Professor(a): Omara Oliveira de Gusmão ( ) Desperiodizado(a)
Disciplina: Direito Tributário II Semestre: 2022/2
Aluno(a): Fabiano Feitosa de Souza Matricula: 1907456
Turma: Período: 7º Turno: Noturno
1. CONCURSO DE PREFERÊNCIA ENTRE PESSOAS JURÍDICAS DE
DIREITO PÚBLICO
A regra geral é que a cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a
concursos credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento (art. 187, caput, do CTN). No entanto, o parágrafo único do referido art. 187 do CTB bem como o parágrafo único do art. 29 da Lei nº 6.830/8ª (Lei das Execuções Fiscais) admitem o concurso de preferência entre pessoas jurídicas de direito público. Por outro lado, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 357 o STF entendeu pela incompatibilidade das referidas normas com a Constituição da República de 1988. Dessa feita, discorra sobre o concurso de preferência entre as pessoas jurídicas de direito público, previsto no CTN e na Lei nº 6.830/80, apontando os pontos os quais foram reputados em desconformidade com a Carta Magna.
Segundo o Código Tributário Brasileiro – CTN, haveria um concurso de
preferência entre pessoas jurídicas de direito público que sejam credoras de um mesmo devedor. Isto é, dever-se-ia obedecer uma ordem de prioridades, a qual sempre beneficiaria a União, em face dos demais entes, bem como os Estados e o Distrito Federal, caso a concorrência se desse em relação aos Municípios. Vejamos abaixo, como estão disciplinadas na legislação tais preferências:
[...] O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito
público, na seguinte ordem: I – União; II – Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III – Municípios, conjuntamente e pró rata (art. 187, parágrafo único – CTN). A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento. [...] O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I – União e suas autarquias; II – Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata; III – Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata (art. 29 da lei 6.830/80, parágrafo único).
Ao verificar os textos legais, constata-se de forma explícita uma ordem
preferencial entre essas pessoas jurídicas de direito público, sendo privilegiadas a União e suas autarquias, em seguida na sucessão vêm os Estados, distrito federal e os territórios e suas autarquias.
Os ministros do STF julgaram inconstitucionais tais normas previstas no CTN e
na lei 6.830/80, que disciplinavam hierarquia entre os entes federados. Julgou que não é compatível com a Constituição Federal de 1988 a preferência da União em relação a Estados, municípios e ao DF na cobrança judicial de créditos da dívida ativa, ou seja, na realidade os dispositivos do Código Tributário Nacional e da Lei de Execuções fiscais não são recepcionados pela Carta Magna. Com este fundamento, o plenário do STF cancelou a súmula 563, que previa o concurso de preferência entre os entes federativos para execuções fiscais.
A Seguir podemos observar alguns posicionamentos favoráveis à decisão:
“O estabelecimento de hierarquia na cobrança judicial dos créditos da dívida
pública da União aos Estados e esses aos Municípios desafina o pacto federativo e as normas constitucionais que resguardam o federalismo brasileiro por subentender que a União teria prevalência e importância maior que os demais entes federados” (relatora Cármen Lúcia).
“Não há como defender-se que o substrato normativo a amparar os precedentes
que deram origem à súmula 563 permaneçam inalterados” (Ministro Nunes Marques).
“A União não é mais que os Estados, que por sua vez, não são hierarquicamente superiores aos municípios” (Ministro Alexandre de Moraes). REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei nº 485, de 06 de dezembro de 2017.
Altera o art. 187 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 e o art. 29 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980. Brasília: Senado Federal, 2017. Disponível em https://www.congressonacional.leg.br/materias/materias-bicamerais/-/ver/pls-485-2017 Acesso em: 01 de novembro de 2022.
BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília: Senado Federal, Coordenação
de Edições Técnicas, 2017. 69 p.
BRASIL. Lei de Execuções Fiscais: LEI Nº 6.830, de 22 de setembro de 1980.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm. Acessado em 01 de novembro de 2022.