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GUIA DE ESTUDO

Psicologia da Aprendizagem e
da Avaliação
UNIDADE II
UNIDADE 2

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E DA AVALIAÇÃO

PALAVRAS DO PROFESSOR

Olá, como vão os estudos? Espero que esteja tudo bem!

Caro (a) Aluno (a) vamos iniciar à nossa unidade II, conto com sua colaboração nesta nova jornada,
para que as situações de aprendizagem ocorram de foram mais positiva. Elaborei este guia de
estudo de maneira prática e objetiva para facilitar seu aprendizado em relação aos conteúdos que
serão abordados.

Orientações da Disciplina

Para que você tenha maior domínio do assunto que vamos estudar é importante a leitura do seu
livro texto, pois ele irá nortear seu aprendizado. Caso queria fazer alguma pesquisa para agregar
novos conhecimentos acesse a Biblioteca virtual. Assista também às nossas vídeos aulas e ao fi-
nal da nossa unidade II acesse o AVA para responder as atividades e fóruns avaliativos. Surgindo
dúvida pergunte ao seu tutor.

Está preparado (a)? Espero que sim!

Vamos começar!

Nesta unidade II vamos estudar os seguintes tópicos:

• Teorias do Condicionamento: Skinner;


• Teorias Cognitivistas: Piaget;
• Teorias Construtivistas: Vygotsky;
• Teorias Construtivistas: Wallon.

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PRINCIPAIS TEÓRICOS DA APRENDIZAGEM

Palavras do Professor

Prezado (a) Aluno (a) atualmente, as teorias da aprendizagem são referências básicas quando se
deseja trabalhar no processo de ensino-aprendizagem. Elas procuram sistematizar e organizar os
conhecimentos sobre a aprendizagem, sendo muito úteis para explicar, prever e controlar o com-
portamento e podem gerar novas informações.

Desta forma, é através do estudo dessas teorias que se torna mais fácil identificar os métodos
e técnicas para facilitar a aprendizagem dos alunos; o porquê de alguns alunos obterem mais
sucesso na aprendizagem do que outros e, diversos outros fatores que interferem neste processo.
Do ponto de vista da aprendizagem, um grupo enorme de autores debruça-se sobre o tema. Anali-
sando os seus estudos, observa-se que os rumos de suas teses podem ser agrupados, basicamen-
te, em duas grandes categorias:

• Teorias do condicionamento.
• Teorias cognitivistas.

As teorias do Condicionamento valorizam o ambiente e acreditam que a aprendizagem é resultado


da relação entre estímulos e respostas. Desse modo, o externo é amplamente valorizado, uma vez
que as condições ambientais serão as determinantes do processo de aprender.

O segundo grupo teórico, composto pelas teorias cognitivistas, aprendizagem é discutida a partir
da relação de cada sujeito com o mundo no qual está imerso.

De modo geral, os dois grupos teóricos divergem quanto à forma, visto que os do condicionamento
acreditam que a aprendizagem se dá por repetição e treino, ao passo que os cognitivistas defen-
dem a relação entre idéias como algo estruturante para o processo de aprender.

Para melhor organizar seu plano de estudo, retome os objetivos deste módulo:

Fonte:Autora,2015

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TEORIAS DO CONDICIONAMENTO

Neste tópico teremos como objetivo:

• Compreender a teoria do condicionamento e sistematizar os principais conceitos.

Um grande referencial que compõe as teorias do condicionamento é o Behaviorismo. Por isso,


vãmos estudar os seguintes objetivos:

• Compreender o que é o Behaviorismo.


• Identificar a forma pela qual essa teoria explica a aprendizagem.

Para iniciar as leituras, reflita sobre o seguinte extrato de fala de Skinner, um dos nomes mais
relevantes deste campo teórico.

