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SINOPSE
Palavras Chave: caldeira de recuperação de álcalis, tubos compostos, ensaios não destrutivos
(END).
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Engenheiro de Equipamentos – MKS Serviços Especiais de Engenharia
1. INTRODUÇÃO
Foram analisados todos os dados de inspeção da empresa MKS no período de janeiro de 2008
até dezembro de 2012. Foram inspecionadas ao todo 10 caldeiras de recuperação de álcalis
diferentes, com as características citadas no item 1.1, em um total de 43 eventos. Ou seja,
algumas caldeiras foram inspecionadas mais de uma vez ao longo dos cinco anos analisados.
Os problemas considerados na análise dos dados de inspeção estavam relacionados com as
partes sob pressão da caldeira e poderiam, caso não fossem detectados, ocasionar uma falha
com potencial de provocar uma parada não programada da caldeira.
A contagem resultou em um total de dezesseis problemas considerados que foram numerados
de maneira crescente conforme a frequência em que foram encontrados e estão descritos de
forma resumida na tabela 1.
Os problemas que serão trabalhados a seguir são os de número 1 até 7. Os outros não serão
trabalhados devido à sua menor ocorrência e às limitações de tamanho deste trabalho.
3 Marcas mecânicas nos tubos (Marteletes e ferramentas de limpeza) 14 11 Trincas em aberturas de queimadores de partida 4
4 Trincas nos tubos das aberturas das canaletas de saída de smelt 13 12 Trinca em aberturas de entrada ar terciario 3
5 Corrosão por cinza fundida nos tubos do SH 10 13 Trincas em aberturas de queimadores de licor 3
6 Vazamento no TH (diversas causas em locais não inspecionados) 9 14 Trincas nas bocas de visita da fornalha baixa 3
Trincas em tubos dos superaquecedores por jato de condensado dos Trincas em tubos do piso (tubos compostos junto as paredes
7 8 15 2
sopradores de fuligem laterais)
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2. DEFEITOS TIPO 1 E 4
Neste capítulo serão trabalhados os métodos de inspeção, mecanismo de dano e boas práticas
relacionadas a trincas nos tubos das aberturas das entradas de ar primário e trincas nos tubos
das aberturas das canaletas para saída de smelt. Estes defeitos serão trabalhados juntos devido
à semelhança dos mecanismos de dano e métodos de inspeção.
O método mais prático para detecção de trincas em aberturas de ar primário é o ensaio por
líquido penetrante (Wensley e Woit, 2001). Conhecido como ensaio por “LP”, é um ensaio
barato e simples de ser executado.
Em caldeiras de recuperação de álcalis, sua aplicação tem algumas particularidades. A
limpeza com hidrojato é o primeiro passo necessário para remoção inicial dos depósitos na
superfície dos tubos. A limpeza inicial deve ser complementada com escovamento por discos
tipo flapper ou lixas circulares (Tavares, 2012).
Figura 2. Trinca por fadiga térmica em tubo adjacente a uma abertura de ar primário
(trincas circunferenciais) (Avancini, Luis Gustavo 2009)
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As trincas de corrosão sob tensão são tipicamente trincas tipo mosaico.Para que a corrosão
sob tensão ocorra em um tubo, sua superfície precisa estar submetida a algum nível de tensão
e o tubo estar exposto a um ambiente corrosivo (Keiser et. AL, 2000).
Os tubos curvos que formam as aberturas para as bicas de saída de smelt são regiões bastante
suscetíveis a corrosão sob tensão. Como são tubos curvos, possuem tensões residuais na sua
superfície devido ao processo de conformação mecânica na sua fabricação, e como estão
posicionados na região mais baixa da caldeira, ficam completamente expostos às soluções
líquidas corrosivas que se formam durante os procedimentos operacionais de lavagem que são
realizados previamente a uma parada da caldeira.
