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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS

UNIDAS – FMU – LICENCIATURA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ALANA RANY MIGUEL DE AZEVEDO, RA 6752202


BIANCA SANTOS DA SILVA, RA: 3238661
IASMINE SANTOS OLIVEIRA, RA6566788
MARIA FRANCIELI SOUZA DA SILVA, RA: 1170747
MAHEUS HENRIQUE GUIMARÃES, RA 7297580
VICTOR FERNANDO OLIVEIRA DOS SANTOS, RA 6495432

NOTURNO
6º SEMESTRE

A QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL: APRESENTADO O MMC –


MOVIMENTO DE MULHERES CAMPONESAS.

SÃO PAULO
2022
1. INTRODUÇÃO

A questão agrária no Brasil teve seu palco por volta de 1530, quando a
concentração fundiária no Brasil teve início, devido a formação das capitanias
hereditárias. Mesmo que o objetivo de tal organização não tenha sido obtido
com sucesso, após a independência do Brasil, em 1822, as terras continuam a ser
geridas pelas mãos da nobreza e da alta burguesia. Em 1850 foi implantada a Lei
de Terras, assinada por Dom Pedro II, que tinha o objetivo de organizar a
propriedade privada no Brasil, e oficializar a divisão de terras em latifúndios.
Tal lei acabava por privilegiar antigos proprietários de grandes latifúndios,
afinal, a partir de sua promulgação, só se poderia adquirir terras através de
compra e venda ou doação por parte do Estado. Dessa forma, as maiores e
melhores terras continuavam nas mãos dos fazendeiros e seus herdeiros. Com
isso, a expulsão de colonos e pequenos agricultores de suas terras, além das
migrações devido o desenvolvimento da urbanização aliada à precariedade da
vida nas zonas rurais, intensificou-se a eclosão dos conflitos no campo. Assim,
inicia-se a discussão pela reforma agrária.
A reforma agrária é uma reestruturação da base fundiária e sua
concentração, objetivando sua distribuição de forma justa e que contemple a
todos os agricultores, principalmente os menores, e não somente nas mãos de
poucas pessoas, que generalizadamente, não produzem o quanto enriquecem.
Essa discussão tomou força durante a Ditadura Militar, quando as Ligas
Camponesas, organização que foi fundada após mobilizações de trabalhadores
agrícolas pelo Partido Comunista (PCB) por volta de 1945 a 1947 (Stedile,
2006), se enfraquecem e de certa maneira se extinguem, mesmo que retorne
depois por meio de sindicatos, surgindo Novos Movimentos Sociais do Campo.
Nesse mesmo período o Estatuto da Terra foi criado, e segundo Shmitz et al.,
representa um conjunto de normas que regula os direitos e obrigações relativos
aos bens imóveis rurais, especificamente para a execução da reforma agrária e
promoção da política agrária (2014, pg. 578). O Estatuto da Terra, com grandes
dificuldades foi promulgado em 30 de Novembro de 1964, mas seu plano de
fundo, ao contrário do que aparentava, era mitigar os conflitos no campo,
principalmente no Nordeste. Dessa forma, os Movimentos Sociais do Campo se
intensificavam afim da realização plena da reforma agrária.
No que tange aos Movimentos Sociais do Campo, estes são formas de
organização socioterritorial de agricultores familiares ou camponeses sem terra e
de trabalhadores rurais assalariados que lutam pelo direito à terra, por um
emprego com melhores condições e salário. Esses movimentos representam
formas de combate e resistência à expansão do capitalismo que causa a
diminuição de empregos e melhores condições de trabalho assalariado, por conta
da mecanização que é promovida pela modernização da agropecuária.
No Brasil os movimentos sociais agrários são representados por nomes
como MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), MPA (Movimento dos
Pequenos Agricultores), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens),
MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) e CPT (Comissão Pastoral da
Terra), entre outros. Com a finalidade de expandir os conhecimentos a partir das
diversas manifestações sociais dos movimentos brasileiros na luta pela terra, no
presente trabalho iremos apresentar com mais detalhes o MMC (Movimento das
Mulheres Camponesas), um grupo de mulheres organizadas em todas as regiões
do país, que há mais de 37 anos constroem um movimento autônomo, feminista,
popular e democrático. O MMC é contra o modelo capitalista e patriarcal,
lutando assim, pela construção de uma sociedade com igualdade de direitos. O
reconhecimento da profissão de trabalhadora rural, a aposentadoria da mulher da
roça aos 55 anos e o salário-maternidade, estão entre alguns direitos
conquistados pelo movimento. "Somos a soma da diversidade do nosso país.
Pertencemos à classe trabalhadora, lutamos pela causa feminista e pela
transformação da sociedade” (MMC).