“Dê-me uma dúzia de bebês saudáveis e eu garanto escolher qualquer um deles e treiná-lo para
ser qualquer especialista de minha escolha: médico, advogado, artista, comerciante e, sim, até
mendigo e ladrão.“ (SKINNER)

Bem, vamos avançar! O Behaviorismo é um campo teórico que se dedica ao estudo das intera-
ções entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente
(as estimulações). Teve seu termo inaugurado pelo americano John Watson, mas foi amplamente
divulgado através dos estudos de Skinner, considerado como o mais importante behaviorista.

O Behaviorismo propõe-se a utilizar o processo de condicionamento para planejar e


formar seres humanos. Segundo os behavioristas, a sociedade poderia atingir, na tec-
nologia do comportamento, um grau de sofisticação em que o planejamento da pessoa
humana se tornaria possível.

Isso porque, os behavioristas acreditam que o sujeito é o produto do meio onde vive, de modo que
os comportamentos do homem é produto das condições apresentadas. Justo por isso, os teóricos
do condicionamento defendem que qualquer situação que tenha impacto observável no compor-
tamento deve ser valorizada a fim de se identificar as variáveis que determinaram e controlar os
comportamentos.

SESSÃO CINEMA

O filme Cão de Briga é um bom exemplo de condicionamento e das formas de


mudanças nos comportamentos. Você pode encontrá-lo no link.

Como já evidenciado, o foco desta teoria são os comportamentos e, por isso, não se leva em conta
no Behaviorismo conceitos trabalhados em outras perspectivas psicológicas, tais como a cons-
ciência, o desejo, a inteligência, a emoção e a memória, além dos estados mentais ou subjetivos.

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A educação tem feito bastante uso das concepções behavioristas, visto que nelas é evidente a
existência de métodos de ensino programados, o controle por parte dos professores e professo-
ras, a organização das situações de sala de aula, etc. Os educadores que se interessam por esta
abordagem teórica acreditam que o processo de aprendizado é uma forma de mudança do com-
portamento.

Isso porque, Skinner defendeu que o processo educativo fosse planejado de modo a garantir uma
espécie de modelagem do aluno, a fim de que os fins, neste caso, justificassem os meios.

A trajetória de Skinner com a educação se estreita quando ele, na ocasião do dia dos pais, assistiu
a uma aula de matemática de sua filha. Nela, o professor passa a lição e, em seguida, leva para
casa para fazer a correção. Criticando a postura do docente, que na visão de Skinner deveria dar
o resultado imediatamente, gerando reforço positivo ou negativo aos estudantes, o teórico afirma
que criou, em seguida, uma “máquina de ensinar”.

O interesse do behaviorista sobre a educação culminou com uma importante publicação sobre o
assunto, quando em 1968 ele publica Technology of teaching - Tecnologia de ensino – divulgando
suas ideias acerca dos problemas escolares ligados ao ensino e a aprendizagem.

Trabalharemos a seguir buscando responder as questões iniciais apresentadas no módulo an-


terior: O que leva um indivíduo a conhecer? Quais as etapas que os sujeitos percorrem para
transformar informações em conhecimento? As estruturas cognitivas nascem prontas, sendo ne-
cessário, apenas, esperar pelo amadurecimento biológico? Quais as relações entre linguagem e
desenvolvimento? Quais as relações entre desenvolvimento e Aprendizagem? Nossa, são muitos
questionamentos, não é? Fique tranquilo que a seguir esclareceremos todos eles, fique atento!

Poderíamos dizer que, para os behavioristas, o que leva uma pessoa a conhecer são os reforços
externos e a qualidade do estímulo. Isso porque, para os teóricos do condicionamento, a apren-
dizagem seria resultado do estimulo, visto que, para eles, qualquer comportamento pode ser
modelado quando o estímulo correto é utilizado.

Como os teóricos do condicionamento não acreditam que há estágios de desenvolvimento e que


todo e qualquer comportamento pode ser modificado à medida que o estímulo correto é ofertado,
Skinner criou uma teoria do reforço, cuja tese afirma que o comportamento pode ser controlado
por suas consequências.

Desse modo, recompensas e punições apresentam papel importante no processo educativo, visto
que são elas que, através dos reforços, irão manter ou modificar o comportamento.

