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Escola Secundária de Vila Verde | Filosofia, 11.

º Ano

VII – ESTÉTICA E
FILOSOFIA DA ARTE
A arte como expressão
“Uma obra de arte é arte se, e só se, exprimir
os sentimentos e as emoções do artista”

Elaborado pela aluna


Bruna Filipa Pimenta de Sousa
Número
1
Turma
11.ºH Bruna Sousa, n.º1, 11.ºH Página 1
Escola Secundária de Vila Verde | Filosofia, 11.º Ano

Índice
1. Estética e Filosofia da arte........................................................................................... 3

2. A arte como expressão .................................................................................................. 3

2.1. Princípios e Pressupostos da Teoria .................................................................. 4


a) Aspetos a favor ................................................................................................ 5
b) Críticas ............................................................................................................ 6
2.2. Representante da teoria da arte como expressão e exemplo de um dos seus
objetos artísticos: ...................................................................................................... 7
a) Andy Warhol – biografia ................................................................................ 7
b) “210 Garrafas de Coca-Cola” ......................................................................... 8
Conclusão ....................................................................................................................... 10

Referências ..................................................................................................................... 11

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1. Estética e Filosofia da arte


O ramo da filosofia a que se dá o nome de “Estética” inclui um conjunto de
conceitos e de problemas tão variados que, sob a visão daqueles que iniciam o seu estudo,
pode parecer uma matéria demasiado dispersa e inacessível, contudo, esta é apenas a
primeira impressão.
Para desmistificar tal impressão começarei por esclarecer que a Estética é a
disciplina filosófica que se ocupa dos problemas, teorias e argumentos acerca da arte. A
estética é, pois, o mesmo que filosofia da arte.
Importa dizer que em arte pode fazer-se de tudo, mas nem tudo é arte. Podemos
afirmar que a arte não é invenção mas sim criação, e isto é o que a distingue da técnica
bem como da ciência.
Para encontrarmos uma definição objetiva de arte é necessário saber que
características têm em comum todas as obras de arte. O mesmo é perguntar pelas
condições necessárias e suficientes para que um objeto seja considerado artístico.
O primeiro problema que qualquer teoria da arte tem de enfrentar é o de responder
a esta questão, aparentemente tão simples: “O que é a arte?” ou ainda “O que é um objeto
artístico?”.
Assim, este tornou-se num dos problemas centrais da filosofia da arte. De referir
que a filosofia da arte é formada por um conjunto de problemas acerca da arte, para a
resolução dos quais concorrem diferentes teorias. Através de três das mais importantes
teorias da definição da arte é possível ensaiar uma resposta a este problema. Neste
trabalho, discutirei uma dessas teorias e os argumentos que a sustentam – a teoria da arte
como expressão.

2. A arte como expressão


A arte como expressão é uma das três teorias essencialistas, uma vez que defende
que existe uma essência da arte, ou seja, que subsistem propriedades essenciais comuns
a todas as obras de arte.
Esta teoria, também conhecida como teoria expressivista, surgiu no final do
século XIX como alternativa à teoria anterior – a teoria da arte como imitação (ou
representação).

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Efetivamente, vários filósofos e artistas românticos da época propuseram uma


definição de arte que procurava desfazer-se das limitações até então existentes, uma vez
que estas já não satisfaziam as suas exigências, ao mesmo tempo que transferia para o
artista ou criador a “chave” da compreensão da arte.
Assim, estes artistas consideravam que a arte deveria conter um lado pessoal e até
mesmo emocional do criador. Por esta razão, surge a teoria da arte como expressão, que
é, ainda atualmente, aquela que grande parte das pessoas aceita sem questionar.
Dizer ainda que, pese embora a teoria tenha surgido e influenciado artística e
culturalmente a Alemanha, os pensadores que defendiam os princípios em que ela deveria
assentar não eram alemães. Destacam-se, essencialmente, Lev Tolstoi (russo), Benedetto
Croce (italiano) e Robin George Collingwood (britânico).

Lev Tolstoi Benedetto Croce R. G. Collingwood

2.1 Princípios e Pressupostos da Teoria


Segundo a teoria da arte como expressão, uma
obra é arte se, e só se, exprimir os sentimentos e as
emoções do artista. Tal significa que a teoria em análise
pressupõe a transmissão de sentimentos por parte do
artista para o seu público para que exista arte.
Tal como exposto anteriormente, o escritor e
pensador russo Lev Tolstoi foi um dos protagonistas
desta teoria. Este defendeu, na sua obra literária “O que
é a arte?” (Fig.1), que a arte é um meio de comunicação
de sentimentos, emoções e que o artista deve, através
da sua obra, expressá-los e contagiar o seu público,
(Fig.1)
sendo o estado emocional do artista revelado.

