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Qualidade de Vida...

A Ética e as Relações pessoais no ambiente de trabalho, como


conciliar?

Published on 2017 M04 5

Pedro CostaFollow
Escritor e Palestrante (autor do livro "Sorte é Pra Quem Quer")

“ As relações humanas para darem certo pressupõe, em geral, um preceito


elementar: a reciprocidade.” (Pedro Costa)

Em nosso texto anterior falamos sobre os relacionamentos pessoais no ambiente de


trabalho (Relacionamentos pessoais no trabalho... Pode dar certo?); percebemos que é um
tema complexo, difícil de esgotar... Hoje veremos que falar de ética não é diferente.

A Ética, de um modo geral, pode ser entendida como uma coletânea de valores morais
visando o bem comum. É ela que norteia a conduta humana em sociedade, para que haja
um equilíbrio e bom funcionamento do grupo, possibilitando o sentimento de justiça
social.

Não deve ser confundida com lei ou com moral... Ética tem a ver diretamente com a
conduta humana, a moral está relacionada com a qualidade dessa conduta; a lei, por sua
vez, compreende os instrumentos utilizados pelo Estado ou por outros indivíduos para
determinar e policiar comportamentos dentro de um determinado conjunto de regras
formais.
Embora pareça complicado, agir com ética é muito fácil... Basta colocar em perspectiva
com o senso comum de decência; se lá no fundo você acha que uma determinada ação é
indecente, deve ser porque provavelmente ela seja também antiética, independentemente
de ser popular, permitida, aceita, consentida ou legal. Algum tempo atrás, fiz uma
abordagem interessante sobre este tema no artigo Tempo de mudanças.

Ética no trabalho

Justamente pelo fato de os princípios éticos abrangerem valores morais profundos e


intrínsecos ao indivíduo, cada um tem seu próprio padrão pessoal, daí a necessidade de
uma reflexão por parte do funcionário, visando compatibilizar seus valores individuais
com os valores expressos nos Princípios Éticos da empresa, a forma como ela aborda as
questões de segurança, meio-ambiente e saúde; qual a sua preocupação com a
responsabilidade social e qual o seu respeito pelas diferenças individuais. O cuidado
permanente com competitividade, eficiência e retorno financeiro deve estar alinhado com
esses princípios, assim como a maneira com que as decisões são tomadas, não menos que
o conteúdo dessas decisões... Tudo isso reflete o tipo de organização da qual fazemos
parte e o tipo de pessoa que somos.

Para ser ético no trabalho basta ser honesto consigo mesmo e nunca fazer algo que não
possa assumir em público. Bem a propósito, vale a pena dar uma olhada na
publicação Ética no Trabalho.

Ética nos Relacionamentos

Falamos sobre relacionamentos pessoais em nosso texto anterior...

Quanto a manter um comportamento ético nesse aspecto, podemos considerar algumas


regras básicas...

Entre colegas, subordinados e superiores hierárquicos:

 Respeitar as diferenças individuais


 Agir com cortesia e atenção
 Reconhecer e enaltecer os méritos de colegas, subordinados ou superiores
 Não prejudicar a reputação de colegas, subordinados ou superiores
 Não fazer julgamentos preconceituosos
 Não praticar trocas de favores que acarretem compromisso ou obrigação
pessoal com conotação duvidosa
 Valorizar a exposição de ideias alinhadas com os objetivos do grupo
 Não criar desafetos (falaremos mais sobre isso em outro artigo)

Relacionamentos amorosos (se não for proibido na empresa):

 Não dar motivos para fofoca


 Evitar apelidos carinhosos e telefonemas muito íntimos
 Não criar situações para ficar a sós, evitando assim constrangimentos
 Evitar a todo custo cenas de ciúme
 Problemas pessoais devem ficar em casa
 Ser discreto
 Principalmente, muito cuidado com as decisões que tomar, sob influência de
um relacionamento pessoal

Ética no Exercício de cargos de Liderança

É preciso muita cautela para não se deixar seduzir pela autoridade inerente a determinados
cargos e funções; principalmente pela facilidade em obter ou criar favorecimentos
pessoais. É fundamental manter uma atitude transparente, de respeito e colaboração,
buscando sempre o melhor resultado para o grupo. Dentro desta linha, mas no extremo
oposto, ameaças e intimidações não devem ser toleradas no meio corporativo. Vale aqui
também a regra de nunca criar desafetos.