A teoria do reforço pode ser exemplificada pela seguinte fórmula:

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No campo educacional, um exemplo clássico de recompensa são as estrelinhas normalmente
presentes nas provas infantis quando os alunos apresentam bom desempenho. Já a punição, nor-
malmente utilizada nos modelos educativos, se apresenta de forma recorrente viam as palmadas,
utilizadas para que as crianças abandonem um comportamento indesejado.

Quanto ao tipo do reforço, ele pode ser positivo e negativo. O positivo é quando o reforço aplicado
visa garantir o surgimento de um comportamento desejado ou aumento da frequência com que
se manifesta. Já o reforço negativo, em contrapartida, é aquele que fortalece a resposta que o
remove e enfraquece a resposta que o produz.

Os principais conceitos desta corrente teórica são: Comportamento operante e respondente, estí-
mulo-resposta e reforço. Isso porque para os behavioristas toda aprendizagem depende do meio
externo. Sendo assim, toda atividade humana é condicionada e condicionável em decorrência da
variação na constituição genética.
Vamos ao trabalho com cada um deles:

Comportamento Operante – Este é o conceito-chave do pensamento de Skinner, sendo caracte-


rizado como um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar
condicionado a associar a necessidade à ação.

Comportamento respondente – São os comportamentos não voluntários, tais como o piscar dos
olhos e a salivação da boca.

Reforço – O estímulo reforçado pode ser chamado de reforço.

Estímulo- resposta – É a relação entre o condicionamento e a resposta obtida.

TEORIAS COGNITIVISTAS: PIAGET

Fonte: http://sereduc.com/jqLyEl

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Neste tópico teremos como objetivo:

• Compreender a teoria construtivista Piagetiana e sistematizar os principais conceitos.

Piaget é considerado, dentre outros autores da psicologia como um dos mais importantes, tendo
até mesmo sido chamado, como destacou o professor Yves de La Taille, de Einstein da psicologia.

Embora Não tenha construído uma teoria para o campo educacional, tendo se debruçado, sobre-
maneira, sobre o desenvolvimento humano, teve seus escritos amplamente estudados pelo campo
educacional, pois se preocupou em saber como o indivíduo aprende.

A pergunta central de sua obra foi: O que leva um indivíduo a conhecer? Assim, desde o nasci-
mento até a adolescência ele traçou caminhos que permitissem responder como um bebê se torna
um cientista.

Pelas suas concepções teóricas ele foi considerado o precursor da Teoria Construtivista, visto
que, para ele aprender é sempre construir novos saberes alicerçados em conhecimentos anterio-
res. Coll (1997), ao discutir o referencial construtivista piagetiano, destaca que os sujeitos são
capazes de aprender à medida que são capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um
objeto de conhecimento, construindo um significado próprio e pessoal para um objeto de conheci-
mento que existe objetivamente.

Buscando responder às questões iniciais apresentadas no módulo anterior, na teoria piagetina a


explicação sobre o que leva um indivíduo a conhecer se sustenta na seguinte tese: “o processo de
aprender pressupõe uma mobilização cognitiva, desencadeada por um interesse, por uma neces-
sidade de saber”. (SOLÉ, 1997, p. 31)

Assim, ao buscarmos respostas sobre quais as etapas que os sujeitos percorrem para transformar
informações em conhecimento, encontramos em Piaget uma posição claramente cognitivista já
que sua teoria tem como foco básico o desenvolvimento cognitivo. Para ele, o cognitivo envolve a
construção de estruturas mentais a partir das interações do sujeito com o meio.

Guarde essa ideia

A teoria construtivista piagetiana é conhecida como Epistemologia Genética. O


termo Epistemologia foi utilizado porque é a filosofia da ciência que estuda o
fenômeno do conhecimento. Já o termo Genética deve ser entendido no sentido
de gênese, ou seja, de evolução. Desse modo, Epistemologia Genética significa
uma epistemologia da construção do conhecimento.

