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Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais

PROJETO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

É o CRMV-MG participando do processo de atualização


técnica dos profissionais e levando informações da
melhor qualidade a todos os colegas.

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
compromisso com você

www.crmvmg.org.br
Editorial
A Escola de Veterinária da UFMG e o Conselho
Regional de Medicina Veterinária e Zootecnia de
Minas Gerais têm a satisfação de encaminhar à co-
munidade veterinária e zootécnica mineira mais um
volume dos Cadernos Técnicos, nesta oportunidade
destinado à Bovinocultura de Leite. O Brasil é 4º maior
produtor de leite mundial. Em 2019, produziu 34,8
bilhões de litros de leite, que representam crescimen-
to de 2,7%, impulsionado pelo aumento da produtivi-
dade por animal. As regiões Sudeste e Sul lideraram o
ranking nacional e responderam por 34,3% e 33,4% do
volume de leite produzido. No Sudeste, Minas Gerais
é, atualmente, o maior produtor e responde por 27,1%
do volume produzido, porém, perde em produtividade
para estados do Sul, como Santa Catarina. Nos Estados
Unidos, a indústria do leite cresceu 2,3% entre 2019 e
2020 (USDA), e em 2018 a produção mundial de leite
foi estimada em 843 milhões de toneladas (FAO), com
expansão de 2,2% em comparação com 2017. O au-
mento na produção pode estar relacionado com maio-
res rebanhos, a maior produção por vaca, melhora em
eficiência na coleta e nos sistemas integrados, melhor
utilização da capacidade ociosa e maior demanda por
processamento e exportação e a redução da produção
Universidade Federal
pode estar associada à reestruturação de processos e re-
de Minas Gerais dução no número de pequenos produtores, e reduzidas
Escola de Veterinária margens de ganhos. A atividade busca progressivamen-
Fundação de Estudo e Pesquisa em te atender às demandas do consumidor por bem-estar
Medicina Veterinária e Zootecnia
- FEPMVZ Editora animal, exigindo a permanente monitoração profissio-
Conselho Regional de nal médico-veterinária e zootecnista para assegurar a
Medicina Veterinária do saúde dos plantéis. Nesta edição, apresentam-se aspec-
Estado de Minas Gerais
- CRMV-MG tos da reestruturação e metodologias em Bovinocultura
www.vet.ufmg.br/editora de Leite adotadas na Fazenda Experimental Professor
Correspondência: Hélio Barbosa da Escola de Veterinária da UFMG, com
FEPMVZ Editora vistas à melhor formação discente.
Caixa Postal 567
30161-970 - Belo Horizonte - MG Méd. Vet. Bruno Divino Rocha
Telefone: (31) 3409-2042 Presidente do CRMV-MG – CRMV-MG 7002
E-mail: Profa. Zélia Inês Portela Lobato
editora.vet.ufmg@gmail.com Diretora da Escola de Veterinária da UFMG – CRMV-MG 3259
Foto da capa: Pixabay: Prof. Antônio de Pinho Marques Junior
Editor-Chefe do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ)
– CRMV-MG 0918
Prof. Nelson Rodrigo da Silva Martins
Editor dos Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia – CRMV-MG 4809
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais - CRMV-MG
Presidente:
Méd. Vet. Bruno Divino Rocha - CRMV-MG nº 7002
E-mail: crmvmg@crmvmg.org.br
CADERNOS TÉCNICOS DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Edição da FEPMVZ Editora em convênio com o CRMV-MG
Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia – FEPMVZ
Editor da FEPMVZ Editora:
Prof. Antônio de Pinho Marques Junior CRMV-MG 0918
Editor do Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia:
Prof. Nelson Rodrigo da Silva Martins CRMV-MG 4809
Editores convidados para esta edição:
Professores
Helton Mattana Saturnino CRMV-MG nº 1127
Sandra Gesteira Coelho CRMV/MG-2335
Doutorandos
Hilton do Carmo Diniz Neto (discente)
Mayara Campos Lombardi CRMV MG 14.198
Revisora autônoma:
Giovanna Spotorno
Tiragem desta edição:
1.000 exemplares
Layout e editoração:
Soluções Criativas em Comunicação Ldta.
Impressão:
Imprensa Universitária da UFMG

Permite-se a reprodução total ou parcial,


sem consulta prévia, desde que seja citada a fonte.

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. (Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG)


N.1- 1986 - Belo Horizonte, Centro de Extensão da Escola deVeterinária da UFMG, 1986-1998.
N.24-28 1998-1999 - Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia, FEP MVZ Editora, 1998-1999
v. ilustr. 23cm
N.29- 1999- Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia, FEP MVZ Editora, 1999¬Periodicidade irregular.
1. Medicina Veterinária - Periódicos. 2. Produção Animal - Periódicos. 3. Produtos de Origem
Animal, Tecnologia e Inspeção - Periódicos. 4. Extensão Rural - Periódicos.
I. FEP MVZ Editora, ed.
Prefácio
Helton Mattana Saturnino1 CRMV-MG nº 1127
Sandra Gesteira Coelho2 CRMV-MG-2335
Professor Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
1

Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG


2

A medicina veterinária lida com


animais que não se comunicam tão cla-
ramente com seus cuidadores, sendo
necessário construir e aprimorar as ha-
bilidades para o entendimento e o for-
talecimento dessa comunicação. O co-
nhecimento do comportamento normal
dos animais, assim como dos sintomas
de doenças, é muito importante para o
sucesso das intervenções, tanto nos sis-
temas de produção animal quanto nas
situações anômalas que podem acometê-
-los. Assim, para a formação e o aprimo-
ramento do saber, é indispensável que
seja oferecida aos estudantes e aos pro-
fessores a oportunidade de praticar esses
conhecimentos.
Com o intuito de fornecer esse supor-
te em aulas práticas e em oportunidades
de pesquisas com diferentes espécies, em
1963, a Fazenda da Escola de Veterinária
da UFMG foi adquirida com recursos
da Fundação Rockfeller. Com área de
240 ha, está localizada no município de
Igarapé, MG. Os professores Hélio de
Souza Couto Barbosa e Antônio Stockler
Barbosa foram os principais líderes na
implantação da fazenda, que recebeu o
nome de Fazenda Experimental Professor
Hélio Barbosa (FEPHB) como homena-
gem póstuma ao professor. Desde então,
a fazenda conta com o auxílio de corpo
técnico, docente, discente, administra- e Reprodução, aos alunos do GPLeite
tivo e colaboradores terceirizados para (Grupo de Estudos em Pecuária
realização das diversas atividades. Leiteira), do Unileite (Projeto de
Entretanto, no contexto atual de Controle de Mastite e Melhoria da
produção e demanda por alimentos de Qualidade do Leite), do grupo de
origem animal produzidos com segu- Forragicultura e Alimentos e aos resi-
rança e qualidade, oriundos de animais dentes da Clínica de Ruminantes, da
criados em situação de conforto, faz-se Escola de Veterinária da UFMG, por
necessário acrescer aos conhecimentos todo empenho, dedicação e trabalho
veterinários técnicos e práticos padrões desenvolvidos ao longo desses anos. A
de seguridade e bem-estar animal. Tais Bovinocultura de Leite é enriquecedo-
padrões têm sido implementados em sis- ra para o país e para todos que atuam
temas de produção, com certificação por na atividade. Assim, desejamos suces-
setores especializados, e trazem nova in- so aos colaboradores, aos professores
serção das propriedades no mercado. Por e aos alunos envolvidos para que este
essas razões, o setor de produção de leite trabalho seja visto como exemplo e ins-
da FEPHB passou por diversas transfor- piração por todos.
mações em sua história recente e gosta-
ríamos de compartilhar essas mudanças. Em especial, agradecemos:
É com grande satisfação que vimos, • Ao atual administrador da FEPHB,
por meio desta edição, abrir as portas Uibirá Tupinambás do Amaral;
do setor de Bovinocultura de Leite da • Aos atuais colaboradores do setor:
Fazenda Experimental Professor Hélio Adão Vieira Pinheiro, Ana Paula
Barbosa e convidá-los a conhecê-lo Moreira, Breno de Souza Couto, Kelly
melhor. Maria da Silva, Milton Rodrigues
Salomão e Salvador Arlindo Pereira;
Agradecimentos • À atual técnica agropecuária Fabiana
Aproveitamos a oportunidade para Cunha;
manifestarmos nossa gratidão a to- • Ao atual diretor da FEPHB, prof.
dos os colaboradores da FEPHB, pro- Diogo Gonzaga Jayme.
fessores de Bovinocultura de Leite,
Clínica de Ruminantes, Forragicultura Os autores.
Sumário