Muito semelhantes são os casos de assédio... Respeitar a hierarquia é importante para a


estrutura, porém qualquer comportamento irregular (devidamente fundamentado) deve
ser comunicado às instancias superiores. O bullying, caracterizado pelo abuso de uma
relação desigual de poder, é um termo muito em moda atualmente, e costuma gerar
prejuízos consideráveis em processos baseados no assédio moral. Outra vertente são as
brincadeiras do tipo “galanteio”... O que seria uma simples “paquera” entre colegas, em
caso de desnível hierárquico pode transformar-se em assédio sexual e custar caro.

Enfim, pressões que visem obtenção de vantagens indevidas ou objetivos contrários ao


interesse da empresa são comportamentos abomináveis que devem ser erradicados.

Reconhecer os próprios erros denota humildade e angaria simpatia entre os liderados, mas
não convém exagerar. Também não é de bom tom referir-se a situações desfavoráveis
como se fossem problemas... Pode denotar falta de controle.

Conhecer o estilo de trabalho dos seus superiores é a melhor maneira de nortear suas
respostas e atitudes; se for alguém com quem tenha afinidades ou amigos em comum,
cabem comentários pessoais, mas é bom cuidar para não parecer bajulação (outro assunto
sério do qual trataremos em outro artigo); novamente, ser discreto.

Ética na Comunicação

Feedback: é o processo de dar a entender a uma pessoa o resultado ou


consequência do que ela fez ou disse. Para ser eficiente, é importante verificar se a
mensagem foi claramente recebida ou não. Como troca bidirecional de informações, para
se reduzir distorções e falhas de comunicação, são necessárias algumas habilidades:

 Estar certo de que quer ajudar (e não apenas se mostrar superior)


 Ir direto ao assunto; Evitar criar ansiedade com rodeios e questões periféricas
 Descrever a questão de forma clara e sem julgamentos
 Concentrar-se na questão; Evitar excesso de informações ou críticas
 Estar aberto para também receber feedback, já que o seu comportamento
pode estar influindo no comportamento do receptor
 No final, refletir e fazer uma síntese do assunto, para ter certeza de que ambos
entenderam todos os pontos levantados e principalmente o que ficou decidido
Fofocas: Todo bom gestor sabe que esse é um problema presente em quase todas as
corporações e que, se não for devidamente tratado, pode tornar-se um “câncer” (é tão
sério que também dedicaremos um artigo exclusivamente a este tema). As regras básicas
são:

 Evita-las ao máximo
 Só o fato de dar atenção pode lhe render a fama de fofoqueiro
 As palavras podem se voltar contra você

E-mail: Muito já se discutiu, sem uma conclusão formal, sobre se as empresas têm ou
não o direito monitorar os e-mails de seus funcionários (caracterizando-se assim uma
violação de privacidade); apesar da polêmica, vale observar alguns cuidados ao se utilizar
o e-mail corporativo:

 Manter sua caixa de entrada limpa


 Só enviar e-mails relacionados a assuntos da empresa
 Evitar intimidades e escrever somente o que você falaria pessoalmente
 Nunca escrever nada que possa ser constrangedor
 Verificar sempre a gramática e a ortografia; existem pessoas que consideram
determinados erros como uma ofensa
 Ser claro e objetivo; o tempo é uma moeda muito cara atualmente