Por esta característica, defende que o início de todo processo de construção do conhecimento
precisa sustentar-se por um interesse inicial do sujeito, já que cada pessoa precisa ser ativa no
processo de construção do conhecimento.

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Esse novo saber provocará desequilíbrio no sujeito, visto que ele não possui mais conhecimentos
necessários para responder as demandas anteriores.

Na busca de equilibrar-se novamente, o sujeito vai à procura de novos saberes, assimilando-os a


partir de suas experiências anteriores. Construídos novos conhecimentos, é preciso acomodá-los
em bases anteriores, a fim de que o sujeito possa equilibrar-se novamente.

Sobre este longo processo, Solé (1997, p. 31) resume da seguinte maneira:

Falamos em um processo que nos mobiliza em nível cognitivo, e que nos leva a
revisar e recrutar nossos esquemas de conhecimento para dar conta de uma
nova situação, tarefa ou conteúdo de aprendizagem. Essa mobilização não aca-
ba nisso, mas em função do contraste entre o dado e o novo, os esquemas po-
dem sofrer modificação, de leves a drásticas, com o estabelecimento de novos
esquemas, conexões e relações em nossas estruturas cognoscitivas.

Piaget, então, contribuiu significativamente para que se desloca-se o foco sobre as práticas de
ensino, debruçando o interesse da escola para as formas possíveis de aprendizagem. Assim, a
principal contribuição de sua teoria para educação é transferir o foco da escola do conteúdo a ser
ensinado para o sujeito que aprendente, ou seja, o aluno.

Desse modo, explicando o processo de aprendizagem, podem-se ter os percursos percorridos pelo
aluno no esquema abaixo:

AMBIENTE   DESEQUILIBRIO   ADAPTAÇÃO   EQUILIBRAÇÃO MAJORANTE


 
 
ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇAO

O ambiente seria a escola e as situações de aprendizagem, que desequilibrariam o sujeito. Para


equilibrar-se novamente, o que Piaget chamou de adaptação, o sujeito assimilaria novas aprendi-
zagens e as acomodaria em suas estruturas mentais, gerando equilibração.

Os principais conceitos Piagetianos, ilustrados no esquema acima, podem ser melhor compreen-
didos abaixo:

Desequilíbrio

Quebra do estado de equilíbrio, provocando busca no sentido de condutas mais adaptadas ou


adaptativas. Do ponto de vista da educação, educar seria propiciar situações (atividades) adequa-
das aos estágios de desenvolvimento (que serão ilustrados a seguir), como também, provocadoras
de conflito cognitivo, para novas adaptações (atividades de assimilação e acomodação).

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Adaptação

A adaptação é constituída pelos processos de assimilação e acomodação, caracterizando-se pelo


contínuo movimento em busca de equilíbrio. No processo de adaptação o indivíduo modifica o
meio, ao mesmo tempo em que é, também, modificado por ele.

Assimilação

A assimilação é a incorporação de uma nova experiência ou informação, incorporada a uma estru-


tura previamente existente.

Acomodação

A acomodação é o processo pelo qual o sujeito modifica a estrutura previamente existente, rees-
truturando os esquemas de assimilação. O novo conhecimento é construído, justamente, pela
acomodação.

Equilibração

O processo de equilibração é o movimento percorrido pelo desenvolvimento levando os indivíduos


de um estágio para outro. Refere-se ao processo regulador interno de diferenciação e coordena-
ção que tende sempre para uma melhor adaptação (kamii, 1991, p. 30)

Equilibração majorante

É o mecanismo de evolução ou desenvolvimento do organismo. É o aumento do conhecimento.

Piaget e os estágios de desenvolvimento

Sobre a questão: As estruturas cognitivas nascem prontas, sendo necessário, apenas, esperar
pelo amadurecimento biológico? Piaget destacaria que a origem (gênese) do conhecimento está
no próprio sujeito.