Figura 3. Trinca por corrosão sob tensão em tubo adjacente a uma abertura
de saída de smelt (trincas tipo mosaico)(Avancini, Luis Gustavo 2009)
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Com o objetivo de evitar os mecanismos de danos descritos nesse capítulo as seguintes
práticas são sugeridas:
A fim de evitar trincas por fadiga térmica em aberturas de ar primário, pode parecer obvio,
mas é desejável que os tubos não sejam submetidos a ciclos térmicos. Durante a operação de
uma caldeira de recuperação de álcalis, situações que provocam variações na temperatura dos
tubos ao redor de uma abertura de ar primário podem estar relacionadas a entupimentos
ocasionados por falhas no sistema de limpadores. Flutuações no nível da camada de smelt na
altura das entradas de ar primário, fenômeno esse que pode provocar também o enchimento
das caixas de ar primário com smelt, também pode submeter os tubos das entradas de ar
primário a situações de variações na temperatura.
Então manter o sistema de limpadores em boas condições operacionais e evitar flutuações no
nível do leito de smelt até a altura das entradas de ar primário são boas práticas que podem
evitar ciclos térmicos nos tubos das aberturas das entradas de ar primário.
Com relação a boas práticas relacionadas ao fenômeno de corrosão sob tensão, nos resta
somente controlar o ambiente no qual os tubos serão expostos, já que as tensões residuais de
fabricação dos tubos curvos não podem ser eliminadas completamente.
A ocorrência de trincas devido a corrosão sob tensão se mostra mais comum durante
procedimentos de lavagem da caldeira, secagem com fogo e outros procedimentos
operacionais nos quais a solução de smelt hidratado com água entra em contato com a
superfície dos tubos compostos na faixa de temperatura de 150° até 200°C (Keiser et. AL,
2000).
Portanto uma boa prática a fim de minimizar o fenômeno de corrosão sob tensão é iniciar os
procedimentos de lavagem da caldeira com água somente quando a temperatura da superfície
dos tubos compostos sujeitos a ficarem em contato com a solução de smelt hidratado com
água for menor que 150°C. No gráfico abaixo podemos ver que na faixa de temperatura entre
150° e 200°C ocorrem o maior número de trincas por corrosão sob tensão.
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Neste capítulo serão trabalhados os métodos de inspeção, mecanismo de dano e boas práticas
relacionadas a trincas nas membranas das aberturas dos sopradores de fuligem e trincas em
tubos dos superaquecedores por jato de condensado dos sopradores de fuligem. Esses dois
defeitos estão agrupados por estarem diretamente ligados à presença de condensado no
sistema de vapor dos sopradores de fuligem.
Para esses dois defeitos, a detecção é basicamente através de inspeção visual e em alguns
casos com inspeção por líquido penetrante.
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Figura 7. Detalhe de trinca detectada por ensaio de LP na terminação da membrana
junto ao tubo que forma a abertura
As trincas ocorrem tipicamente nas membranas localizadas abaixo da abertura, por fadiga
térmica, devido ao contato com água condensada no sistema de vapor de sopragem.
O método de detecção mais usual deste tipo de problema é a inspeção visual.Em caldeiras
submetidas a esse tipo de problema, nas regiões das serpentinas mais próximas às paredes
laterais, os tubos ficam com aparência diferenciada na direção dos sopradores conforme pode
ser visto na figura 9:
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Figura 10. Detalhe da superfície de um tubo em aço carbono trincada devido ao jato de
condensado do soprador de fuligem.
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Figura 12. Tubo com coloração diferente e no detalhe a inspeção complementar
realizada com ensaio de LP. Resultado: trincas por jato de condensado
do soprador de fuligem
O desenho de aberturas de sopradores de fuligem que possuem selagem com chapas não pode
ser modificado. Portanto o único fator que resta a fim de evitar trincas nas membranas em
caldeiras que possuem esse tipo de abertura é eliminar a presença de condensado no sistema
de vapor de selagem. A presença de condensado também pode provocar danos nos tubos dos
superaquecedores conforme foi visto anteriormente.