1. Histórico do sistema de produção da FEPHB...................... 9


Helton Mattana Saturnino e Sandra Gesteira Coelho

2. Procedimentos na maternidade.........................................13
Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

3. Cuidados com o recém-nascido..........................................16


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

4. Manejo de bezerras de 1 a 30 dias de idade........................23


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

5. Manejo de bezerras dos 30 aos 75 dias de idade................31


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

6. Manejo de bezerras na fase de recria..................................34


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

7. Manejo de vacas em lactação..............................................37


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

8. Manejo de vacas secas ........................................................42


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

9. Manejo reprodutivo............................................................44
Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi, Álan Maia Borges e Sandra Gesteira Coelho

10. Programa de qualidade do leite........................................50


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi,Lívio Ribeiro Molina e Sandra Gesteira Coelho

11. Controle de resíduo de antimicrobiano no leite..............63


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

12. Controle de ectoparasitas e endoparasitas.......................66


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi, Rodrigo Melo Meneses e Sandra Gesteira Coelho
13. Manejo sanitário...............................................................72
Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi, Rodrigo Melo Meneses e Sandra Gesteira Coelho

14. Manejo de pastagens.........................................................91


Pamella Grossi de Sousa, Paulo Henrique de Arruda Medeiros, Diogo Gonzaga Jayme, Hilton do Carmo Diniz
Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

15. Produção de silagem de milho.......................................102


Isabella Hoske Gruppioni Côrtes, João Carlos de Freitas Alves, Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos
Lombardi e Sandra Gesteira Coelho

16. Controle zootécnico.......................................................114


Hilton do Carmo Diniz Neto, Mayara Campos Lombardi e Sandra Gesteira Coelho
1. Histórico
do sistema de
produção da
FEPHB

Helton Mattana Saturnino1 CRMV-MG nº 1127


Sandra Gesteira Coelho2 CRMV/MG-2335
1
Professor Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Um pouco da Em 1982, a Fazenda


Homero Abílio Moreira
história... e Ronaldo Braga Reis,
Experimental Professor
ambos do departamen-
Em 1982, a Fazenda Hélio Barbosa (FEPHB)
to de Zootecnia da
Experimental Professor se tornou órgão
Escola de Veterinária
Hélio Barbosa (FEPHB) complementar da Escola
– UFMG, foram alcan-
se tornou órgão com- de Veterinária da UFMG
çados fundos para aqui-
plementar da Escola de sição de animais, e um
Veterinária da UFMG, com os setores comodato com a Embrapa forneceu be-
de avicultura, aquicultura, bovinocultu- zerras e novilhas.
ra (com formação principal por rebanho O rebanho de animais jovens, 42
Holandês) e suinocultura. Em 1990, fêmeas mestiças, sendo 22 (bimestiças)
houve implementação no setor de bovi- em comodato com a Embrapa e 20 (3/4
nos. Com a participação dos professores
1. Histórico do sistema de produção da FEPHB 9
Holandês x zebu), foi formado com a No início, as vacas recebiam suple-
participação da Fundação de Estudo mentação de concentrado na hora da
e Pesquisa em Medicina Veterinária ordenha (sistema de contenção tandem
e Zootecnia (FEPMVZ), atualmen- ou portões: 1x6) conforme a produção e
te FEPE, da Escola de Veterinária– eram liberadas para pastejo. Quando se
UFMG. No início, optou-se pelo cruza- construiu a primeira pista de alimenta-
mento absorvente, utilizando sêmen de ção, foram instalados canzis com travas
touros da raça Holandês. automáticas, o que facilitou a suplemen-
tação das vacas após ordenha no período
Sistema e manejo geral de pastejo. Durante o período em que as
O sistema de produção de leite im- vacas recebiam silagem, o concentrado
plantado foi o semi-intensivo. Em 1991, era fornecido de acordo com a produ-
foi feita a divisão de uma área de 11 ha ção. No início dos anos 2000, passou-se
de capim-napier em 45 piquetes. Até en- a usar dieta completa, com teor proteico
tão, a predominância era de Brachiaria entre 16% e 18% no período seco, con-
decumbens, e não se fazia uso de sistema forme a produção do lote e a situação re-
de pastejo rotacionado. Ao longo dos produtiva de cada vaca. Esse manejo era
anos, foram incorporados mais 23 ha de realizado durante o dia, quando as vacas
Brachiaria brizantha em áreas de milho ficavam na pista de alimentação, próxi-
e cana. mo à sala de ordenha. À noite, as vacas
Os animais eram suplementados ficavam nos piquetes de B. brizantha em
com silagem de milho na seca, e a su- sistema rotacionado.
plementação com concentrado foi re- Com o passar do tempo, o manejo
alizada por muito tempo, conforme a das vacas em lactação foi modificado,
produção das vacas em lactação, e para assim como a expansão de instalações
as novilhas e vacas secas, em torno de 2 para alimentação e substituição do sis-
kg/dia. tema de contenção da ordenha, que
O manejo das vacas em lactação du- passou de tandem para espinha de peixe
rante o período de pastejo concentrava- (2x4x8) no ano de 2009. Com a expan-
-se no pastejo do capim-napier, embora são das pistas de alimentação, foi inicia-
a pastagem de B. brizantha também te- do plano de expansão da capacidade de
nha sido utilizada. Durante o período estocagem de silagem.
de pastejo intensivo, as vacas eram ro- Na criação das bezerras, inicialmen-
tacionadas nos piquetes, com um dia de te, foram adotadas manjedouras indivi-
ocupação, sendo o concentrado forneci- duais móveis, que tinham proteção para
do de acordo com a produção de leite, alimentos e água, em piquete de 920 m2,
avaliada a cada 14 dias. com quebra- ventos. Nessa época, o for-

10 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


necimento de leite era de 4 L/animal/ ção quanto à produção de leite e ao com-
dia por 45 dias mais a ração farelada à portamento, principalmente na hora da
vontade, inicialmente com 18% de pro- ordenha. Assim, nas F1 foi usado sêmen
teína e, com as mudanças trazidas pelas de touros provados da raça Holandês,
pesquisas, com 20% a 22%. Ao saírem voltando ao cruzamento absorvente.
das manjedouras, as bezerras eram con-
duzidas para a recria, onde tinham ração Atualmente...
à vontade, misturada com um pouco O sistema de produção ainda é o
de volumoso (máximo 8%), até os 120 semi-intensivo, no entanto aproxima-
dias de idade, quando havia restrição no damente 25 animais de maior produção
concentrado para 2 kg/d e o restante da são mantidos confinados em piquete o
alimentação era feito pelo consumo de ano todo. Para melhor controle da re-
pasto e/ou silagem. produção, além da observação de cios,
toda segunda-feira os animais acima de
A composição do rebanho 30 dias pós-parto e com diagnóstico de
ao longo do tempo gestação negativo entram em protocolo
Como o cruzamento inicial foi ab- de inseminação artifical em tempo fixo
sorvente, chegou-se a animais puros por (IATF).
cruza. Porém, com as condições de ma- Para maior eficiência nos tratamen-
nejo ainda desafiadoras, em 2001 se ini- tos de mastite e no uso racional de an-
ciaram cruzamentos com a raça Jersey tibióticos, foi introduzida, em 2018, a
em parte das novilhas, e com a raça Gir cultura de leite na fazenda. Também
em parte das vacas mais “puras”, sen- para maior controle das mastites, intro-
do este último com o duziu-se o uso de selan-
intuito de comerciali- ...com as condições te de teto para todos os
zação das F1 gestantes de manejo ainda animais à secagem. Em
e vendas dos machos, desafiadoras, em 2001 se março de 2020, as be-
conforme necessidade iniciaram cruzamentos zerras em aleitamento
da fazenda. Embora te- com a raça Jersey em passaram a receber o lei-
nham sido usados tou- parte das novilhas, te em baldes com bico,
ros Jersey provados para e com a raça Gir em e as acima de 30 dias
bons úberes, alguns ani- parte das vacas mais de idade passaram a ser
mais com úberes pro- “puras”, sendo este alojadas e alimentadas
fundos resultaram desse último com o intuito de em grupos.
cruzamento. Em relação comercialização das F1 Após este breve
aos animais F1, filhas de gestantes e vendas dos histórico, serão abor-
Gir, houve muita varia- machos... dadas as condições

1. Histórico do sistema de produção da FEPHB 11


atuais de manejo pra- A exemplo da
Para maior eficiência
ticadas na FEPHB, FEPHB, utilizou-se,
nos tratamentos de
com o intuito de al- como base para esta
mastite e no uso racional
cançar o selo de pro- edição, o modelo pro-
de antibióticos, foi
priedade certifica- posto pelo progra-
introduzida, em 2018,
da em Boas Práticas ma de Boas Práticas
a cultura de leite na
Agropecuárias. Como Agropecuárias do gru-
fazenda. Também para
cada propriedade é po CCPR. Entretanto,
maior controle das
única, as técnicas e os há no mercado progra-
mastites, introduziu-se
manejos aqui descri- mas de certificação de
o uso de selante de teto
tos podem ser apli- outras empresas, que
para todos os animais à
cados de diferentes podem ter exigências
secagem.
formas e com adapta- distintas. Ainda as-
ções, de modo que as sim, os padrões aqui
metas almejadas como fruto da ado- descritos estão alinhados com boas
ção dessas estratégias de manejo po- práticas de produção animal e in-
dem ser alcançadas em propriedades dicação de estudos científicos em
com diferentes características. todo o mundo.