Nesse sentido, o desenvolvimento ocorreria a partir da interação do organismo com o meio. As-
sim, Piaget evidencia que o sujeito possui uma estrutura biológica que o possibilita desenvolver
mentalmente, já que focaliza o processo interno da construção do conhecimento. Entretanto, o
referido autor destaca a necessidade do meio, já que ele favorece e potencialize tal desenvolvi-
mento.

Dica

Todo processo de transformação é influenciado pelas formas de assimilação e


acomodação de cada indivíduo, já que a equilibração depende dos estágios de
desenvolvimento. Sobre isso, Piaget aponta 4 estágios de desenvolvimento, os
quais são: Sensório motor, pré operatório, operatório concreto e operatório for-
mal, a serem descritos a seguir.

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Fonte: http://escolix.planetaclix.pt/images/estadpiag.gif

Período Sensório-motor

O primeiro estágio de desenvolvimento descrito por Piaget varia do nascimento até os primeiros
dois anos de vida. No início da vida, quando a criança ainda é recém nascida, as funções mentais
são restritas aos reflexos inatos, que contribuem para que o bebê vá, pouco a pouco, conquistando
o mundo a partir de suas experiências sensoriais, dentre as quais se podem destacar a sucção e
o movimento dos olhos.

Pouco a pouco os reflexos vão sendo aperfeiçoados e a criança vai percebendo o mundo de forma
mais fixa e pontual. A grande conquista deste período é a construção da noção de objeto perma-
nente. Essa construção se caracteriza pelo reconhecimento, por parte da criança, de que embora
o objeto não esteja, sempre, sob seu campo de visão, ele continua a existir.

Período pré-operatório

O segundo estágio do desenvolvimento compõe os períodos de dois a sete anos de idade. A gran-
de passagem dos estágios acontece pelo surgimento da linguagem. Isso evidencia uma das teses
de Piaget: a inteligência é anterior à emergência da linguagem e por isso mesmo “não se pode
atribuir à linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional” (Coll e
Gillièron, op.cit.).

Respondendo a questão: Quais as relações entre linguagem e desenvolvimento? – Pode-se afir-


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mar que na teoria piagetiana, a linguagem é condição necessária, mas não suficiente, ao de-
senvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela
linguagem. Assim, o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência
e não o contrário.

Isso não significa dizer que a linguagem seja desnecessária ao desenvolvimento. A linguagem
traz implicações profundas ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, visto que possibilita
interações capazes de potencializar o desenvolvimento.

Uma marca deste estágio é o egocentrismo intelectual e social, que se caracteriza pela incapa-
cidade de se colocar no lugar do outro, relacionar e coordenar pontos de vista, e integrá-los aos
seus.

Período das operações concretas

O terceiro estágio apresentado por Piaget varia dos sete anos até os doze, mais ou menos. (7 a
11, 12 anos). Neste período o egocentrismo, marca do estágio anterior, vai desaparecendo, de
modo que as crianças já conseguem estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes
(próprios e do outro).

Outro aspecto importante neste estágio é que a criança já é capaz de realizar operações mental-
mente e não mais apenas através de ações físicas. Entretanto, embora a criança consiga racioci-
nar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente
se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de
forma concreta.

Período das Operações Formais

Por fim, o quarto estágio piagetiano, chamado de Período das operações formais, inicia-se a partir
dos doze anos de idade e acompanha o sujeito por toda vida. Isso não quer dizer que ocorra uma
estagnação das funções cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência. Nesta fase o su-
jeito, ingressando na adolescência, é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e executar
operações mentais dentro de princípios da lógica formal.

O quadro abaixo resume bem os quatro estágios apresentados e suas características:

Fonte: Autora,2015

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TEORIAS CONSTRUTIVISTAS: VYGOTSKY

Neste tópico teremos como objetivo:

• Compreender as contribuições de Vygotsky e Wallon e sistematizar os principais con-


ceitos.

Não adianta o biológico, se não há a interação social. “Não podemos pen-


sar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por
si só, instrumentos para percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento
que dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi
exposta”.
Vygotsky

A teoria de Vygotsky é uma teoria socio-histórico-cultural do desenvolvimento das funções men-


tais superiores, ainda que ela seja chamada mais frequentemente de teoria histórico-cultural.

