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O declarante diz uma coisa diferente do que O erro recai só sobre a vontade (elemento
realmente queria dizer ou atribui às suas interno), não há divergência entre a vontade
palavras um sentido diferente do que ele e a declaração. A declaração está em
tem, sem se aperceber. consonância com a vontade, contudo esta
O erro incide sobre o elemento externo da última está viciada.
vontade (na sua manifestação). Estamos perante um chamado erro-vício.
Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa; Proc.: 493/09.0TCFUN.L1-1; Relator: Rui Vouga Data do Ac.: 15-01-2013
Descritores: interposição de recurso efeitos erro de escrita rectificação lapso manifesto erro material citius justo
impedimento Decisão: IMPROCEDÊNCIA
Sumário do Relator:
3. De qualquer modo tal erro só pode ser rectificado (ao abrigo do cit. art. 249º do Código Civil)
se for ostensivo, evidente e devido a lapso manifesto: é preciso que, ao ler o texto logo se veja
que há erro e logo se entenda o que o interessado queria dizer.
4. Por isso, os lapsos materiais cometidos nos articulados que a lei permite corrigir devem
resultar do teor dos próprios articulados, não se podendo alegar a existência de lapso quando
se pretende provar o mesmo através de elementos de prova que nem sequer constavam do
processo.
5. A esta luz, os lapsos materiais cometidos nos articulados que a lei permite corrigir devem
resultar do teor dos próprios articulados, não se podendo alegar a existência de lapso quando
se pretende provar o mesmo através de elementos de prova que nem sequer constavam do
processo.
6. Por outro lado, a faculdade de correcção dos erros materiais manifestos verificados nas peças
processuais destina-se, tão só, à correcção de erros pontuais em que seja manifesta ou ostensiva
a divergência entre a vontade expressa e a que se quis declarar e, como tal, não consente que,
ao abrigo dela, se possa substituir integralmente (ou quase integralmente) uma peça processual
já apresentada nos autos por outra totalmente distinta, para além do prazo peremptório que a
lei adjectiva fixa para a prática do acto em questão, por forma a que a segunda peça processual
seja considerada como apresentada na data em que a primeira deu entrada em juízo.
Sumário:
I - O NCPC, no seu art. 146.º, consagra um regime de suprimento de deficiências formais dos
atos das partes que, para além da retificação de erros de cálculo ou de escrita, revelados no
contexto da peça processual apresentada, admite, mais genérica e latamente, o suprimento ou
a correção de vícios ou omissões puramente formais de atos praticados, desde que a falta não
deva imputar-se a dolo ou culpa grave e o suprimento ou a correção não implique prejuízo
relevante para o regular andamento da causa.
III – Instaurada a ação contra a “TAP, Transportes Aéreos Portugueses SGPS, SA”, e não contra a
“TAP, Transportes Aéreos Portugueses, SA”, se do contexto da petição inicial se extrai, com
clareza, que o sujeito da relação jurídica emergente do contrato de trabalho é esta última
sociedade (a quem a autora imputa os factos que constituem a causa petendi da ação),
encontramo-nos perante um mero erro de escrita, impondo-se, para todos os efeitos,
considerar a ação proposta na data em que a petição inicial, via citius, foi remetida ao tribunal.
IV – Notificada à autora a decisão do seu despedimento em 23.10.2008 e tendo a presente ação
sido instaurada em 23.09.2009, não se mostra excedido o prazo de um ano estipulado pelo art.
435.º, n.º 2, do Código do Trabalho de 2003.
Acórdão do Tribunal Central Administrativo Norte Processo: 01479/16.4BEPRT Secção: 2ª - Contencioso Tributário
Data do Acórdão: 07-12-2017 Tribunal: TAF do Porto Relator: Ana Patrocínio Descritores: reclamação garantia
bancária erro de escrita execução fiscal
Sumário do Relator:
I – Acolhe e exprime-se no artigo 249.º do Código Civil um princípio geral de direito que se
mostra aplicável a todos os erros de cálculo ou de escrita juridicamente relevantes.