12 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


2. Procedimentos
na maternidade

Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)


Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

A maternidade é um rebanho, a partir de cada


A maternidade é
dos locais mais importan- parto, que dará origem a
um dos locais mais
tes no sistema de produ- uma nova lactação e ao
importantes ... Nela
ção leiteiro. Nela se inicia nascimento, em que no-
se inicia todo o ciclo
todo o ciclo produtivo do vas fêmeas serão incor-
produtivo do rebanho,
a partir de cada parto, poradas ao plantel. Por
que dará origem a isso, alguns aspectos de-
uma nova lactação vem ser levados em con-
e ao nascimento, em sideração, com o objetivo
que novas fêmeas de se realizarem práticas
serão incorporadas ao assertivas que garantam
plantel. início de vida adequado
2. Procedimentos na maternidade 13
às bezerras e qualidade na continuidade animal; Fig. 1). Dois piquetes são utili-
do ciclo de produção de suas mães. zados para esse fim. Em caso de excesso
Na FEPHB, a fim de oferecer con- de matéria orgânica em um piquete, os
dições adequadas aos animais e manter animais são direcionados para outro,
os padrões de certificação em um pro- a fim de manter condições adequadas
grama de boas práticas agropecuárias, o de conforto e higiene. Os piquetes são
manejo na maternidade é realizado da dotados de sombrite (4 m2 por animal),
seguinte forma: cocho (90 cm/animal) e bebedouro.
As vacas e as novilhas são encami- Assim, faz parte do manejo a obser-
nhadas para a maternidade 30 dias an- vação do fornecimento de água e da lim-
tes da data prevista para o parto. Para peza dos cochos, para garantir o volume
que esse manejo funcione, as anotações de água, de alimento e a higiene. Os
do controle reprodutivo devem estar bebedouros são lavados a cada 15 dias,
completas, corretas e disponíveis para ou sempre que necessário. Durante o
consulta. período que passam na maternidade, as
A fazenda trabalha com a materni- fêmeas são alimentadas com dieta com-
dade em sistema de piquetes (56 m2/ posta por 2 kg de ração/animal/dia + 20

Figura 1: Piquete maternidade FEPHB.

14 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Após a primeira cura, transportar o recém-nascido
Imediatamente ao visualizar o bezerro recém- até o berçário ou bezerreiro. Ter um meio de trans-
-nascido, fazer a primeira cura do umbigo. porte limpo, desinfetado e exclusivo para este fim.

Figura 2: Manejo do bezerro recém-nascido, imediatamente após o nascimento, e transporte.

kg de silagem de milho por animal/dia. adotada é entrar em contato com o res-


Diariamente, a quantidade de silagem é ponsável pelo setor para que ele possa
ajustada para evitar desperdícios (5% a definir quais ações serão tomadas.
10% de sobras é aceitável). O volumoso Após o parto, os bezerros são en-
é produzido na própria fazenda. caminhados, o mais rápido possível,
Os piquetes são para o Tie Stall (instala-
inspecionados todos ção para animais adultos,
Os piquetes são
os dias, por três vezes no entanto hoje utilizada
inspecionados todos os
(de manhã, após o como bezerreiro até 30
dias, por três vezes (de
almoço e no final da dias de idade, com as ca-
manhã, após o almoço
tarde), para monito- mas de areia cobertas por
e no final da tarde),
ramento dos sinais de feno de capim passado
para monitoramento
partos. Na fazenda, o ou palha), para realização
dos sinais de partos.
trabalho de parto ain- dos primeiros cuidados
Na fazenda, o trabalho
da ocorre no próprio (Capítulo3). Os recém-
de parto ainda ocorre
piquete maternidade. -nascidos são levados em
no próprio piquete
Ao serem observados um carrinho, utilizado ex-
maternidade.
os primeiros sinais de clusivamente para o trans-
parto, o colaborador porte dos bezerros (Fig.
se atenta à evolução do parto, aguardan- 2), devidamente higienizado e desinfe-
do até 2 horas para expulsão do bezerro, tado a cada bezerro carregado. Em se-
em caso de vacas, e até 4 horas, no caso guida, a vaca é levada ao curral para ser
de novilhas. Quando detectada dificul- ordenhada e, caso necessário, atendida.
dade de parto ou distocia, a conduta

2. Procedimentos na maternidade 15
3. Cuidados com
o recém-nascido
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Ao chegar ao Tie
Tão logo estejam Cura de
Stall, o bezerro é lim- umbigo
instalados, os animais
po, seco e, em seguida,
passam por algumas É importante que a
colocado em cama lim-
etapas essenciais: outra primeira cura seja reali-
pa, seca e forrada com
cura (segunda) de zada ainda na materni-
quantidade de feno/
umbigo, colostragem e dade. Para agir de forma
palha que permita a ele
identificação. mais rápida e eficaz na
se aninhar. Isso propor-
ciona proteção e con- prevenção de infecções
forto, fundamentais para os animais e e na desidratação do coto umbilical, o
especialmente importantes nos primei- procedimento é repetido até que o cor-
ros dias de idade. Tão logo estejam ins- dão seque completamente (Fig. 3).
talados, os animais passam por algumas A concentração do iodo é crucial
etapas essenciais: outra cura (segunda) para que esse método de secagem fun-
de umbigo, colostragem e identificação. cione. Isso pode representar desafio
16 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
em muitas fazendas, devido à oferta de o animal necessita, dentro das pri-
produtos no mercado que não atingem meiras 6 horas após o nascimento.
a concentração ideal. Por esse motivo, Na FEPHB, para se verificar a
muitas vezes há recomendações de uti- qualidade do colostro, utiliza-se o
lização de iodo a 10%, com o intuito de refratômetro com leitura em Brix.
garantir que a concentração mínima seja Nesse caso, para que seja utilizado,
atingida. Outro desafio são as misturas o colostro deve apresentar, no mí-
contendo glicerina e nimo, 22% de Brix.
outros produtos hidra- ...para se verificar a Outra forma de aferir
tantes, que devem ser qualidade do colostro, a qualidade do colos-
evitados, já que o obje- utiliza-se o refratômetro tro é pela utilização
tivo da prática é promo- com leitura em Brix. do colostrômetro,
ver o ressecamento do Nesse caso, para que seja em que o valor de
cordão umbilical. utilizado, o colostro deve referência para boa
apresentar, no mínimo, qualidade é de, no
Colostragem 22% de Brix. mínimo, 50 g/dL.
Dando sequência O refratômetro é
aos cuidados imediatos, os animais calibrado (conforme a recomendação
são pesados com a fita específica do fabricante), fazendo-se a leitura
de pesagem. Essa etapa ainda não com água destilada antes de cada lei-
é feita em muitas fazendas, mas é tura de colostro. Para aferição da qua-
crucial para que se possa fornecer o lidade do colostro, é colocada uma
volume correto de colostro de que gota de colostro sobre o prisma de

Cura de umbigo (solução iodo a 10%), com imer- Realizar o procedimento até que o coto desidrate
são total do coto umbilical, duas vezes ao dia, ou completamente e caia.
mais, em dias e ambientes muito úmidos.
Figura 3: Procedimentos para realização da cura de umbigo.

