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Mitos Conjugais: a perspectiva dos adultos jovens1

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Eliana Piccoli Zordan

Resumo

Mitos conjugais são compreendidos como crenças irracionais que vão se estabelecendo como
verdades que perpassam a conjugalidade. Essa investigação buscou verificar como adultos jovens
solteiros classificavam 10 dos 24 mitos conjugais descritos por Lazarus (1992). A amostra foi
constituída por 197 participantes, 77 homens e 120 mulheres, de 20 a 31 anos, de dois contextos
sócio-culturais do Rio Grande do Sul: Porto Alegre e Erechim. Os mitos classificados como irracionais
expressavam aspectos externos à relação do casal. Já os mitos classificados como racionais
envolvem especificamente a relação afetiva do casal. Encontraram-se diferenças significativas (p ≤
0,05) entre os adultos jovens do interior que aderem ao mito de transformar o cônjuge numa pessoa
melhor. Comparando os sexos, as mulheres consideraram menos a idéia mítica de que o matrimônio
pode realizar todos os sonhos. Conclui-se que os adultos jovens aderem aos mitos conjugais
relacionados à valorização do amor e da conjugalidade.
Palavras-chave: mitos conjugais; adultos jovens; conjugalidade.

Conjugal Myths: a young adult perspective

Abstract

Conjugal myths are understood as irrational beliefs that establish themselves as truths that
express the conjugality. This investigation sought to identify how young single adults classified 10 of
the 24 conjugal myths described by Lazarus (1992). The sample consisted of 197 participants, 77 men
and 120 women, between 20 and 31 years of age, from two different socio-cultural contexts in Rio
Grande do Sul: Porto Alegre and Erechim. The myths were classified as irrational were related to
aspects external to the relationship of the couple. The myths classified as rational specifically involved
the affective relationship of the couple. Significant differences were found (p ≤ 0,05) between the
countryside young adults adhered to the myth that they should transform their partner into a better
person. Gender comparison show that women believed the mythical idea that the marriage can
achieve all their dreams less tan men. Results indicated that young adults adhere to the conjugal
myths that are related to the importance of love and conjugality
Keywords: conjugal myths; young adults; conjugality.

1
Este artigo derivou da Dissertação de Mestrado da autora, a qual foi orientada pela Prof. Dra. Adriana Wagner no Programa
de Pós Graduação em Psicologia da PUCRS, com bolsa da CAPES.
2
Psicóloga clínica, mestre em Psicologia Clínica e doutoranda em Psicologia pela PUCRS. Professora da URI – Campus de
Erechim

