Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NOTURNO
6º SEMESTRE
SÃO PAULO
2022
1. INTRODUÇÃO
A questão agrária no Brasil teve seu palco por volta de 1530, quando a
concentração fundiária no Brasil teve início, devido a formação das capitanias
hereditárias. Mesmo que o objetivo de tal organização não tenha sido obtido
com sucesso, após a independência do Brasil, em 1822, as terras continuam a ser
geridas pelas mãos da nobreza e da alta burguesia. Em 1850 foi implantada a Lei
de Terras, assinada por Dom Pedro II, que tinha o objetivo de organizar a
propriedade privada no Brasil, e oficializar a divisão de terras em latifúndios.
Tal lei acabava por privilegiar antigos proprietários de grandes latifúndios,
afinal, a partir de sua promulgação, só se poderia adquirir terras através de
compra e venda ou doação por parte do Estado. Dessa forma, as maiores e
melhores terras continuavam nas mãos dos fazendeiros e seus herdeiros. Com
isso, a expulsão de colonos e pequenos agricultores de suas terras, além das
migrações devido o desenvolvimento da urbanização aliada à precariedade da
vida nas zonas rurais, intensificou-se a eclosão dos conflitos no campo. Assim,
inicia-se a discussão pela reforma agrária.
A reforma agrária é uma reestruturação da base fundiária e sua
concentração, objetivando sua distribuição de forma justa e que contemple a
todos os agricultores, principalmente os menores, e não somente nas mãos de
poucas pessoas, que generalizadamente, não produzem o quanto enriquecem.
Essa discussão tomou força durante a Ditadura Militar, quando as Ligas
Camponesas, organização que foi fundada após mobilizações de trabalhadores
agrícolas pelo Partido Comunista (PCB) por volta de 1945 a 1947 (Stedile,
2006), se enfraquecem e de certa maneira se extinguem, mesmo que retorne
depois por meio de sindicatos, surgindo Novos Movimentos Sociais do Campo.
Nesse mesmo período o Estatuto da Terra foi criado, e segundo Shmitz et al.,
representa um conjunto de normas que regula os direitos e obrigações relativos
aos bens imóveis rurais, especificamente para a execução da reforma agrária e
promoção da política agrária (2014, pg. 578). O Estatuto da Terra, com grandes
dificuldades foi promulgado em 30 de Novembro de 1964, mas seu plano de
fundo, ao contrário do que aparentava, era mitigar os conflitos no campo,
principalmente no Nordeste. Dessa forma, os Movimentos Sociais do Campo se
intensificavam afim da realização plena da reforma agrária.
No que tange aos Movimentos Sociais do Campo, estes são formas de
organização socioterritorial de agricultores familiares ou camponeses sem terra e
de trabalhadores rurais assalariados que lutam pelo direito à terra, por um
emprego com melhores condições e salário. Esses movimentos representam
formas de combate e resistência à expansão do capitalismo que causa a
diminuição de empregos e melhores condições de trabalho assalariado, por conta
da mecanização que é promovida pela modernização da agropecuária.
No Brasil os movimentos sociais agrários são representados por nomes
como MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), MPA (Movimento dos
Pequenos Agricultores), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens),
MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) e CPT (Comissão Pastoral da
Terra), entre outros. Com a finalidade de expandir os conhecimentos a partir das
diversas manifestações sociais dos movimentos brasileiros na luta pela terra, no
presente trabalho iremos apresentar com mais detalhes o MMC (Movimento das
Mulheres Camponesas), um grupo de mulheres organizadas em todas as regiões
do país, que há mais de 37 anos constroem um movimento autônomo, feminista,
popular e democrático. O MMC é contra o modelo capitalista e patriarcal,
lutando assim, pela construção de uma sociedade com igualdade de direitos. O
reconhecimento da profissão de trabalhadora rural, a aposentadoria da mulher da
roça aos 55 anos e o salário-maternidade, estão entre alguns direitos
conquistados pelo movimento. "Somos a soma da diversidade do nosso país.
Pertencemos à classe trabalhadora, lutamos pela causa feminista e pela
transformação da sociedade” (MMC).
2. DESENVOLVIMENTO: PROBLEMÁTICA
4. BIBLIOGRAFIA