A presença de condensado no sistema de vapor de sopragem geralmente está relacionada com
o mau funcionamento das válvulas poppet. Então o bom funcionamento do sistema de purga
de condensado pode eliminar a ocorrência dos problemas de trincas nas membranas inferiores
dos sopradores de fuligem e as trincas na superfície dos tubos devido a jato de condensado.
4. DEFEITO TIPO 3
Neste capítulo serão tratadas as marcas nos tubos causadas por ferramentas mecânicas de
limpeza. Apesar de ser um problema bastante simples, é o terceiro problema que mais tem
sido encontrado durante paradas de caldeiras de recuperação.
O método de inspeção para esse problema é basicamente a inspeção visual. Os pontos onde
geralmente esses defeitos se apresentam são no piso e nas aberturas da caldeira que possuem
algum tipo de revestimento refratário.
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4.2. Mecanismo de Dano
Figura 13. Tubo danificado no piso por golpe com ferramenta de limpeza
(este trecho precisou ser substituído)
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Figura 14. Danos provocados em um tubo de um queimador de carga durante
os trabalhos de remoção do refratário antigo com marteletes pneumáticos.
A limpeza do piso e das aberturas precisa ser feita a cada parada. O único fator que pode ser
corrigido a fim de evitar danos aos tubos é o fator humano. Maior orientação e supervisão aos
trabalhadores que executam as tarefas por parte dos operadores e empresas de inspeção são
praticamente a única atitude que pode ser feita.
5. DEFEITO TIPO 5
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O defeito a ser trabalhado neste capítulo é a corrosão por cinzas fundidas em tubos da região
dos superaquecedores.
O método de inspeção para esse tipo de problema também é basicamente a inspeção visual.
Os pontos onde esse fenômeno pode ser observado são pontos que atingem grandes
temperaturas durante a operação da caldeira.
Normalmente ocorrem em trechos retos verticais de tubos de saída de vapor nas regiões mais
altas da caldeira e na região das curvas inferiores em pontos onde a cinza fundida “pinga” a
partir das curvas logo acima ou onde “escorre”. Nas figuras 15 e 16 podemos observar um
exemplo de cada caso respectivamente:
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Figura 16. Exemplo corrosão por cinza fundida na região interna de uma curva
inferior em um ponto onde a cinza “pinga” a partir das curvas logo acima.
(Avancini, Luis Gustavo 2012)
Aqui só serão considerados os fatores que levam a cinza a fundir de maneira inadequada
provocando danos nos tubos.
Durante a operação normal de uma caldeira, os tubos dos superaquecedores operam com uma
camada de cinza solidificada aderida a superfície. A função dessa camada é de proteção dos
tubos e sua espessura é um dado de projeto. Acima dessa camada protetora existe cinza
fundida.
Compostos contendo cloreto e potássio estão presentes na composição das principais matérias
primas do processo de produçãoKraft. Devido à natureza cíclica deste processo, há um
acúmulo destes compostos na unidade de recuperação. Cloreto e potássio podem diminuir o
ponto de fusão da camada de cinza na superfície dos tubos (Gonçalves et. AL, 2008).
Na figura 17 podemos ver a distribuição típica de temperatura na parede de um tubo coberto
por uma camada de cinza:
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Figura 17. Distribuição típica de temperatura na parede de um tubo coberto por uma
camada de cinza onde T0 é temperatura de fusão da cinza, Tm é a temperatura do metal
eTs a temperatura do vapor no interior do tubo (cortesia de Tavares R. M.).
Para que não ocorra a formação de cinza fundida na superfície dos tubos, a temperatura de
fusão da cinza deve ser maior do que a temperatura do metal (T0>Tm).
O parâmetro chave que deve ser controlado a fim de evitar corrosão por cinza fundida é a
concentração de cloreto e potássio na cinza.