III – Os erros dizem-se de escrita quando se escreve ou representa, por lapso, coisa diversa da
que se queria escrever ou representar, sendo que se consideram manifestos os erros quando
estes são de fácil detecção, isto é, quando a própria declaração ou as circunstâncias em que ela
é feita permitem a sua imediata identificação.
V – O simples erro mecânico, lapso evidente de escrita, é revelado através das circunstâncias
em que a declaração é feita.
VII - No contrato de garantia bancária vale apenas o que está escrito no documento que o titula,
pelo que será através da interpretação da declaração negocial contida no título, efectuada à luz
dos artigos 236.º e 238.º do Código Civil e, portanto, segundo a teoria da impressão do
destinatário, que se apurará a natureza da garantia prestada e os termos em que o foi.
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto Processo: 9410021 Nº Convencional: JTRP00014659 Relator: PAIVA
GONÇALVES Descritores: compra e venda erro sobre os motivos do Data do Acórdão: 15-05-1995 Votação:
UNANIMIDADE Decisão Revogada parcialmente
Sumário:
I - O n.2 do artigo 252 do Código Civil requer que para o erro sobre os motivos determinantes
da vontade de contratar ser relevante deve respeitar:
II - Existe tal erro quando uma Câmara Municipal consegue que os particulares lhe vendam
terrenos, criando-lhes a convicção de que os mesmos se destinavam a Parque de Campismo e
que, se não os negociassem, esta desencadearia o respectivo processo de expropriação,
obtendo-os por metade do preço corrente e vendendo-os posteriormente como terrenos para
construção por preço substancialmente superior.
III - Trata-se, pois, de erro sobre a base negocial que afecta gravemente os princípios da boa-fé,
além de não se encontrar coberta pelos riscos próprios dos contratos celebrados.
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto Processo: 1603/11.3TBGDM.P1 Nº Convencional: JTRP000 Relator: VIEIRA
E CUNHA Descritores: negócio jurídico erro vício anulação do negócio redução parcial do contrato Nº do Documento:
RP201404081603/11.3TBGDM.P1 Data do Acórdão: 08-04-2014
Sumário:
I – O erro vício ou erro sobre os motivos ocorre quando o declarante tem uma representação
inexacta das circunstâncias que foram determinantes para a realização do negócio, em termos
de se poder afirmar que se o declarante tivesse conhecimento exacto da realidade não teria
celebrado o negócio, ou tê-lo-ia celebrado em termos diversos.
III – O acordo das partes, a que se refere o artº 252º nº1 CCiv, não integra o negócio jurídico, e
pode ser expresso ou tácito.
VI – Distingue-se também da mera imprevisão de uma das partes, porque alheia ao negócio.
VII – Se as Autoras figuraram a utilização de um determinado prédio para G1… ou G2…, tal como
funcionava na data do negócio, quando, cerca de 15 dias depois do dito negócio, o citado prédio
veio a ser fechado para o referido fim, por determinação da Segurança Social, figuração que
influenciou decisivamente os critérios para a determinação do valor da transmissão de quotas
e, consequentemente, da utilização dos bens propriedade da sociedade, existe erro-vício das
Autores transmissárias, na formulação genérica do artº 252º nº1 CCiv, quanto a parte do preço
pago no negócio.
VIII – Tal erro foi determinado pelo dolo das Rés transmitentes (seja qual for a modalidade de
dolo que ocorra em concreto), por estas terem assegurado às Autoras que o processo de
licenciamento estava a decorrer, quando apenas no próprio dia do negócio deram início ao
processo de licenciamento (artºs 253º e 254º CCiv).
IX – O dolo dará direito à anulação ou redução parcial do contrato (artº 292º CCiv), na parte do
preço da transmissão de quotas que partiu do pressuposto da utilização de mais 12 utentes do
G….