3. Cuidados com o recém-nascido 17


leitura. A leitura é rea- co de colostro, em que
lizada com a tampa fe-
Na fazenda, trabalha-se somente colostro de
chada e com o visor do
com o banco de colostro, boa qualidade (> 22%
refratômetro contra a
em que somente colostro Brix) é armazenado.
luz. Após a avaliação, o
de boa qualidade Cabe ressaltar que o co-
refratômetro é higieni-
(> 22% Brix) é lostro pode ser forne-
zado cuidadosamente,
armazenado. cido fresco, refrigerado
com água destilada e (desde que apresente
papel macio (Fig. 4). boa qualidade), adensado com colos-
Na fazenda, trabalha-se com o ban- tro em pó, ou apenas colostro em pó.

1 2

Pesar o bezerro de pé, com a fita de pesagem Ordenhar o colostro da mãe, respeitando os pa-
ao redor do tórax para determinar o volume de drões de higienização dos tetos e de utensílios.
colostro a ser fornecido (10% do peso vivo).

3 4

Separar o material para avaliação da qualidade Homogeneizar o colostro para misturar todos os
(pipeta, refratômetro, papel-toalha). Calibrar componentes e evitar erro de leitura.
o refratômetro de acordo com indicação do
fabricante.
Figura 4: Procedimentos para realização do manejo de colostragem dos recém-nascidos na FEPHB
(continua).

18 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


5 6

Com a pipeta, colocar uma gota de colostro sobre Realizar a leitura. Boa qualidade são valores
a lente do refratômetro e avaliar contra a luz. acima de 22%. Limpar o equipamento com
papel-toalha.

7 8

Se o bezerro não mamar o volume necessário,


Fornecer o colostro a 39° C para o bezerro, em utilizar sonda orogástrica para garantir a ingestão.
mamadeira limpa e higienizada. Veja como passar a sonda no Cap. 12.
Figura 4: (continuação) Procedimentos para realização do manejo de colostragem dos recém-nascidos
na FEPHB.
Independentemente da estratégia utili- dade (L) e valor de Brix, e colocados no
zada, é preciso fornecer para os bezer- congelador em formas retangulares ou
ros em temperatura de 39 °C. em tabuleiros, a fim de formar placas fi-
nas de colostro. Essa prática é importan-
Manejo do banco de te para facilitar o descongelamento do
colostro colostro na hora do fornecimento. O fre-
Colocam-se 2 L de colostro de boa ezer para congelamento não pode ser de
qualidade (> 22% Brix) em sacolas modelos com degelo automático, a fim
plásticas do tipo Ziplock, para garantir de evitar o descongelamento frequente
a completa vedação (Fig.5). Os sacos e a perda de qualidade do colostro.
plásticos são identificados com as infor- Para descongelamento: após calcu-
mações: data de congelamento, quanti- lada a quantidade de colostro necessá-
3. Cuidados com o recém-nascido 19
Figura 5: Armazenamento e identificação do colostro para congelamento (banco decolostro), FEPHB.

para garantir isso, a higienização das ma-


madeiras/sonda/balde e demais utensí-
lios é necessária (Figura 7).

Identificação
A identificação é feita com a coloca-
ção de brincos o mais rápido possível, para
que, no caso de mais de um parto próximo
Figura 6: Marmiteira para descongelamento do
ao outro, os bezerros não sejam confundi-
colostro em banho-maria, FEPHB. dos. Para evitar perdas de informações dos
animais, é importante o brinco conter as
ria, com base no peso do bezerro, as pla-
informações: número da bezerra, número
cas são colocadas em banho-maria para
da mãe e data de nascimento (Fig. 8).
que descongelem len-
tamente, evitando-se
aquecimento exces-
sivo, a fim de se pre-
servar a integridade
dos nutrientes e de
imunoglobulinas (45
– 48 °C).
É importante
lembrar que a lida
com os animais deve
ser feita com a maior
higiene possível, e, Figura 7: Protocolo de limpeza e higienização de utensílios utilizados na
criação de bezerros.

20 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


1 2

Preparar todo o material a ser utilizado: brinco, Passar a pomada em toda região do brinco que
brincador, caneta, pomada cicatrizante e repelen- irá entrar em contato com a orelha do animal e
te de insetos. montar o brincador.

3 4

Conter o animal adequadamente, sem excesso Certificar-se de que o local e a posição do brinco
de força. O ponto de colocação do brinco é no estão corretos também na parte de trás da
centro da orelha. orelha.

5 6

Pressionar o brincador para aplicar o brinco. O Girar o brinco 360º para acomodar ao furo e
brinco não deve ficar muito justo para não com- evitar lesão por compressão. Passar repelente de
prometer a circulação local. insetos ao redor do brinco, de ambos os lados.
Figura 8: Procedimentos para identificação por brincos, realizados na FEPHB.

3. Cuidados com o recém-nascido 21


Outros ...a glândula mamária
Desde o primei-
cuidados ro dia, é imprescin-
das fêmeas recém-
dível que os animais
necessários nascidas é inspecionada
tenham água e ração
Por último, mas não
para verificação da
disponíveis. A água é
menos importante, a
existência de tetos
essencial para as fun-
glândula mamária das
supranumerários ...
ções vitais do corpo.
fêmeas recém-nascidas
Após a retirada, é feita
Além disso, o colos-
é inspecionada para ve-
aplicação local de
tro é muito rico em
rificação da existência de
repelente contra moscas.
nutrientes, vitami-
tetos supranumerários. nas e sais minerais, e
Quando identificados, são retirados ain- provoca sede nos animais. A ração é
da no dia do nascimento, com auxílio de utilizada desde o primeiro dia, para
uma tesoura limpa e desinfetada. Após a gerar curiosidade desde cedo, ten-
retirada, é feita aplicação local de repe- tando fazer que o consumo de sóli-
lente contra moscas. dos inicie rapidamente.

22 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


4. Manejo de bezerras
de 1 a 30 dias de idade
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Avaliação da Avaliar a transferência


idade, devendo-se dar
preferência para o es-
transferência de imunidade passiva é
tabelecimento de uma
de imunidade essencial para verificar a
data padrão.
eficiência da colostragem
passiva na fazenda. Após a coleta do
sangue, o tubo pode
Avaliar a transfe-
ser centrifugado em
rência de imunidade passiva é essencial
equipamento próprio ou colocado
para verificar a eficiência da colostragem para dessorar em posição inclinada,
na fazenda (Fig. 9). O procedimento em ambiente fresco e protegido da
deve ser feito entre o 2º e o 7o dia de
4. Manejo de bezerras de 1 a 30 dias de idade 23
1 2

Antissepsia com álcool 70º na região da veia Comprimir a veia colocando 2 dedos contra ela
jugular. com leve pressão. Localizar o curso da veia junto
ao sulco da jugular, no pescoço.

3 4

Mantendo a compressão, perfurar a pele para atin- Acoplar o tubo para coleta a vácuo, sem conser-
gir a veia, com o bisel da agulha voltado para baixo vante, ou com fator ativador de coágulo.
Figura 9: Procedimento de coleta de sangue para avaliação da transferência de imunidade passiva, FEPHB.

luz. Os procedimentos de limpeza Aleitamento – Dieta


e calibração do refratômetro são os líquida
mesmos descritos no capítulo ante-
Com base em diversos estudos,
rior. Após a separação dos compo-
inclusive alguns realizados por pes-
nentes em soro e coágulo, com auxí-
quisadores da Escola de Veterinária
lio de uma pipeta coleta-se pequena – UFMG, e no interesse em trabalhar
quantidade de soro para colocar uma com boas práticas de manejo, optou-se
gota no refratômetro. A avaliação da pelo seguinte protocolo de aleitamento
transferência de imunidade passiva na FEPHB:
é feita segundo o padrão apresenta- • 1º ao 3º dia: 6 litros de leite de transi-
do na Tab. 1: ção (duas refeições de 3 L);
24 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Tabela 1: Proteína sérica total, Brix do soro e percentual de bezerros em cada
categoria para avaliação do sucesso da transferência de imunidade passiva
Proteína sérica total
Categoria Brix (%) % de bezerras/ categoria
(g/dL)
Excelente ≥ 6,2 ≥ 9,4 > 40

Boa 5,8–6,1 8,9–9,3 30

Aceitável 5,1–5,7 8,1–8,8 20

Ruim < 5,1 < 8,1 < 10

Fonte: LOMBARD, J. et al.,2020. Consensus recommendations on calf-and herd-level passive immunity in dairy calves in the United
States. Journal of Dairy Science, v. 103, p. 7611–7624.