Telefone: Quando você usa o telefone corporativo, sua empresa pode estar sendo avaliada
pela sua pronúncia, habilidade de raciocínio e pelo tratamento dispensado ao interlocutor;
sendo assim, há também aqui uma etiqueta a ser respeitada:

 Usar sempre de cortesia


 Manter uma voz alegre, clara, calorosa e em tom suave, nem alta nem baixa
demais
 Não discutir ao telefone
 Jamais deixar alguém esperando na linha
 Retornar as ligações
 Evitar se distrair com outras atividades, comprometendo a atenção para com
a pessoa que ligou
 Não causar constrangimentos aos colegas que estão ao redor, expondo
intimidades com a pessoa que está do outro lado da linha
 Se a ligação não for para você, registrar o nome da pessoa que ligou, número
para retorno, assunto e hora, e anotar o recado
 Evitar fazer ligações pessoais; se for inevitável, ser breve

Reuniões: Elas podem ser consideradas um “mal necessário”; Além de interromperem


alguns processos, nem sempre quem as conduz está preparado para realizar a tarefa com
eficiência. No entanto, é justamente nessas ocasiões que sua postura pode ser posta a
prova e seu profissionalismo ser julgado, então, ao participar de reuniões de trabalho, vale
também tomar alguns cuidados:
 Nunca chegar atrasado
 Desligar o celular (muitos dirigentes dão um mau exemplo e abrem
precedente ao não fazê-lo)
 Somente manusear o tablet ou notebook em aplicações diretamente
relacionadas com a reunião (idem)
 Estar sempre preparado, pesquisar previamente sobre o assunto em pauta
 Participar ativamente, deixando registrada sua presença
 Expor todas as ideias, mesmo as dissidentes
 Resumir ao máximo a apresentação, com clareza e objetividade
 Demonstrar interesse, olhando os interlocutores nos olhos
 Nunca sentar à cabeceira da mesa, a menos que seja o encarregado de
conduzir a reunião
 Se for presidir a reunião, expor com clareza suas opiniões, ouvir com atenção
(Saber Ouvir) e estar preparado para mediar conflitos
 Preservar a autoridade perante os demais participantes, recomendando suas
sugestões em vez de ordenar
 Ao presidir uma reunião, ser o primeiro e o último a falar

Finalizando...

Como verificamos ao longo desses últimos cinco artigos, falar do ser humano e seus
relacionamentos, e ainda abordar as questões do trabalho, qualidade de vida e Ética,
demanda muito cuidado, atenção e, principalmente, bom senso...

Não se trata de dizer o que é certo ou errado, mas de entender que cada pessoa é o
resultado da observação que faz do mundo ao redor, de acordo com suas crenças.

Talvez seja o caso de as empresas dedicarem algum tempo a desenvolver seus próprios
códigos de conduta, onde deixem claro o que pode ser considerado “conveniente” dentro
de seus limites... E que as pessoas tomem conhecimento dessas regras antes de se
candidatar a uma vaga.

Tenho certeza de que muita coisa importante ainda precisa ser discutida, mas o espaço
aqui é restrito; mesmo assim, reservei ainda seis pontos já mencionados até o momento,
dos quais pretendo tratar com mais profundidade: As fofocas corporativas, o mau hábito
de criar desafetos, a gestão de conflitos dentro da empresa, os funcionários nocivos, os
bajuladores, e para encerrar esta série, dicas de como adquirir um comportamento eficaz
baseado em todo o material estudado. Cada um desses temas será desenvolvido em um
artigo específico nas próximas publicações.

Até lá, deixe-me saber sua opinião... Fique à vontade para criticar... Mais à vontade ainda
para elogiar! Deixe um comentário... O que é considerado “normal”, mas que você acha
indecente? O que é censurado, mas que você consideraria normal?
Pedro Costa
Escritor e Palestrante (autor do livro "Sorte é Pra Quem Quer")

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