking de CH2 sendo também observada em óleos e triglicerídeos [19]. A banda larga e
de intensidade média em 888 cm-1 na forma Bm, 930 cm-1, na forma C, é atribuída à
deformação angular fora do plano do grupo O-H em ligação de hidrogênio sendo esta
uma banda característica dos ácidos carboxílicos diméricos [20]. Na região de 1150-1000
cm-1 as vibrações de v(C-C) são afetadas pela conformação gauche das moléculas na
forma Bm. A banda em 1120 cm-1 está associada à vibração stretching do C-C juntamente
com o grupo carboxílico enquanto que a banda em 1072 cm -1 está associada ao
acoplamento com o grupo metil mostrando na forma Bm a banda em 1120 cm-1 mais
intensa do que em 1072 cm-1 [16].
Tanto para a forma Bm quanto para a C as bandas entre 1210 e 1320 cm-1 são
provenientes de deformação axial de C-O e as bandas entre 1395 e 1440 cm -1 são
atribuídas às deformações angulares de O-H. Estas bandas envolvem certa interação
entre a deformação angular no plano de C-O-H e a deformação axial de C-O. Como
mostra o espectro, a banda de deformação angular de C-O-H na região de 1395-1490 cm-
40
1
é de intensidade moderada ocorrendo na mesma região em que se observa a vibração
de deformação angular simétrica no plano de CH2 adjacente à carbonila [20]. A banda
observada em torno de 1703 cm-1 nas duas formas é atribuída ao stretching assimétrico
do grupo carbonila C=O, v(C=O). Como o dímero dos ácidos carboxílicos possui um
centro de simetria apenas o modo de deformação axial assimétrico de C=O absorve no
Infravermelho [20]. Em ácidos com cadeias menores esta banda aparece por volta de
1744 cm-1 [19].
Ácido Esteárico
Transmitância %
Forma B
Forma C
Ácido Esteárico
Forma B
Intesidade Raman
Forma C
As bandas localizadas em 893 cm-1 e 912 cm-1, no espectro da forma B, 892 cm-1 e
909 cm-1 na forma C são devidas a uma vibração do tipo rocking, ρ(CH2). Na região de
1000-1135 cm as bandas são decorrentes das deformações stretching de C-H [21].
Particularmente, as bandas em 1063 cm-1 (forma B e C), 1103 cm-1 e 1104 cm para as
formas B e C, respectivamente, estão associadas ao stretching assimétrico e em 1129
cm-1 (forma B) e 1130 cm-1 (forma C) ao stretching simétrico [22]. A banda observada por
volta de 1177 cm-1 nas formas B e C estão associadas à vibração de deformação do
grupo CH2, δ(CH2) [23].
Ácido Esteárico
Forma B
Forma C
4. Conclusão
Agradecimentos
Referências
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Amazônia. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
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[12] F. F. de Sousa, S. G. C. Moreira, S. J. S. Silva, J. D. Nero, P. Alcantara Jr. Journal of
Bionanoscience. 3 (2009) 139.
[13] E. Moreno, R. Cordobilla, T. Calvet, F. J. Lahoz, A. I. Balana. The C formo f n-
hexadecanoicacid. Acta Crystallographica C62 (2006) 129-131
[14] F. Kaneko, K. Yamazaki, K. Kitagawa, T. Kikyo, M. Kobayashi, Y. Kitagawa, Y.
Matsuura, K. Sato, M. Susuki, J. Phys. Chem. B 101 (1997) 1803.
[15] R. Benages, L. Bayes, R. Cordobilla, E. Moreno, T. Calvet, M. A. Cuevas-Diarte,
Crystal Growth & Design. 9 (2009) 1762.
[16] E. Moreno, R. Cordobilla, T. Calvet, M. A. Cuevas-Diarte, G. Gbabode, P. Negrier, D.
Mondieig, H. A. J. Oonk. New Journal of Chemistry 31 (2007) 947-957.
45
CAPÍTULO II
_____________________________
* Capítulo escrito de acordo com as normas da revista Vibrational Spectroscopy
(http://www.elsevier.com/journals/vibrational-spectroscopy/0924-2031/guide-for-authors). Este será
submetido após sua finalização e tradução para o idioma inglês.
47
*a
E. G. F. Almeida, bM. R. P. Santos, cF. F. de Sousa
*a
Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia, Universidade Federal
do Oeste do Pará, Cep 68035-110, Santarém, Pará, Brazil
b
Instituto de Engenharia e Geociências, Universidade Federal do Oeste do Pará, Cep
68035-110, Santarém, Para, Brazil
c
Faculdade de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará Cep 68507-970,
Marabá, Pará, Brazil
RESUMO:
ABSTRACT:
Single crystals of palmitic acid in Bm and C forms were crystallized by slow evaporation of
the solvent at temperatures of 0 oC and 16 oC, respectively. These polymorphic phases
were confirmed by the X-ray diffraction and the Raman spectra in the region 30-3000 cm-1
and Infrared from 400-4000 cm-1, performed at ambient temperature, were analyzed in this
work. The assignment of the observed bands was made by correlation with infrared and
Raman spectra of its individual components and other compounds founded on scientific
literature.