• 4º ao 30º dia: 8 litros de lei-


te (duas refeições de 4 L).
O aleitamento é realizado
com baldes com bicos, que
permitem o comportamento
natural do animal ao mamar,
maior salivação e melhoria do
ambiente do trato gastroin-
testinal, que proporcionam
melhor digestão (Fig. 10). Os
objetivos são gerar conforto e
suprir as exigências nutricio-
nais dos bezerros, dependen- Figura 10: Aleitamento em balde com bico, FEPHB
tes basicamente da dieta A limpeza e a sani-
líquida fornecida nesse O aleitamento é tização dos equipamen-
período. realizado com baldes tos utilizados durante o
Para promoção da com bicos, que permitem aleitamento são funda-
saúde e de boas condi- o comportamento mentais quando se trata
ções de higiene, o ideal natural do animal ao de saúde e desempenho
é fornecer o mesmo lei- mamar, maior salivação dos bezerros, e há algu-
te que vai para o tanque e melhoria do ambiente mas peculiaridades:
ou um substituto de boa do trato gastrointestinal...
qualidade. Para isso, é 1) Sanitização
fundamental a recomendação do veteri- • Limpeza e sanitização de todos os
nário responsável pela fazenda. utensílios, antes do uso;

4. Manejo de bezerras de 1 a 30 dias de idade 25


• Preparo de solução de 15 mL de clo- • Retirada do bico para lavagem;
ro (10%) em 1 L de água e banho dos • Utilização de 10 mL de detergente
utensílios com a solução; alcalino clorado (mesmo utilizado na
• Após 5 minutos, enxágue com ordenha), em 1 L de água. Lavagem
água corrente para de toda a superfície
poder utilizar o Desde o primeiro dia com auxílio de bucha.
equipamento. de idade, concentrado Para facilitar a limpeza
e água devem ser dos bicos, movimen-
2) Logo após
oferecidos (Fig. 11). tar para a direita e para
o término do
a esquerda, de forma
aleitamento
que todo o detergente passe pelo bico;
• Enxágue de toda a superfície do balde • Enxágue com água corrente.
com água corrente para retirar todo o Em ambos os tipos de lavagem,
resíduo de leite; após o último enxágue, o interior dos
• Lavagem total com bucha e deter- utensílios é inspecionado para detectar
gente líquido. Para limpeza dos bicos, presença de resíduos de leite. Em caso
eles devem ser removidos e lavados positivo, o procedimento é repetido.
da mesma forma, em dias alternados.
Nos dias em que não há retirada, são Dieta sólida
feitos movimentos para a direita e
Desde o primeiro dia de idade, con-
para a esquerda, de forma que todo o
centrado e água devem ser oferecidos
detergente passe pelos bicos;
(Fig. 11). Durante esse período, o con-
• Enxágue com água corrente;
sumo de concentrado é relativamente
• Secar de cabeça para baixo.
baixo, mas importante para o início do
3) Limpeza com
detergente alcalino
clorado (segunda, quarta
e sexta-feira– somente
após o aleitamento da
manhã)
• Importante utilizar luvas
de procedimentos para
evitar lesões na pele do
colaborador;
• Enxágue da superfície do bal-
de com água corrente para re-
tirar o resíduo de leite; Figura 11: Fornecimento de água e concentrado.

26 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


desenvolvimento do rúmen. A troca da do feno/palha e reposição da cama (10
água e do concentrado é feita diaria- cm de altura). A frequência dessa troca
mente, após limpeza dos baldes. pode variar muito entre as proprieda-
des, principalmente no que diz respeito
Avaliação de saúde e às condições climáticas, à umidade e à
desempenho ocorrência de doenças.
Após a saída dos animais da baia para
Os animais são pesados aos 30 dias
o bezerreiro coletivo, é feita a remoção
de idade, com a fita de pesagem, antes
de todo o material orgânico da cama e a
da saída do Tie Stall para o bezerreiro
aplicação de cal em toda a superfície da
coletivo, para melhor acompanhamento
baia, como forma de reduzir contami-
do desempenho e do ganho de peso du-
nações. Mensalmente, todos os animais
rante essa fase.
são retirados do Tie Stall
A avaliação de saúde
para limpeza das camas e
é feita diariamente pela Após a saída dos animais
utilização da vassoura de
observação da condição da baia para o bezerreiro
fogo, a fim dese reduzir a
física (secreção nasal coletivo, é feita a remoção
possibilidade de conta-
e ocular, coloração de de todo o material
minação (Fig.12).
mucosas, aferição de orgânico da cama e a
temperatura e aspecto aplicação de cal em toda Mochação
das fezes – mensurados a superfície da baia,
por escores de classifi- como forma de reduzir A mochação é reali-
cação/pontuação) e do contaminações. zada aos 15 dias de ida-
comportamento dos de; dessa forma, evita-se
animais (grau de atividade, posiciona- que seja feita muito próximo a outros
mento de cabeça e orelhas), a fim de se momentos de estresse, como diarreia e
identificar precocemente a ocorrência troca de lote do Tie Stall para o bezerrei-
de doenças. ro coletivo. Na FEPHB, o procedimento
escolhido para mochação dos animais
Higienização e foi a cauterização com ferro quente,
manutenção da cama aquecido em chama de gás (Fig. 13).
Nos dias que seguem, realizam-se
Para promover e manter a higie- a limpeza e o curativo na ferida diaria-
nização das instalações e dos equipa- mente para auxiliar o processo de cica-
mentos, a FEPHB conta com limpeza trização e evitar contaminação.
das camas a cada 2 dias, com troca total

4. Manejo de bezerras de 1 a 30 dias de idade 27


1 2

Figura 12: Limpeza de camas do Tie Stall com aplicação de cal e troca total do feno.

1 2

Separar todo o material para aquecimento dos Realizar contenção do bezerro com auxílio de
ferros, anestésico local, anti-inflamatório, ungen- amarração por cordas.
to e repelente aerosol.

3 4

Localizar os botões córneos. Cortar os pelos ao redor dos botões córneos para
melhorar a visualização.

Figura 13: Procedimentos para mochação com ferros quentes, realizados na FEPHB (continua).

28 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


5 6

Localizar o forame supraorbital para bloqueio anesté- Aplicar 5 mL de lidocaína (2%), distribuindo uni-
sico do nervo cornual, de ambos os botões córneos. formemente, de forma circular.

7 8

Aplicar anti-inflamatório para controle da dor e Esperar os ferros aquecerem até ficarem canden-
inflamação. tes (coloração avermelhada)

9 10

Comprimir a extremidade côncava para delimitar Sempre ter cuidado para não comprimir demais,
a circunferência do botão córneo, e depois a con- ou deixar o ferro deslizar, para que não ocorram
vexa, para queima do botão germinativo. lesões acidentais.

Figura 13 (continuação): Procedimentos para mochação com ferros quentes, realizados na FEPHB
(continua).

4. Manejo de bezerras de 1 a 30 dias de idade 29


11 12

Aplicar unguento e repelente aerossol e moni- Em ambientes úmidos, durante chuvas e de


torar os animais diariamente para verificar sua intensa população de moscas, os cuidados devem
recuperação. ser redobrados.
Figura 13 (continuação): Procedimentos para mochação com ferros quentes, realizados na FEPHB.

30 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


5. Manejo de bezerras
dos 30 aos 75 dias
de idade
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Dieta líquida Os animais são criados


a 60 dias, forneci-
em sistema de aleitamento do em alimentador
Os animais são
coletivo (10 animais/ coletivo com bicos
criados em sistema
de aleitamento co- piquete) e recebem 4 litros (Fig. 14). A higie-
letivo (10 animais/ de leite (2 L de leite manhã nização e a desin-
piquete) e recebem + 2 L de leite tarde) de 30 fecção do alimen-
4 litros de leite (2 L a 60 dias, fornecido em tador e dos bicos
de leite manhã + 2 L alimentador coletivo com são realizadas da
de leite tarde) de 30 bicos. mesma forma des-
5. Manejo de bezerras dos 30 aos 75 dias de idade 31
Figura 14: Sistema de aleitamento coletivo e casinhas com baldes de concentrado e bebedouro, FEPHB.