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Tal pode ser confirmado através do seguinte excerto: “A atividade da arte é


baseada no facto de que o homem, ao receber pela audição ou visão as expressões dos
sentimentos de outro homem, é capaz de experimentar os mesmos sentimentos daqueles
que os expressa”1.
Assim, Tolstoi, com o intuito de definir arte, considerou três critérios,
considerando que há arte quando são respeitadas, em conjunto, as seguintes condições:
1. Particularidade do sentimento transmitido, isto é, expressão da singularidade do
artista e não de sentimentos em geral;
2. Clareza na transmissão desse sentimento;
3. Sinceridade no artista, isto é, na força com que o artista experimenta os
sentimentos que transmite.

Assim, apenas existe arte se todos estes critérios forem respeitados


cumulativamente, independentemente de as obras imitarem ou não e de proporcionarem
ou não prazer. A este propósito, refere Lev Tolstoi que “Na ausência de uma dessas
condições, a obra não pertencerá à arte, mas às suas contrafações. (...) Mas se todas as
três condições estiverem presentes, ainda que em menor grau, essa obra será arte, mesmo
que seja fraca”2.
Tendo em conta os princípios supra abordados, pode facilmente concluir-se que
o principal papel do artista é conseguir transmitir ao seu público, através da sua obra, as
mesmas emoções e sentimentos que este sentia quando a criou, devendo, portanto, existir
uma autenticidade dos sentimentos do artista. Neste sentido, Lev Tolstoi afirma que “A
clareza da expressão do sentimento contribui para o contágio (...). Porém, mais do que
tudo, o grau de contágio da arte é dimensionado pelo grau de sinceridade do artista”3.
Posto isto, cumpre de seguida analisar o que parece concorrer a favor desta teoria
e que críticas lhe podem ser feitas.

a) Aspetos a favor
Com o intuito de defender a teoria em questão, podemos enunciar os muitos e
expressivos testemunhos de artistas que reconhecem a relevância de certas emoções que,

1
LEV TOLSTOI, “O que é a Arte?”, disponível em Clube das Ideias, 10.º Ano, p. 248.
2
Idem, p. 250.
3
Ibidem.

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sem as suas criações, não teriam seguramente existido. Além disso, alguns afirmam ainda
que, na origem da sua criação artística, estão emoções ou sentimentos.
Uma outra característica favorável da teoria da arte como expressão reside no
facto de esta apresentar um critério abrangente que permite, com algum rigor, classificar
objetos como obras de arte. De notar que esta tem a vantagem acrescida de classificar
como arte todas as obras que não imitam nada, o que acontece frequentemente na
literatura, na música e na arte abstrata.
Dizer ainda que oferece também um critério valorativo, segundo o qual uma obra
é tanto melhor quanto melhor conseguir exprimir os sentimentos do seu criador.
A teoria da arte como expressão manifesta-se frequentemente em juízos como
“Este é um livro exemplar em que o autor nos transmite o seu desespero perante uma vida
sem sentido” ou como “O autor do filme cinematografa magistralmente os seus próprios
traumas e obsessões” ou ainda “Aquele livro é excelente porque está muito bem escrito e
apresenta uma história bem construída apoiada em personagens convincentes e bem
caracterizadas”.
Assim, esta teoria parece ter uma grande vantagem visto que pode incluir todo o
tipo de obras de arte, inclusive aquelas que exemplifiquem formas de arte ainda por
descobrir. Ou seja, desde que provoque emoções estéticas, qualquer objeto é considerado
uma obra de arte.
No entanto, existem vários aspetos que contrastam com os aspetos positivos supra
mencionados, como se verificará de seguida.

b) Críticas
Como primeira crítica feita à teoria da arte como expressão, destaca-se o facto de
existirem obras que não exprimem qualquer emoção ou sentimento. Além disso, algumas
pessoas não sentem qualquer tipo de emoção perante certas obras que são consideradas
arte. Quererá isso dizer que tais obras podem ser arte para algumas pessoas e não para
outras?
Além disso, há uma falha em relação ao critério de classificação de obra de arte,
dado que dificilmente se podem classificar como arte todas as obras de arte.
Por outro lado, também o critério de valoração falha, pois como se poderá saber
se uma obra exprime correta e exatamente as emoções do artista que a criou quando o
artista já morreu ou decide ocultá-las?