1. Introdução
A espectroscopia Raman foi usada para estudar o ácido palmítico sob altas
pressões [6]. Técnicas espectroscópicas têm sido usadas para caracterizar as
substâncias presentes em ácidos graxos [7,8]. Recentemente, a técnica de absorção de
Infravermelho foi usada para identificar a constituição de cada ácido graxo majoritário no
óleo de buriti (Mauritia flexuosa L.) [9]. O objetivo principal deste trabalho é fazer a
caracterização espectroscópica do AP em temperatura ambiente na região de 20 a 3000
cm-1 usando as técnicas de absorção de Infravermelho e Raman.
50
2. Material e Método
O ácido palmítico foi adquirido junto à empresa Merk & Co. Inc. e não foi feita nenhuma
purificação adicional. Os cristais de ácido palmítico nas formas Bm e C, analisados, neste
estudo foram cristalizados através da evaporação lenta de uma solução de clorofórmio em
temperaturas de 0 oC e 16 ºC, respectivamente. As amostras obtidas são cristais largos,
com formato de plaquetas finas e geometria de losango. As medidas em Raman à
temperatura ambiente foram realizadas utilizando um espectrômetro triplo da Jobin-Y von
modelo T 64000 e um sistema detector CCD (Charge-CoupledDevice) com um laser de
argônio emitindo na linha 514,5 nm. As medidas espectrais foram obtidas com resolução
de aproximadamente 2 cm-1. Para focar o laser na amostra foi utilizado um microscópio da
marca Olympus e acoplado a ele há uma câmera de vídeo com uma lente de aumento de
20x e distância focal de 20,9 mm. Os espectros de absorção no infravermelho foram
gerados na região do infravermelho médio, por meio de um espectrômetro de
infravermelho com transformada de Fourier, VERTEX 70 da Bruker, com resolução
espectral de 4 cm-1. Foi utilizada a técnica de transmitância a partir de pastilhas de Kbr
com espessura de 13 mm onde as amostras de ácido esteárico representam 3% do
material. Os padrões de difração de Raio-X foram realizados usando o método de pó com
a utilização de um difratômetro convencional da marca Rigaku configurado numa
geometria Bragg-Betano. A fonte de radiação usada foi da linha Kα do cobre. O intervalo
angular para todas as medidas foi entre 3-45º em 2θ e o passo foi de 0,02º com
velocidade angular do feixe de 0,5°/min no modo contínuo.
3. Resultados e Discussão
Ácido Palmítico
Forma B
Transmitância %
Forma C
A banda em 719 cm-1 (forma C) e 725 (forma Bm) além de serem observadas nos
espectros de ácidos graxos também são vistas em triglicerídeos e estão associadas às
vibrações rocking de CH2 [9]. Nos ácidos carboxílicos dímericos, uma das bandas mais
características observadas em seu espectro são causadas pela deformação angular fora
do plano do grupo O-H em ligações de hidrogênio. Geralmente a banda aparece em torno
de 920 cm-1, sendo larga e de intensidade média. No espectro do ácido palmítico esta
banda é facilmente identificada, ocorrendo em torno de 895 cm-1 para a forma Bm e 937
cm-1 para a forma C [14]. A conformação gauche da molécula da forma Bm afeta as
vibrações v(C-C) na região 1150-1000 cm-1. Então as bandas observadas em 1010, 1072
e 1120 cm-1 associadas às vibrações stretching do C-C [12].
estão associadas à deformação axial de C-O. Enquanto que as bandas em 1431, 1411
cm-1 (forma C) e 1404, 1434 cm-1 são atribuídas às deformações angulares de O-H [15].
As bandas em torno de 1700 cm-1 (forma C) e 1706 cm-1 (forma Bm) foram assinaladas
como vibrações stretching assimétrico do grupo carbonila C=O. Como o dímero dos ácidos
carboxílicos possui um centro de simetria apenas o modo de deformação axial assimétrico
de C=O absorve no Infravermelho [14].
Ácido Palmítico
Transmitância %
Forma B
Forma C
Ácido Palmítico
Intensidade Raman
Forma C
Forma B
150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350 1500 1650
Segundo [18,20], na região espectral entre 1400 a1500 cm -1, as bandas Raman de
ácidos graxos são, em sua maioria, associadas à deformação scissoring do CH2, δ(CH2),
enquanto que uma parcela muito pequena delas podem ser em decorrência das vibrações
scissoring de CH3, δ(CH3). Foram observadas nesta região bandas centradas em 1420,
1437, 1453, 1465 cm-1 para a forma C e 1405, 1420, 1450 cm-1 para a forma Bm. Todas
estas vibrações foram associadas às vibrações do tipo scissoring da unidade CH2 ou CH3.
Ácido Palmítico
Forma B
Forma C
4. Conclusão
Agradecimentos
Referências
[1] MIGUEL, L. M., Uso sustentável da biodiversidade na Amazônia brasileira:
Experiências atuais e perspectivas das bioindústrias de cosméticos e fitoterápicos, 2007
[2] [2] P. O. Carvalho, P. R. B. Campos, M. A. Noffs, J. G. Oliveira, M. T. Shimizu, D. M.
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[19] E. Smith, G. Dent. Modern Raman Spectroscopy – A Practical Approach, John Wiley
and Sons Inc, 2005, p 23-91.
[20] J. R. Beattie, S. E. J. Bell, B. W. Moos. Lipids, 39 (2004). 407-419.
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SÍNTESE INTEGRADORA
Técnicas espectroscópicas como de Infravermelho e Raman apresentam bons
resultados quando se trata de caracterização de materiais. Como foi observado neste
estudo, informações a cerca dos ácidos graxos palmítico e esteárico foram obtidas
através destas técnicas.