crita no Capítulo 4. animais iniciam a adap-


Aos 60 dias de idade,
A redução no vo- tação à dieta total, que
o leite é retirado da
lume de leite para 4 irão receber a partir da
dieta dos animais.
litros/dia após 30 dias recria 1 (dieta total =
Para reduzir o estresse
de idade é importante silagem + concentrado).
do desaleitamento, os
para estimular o con- Para a transição, na pri-
animais são direcionados
sumo de dieta sólida. meira semana, metade
para o piquete de
Para tanto, o concen- do cocho é abastecida
transição, ao lado
trado para bezerros é com 2 kg de concen-
do bezerreiro, onde
trocado e fornecido trado/bezerro, e a ou-
permanecem por mais 15
novo e limpo diaria- tra metade com dieta
dias.
mente e à vontade. O total (silagem + 0,5 kg
fornecimento de água de concentrado). Na
preza pela qualidade e pela limpeza segunda semana, utiliza-se apenas 1 kg
dos bebedouros diariamente. de concentrado/bezerro em metade do
cocho, e, na outra, dieta total (silagem +
Desaleitamento 1 kg de concentrado).
Aos 60 dias de idade, o leite é reti-
rado da dieta dos animais. Para reduzir Controle de pesagem
o estresse do desaleitamento, os animais Com o intuito de se obterem ano-
são direcionados para o tações zootécnicas que
piquete de transição, ao ...os animais são pesados forneçam informações
lado do bezerreiro, onde ao desaleitamento (60 relevantes acerca do ma-
permanecem por mais dias) e no dia de saída do nejo, os animais são pe-
15 dias. bezerreiro (75 dias) com sados ao desaleitamento
Nesse piquete, os fita de pesagem. (60 dias) e no dia de sa-

32 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Figura 15: Lote de transição do desaleitamento para recria 1, FEPHB.

ída do bezerreiro (75 dias) com fita de


pesagem. Aliadas ao peso ao nascimen-
to e aos 30 dias, essas medidas são bons
parâmetros para avaliar o sucesso ou a
falha no manejo na fase de aleitamento.

Avaliações de saúde
Avaliações de comportamento e ins-
peção visual dos bezerros são realizadas
diariamente, durante o aleitamento da
manhã, a fim de facilitar a observação
de alterações no comportamento e/ou
a ocorrência de doenças, bem como a
presença de ectoparasitas (mosca, berne
e carrapato). Toda e qualquer alteração
é notificada e repassada ao responsável
pelo setor.

5. Manejo de bezerras dos 30 aos 75 dias de idade 33


6. Manejo de bezerras
na fase de recria
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

A recria pode re- estressados, reduzam o


O desaleitamento,
presentar gargalo para consumo de alimentos e
a troca de dieta e a
muitos produtores, pois fiquem mais susceptíveis
vacinação são fatores
nessa fase os animais a doenças. Além disso, a
que contribuem para
são agrupados em lotes aglomeração atrapalha
que os animais fiquem
maiores, de difícil obser- a observação individual
estressados, reduzam o
vação, e passam por mui- dos animais, bem como
consumo de alimentos e
tas mudanças de rotina a identificação precoce
fiquem mais susceptíveis
e desafios. O desaleita- de alterações comporta-
a doenças.
mento, a troca de dieta e a mentais e de saúde.
vacinação são fatores que Deve-se considerar
contribuem para que os animais fiquem ainda que, no Brasil e em outros países

34 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Figura 16: Lotes de recria, FEPHB.

tropicais e subtropicais, o complexo Pesagem


de doenças tristeza parasitária bovina,
transmitido por moscas e carrapatos, Os animais são pesados mensal-
é enorme desafio adicional à saúde do mente para acompanhamento do de-
rebanho. Animais de recria são uma das sempenho e manejo dos lotes, divididos
categorias mais atingidas por esse pro- da seguinte forma:
blema. Por esse motivo, medidas especí-
ficas de tratamento e controle serão dis- • Recria 1: 80 kg–150 kg
cutidas no Capítulo 13 deste exemplar.
Com o intuito de monitorar e obser- • Recria 2: 151 kg–220 kg
var mais de perto os animais, a FEPHB • Recria 3: 221 kg–280 kg
adota algumas estratégias de manejo,
• Recria 4: 281 kg–360 kg
voltadas para controle zootécnico, ins-
peção de saúde e higiene de equipamen- • Recria 5: Novilhas aptas e gestantes
tos e piquetes na recria. até o pré-parto

Figura 17: Manejo de pesagem dos animais, FEPHB.

6. Manejo de bezerras na fase de recria 35


Alimentação m lienar de cocho/bezerra e nos lotes 4
e 5, 0,6 m de cocho/bezerra.
A alimentação é feita com dieta to-
tal, homogeneizada manualmente e Higienização dos cochos
calculada para que cada animal do lote
receba 2 kg de concentrado, próprio
e bebedouros
para bezerros nessa fase, e silagem de Durante o trato da manhã, todos os
milho. A quantidade lotes são inspecionados
de silagem ofertada na Na recria... A pelo colaborador para
dieta total aumenta gra- alimentação é feita identificação de altera-
dativamente, à medida com dieta total, ções no comportamen-
que os animais ganham homogeneizada to e/ou ocorrência de
peso, correspondendo manualmente e calculada doenças e presença de
a 2,5% do peso corpo- para que cada animal ectoparasitas.
ral, em matéria seca. O do lote receba 2 kg de Para manutenção
ajuste na quantidade concentrado, próprio da higiene, as sobras de
de silagem é realizado para bezerros nessa fase, alimento são retiradas
diariamente, de acordo e silagem de milho. dos cochos diariamente
com o escore de cocho e direcionadas para área
(5–10% de sobra) de descarte. Os cochos são movidos se-
O espaçamento de cocho varia con- manalmente dentro do piquete, de for-
forme o número de ani- ma a evitar o acúmulo
mais em cada recria, que de umidade e de ma-
Para manutenção da
normalmente se altera téria orgânica. Os be-
higiene, as sobras de
logo após a realização da bedouros são lavados a
alimento são retiradas
pesagem. Nos lotes 1 a cada 15 dias ou sempre
dos cochos diariamente
3, são preconizados 0,4 e direcionadas para área que há necessidade.
de descarte.

36 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


7. Manejo
de vacas em
lactação
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Para melhor aten-


Os lotes são divididos Divisão em lotes
der às vacas em lacta- mensalmente, e, para As vacas são distri-
ção e cooperar com a isso, alguns pontos são buídas em quatro lotes,
rotina dos colabora- considerados, como: dias divididos mensalmente.
dores, algumas estra- em lactação (DEL),
Para isso, alguns pontos
tégias de manejo são
produção de leite, escore
corporal e número de são considerados, como:
adotadas nessa cate- lactações. dias em lactação (DEL),
goria animal: produção de leite, escore
7. Manejo de vacas em lactação 37
corporal e número de
Após o parto, as vacas Peso e reservas
lactações. são conduzidas ao curral corporais
• Lote 1 (Amarelo): de manejo para serem O peso e o grau de
vacas pós-parto e ordenhadas. acúmulo de reservas
primíparas corporais são ferramen-
• Lote 2 (Azul): alta produção tas auxiliares para predizer sobre o su-
• Lote 3 (Verde): média produção cesso do manejo nutricional das vacas
em lactação, além de contribuírem para
• Lote 4 (Vermelho): baixa produção
o diagnóstico de falhas de manejo e a
ocorrência de doenças.
Vacas recém- Para acompanhamento Para acompanha-
paridas do desempenho e da mento do desempenho
Após o parto, as saúde das vacas, a e da saúde das vacas, a
vacas são conduzidas pesagem corporal é pesagem corporal é rea-
realizada mensalmente lizada mensalmente e o
ao curral de manejo
e o escore corporal é escore corporal é aferi-
para serem ordenha- aferido a cada 15 dias. do a cada 15 dias. O es-
das. O colostro segue core de condição corpo-
para o responsável pela colostragem ral é avaliado de acordo com os critérios
dos bezerros e as vacas são direcio- exibidos na figura 19.
nadas para o lote 1, onde permane-
cem por volta de 15 a 20 dias, até a Saúde e comportamento
pesagem de leite e o direcionamento As vacas são inspecionadas pelos co-
ao lote que melhor se ajustar à sua laboradores quanto à postura, às altera-
produção. ções e ao comportamento nas ordenhas

Figura 18: Bebedouro e pista de alimentação dos lotes 1 e 2 das vacas em lactação, FEPHB.