Embora seja um construtivista, já que se preocupa com o processo de construção do conhecimen-


to, defendendo a tese de que a aprendizagem não é espontânea, Vygotsky tornou-se conhecido
como um sócio-construtivista, já que atribuía um papel preponderante às relações sociais no
processo de desenvolvimento.

Diferentemente de Piaget, cujo foco dos estudos recaia sobre o desenvolvimento, Vygotsky de-
dicou-se sobremaneira a aprendizagem, defendendo que ela se dá nos contextos de interação.
Segundo o teórico, não há aprendizagem (nem desenvolvimento) sem interrelação, pois Vygotsky
defendia que o ser humano não carrega ao nascer às características que desenvolverá ao longo
da vida – sendo contrárias as teorias inatistas, nem, tampouco, o homem é fruto, exclusivamente,
dos estímulos externos, tal como defendiam os behavioristas.

Para Vygotsky, a formação se dá numa relação entre o sujeito e o contexto social, de modo que o
homem, simultaneamente, modifica o ambiente e é por ele modificado. Nesse contexto, o autor
destaca que os processos de aprendizagem são pessoais, pois cada sujeito se relacionará diferen-
temente com o objeto de conhecimento e com os contextos de interação.

É assim que Vygostky responde a primeira questão levantada no módulo anterior: O que leva um
indivíduo a conhecer?

Nesse contexto, o teórico defende que a aprendizagem se dá via interações com o outro e, para as
crianças, o adulto tem um papel determinante para o desenvolvimento. Isso porque, o aprendizado
não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, e, por
isso, o adulto deve identificar o que a criança ainda não sabe, para que ela avance entre o saber
anterior e o novo saber.

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Para Resumir

Para Vygotsky o que leva uma pessoa a conhecer é justamente questionar os significados e senti-
dos já construídos anteriormente.

Quanto às etapas que os sujeitos percorrem para transformar informações em conhecimento Vy-
gotsky não fala em estágios de desenvolvimento, mas em esquemas de conhecimento do aluno
relacionado aos conteúdos de aprendizagem. Assim, um mesmo estudante pode ter vários esque-
mas diferentes para conteúdos diferentes, que devem ser tomados como pontos de partida para
novas aprendizagens.

Como Vygotsky defende que as estruturas cognitivas não nascem prontas, defende que as novas
aprendizagens precisam estar conectadas aos conhecimentos prévios dos alunos, mobilizando-os
para novos saberes, à medida que são ressignificados ajustando-se a novas situações.

Para isso, ele criou o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre
o desenvolvimento real de uma criança – conhecimento real – e aquilo que ela tem potencial de
aprender se for ajudada – conhecimento potencial.

É por isso que Vygotsky defende que o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvi-
mento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos
de nível de conhecimento. Como o teórico defende que a aprendizagem será estruturante, outro
conceito chave para compreensão de sua teoria é o da mediação.

Palavras do Professor

Para o referido autor, mediação é a ação capaz de estabelecer relação entre o que o indivíduo já
conhece como o que passará a conhecer. Ele destaca, entretanto, que esse não é um processo ho-
mogêneo, a história individual de cada sujeito interferirá, diretamente, nos novos conhecimentos,
a partir da atribuição de significados próprios, construídos a partir da interação entre os conheci-
mentos anteriores e os novos conhecimentos, num processo contínuo e permanente.

Nesse processo de construção, Vygotsky estabelece uma relação bastante estreita entre desen-
volvimento e linguagem, visto que, para ele, é o pensamento verbal que organizar a realidade
na qual estamos imersos. Nesta relação, outros conceitos vygotskianos tornam-se amplamente
importantes: signo e significado.

Signo seria a representação que o objeto apresenta diferente de si mesmo. A linguagem, então,
é toda composta de signos, de modo que a palavra mãe, embora não faça relação a uma pessoa
específica, faz sentido para quem a diz ou ouve, conseguindo imaginar de quem se fala (a partir
de quem e como se diz) sem que seja preciso ver a pessoa.