2. DESENVOLVIMENTO: PROBLEMÁTICA

A história de luta e organização das mulheres trabalhadoras se constrói e


se fortalece ao longo da história da humanidade. Veja o que é a guerra, a
constituição do povo, a participação dos trabalhadores na sociedade, a conquista
dos direitos fundamentais do povo. Portanto, para quebrar preconceitos e
violências na família (espaço privado), nas lutas sociais (espaço público), há
muitas iniciativas envolvendo as mulheres. Algumas dessas lutas deram origem
a movimentos e entidades feministas que muito contribuiu para o avanço da
libertação das mulheres, como o MMC – Movimento de Mulheres Camponesas.
A construção do Movimento de Mulheres Camponesas se deu a partir da
Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR), criado em
1995, que envolve as trabalhadoras do campo, sejam agriculturas, pescadoras ou
extrativistas, dando espaço, assim, para o desenvolvimento de outros núcleos
dentro desta articulação, como: Pastoral da Juventude Rural – PJR; Movimento
dos Atingidos pelas Barragens – MAB; e, inclusive o MCC. O Movimento de
Mulheres Camponesas foi fundado oficialmente em 2004, através de um Curso
Nacional organizado pela articulação que reuniam 50 mulheres de 14 estados,
visando o sustento das famílias camponesas através da agroecologia e
agricultura. Além de ser um movimento rural, é um símbolo de resistência
feminina e de classe. A organização defende pautas raciais e afirma que o
racismo estrutural só irá acabar com o fim do capitalismo. Da mesma forma que
a disputa rural com os grandes latifundiários só irá acabar a partir do momento
que o direito à propriedade privada vir a fim.
À medida que vários movimentos rurais surgiram na década de 1980, os
estados consolidaram diferentes movimentos de mulheres, o que aconteceu com
o MMC. “Nós, trabalhadores rurais, criamos nossas próprias organizações.
Impulsionados pela bandeira de reconhecimento e valorização dos trabalhadores
rurais, lançamos lutas como: libertação das mulheres, sindicalização, entre
outras reivindicações” (MMC). Toda essa bagagem do movimento de mulheres
autônomas, vinculada a diversos movimentos, reafirmou as lutas das mulheres
em dois eixos, como já citado: gênero e classe. “Somos mulheres lutando por
igualdade nas relações e pertencemos à classe trabalhadora” (MMC). Nessa
trajetória de lutas e organizações de mulheres camponesas, estabelece-se uma
mística de feminismo e libertação, e seu conteúdo se concretiza no projeto de
massa com o qual o movimento está comprometido, que ilumina a
transformação das relações de classe social e as mudanças nas relações sociais,
assim como a natureza e a construção de novas relações de gênero. Essa
sensação de mistério está incorporada no simbolismo do movimento, bem como
em sua prática coletiva, e nas mulheres camponesas do movimento.
Aos poucos, o movimento de mulheres nos estados se fortaleceu,
avançando nas lutas específicas e gerais, na organização da Al Qaeda, na
formação de lideranças e na compreensão dos momentos históricos. ''Constituir
um movimento nacional das mulheres camponesas se justifica a partir da certeza
de que “a libertação da mulher é obra da própria mulher, fruto da organização e
da luta”” (MMC). Esse movimento tem quase três décadas de atuação,
particularmente, em Santa Catarina, onde se concentram, mesmo antes de
oficializarem sua atuação como Movimento de Mulheres Camponesas, que
antes, desde 1980, se denominavam MMA – Movimento de Mulheres
Agricultoras. A mudança de nomenclatura do atual MMC, se deu devido à sua
integração a Via Campesina, que segundo Boni, 2013, entenderam que o termo
camponês engloba a heterogeneidade de identidades de mulheres que
representariam o campesinato.
Nesse ínterim, houveram importantes conquistas a partir de suas
reivindicações, como a inserção das mulheres camponesas como seguradas
especiais da previdência, podendo se aposentar com 55 anos, o salário
maternidade, e diversos outros programas sociais construídos conjuntamente aos
outros movimentos e com os governos de Lula e Dilma (2002 – 2016), entre
eles: Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado em 2003, e o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), regulamentado pela Lei
11.947 de 2009. Se tratando do projeto mais recente do MMC, está a Campanha
Sementes da Resistência, que se refere às sementes crioula, que são aquelas
sementes que foram utilizadas ao longo do tempo e guardadas pelos agricultores,
sendo caracterizadas por se adaptarem as condições ambientais de seus locais de
origem, preservando suas variedades. O objetivo da campanha é lutar contra a
hegemonia do mercado, e provar que a recuperação dessas sementes é uma
grande fonte de saber sobre as ervas medicinais, por exemplo. Além de reafirmar
a potência brasileira na produção de alimentos saudáveis, na preservação da
biodiversidade e contribuição para a construção da soberania alimentar. Isso
demonstra mais uma vez o compromisso do Movimento de Mulheres
Camponesas na luta contra a fome nacional e mundial, de forma social-político-
pedagógica.
Tendo o exposto, o MMC tem contribuído de forma expressiva para a
construção de um Brasil diferente e que trate com mais dignidade tanto os
trabalhadores e trabalhadoras rurais, como a sociedade como um todo. A
presença feminina na luta pela reforma agrária vem para mostrar a importância
dos saberes femininos que foram construídos ao longo da história e mantém seu
poder de resistência na luta por um novo projeto de vida para a sociedade.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação e ousadia do feminismo camponês e popular está diretamente