1
Introdução

O casamento e as relações conjugais são temas abrangentes que despertam muito interesse nas
pessoas em geral, pois, apesar do crescente aumento das separações conjugais nos últimos anos
(IBGE, 2007), o casamento ainda é um desejo da grande maioria dos jovens. Mesmo tendo deixado
de ser um projeto vital, casar faz parte dos eventos de vida da maioria dos jovens de nível sócio-
econômico médio (Zordan, 2003).
A dinamicidade das transformações pelas quais está passando o casamento tem suscitado
muitas investigações que dizem respeito à escolha do(a) parceiro(a) (Anton, 2000, 2002), as tarefas,
potencialidades e disfuncionalidades de cada etapa do ciclo vital do casal (Carter e McGoldrick, 2001;
Ríos-Gonzalez, 2005), a satisfação conjugal, a qualidade conjugal (Falcke, 2003; Falcke, Wagner e
Mosmann, 2005; Mosmann, Wagner e Féres-Carneiro, 2006; Mosmann e Wagner, 2008), as atitudes
frente ao casamento (Jablonski, 1996, 1998, 2001, 2003, 2005) e os fatores que envolvem a
manutenção e a ruptura da relação conjugal (Féres-Carneiro, 2003; Diniz Neto e Féres-Carneiro,
2005), entre outros.
Entre os aspectos e resultados encontrados nos estudos a respeito da conjugalidade, salientamos
a importância da transgeracionalidade, isto é, dos processos que são transmitidos pela família de uma
geração a outra e que se mantêm presentes ao longo da história familiar (Falcke, Wagner e Mosmann,
2005; Falcke, Wagner e Mosmann, no prelo).
Nessa perspectivas, buscamos compreender o casamento como uma construção histórico-social,
pois a vida em casal sempre esteve presente em todas as culturas e em todas as épocas influenciada
por aspectos familiares, sociais, religiosos, econômicos e jurídicos. Neste sentido podemos afirmar
que as formas de casamento vividas ao longo da história da humanidade exercem uma constante
influência naquelas experienciadas na contemporaneidade, como num processo de transmissão
transgeracional, denominado por Zordan, Falcke e Wagner (2005) de transgeracionalidade social.
Nesse processo, destacamos a presença dos mitos, definidos como tradições lendárias que
buscam explicar os principais acontecimentos da vida, que, conscientemente, são difíceis de serem
compreendidos ou aceitos. São construções que vão se estabelecendo como verdades ao longo do
tempo, mesmo que sejam permeadas pela irracionalidade (Wagner e Falcke, 2005).
Assim, os mitos estão presentes nos mais diversos aspectos que se referem ao casamento e à
família. No que diz respeito ao casal, sabe-se que cada indivíduo traz de sua família de origem para o
espaço conjugal um sistema de valores, crenças e expectativas. Esses aspectos contribuem de forma
bastante expressiva para as concepções que cada um tem a respeito do casamento e sobre o modo
de ser e funcionar como marido e mulher (Wagner e Falcke, 2001; Munhoz, 2004).
Diante das mudanças contextuais, consideramos pertinente investigar como alguns mitos
conjugais clássicos são classificados pelos adultos jovens solteiros já que podem estar presentes no
momento da escolha do(a), parceiro(a), nas expectativas, na vivência da conjugalidade, bem como
podem estar associados também aos conflitos, às frustrações, às rupturas, às separações precoces,
entre tantos fenômenos vinculados à conjugalidade.
Entre os mitos conjugais mais referidos pela literatura, temos os citados na década de noventa

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nos estudos de Kinder e Cowan (1990) e de Lazarus (1992). Kinder e Cowan (1990) partem da
premissa de que todas as pessoas possuem um sistema de crenças composto pelo que sabem ou
pensam a respeito dos homens, das mulheres e dos relacionamentos. Essas crenças e suposições
operam num nível inconsciente e moldam o comportamento, as expectativas e o que as pessoas
sentem sobre o rumo de suas vidas. Esses autores relacionaram 15 mitos conjugais tais como: um
bom casamento deve ser estável, justo e igual; os parceiros têm sonhos e objetivos idênticos e se
sentem completos e inteiros; se os parceiros têm que “trabalhar” num casamento, algo está errado; se
há amor o romance continua a florescer; o crescimento individual favorece o casamento; ser esposa e
mãe em tempo integral é um desperdício de potencial.
Nesses mitos aparecem aspectos contemporâneos sobre a vivência conjugal, tais como a
valorização da individualidade e das novas funções femininas, coexistindo com idéias tradicionais que
desconsideram os projetos individuais e a necessidade de continuar investindo no relacionamento
conjugal nas diferentes etapas do ciclo vital do casal.
Já Lazarus (1992) baseou-se em estudos de casos, notas de sessões e gravações de
depoimentos de pacientes e chegou a 24 mitos conjugais. Em sua opinião, esses mitos são erros
cognitivos, isto é, crenças errôneas muito freqüentes que levam à insatisfação conjugal. Os mitos
conjugais descritos por Lazarus são: marido e esposa são os melhores amigos; o romantismo do
casal faz o bom matrimônio; quando se sentir culpado, confesse; o marido e a esposa devem fazer
tudo juntos; temos que lutar para salvar o casamento; num bom relacionamento, um tem confiança
total no outro; você deve fazer o outro feliz no casamento; num bom relacionamento, esposo e esposa
podem descarregar “tudo” no outro; os bons maridos consertam tudo em casa e as boas esposas
fazem a limpeza; ter um filho melhora um mau casamento; o matrimônio deve ser uma sociedade
50%-50%; o matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos; os que amam de verdade adivinham
os pensamentos e sentimentos do outro; um casamento infeliz é melhor do que um lar desfeito; as
ambições do marido são mais importantes do que a profissão da mulher; se a(o) esposa(o) quer
deixá-lo(a), “faça tudo para impedi-lo(a)”; um amor que já morreu às vezes pode renascer; competição
entre marido e esposa estimula o casamento; você deve transformar seu cônjuge numa pessoa
melhor; os opostos se atraem e se completam; os casais não devem revelar seus problemas a
estranhos; uma relação extraconjugal destrói o casamento; não tenha sexo se estiver com raiva;
conforme-se com o que você tem.
Observa-se que tais mitos, comumente, referem-se a aspectos relativos aos papéis de gênero
tradicionais no casamento e aos ideais do amor romântico. Também enfatizam a conjugalidade, sem
espaço para a individualidade, e reforçam o caráter indissolúvel do casamento.
Considerando que os mitos, por definição, vão se estabelecendo como verdades, mesmo que
sejam permeadas pela irracionalidade (Wagner e Falcke, 2005), escolhemos 10 dos 24 mitos
conjugais de Lazarus (1992), os quais já tinham feito parte de uma ampla pesquisa, realizada na
Espanha por Garrido Fernández e Fernández-Santos (1998) a fim de conhecer a perspectiva de
adultos jovens solteiros de nível sócio-econômico cultural médio da população brasileira.