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Por fim, não há garantia alguma de que aquilo que sentimos quando contemplada
uma obra de arte corresponde ao sentimento do seu criador. Assim, uma das condições
necessária não se verifica.

2.2 Representante da teoria da arte como expressão e


exemplo de um dos seus objetos artísticos:
a) Andy Warhol – biografia
Um dos representantes da teoria da arte
como expressão é Andrew Warhola, de nome
artístico Andy Warhol, pintor, cineasta e
importante artista norte-americano, nascido em
Pitssburgh, no ano de 1928, acabando por falecer
cinquenta e nove anos depois, em 1987. Note-se
que o referido artista é considerado um dos mais
influentes do século XX, assim como um dos
Andy Warhol
fundadores e maior representante da pop art.
No que concerne à infância do pintor, releva o facto de o mesmo ser filho de pais
imigrantes e de ter vivido uma infância feliz, rodeado daquilo que mais gostava: a
bricolagem e o cinema. Sabe-se ainda que estudou arte na escola e no Museu Carnegie e
que tinha como grande objetivo tornar-se ilustrador comercial. Assim sendo, concluiu a
faculdade e mudou-se para Nova Iorque, onde produziu anúncios publicitários, displays
e ilustrações para várias revistas de renome e importantes lojas e vitrinas.
No entanto, nos seus primeiros anos de estudo, Warhol teve uma doença
denominada coreia, a qual afeta o sistema nervoso e provocava movimentos
involuntários. Perante o pânico, Andy tornou-se hipocondríaco, desenvolvendo um medo
obsessivo de médicos e hospitais. Como consequência de toda esta conjuntura, o jovem
era, habitualmente, excluído entre os seus colegas da escola. Assim, para combater a
solidão que sentia, o artista desenhava, ouvia rádio e colecionava imagens de estrelas de
cinema ao redor da sua cama. Felizmente, Warhol conseguiu ultrapassar este período, que
considera ter sido muito importante para o desenvolvimento da sua personalidade,
habilidades e preferências.

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Devido ao seu estilo e talento único, Andy tornou-se, já na década de 50, um dos
ilustradores mais bem-sucedidos do mundo, recebendo inúmeros prémios como
reconhecimento do seu trabalho.
Pouco anos depois, em 1961, Warhol fez as suas primeiras obras de arte no estilo
pop, nomeadamente as famosas garrafas de Coca-Cola.
De notar que a partir desses lançamentos Andy criou diversos filmes, que se
tonaram clássicos, e ainda produziu uma banda e uma revista. Além disso, entre os anos
de 70 e 80, produziu diversas telas bem como livros e programas de televisão, onde falava
sobre si mesmo e sobre a Pop Art.
Tal como referi inicialmente, Andy faleceu em 1987, no dia seguinte à operação
que tinha feito à vesícula biliar.
Por fim, importante referir que Andy Warhol ficou conhecido não só pelos seus
feitos e habilidades artísticas, mas também pela célebre frase “In the future everyone will
be famous for fifteen minutes” (No futuro todos serão famosos durante quinze minutos).
Esta mensagem refere-se, na generalidade, às pessoas anónimas que ganham notoriedade
de modo repentino, por vezes devido a algum escândalo, dado que tal apenas acontecerá
quando a produção cultural for totalmente massificada e onde a arte será distribuída por
meios de produção de massa.

b) “210 Garrafas de Coca-Cola”


Uma das obras-primas mais conhecidas de Andy Warhol, lançada em 1962, é a
intitulada “210 Garrafas de Coca-Cola”, inspirada num anúncio publicitário da marca de
refrigerantes “Coca-Cola”, o escolhido por mais de seis biliões de vezes pelos
consumidores de todo o mundo, segundo um relatório da “Brand Footprint”, da Kantar.
No anúncio publicado, em 1953, foram utilizadas
as cores vermelho, preto, branco e tonalidades de cinza.
De referir que apesar de o anúncio ser leve, sem muitas
cores e com poucas informações, e de ser também de
extrema importância a transmissão de informações para
se vender algum produto, como as características ou os
atributos do produto, o denominado marketing, a “Coca-
Cola” não necessitava dessa publicidade para vender.