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O segundo conceito relevante é o significado, que diz respeito à representação que cada pessoa
atribui sobre o signo, a partir de suas experiências pessoais, sociais e culturais.

Desse modo, mesmo que todos saibam o que é mãe, alguém órfão desde o nascimento atribuirá
significados diferentes de alguém cuja mãe é presente e afetuosa. Ademais, este conceito tam-
bém está atrelado às experiências sociais, de modo que as representações que se tem de mãe
variam, também, no tempo histórico e nas diversas culturas e as diferentes formas de atribuir
sentido a maternidade.

É por isso, que Vygtsky atribuiu tanta importância ao professor, visto que, para ele, há maior de-
senvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar uma
quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos.

Guarde essa ideia

O importante para o pensador é apresentar às crianças formas de pensamentos,


não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las.

TEORIAS CONSTRUTIVISTAS: WALLON

Neste tópico teremos como objetivo:

• Compreender as contribuições de Wallon e sistematizar os principais conceitos.

De todos os teóricos de abordagens construtivistas, Wallon foi o primeiro a realçar a importância


das emoções no processo de desenvolvimento e aprendizagem. Essa sua tese causou bastante
frisson no meio educacional, visto que ele afirmou que o desenvolvimento intelectual envolve
muito mais do que um simples cérebro.

Embora não fosse pedagogo, Wallon também foi o teórico construtivista que mais pensou a edu-
cação de forma direta. Isso porque, elaborou propostas diretamente vinculadas à escola a e a
educação, pensando nas práticas dos professores e nos processos de ensino e aprendizagem.

Enquanto Piaget acreditava que o desenvolvimento antecedia a aprendizagem e Vygotsky pensava


justamente o contrário, Wallon defendia que desenvolvimento e aprendizagem estavam do mesmo
lado da moeda e que, para ambos, o papel do professor era fundamental.

Assim como Piaget, Wallon também organizou sua teoria em estágios, os quais são agrupados
em cinco categorias e serão descritos a seguir: impulsivo-emocional; sensório-motor e projetivo;
personalismo; categorial; e puberdade e adolescência.

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Impulsivo-emocional

O primeiro estágio descrito por Wallon ocorre no primeiro ano de vida. Levando em conta que o
foco do autor é a afetividade, ele evidencia a afetividade entre o bebê e as pessoas que se rela-
cionam com ele como determinante para o desenvolvimento.

Sensório-motor e projetivo

O segundo estágio descrito por Wallon compreende o período do primeiro ano até por volta dos
três anos de vida. Para ele, este estágio se caracteriza por uma maior autonomia da criança, já que
é neste período que ela desenvolve a capacidade de andar e manipular objetos. Além disso, ele
também evidenciou que nesta fase ocorre desenvolvimento da função simbólica e da linguagem.

Personalismo

O terceiro estágio proposto por Wallon inicia a partir do terceiro ano e perdura até por volta dos
seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante as interações
sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas externas a si, já que é nesta fase,
também, que há a superação do egocentrismo.

Categorial

A quarta fase proposta por Wallon ocorre durante o período de seis anos até por volta dos onze.
Nela os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimen-
to e conquista do mundo exterior.

Predominância funcional

Por fim, o quinto estágio de Wallon ocorre a partir dos onze anos de idade e se configura a partir
das definições em torno dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações
corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à
tona e passam a fazer parte da consciência do sujeito.

Palavras do professor

Caro (a) aluno (a) chegamos ao final da nossa unidade II, acredito que você tenha adquirido novos
conhecimentos. Caso tenha alguma dificuldade, sugiro que refaça a leitura do seu livro texto.
Agora acesse o AVA e coloque em prática tudo que você aprendeu responda as atividades e os
fóruns avaliativos. Caso ainda tenha alguma dúvida pergunte ao seu tutor!

Excelente estudo e até breve!

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