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Método

Participantes
A amostra deste estudo foi constituída por 197 pessoas, sendo 77 homens e 120 mulheres de
dois contextos sócio-culturais: Porto Alegre (27 homens e 63 mulheres) e Erechim (50 homens e 56
mulheres), todo(a)s solteiro(a)s com idade variando entre 20 e 31 anos. Com relação à escolaridade
57,9% possuíam ensino médio completo e 42,1% o ensino superior completo. Quanto à variável
trabalho, 78,8% estavam trabalhando e as ocupações mais freqüentes foram estudante (22,0%) e
estagiário (13,4%), sendo que 42,7% recebiam de 1 a 3 salários mínimos. No que se refere à religião,
80,2% afirmaram ser católicos, 6,6% espíritas, 4,1% sem religião.

Instrumentos e Procedimentos
O presente estudo teve um caráter quantitativo, caracterizando-se como uma pesquisa
exploratória. Para coleta de dados utilizou-se um questionário que recolhia os dados biodemográficos
do sujeito e 10 mitos conjugais os quais os sujeitos deveriam classificar como Racional – R – (com
lógica, com sentido, verdadeiro) e Irracional – I – (sem lógica, sem razão, não verdadeiro).
Os dez mitos conjugais selecionados para o estudo foram: ter um filho melhora um mau
casamento; o matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos; os que amam de verdade adivinham
os pensamentos e sentimentos do outro; um casamento infeliz é melhor do que um lar desfeito; você
deve transformar seu cônjuge numa pessoa melhor; os opostos se atraem e se completam; os
opostos se atraem e se completam; marido e esposa devem ser os melhores amigos; quando se
sentir culpado, confesse; num bom relacionamento, um tem confiança total no outro; você deve fazer
o outro feliz no casamento.
Para a coleta de dados foram distribuídos 400 questionários 200 em Erechim e 200 em Porto
Alegre, entre uma amostra por conveniência de adultos jovens solteiros, contatados em
estabelecimentos comerciais, repartições públicas, escolas e universidades. O instrumento foi
entregue ao sujeito em envelopes selados e endereçados à pesquisadora. Desses 400 distribuídos,
retornaram 213 questionários, sendo que 16 deles foram excluídos porque chegaram após o prazo
estipulado para o recebimento, estavam incompletos ou em branco. Contou-se, então com 197
questionários válidos.