ligada às lutas de resistência das mulheres rurais, que contestando e
confrontando o capitalismo, se mantém viva a partir das lutas diárias dos
processos de formação e da participação política nos movimentos populares,
diante dos ataques desse sistema que as deslegitimam, e desconsidera a
importância de seus papéis na luta pela reforma agrária e social.
Este movimento vai além do feminismo que luta pelos direitos das
mulheres, mas está também fortemente ligado aos processos políticos e
organizacionais, à formação política e às lutas concretas e permanentes que
alteram a vida social, econômica e política da classe trabalhadora. Embora
muitas pessoas da zona urbana talvez não compreendam a importância que este
movimento ganhou para as pessoas da zona rural, o mesmo tomou uma
proporção extremamente considerável, abrindo portas para muitas novas
experiências e de formação desses agentes rurais como cidadãos, e dos direitos
que lhes são garantidos. E é por isso que com uma luta árdua e difícil, mulheres
do campo vem unindo-se e propagando o feminismo camponês popular, sendo
assim, o MMC desde 2004 luta por um país que produza comida mais saudável,
sem venenos, por políticas públicas que são direito do povo e que possam
usufruir de uma vida digna e com saúde independente da classe, movidas pela
determinação e foco no objetivo em que desde o início carregam, e assim
continuarão.

4. BIBLIOGRAFIA

BONI, Valdete. Movimento de Mulheres Camponesas: Um Movimento


Camponês e Feminista. Revista Grifos. Santa Catarina, 2013.

CAMPOS, Roberto. FURTADO, Celso. SHIMITZ, Arno Paulo.


BITTENCUORT, Mauricio Vaz Lobo. O Estatuto da Terra no Pensamento
Econômico. Artigo Economia e Sociedade. Campinas, 2014.
PORFÍLIO, Francisco. Reforma Agrária. Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/reforma-agraria.htm. Acesso em
14/10/2022 às 22:00.

FUNDO BRASIL. Movimento de Mulheres Camponesas: MMC. Edital


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MIRANDA, Edna Lopes. FIÚZA, Ana Louise Carvalho. Movimentos Sociais


no Brasil: o estado da arte. Revista de Economia e Sociologia Rural.
Piracicaba, 2017.

PENA, Rodolfo Alves. Reforma Agrária: entenda o que é e como funciona a


luta pela reforma agrária no Brasil. Escola Kids Uol. Disponível em: Reforma
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Acesso em: 14/10/2022 às 22:00.

STEDILLE, João Pedro. A questão agrária no Brasil: História e natureza das


Ligas Camponesas – 1954-1964. Editora Expressão Popular. São Paulo, 2006.
VALENGA, Daniela. Você conhece a história do Movimento de Mulheres
Camponesas? Portal Catarinas. Santa Catarina.
SITE MMC. Movimento de Mulheres Camponesas. Disponível em:
https://mmcbrasil.org/.

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