38 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Figura 19: Parâmetros utilizados para avaliação dos escores de condição corporal. (Adaptado de
EDMONDSON, A.J. et al., 1989. A body condition scoring chart for Holstein dairy cows. Journal of Dairy
Science, v.2, p. 68–78).

da manhã e da tarde. Animais com alte- Somatotropina bovina


rações têm seu número de identificação recombinante (bSTr)
registrado para posterior avaliação pelo
A aplicação de bSTr é feita a cada 14
colaborador responsável.
dias. Para isso, alguns pontos são con-
Manejos adicionais siderados: animais que tenham no mí-
nimo 40 dias de lactação; animais com
Controle leiteiro escore corporal maior ou igual a 3; ani-
A pesagem de leite individual é re- mais sadios e produção mínima de 20 L
alizada mensalmente, juntamente com de leite/dia.
a coleta de leite individual para análise Para facilitar o manejo e garantir
de contagem de célu- condições adequadas de higiene e con-
las somáticas (CCS) e forto, todo o material a
composição (proteína, A aplicação de bSTr é ser utilizado (bSTr, al-
gordura e lactose). feita a cada 14 dias. godão, álcool 70º, reci-
7. Manejo de vacas em lactação 39
Figura 20: Controle leiteiro mensal e coleta de amostras individuais para composição e CCS,
FEPHB.

piente para descarte das Os animais têm aces-


Fornecimento de dieta...
ampolas, mesa, luvas) so à área de descanso
É realizado em dois
é preparado antes de comum.
tratos por dia.
iniciar o procedimento. Na época das águas,
A aplicação é feita no os animais do lote de
tronco de manejo, na tábua do pesco- média e baixa produção se alimentam
ço, por via subcutânea, após antissep- no sistema rotacionado e recebem a
sia local com algodão embebido em ál- quantidade de concentrado diária dis-
cool 70º. tribuída em duas refeições logo após a
ordenha, em sistema de canzil.
Fornecimento de dieta Diariamente, antes de realizar o tra-
É realizado em dois tratos por dia. A to dos lotes, o colaborador é responsá-
quantidade de concen- vel por realizar o escore
trado fornecida é deter- de cocho (avaliação do
O espaçamento dos
minada de acordo com a conteúdo de alimento
cochos é realizado
divisão de lotes e anexa- restante, em termos de
de acordo com a
da no galpão de alimen- volume e característi-
quantidade de animais/
tação para facilitar o ma- ca – se homogêneo, é
lote, considerando
nejo nutricional e evitar sobra; se for seleciona-
espaçamento de cocho de,
possíveis falhas durante do, considera-se como
no mínimo, 0,90 cm de
a rotina de trabalho. resto) para ajuste da
cocho/animal...
Na época da seca, quantidade de silagem
o concentrado é forne- a ser utilizada. Volumes
cido em dieta total na pista de alimen- de sobra muito pequenos ou presença
tação para todos os lotes de produção. de restos demonstram que está faltando

40 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


alimento. O alimento não consumido é animais/lote, considerando espaçamen-
retirado manualmente, com auxílio de to de cocho de, no mínimo, 0,90 m de
pá e carrinho, e descartado na área de cocho/animal, para contemplar ade-
descarte. Utiliza-se como referência o quadamente tanto as primíparas quan-
escore 2 de cocho (5–10% de sobras). to as multíparas. Esse ajuste é realizado
O espaçamento dos cochos é rea- mensalmente ou a cada entrada e saída
lizado de acordo com a quantidade de de animais do lote.

Figura 21: Pista de alimentação para trato com dieta total na época da seca e área de des-
canso, FEPHB.

Figura 22: Rotacionado de capim-elefante e suplementação no canzil, FEPHB.

7. Manejo de vacas em lactação 41


8. Manejo de
vacas secas
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

O período seco ado-


O período seco adotado (60 dias antes do parto
tado na fazenda é de
na fazenda é de 60 dias. previsto).
60 dias. Esse período
Durante todo o ano,
é fundamental para os
animais, uma vez que a glândula mamá- as vacas secas permanecem em sistema
ria passa por transformações, que serão de pastejo. Na época da seca, é ofereci-
cruciais para otimizar a produção de lei-
do 1 kg de proteinado/animal. As va-
te na próxima lactação.
A secagem das vacas é realizada se- cas permanecem por cerca de 30 dias,
gundo dois critérios: produção de leite quando são conduzidas para o piquete
(inferior a 6 L) e período de gestação maternidade.
42 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Figura 23: Piquetes para vaca seca (60 aos 30 dias pré-parto), FEPHB.

8. Manejo de vacas secas 43


9. Manejo reprodutivo
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Álan Maia Borges3 CRMV-MG 4849
Sandra Gesteira Coelho4 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professor Associado, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
4
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

O sucesso do ma- portante perceber que


O sucesso do manejo
nejo reprodutivo é fun- reprodutivo é todos os setores e cate-
damental para a ma- fundamental para a gorias de animais são
nutenção do sistema manutenção do sistema intimamente relaciona-
de produção leiteiro e de produção leiteiro e sua dos e interdependentes.
sua lucratividade. É im-
lucratividade. Para o sucesso reprodu-
44 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
tivo, é necessário ter novilhas sadias e adulto. Na FEPHB, os animais são
bem nutridas; vacas com pés, úbere e liberados para reprodução com 360
todo o corpo saudável; condições de kg (55%) e, ao parto, pesam aproxi-
conforto (piso, instalações, camas, madamente 552 kg, considerando o
sombra, água limpa) e colaboradores peso médio do rebanho à idade adul-
interessados e bem-intencionados. ta de 650 kg.
Dessa forma, todos os passos ante- Vacas em lactação
riores são necessários para se chegar
até aqui. Em condições normais, as vacas
são palpadas e liberadas para pro-
Protocolo de tocolo hormonal aos 30 dias após o
parto, para sincronização e posterior
inseminação artificial
inseminação artificial. Quaisquer si-
em tempo fixo (IATF) nais de complicações e de alterações
do ambiente uterino são registrados
Novilhas
para consulta ao veterinário e tomada
Os animais da recria 4 são libe- de decisão.
rados para o lote de animais aptos à Os protocolos são iniciados sema-
reprodução ao atingirem 55% a 60% nalmente, às segundas-feiras (dia zero),
do peso à idade adulta. A meta é que, para que os dias de cio ocorram entre
ao parto, o peso dos animais seja de quarta e quinta-feira da semana poste-
aproximadamente 85% de seu peso rior, da seguinte forma:
Tabela 2: Protocolo hormonal para sincronização
de cio das vacas e das novilhas aptas à reprodução, FEPHB.

DIA DROGA

Implante de progesterona + 1,5 mL benzoato de estradiol - VACAS


0*
Implante de progesterona + 1 mL benzoato de estradiol - NOVILHAS
7* 2 mL de prostaglandina (PGF2α)
Retirada de implante e 1 mL de cipionato de estradiol
8* +
2 mL de prostaglandina (PGF2α)
9 E 10 INSEMINAR QUEM ESTIVER NO CIO

10 INSEMINAR QUEM NÃO APRESENTOU CIO

* As concentrações utilizadas irão depender do produto utilizado pela fazenda.

9. Manejo reprodutivo 45
1 2

Verificar a lista dos animais protocolados a serem Separar todo o material: papel-toalha, botijão
inseminados. Escolha do sêmen e anotações do de sêmen, aplicador, banho-maria, cortador
procedimento com data. de palheta, pinça, luva de palpação e luva de
procedimento.
3 4

Conduzir os animais para o local. Com a luva de Lavar a vulva e o períneo com água corrente.
palpação lubrificada (usar água limpa), esvaziar
o reto.

5 6

Secar com papel-toalha descartável. Demonstração da região após higienização.

Figura 24: Passo a passo da inseminação artificial, FEPHB (continua).

46 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


7 8

Separar o sêmen para descongelamento. Com Descongelar em água limpa, 35-37º C, 30 segun-
a pinça, exteriorizar a ponta de uma bainha por dos, em caixa de isopor. Verificar temperatura
vez, no momento da inseminação. com termômetro.

9 10

Secar a palheta suavemente com papel-toalha Cortar a palheta em cima da bolha de ar que se
descartável. desloca para a extremindade contrária à bucha
de algodão.

11 12

Pressionar levemente o encaixe da bainha e fixar Introduzir o êmbolo na cânula do aplicador e


nela a extremidade cortada da palheta. travar a bainha no aplicador com o anel.

Figura 24 (continuação): Passo a passo da inseminação artificial, FEPHB (continua).

9. Manejo reprodutivo 47
13 14

Higienizar ou trocar a luva. Abrir a vulva do ani- Verificar pela palpação retal se a cérvix foi atra-
mal e introduzir o aplicador cuidadosamente, de vessada com sucesso.
baixo par cima.

15 16

Pressionar o aplicador e realizar a inseminação. Após remover o aplicador, massagear a vulva.


Descartar adequadamente o material utilizado.