Plantas mais modernas, e que produzem celulose a partir de eucalipto, geralmente possuem
um sistema denominado AshLeaching, o qual permite a retirada do excesso de cloreto e
potássio que se acumula nas cinzas durante os vários ciclos do licor. Manter esse sistema em
bom funcionamento pode ser a garantia para a redução de ocorrência de corrosão por cinza
fundida em tubos dos superaquecedores.
6. DEFEITO TIPO 6
Neste capitulo serão abordados os aspectos relacionados a caldeiras que tiveram algum
vazamento durante o procedimento de teste hidrostático pós parada geral. A metodologia
neste capitulo será um pouco diferente aos capítulos anteriores.
Embora seja extensivamente utilizado em todo o mundo, há uma grande discussão entre os
profissionais da área de inspeção de equipamentos sobre os reais benefícios da realização do
teste hidrostático como ferramenta para avaliação de integridade. Um dos principais
argumentos contra a realização de testes hidrostáticos é o perigo da ocorrência de crescimento
de descontinuidades subcríticas, sem que este fenômeno seja percebido, causando a redução
da vida remanescente do equipamento (Martins, 2009).
No Brasil a realização de testes hidrostáticos é uma imposição legal quando são realizados
procedimentos de soldagem em partes da caldeira que operem sob pressão. Porém as
características do teste, como a definição da pressão a ser aplicada, ficam a cargo do
profissional responsável técnico pelo equipamento conforme item 13.4.4 da Norma
Regulamentadora Número 13 do Brasil.
A definição da pressão a ser aplicada durante o teste hidrostático é um tema geralmente
confuso e controverso no meio industrial.
Existem basicamente dois tipos de teste hidrostático:
A pressão de teste hidrostático após um reparo deve ser estabelecida conforme a necessidade
de cada situação. Pequenos reparos ou reformas em regiões específicas de uma caldeira, não
devem ser o motivador para submeter todo o restante do equipamento ao estresse que um teste
hidrostático executado conforme os requisitos do código de projeto causaria com magnitudes
de pressão na ordem de 1,5 vezes a pressão de projeto.
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Experiências com os ensaios de emissão acústica mostraram crescimento de descontinuidades
subcríticas quando equipamentos foram submetidos a pressões de 1,1 vezes a pressão de
operação (Pereira, 2007).
Conforme foi comentado no começo desse capítulo, a frequência de ocorrência de vazamentos
em testes hidrostáticos foi de 20%. Devido a esse percentual considerável, a realização de um
teste hidrostático na pressão de operação normal da caldeira é desejável ao final de uma
parada de manutenção mesmo em situações onde não foram realizados quaisquer
procedimentos de reparo e soldagem nas partes sob pressão da caldeira.
Aplicação de pressões elevadas, na ordem de 1,5 vezes a pressão de projeto, são requisitos
típicos de códigos de projeto para fins de validação de montagem e acomodação de tensões
em equipamentos novos, e não para equipamentos em uso.
7. CONCLUSÃO
8. AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer à MKS Serviços Especiais de Engenharia pelo espaço que me foi dado
para elaboração desse trabalho.
9. REFERÊNCIAS
Artigos Técnicos:
WENSLEY, A. & WOIT, B. Inspection of Primary air Port Opening Tubes in Recovery
Boilers. Setembro de 2001.
HÄNNINEN, H., POHJANNE, P., SAARINEN, P. & KIESI, T. Cracking of Recovery Boiler
Composite Tubes - Thermal Fatigue or Stress Corrosion Cracking?Julho de 2001.
Apresentações de Congressos:
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PEREIRA, J. S. Análise de Efeitos de Teste Hidrostático em Vasos de Pressão. Workshop -
Teste Hidrostático em Equipamentos, Tubulações e Dutos do IBP, Brasil. Abril de 2007.
Dissertações:
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