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Resumo: As questões relacionadas aos pressupostos de uma Didática da História têm sido
relevantes, como atestam trabalhos de Moniot (1993); Prats (2003); Fonseca (2003); Schmidt
e Cainelli (2004). Destacam-se os que têm como objeto de estudo as relações entre
professores e alunos com as idéias históricas, constituindo o campo científico da Educação
Histórica (BARCA,2005). O objetivo desse projeto é, tomando como referência alguns
pressupostos da Educação Histórica, buscar a concretização de uma didática da história,
fundamentada nos seguintes princípios: 1.A investigação e análise dos conhecimentos tácitos
dos alunos; 2. A tematização e problematização do conteúdo a ser trabalhado; 3. A
identificação e interpretação de fontes primárias e secundárias; 4. A compreensão
contextualizada (metacognição); 5. A expressão das experiências – como categorias a serem
desenvolvidas pelos professores. Buscou-se sistematizar reflexões desenvolvidas a partir de
uma experiência realizada em escolas publicas da rede estadual de ensino no Paraná, bem
como avaliar as potencialidades dos seus fundamentos, na constituição de uma didática da
história cujo foco seja a consolidação da forma de conhecimento situacional em aulas de
história.
Palavras-chave: didática da história – educação histórica – formação de professores.
Abstract: The questions related to the presupposition of the History didactics are relevant in
recent studies and researchs, as reported by Moniot (1993); Prats (2003); Fonseca (2003);
Schmidt and Cainelli (2004). Among these, the outstanding are the ones in which the
objective is the relationship between teachers and students with historical ideas in History
classes establishing the scientific field of Historical Education (Barca, 2005). The purpose of
this project is, taking as a reference some presuppositions of Historical Education, to seek for
the concretization of the History didactics, based on the following principles: 1 – The
investigation and analysis of the tacit knowledge of the students; 2- The thematic and
problematic of the contents to be worked; 3 – The identification and interpretation of primary
and secondary sources; 4 – The contextualized comprehension (metacognition); 5 – The
expression of experiences – like categories to be developed by the teachers. Thus, the present
work has the aim to systemize reflections developed from an experience made in public
schools of Paraná State – southern Brazil. Also to evaluate the potentiality of its basis, on the
constitution of a didactics based on the presuppositions of Historical Education, which focus
would be the consolidation of the situational knowledge form in History classes.
1
Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação-UFPR; professora de Metodologia e
Prática de Ensino de História-UFPR. Projeto com financiamento do Cnpq; Schmidt@qualityware.com.br
ANPUH – XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – São Leopoldo, 2007. 2
orientação e uma tarefa que conduza os alunos a realizar alguma operação com o
conhecimento, ou seja, a aplicá-lo..Segundo a autora, esta é uma das formas que se afasta da
memorização. A terceira e última é a “Forma do conhecimento situacional”, baseada no
interesse em dar a conhecer, no sentido de tornar inteligível a realidade dos sujeitos. Trata-se
de um conhecimento que parte da investigação de como o sujeito já sabe, e busca
intervenções para tornar o conhecimento significativo para ele. Tendo como referência as
reflexões de EDWARDS foram realizadas as observações das aulas. O critério de seleção das
aulas foi do próprio professor do campo de pesquisa. Os investigadores limitaram-se a
acompanhar o desenvolvimento do conteúdo, durante 6 aulas, registrando em detalhes a
forma como o professor o trabalhava com os alunos. Estas observações constataram que
apenas uma professora apresentava proposta de trabalho que se aproximava mais da “forma
de conhecimento como operação”, na medida em que ela se preocupava em despertar mais o
interesse dos alunos, indo além dos conteúdos e atividades sugeridos no manual didático,
mesclando aulas expositivas e atividades com textos diferenciados. No entanto, nenhum dos
professores apresentou qualquer tentativa que evidenciasse um trabalho na perspectiva do
“conhecimento situacional”.
Esta investigação foi realizada em uma aula pelos próprios pesquisadores , como
este feito por SILVEIRA/PEREIRA (2005) -“Aplicação do questionário para verificação dos
conhecimentos prévios. Duração 30 média de 30 minutos. Os alunos se mostraram
interessados em responder as questões. Entretanto, ficaram um pouco receosos com as
respostas, pois acreditavam que valia nota ou que poderiam responder de maneira errada. Foi
esclarecido que não existem respostas erradas, desta maneira, ficaram mais calmos. Os
alunos, também, nos pediram auxílio para responderem as perguntas”. Estes registros
motivaram discussões e reflexões em torno da avaliação e do significado do erro na relação
ensino-aprendizagem.
das narrativas historiográficas complementares, bem como dos outros materiais que foram
utilizados em aulas, tais como mapas e textos informativos.
A análise dos níveis de compreensão dos alunos foi realizada a partir das
categorias propostas por LEE (2003), para quem a História ensinada nas escolas “não pode
ser confundida com o senso comum, mas precisa fazer com que os alunos, tal como os
historiadores, têm de compreender por que motivo as pessoas atuaram no passado de
determinada forma e o que pensavam sobre a forma como o fizeram, mesmo que não
entendam isto tão bem quanto os historiadores”(p.19). Neste sentido, somente quando as
crianças e os jovens compreendem os vestígios do passado como evidência no seu mais
profundo sentido, isto é, como algo que deve ser tratado não como mera informação, mas
como algo de onde podem retirar respostas a questões, é que o conhecimento histórico passa
a ter significado para eles. LEE,(2003), elaborou um modelo de progressão em empatia
histórica, com sete níveis. Nível 1 – tarefa explicativa não alcançada; Nível 2 – Confusão;
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Nível 3 – Explicação por meio de assimilação e déficit; Nível 4 – Explicação por meio de
papéis e/ou esteriótipos; Nível 5 – Explicação em termos da lógica da situação vista à luz do
cotidiano/presente; Nível 6 – Explicação em termos do que as pessoas naquele tempo
pensavam – empatia histórica; Nível 7 – Explicação em termos de um contexto material e de
idéias mais amplo.
Pode-se afirmar que este projeto, cujos referenciais se baseiam nos pressupostos
da Educação Histórica trouxe uma grande contribuição à especificidade da didática da
Histõria, destacando-se: uma orientação para se observar a formas de conhecimento e aulas de
história, as especificidades da relação dos sujeitos com o saber histórico escolar e uma
proposta para planejamento de aulas de história na escola fundamental.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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