Anúncio: Coca-Cola/1953

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Além de poucas cores e informações, o anúncio mostra também três garrafas


abertas do referido refrigerante, sobre uma mesa. Porém, percebe-se que existem uma
quantidade enorme de tampas espalhadas em cima da mesa, o que demonstra que já outras
pessoas haviam consumido o refrigerante, remetendo, desta forma, ao consumismo. Além
do exposto, ao lado do logotipo da marca “Coca-Cola”, surge a frase “Hospitality can be
easy” (Receber pode ser fácil).
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, a atração dos representantes
do movimento Pop Art por garrafas e marcas de refrigerantes era notável, tal como se
confirma com Andy Warhol. Efetivamente, à semelhança do anúncio que pretende
retratar e incentivar ao consumo do refrigerante, também o artista demonstra o mesmo
consumismo, através da serigrafia.
Assim sendo, o exagero do consumo do
refrigerante está representado na obra-prima “210
Garrafas de Coca-Cola” onde, numa tela de cerca
de três metros de altura e de largura, é possível
visualizar, tal como o título nos diz, 210 garrafas do
refrigerante. Note-se que a marca “Coca-cola” não
só é na atualidade a marca do refrigerante mais
popular do mundo, como já o era na década de 50. “210 Garrafas de Coca-Cola”
Andy representou então as 210 garrafas empilhadas, como se estivessem expostas
numa prateleira do supermercado. Importante referir que o artista respeitou as cores
originais do produto: vermelho, preto e branco. Através da obra, percebemos as emoções
do artista e a mensagem referente ao excessivo consumismo, que o mesmo queria
transmitir aos espectadores. De facto, reproduzindo as garrafas 210 vezes, o artista tornou
também a obra popular e bastante industrial. Para Andy, a “Coca-Cola” representava um
símbolo de igualdade social, como se constata através de mais uma das suas célebres
frases “Pode-se estar a olhar a televisão e ver a Coca-Cola, e saber que o presidente bebe
Coca-Cola, que Liz Taylor bebe Coca-Cola e, pense bem, você pode beber Coca-Cola”.

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Conclusão
Neste trabalho abordei o tema da teoria da arte como expressão, no âmbito da
Estética e Filosofia da Arte, mais especificamente os princípios e pressupostos da teoria,
alguns dos grandes pensadores que a defendiam, as críticas que lhe são apontadas e ainda
os aspetos a favor da mesma. Por fim, descrevi sucintamente a história de um dos mais
importantes representantes desta teoria, Andy Warhol, dando como exemplo um dos seus
objetos artísticos – “210 Garrafas de Coca-Cola”.
Com efeito, a teoria da arte como expressão, que aumentou as possibilidades
criativas da expressão artística, defende a ideia de que a finalidade última da arte é
expressar sentimentos que o artista não conseguiria comunicar de outra forma. Importante
mencionar que uma das críticas apontadas a esta teoria se prende com o facto de nem
todas as pessoas que apreciam a obra conseguirem sentir a mesma emoção que o artista.
Além disso, o expressivismo afirma o primado das emoções em detrimento de
outros elementos, que poderão ter originado a experiência ou sensação que deu origem à
obra de arte. Desta forma, o objetivo do artista expressivista é levar a pessoa a
experienciar o mesmo que o artista sentiu originalmente.
Segundo esta teoria, a obra de arte resulta da transmissão de experiências que o
artista teve e transformou em obras.
Concluindo, podemos afirmar que a teoria da arte como expressão não é isenta de
críticas, apresentando as suas falhas, à semelhança das outras teorias.
Por fim, importa referir que a elaboração do presente trabalho foi muito
importante para aprofundar o meu conhecimento sobre a temática em análise, na medida
em que adquiri novos conceitos e juízos, e estou segura de que este trabalho me auxiliará
também a compreender melhor o capítulo da Estética e Filosofia da Arte, visto que estudei
e abordei o tema autonomamente. Por outro lado, também me permitiu desenvolver e
aperfeiçoar competências de investigação, seleção, organização e comunicação da
informação.

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Referências
 http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/p/insatisfeitos-com-teoria-
daarte-como.html;
 https://historiaschistoria.blogspot.com/2015/06/a-arte-como-forma-de-
expressao.html;
 https://pt.slideshare.net/helenaserrao/o-que-a-arte-137156250;
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol;
 https://www.culturagenial.com/obras-andy-warhol/;
 Manual Clube das Ideias de Carlos Amorim e Catarina Pires, Areal Editores – 10.º
Ano.

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