Análise dos Resultados


Essa amostra classificou cinco dos dez mitos conjugais como irracionais, isto é, ilógicos, sem
sentido, portanto, de acordo com a definição propriamente dita de mito. Os mitos classificados como
irracionais foram:
a) Ter um filho melhora um mau casamento - a grande maioria dos sujeitos (95,4%) não aceita
mais essa idéia, o que corrobora a concepção atual de casamento mais vinculada à relação afetiva
entre os cônjuges do que ao desejo de ter filhos e constituir uma família. Os avanços da tecnologia, as
novas configurações familiares, entre outros aspectos, por outro lado, também contribuíram para a
desvinculação da paternidade/maternidade do casamento (Matos, Féres-Carneiro e Jablonski, 2005).

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b) O matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos - a maior parte dos pesquisados (94,9%)
não acredita que o matrimônio possa realizar todos os sonhos, confirmando que não vigora mais a
visão do casamento como única possibilidade de realização feminina ligada ao mito da felicidade que
se destacava em décadas anteriores (Villaça, 2004; Torres, 2005). As pessoas não têm mais uma
visão idealizada do casamento, como a única forma de alcançar seus objetivos, provavelmente em
decorrência do estilo de vida contemporâneo, que permite, tanto ao homem quanto à mulher, muitas
outras possibilidades de concretizar seus projetos de vida, não apenas vinculados ao casamento.
c) Um casamento infeliz é melhor do que um lar desfeito - expressiva maioria (94,9%) ao
considerarem essa frase irracional reforçam a idéia de que não esperam que o casamento dure "até que a
morte os separe", pois atualmente a durabilidade é questionada mesmo antes do início do
relacionamento (Garcia e Tessara, 2001) e as pessoas não têm dificuldades para terminar um
casamento que não esteja mais sendo satisfatório, apenas para continuar oferecendo um lar para os filhos.
d) Os que amam de verdade adivinham os pensamentos e sentimentos do outro - é considerado
irracional por 68,9% dos sujeitos, sendo uma minoria (31,1%) que considera racional. Este aspecto
considera os valores contemporâneos que definem a conjugalidade, os quais têm apontado maior
ênfase na dimensão individual que compartilhada entre o casal. Féres-Carneiro (1998) revela essa
característica dos casais como algo importante a ser considerado na busca de solução dos conflitos
conjugais.
e) Os opostos se atraem e se completam - em relação a esse mito as opiniões estão
praticamente divididas, pois 50,5% o classificaram como irracional, enquanto 49,5% classificaram
como racional, o que expressa as controvérsias também descritas na literatura científica sobre o
que faz com que as pessoas se atraiam (Menghi, 1995; Anton, 2002; Falcke, 2003).
Partindo-se da premissa que os mitos são considerados por Lazarus (1992) como crenças
irracionais, cinco deles, talvez, tenham que ser analisados a partir de outra perspectiva, pois,
nessa amostra, aparecem como crenças adaptativas ou aceitas como naturais. Entre eles:
f) Num bom relacionamento, um tem confiança total no outro - 89,8% dos participantes acreditam
ser essa afirmação racional o que pode estar fundamentado nos valores dos relacionamentos
modernos, baseados na expectativa da confiança mútua (Goldenberg, 1991; Zagury, 2003). O
casamento atualmente representa uma relação muito intensa na vida da pessoa por envolver um
elevado grau de intimidade e grande investimento afetivo (Féres-Carneiro, 2001; Rosen-Grandon,
Myers e Hattie, 2004).
g) Você deve fazer o outro feliz no casamento - uma porcentagem expressiva dos respondentes
(83,6%) considerou essa afirmativa como racional, o que indica que as pessoas vêem o casamento
como uma das formas de encontrar a felicidade. A conjugalidade permanece como uma das relações
mais importantes, desejada e desenvolvida pela maioria das pessoas.
h) Quando se sentir culpado, confesse - para 82,7% da amostra esta afirmativa é lógica,
salientando os valores dos relacionamentos amorosos contemporâneos que enfatizam a sinceridade,
a honestidade, a intimidade (Féres-Carneiro, 1999, 2003) a união, a confiança, o respeito pelo outro.
i) Marido e esposa são os melhores amigos - o fato de 82,1% afirmarem que essa frase é lógica
indica que a amizade entre os cônjuges é considerada muito importante, envolvendo o

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companheirismo, a aceitação, a disponibilidade ao comprometimento com o outro, interesses e
valores compartilhados (Godenberg, 1991; Araújo, 1999; Norgen, 2002; Ramalho, 2002; Saraceno,
2003).
j) Você deve transformar seu cônjuge numa pessoa melhor - em relação a esse mito, as
opiniões estão divididas, pois 55,2% classificaram como racional e 44,8% como irracional. Esse
dado pode estar refletindo por um lado aspectos do censo comum que divulga idéias tais como:
"depois de casar entra nos eixos", “quando casar muda”. Por outro lado, o casamento já não tem
mais caráter mágico de solução para os problemas. Um dos objetivos das uniões conjugais é
favorecer o desenvolvimento de ambos, o que é diferente do dever de transformar o outro numa
pessoa melhor. No entanto, a dicotomia de opiniões verificada aqui reflete a coexistência de
valores, crenças e opiniões modernas e antigas (Araújo, 2002).
Na comparação entre as variáveis do estudo, nesse caso, sexo e residência na capital ou no
interior, encontramos apenas duas diferenças significativas, a partir dos testes t de Student e Mann-
Whitney. Nesse caso, as mulheres consideraram, em maior número do que os homens, como
irracional (p ≤ 0,05), o mito “o matrimônio pode realizar todos os nossos sonhos”. Esses dados
corroboram o avanço das expectativas e projetos das mulheres, que contemporaneamente estão mais
complexos e envolvem a realização pessoal e profissional, sendo que só o casamento não basta para
alcançar a felicidade (Babo e Jablonski, 2002).
Quanto aos diferentes contextos (interior e capital) o mito “você deve transformar seu cônjuge
numa pessoa melhor” é classificado mais intensamente como racional pela amostra de Erechim (p ≤
0,05). Esse dado sugere que as pessoas do interior acreditam mais na possibilidade de transformar o
seu parceiro, o que pode estar relacionado à maior proximidade física, maior disponibilidade de
tempo, maior valorização da convivência.

Considerações finais

Podemos afirmar que esses adultos jovens solteiros dão maior peso à relação de casal do que à
formação e manutenção da família, como acontecia em outras épocas. Além disso, continuam
acreditando no chamado amor romântico, idealizado e baseado na exclusividade, pois valorizam a
confiança total no outro, bem como a necessidade de confissão quando sentir culpa, a amizade entre
o casal e o dever de transformar o(a) parceiro(a) numa pessoa melhor.
Por outro lado concordam que são míticas as idéias que relacionam a conjugalidade com a
parentalidade, assim como a manutenção de um casamento infeliz para beneficiar os filhos. Essa
perspectiva indica que nesse novo contexto o peso maior está na conjugalidade e no respeito às
individualidades, não aceitando que apenas o amor basta para adivinhar e conhecer tudo que se
passa com o outro. Esse tipo de relação demanda mais comunicação, diálogo e espaço para a
expressão de necessidades, desejos e sentimentos. Outro aspecto que ficou evidente é que o
casamento continua sendo importante, mas coexiste como outros projetos, isto é, já não se espera
que realize todos os sonhos do indivíduo.
O fato de ter sido encontrada diferença estatística significativa na classificação feita pelos dois

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sexos em apenas um dos dez mitos demonstra a existência de maiores semelhanças entre as visões
de homens e mulheres quanto à conjugalidade do que havia há algum tempo. Ademais, essa
diferença foi especificamente num aspecto que se refere às conquistas femininas de maior
participação no espaço público do trabalho, da política, da economia e da ciência.
Esses resultados mostram a complexidade das expectativas e das influências que as pessoas
estão recebendo para a construção das suas conjugalidades e que são retratadas na pluralidade de
arranjos conjugais na contemporaneidade.

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Endereço para correspondência


epordan@uri.com.br

Recebido em 14/05/2008
Aceito em 19/06/2008

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