Figura 24 (continuação): Passo a passo da inseminação artificial, FEPHB.

Procedimentos para da pinça, rapidamente. Se houver


realização da inseminação qualquer demora nesse procedimen-
artificial to, abaixar o caneco até o fundo do
botijão por alguns segundos e tentar
IMPORTANTE: Cuidado com
novamente.
a manutenção da temperatura de
congelamento ao manusear o boti- O registro dos dados referentes
jão. Levantar o caneco contendo o ao procedimento é um passo que
sêmen escolhido até o máximo de 7 não pode ser esquecido: identifica-
cm abaixo da boca do botijão e re- ção do animal, data da inseminação,
tirar a dose de sêmen com auxílio touro, lote do sêmen utilizado.
48 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Diagnóstico de gestação Independentemente de estarem
gestantes ou não, as novilhas per-
O primeiro diagnóstico de gestação manecem na recria 5. As novilhas
das novilhas/vacas é realizado com 30 gestantes são direcionadas para a ma-
dias após a inseminação. ternidade somente
As novilhas/vacas diag- 30 dias antes da data
O primeiro diagnóstico
nosticadas como não ges-
de gestação das novilhas/ prevista para o par-
tantes são direcionadas
vacas é realizado com 30 to. As vacas diagnos-
para o próximo ciclo de
dias após a inseminação. ticadas como gestan-
protocolo de IATF. Os tes são monitoradas
animais gestantes são re- normalmente, dentro do manejo es-
confirmados com 46, 60, 90 dias de ges- tabelecido para vacas em lactação, e
tação e antes da secagem (para as vacas secas 60 dias antes da data prevista
em lactação). para o parto.

9. Manejo reprodutivo 49
10. Programa de
Qualidade do Leite

Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)


Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Lívio Ribeiro Molina3 CRMV MG 2956
Sandra Gesteira Coelho4 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professor Titular, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
4
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

O setor leiteiro é muitos laticínios reali-


O setor leiteiro é
pressionado em todos zam o sistema de bonifi-
pressionado em todos os
os elos da cadeia a pro-
elos da cadeia a produzir cação. Nesse sistema, os
duzir leite de qualida- produtores podem ser
leite de qualidade e que
de e que não ofereça
não ofereça riscos para o bonificados sobre pa-
riscos para o consumo râmetros de qualidade
consumo humano...
humano, sendo um dos do leite, como: conta-
pontos-chave para certi- gem de células somáti-
ficação em um programa de boas práti- cas (CCS), contagem padrão em placa
cas agropecuárias. Diante desse desafio, (CPP, antes chamada contagem bacte-

50 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


riana total), % de gordura e proteína. Programa de Qualidade do Leite na
Para atingir os parâmetros ideais FEPHB:
de qualidade, é fundamental a implan-
tação de um Programa de Melhoria da Rotina de ordenha
Qualidade do Leite. Esse programa con-
Para iniciar a ordenha, os colabora-
siste na implementação de boas práticas
dores chegam 30 minutos antes, a fim
agropecuárias na fazenda, com pontos
de preparar o equipamento de ordenha:
importantes que vão des-
filtro do equipamento
de manejo correto de or-
Para iniciar a ordenha, de ordenha; limpeza e
denha à gestão dos dados
os colaboradores reabastecimento dos
sobre mastite (Fig. 25).
chegam 30 minutos frascos de pré e pós-
Para obter resul-
antes, a fim de preparar -dipping; papel-toalha
tados de qualidade na
o equipamento de descartável; luvas;
fazenda, o produtor,
ordenha... álcool 70º; e medica-
juntamente com toda
a equipe e veterinário mento intramamário
responsável, deve assumir compro- para tratamento de mastite clínica.
misso quanto a esse desafio. Para isso, Enquanto o equipamento é ligado,
deve haver muito treinamento técnico os colaboradores já lavam suas mãos e
e dedicação de toda a equipe. A seguir, calçam as luvas, que são utilizadas até o
serão demonstrados os passos adota- fim da ordenha, fazendo higienização,
dos para o manejo de ordenha e do desinfecção ou mesmo a troca, quando

Figura 25: Pontos para estabelecimento e manutenção de um programa de melhoria da qualidade do


leite.

10. Programa de Qualidade do Leite 51


necessário. A circulação de solução sa- recomendações do fabricante. A fim de
nitizante clorada ocorre à temperatura avaliar se a quantidade de água é sufi-
ambiente, com drenagem e aguardam- ciente, avalia-se o turbilhonamento nos
-se 30 minutos para volatilização do conjuntos finais.
cloro.
A quantidade de produto, o tempo Infusão de medicamento
de circulação, a temperatura de entrada
e saída irão depender do produto que
intramamário
a fazenda tem disponível para ser utili- Para realização do tratamento de
zado. Para isso, é importante seguir as mastite ou terapia de vaca seca, al-

Manejo de ordenha

1 2

Tetos sujos devem ser higienizados antes do início Utilizar produto do pré-dipping e secar com papel
dos procedimentos. -toalha. Se for lavar, ter muito cuidado para mo-
lhar apenas os tetos.

3 4

Retirar os 3 primeiros jatos de leite de cada teto Os jatos devem ser observados cuidadosamente
em caneca de fundo preto. para verificar presença de alterações no leite.

Figura 26: Procedimentos de rotina para manejo de ordenha, FEPHB (continua).

52 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


5 6

Realizar o pré-dipping de maneira que toda a Deixar agir por no mínimo 30 seg e secar com
superfície do teto seja coberta pelo produto. papel-toalha descartável.

7 8

Secar bem para remover todo o produto. Colocar o conjunto de teteira (1 a 1,5 minuto
após o primeiro procedimento). Não pressionar
nem deixar peso sobre o conjunto.
9 10

Remover o conjunto de teteira após cortar o vá- Realizar o pós-dipping e imergir todo o teto para
culo e finalizada a descida do leite. Cuidado para que fique coberto pelo produto. É recomendado
não deixar a teteira quando não há mais leite que os animais não se deitem por, no mínimo,
descendo, para evitar lesões de ponta de teto. 30 minutos após a ordenha, tempo médio para o
fechamento do esfíncter do teto.
Figura 26 (continuação): Procedimentos de rotina para manejo de ordenha, FEPHB.

10. Programa de Qualidade do Leite 53


guns passos importantes precisam (da mesma coloração da água
ser seguidos, a fim de evitar possíveis que entrou).
contaminações: 2. Circulação de solução deter-
1. Esgotamento completo do gente alcalina clorada em água
quarto a ser tratado. quente (70–80oC) e drenagem.
2. Colocação das luvas e A quantidade de produto utili-
higienização. zada deve estar de acordo com
3. Realização do pós-dipping no as recomendações do fabricante.
teto do quarto a ser tratado, dei- 3. Enxágue do equipamento com
xando o produto agir por 30 s. água (temperatura ambiente) e
4. Secagem do teto com papel-toa- drenagem.
lha descartável. 4. Circulação de solução deter-
5. Desinfecção das luvas com álco- gente ácida (temperatura am-
ol 70º. biente) e drenagem. A solução
6. Desinfecção da ponta do teto deve circular por 5 minutos. A
com algodão embebido em ál- quantidade de produto utiliza-
cool 70º. da deve estar de acordo com as
7. Aplicação do medicamento recomendações do fabricante.
utilizando a cânula curta da 5. Enxágue do equipamento com
bisnaga. água (temperatura ambiente) e
8. Massageamento do teto: da drenagem.
ponta do teto em direção ao
úbere. Inspeção do equipamento
9. Imersão do teto no produto de Realizada semanalmente, pela ins-
pós-dipping novamente e libera- peção do equipamento: nível de vácuo
ção da vaca. no vacuômetro e situação interna das
tubulações.
Limpeza de equipamento
após a ordenha Limpeza do tanque de
1. Enxágue do equipamento com expansão após a coleta de
água morna (40–45oC) ou tem- leite pelo laticínio
peratura ambiente e drenagem
1. Enxágue do tanque de res-
de toda a água. A água de enxá-
friamento com água morna
gue circula apenas uma vez pelo
(40–45ºC) ou à temperatura
equipamento, e utiliza-se volu-
ambiente, seguido de drenagem
me de água suficiente para que
de toda a água, logo após a reti-
o resíduo final saia bem limpo

54 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


rada do leite, até que a água saia 5. Lavagem do tanque de resfria-
limpa. mento com solução detergente
2. Lavagem do tanque de resfria- ácida à temperatura ambiente,
mento (tampa, paredes, pá gira- duas vezes por semana, repetin-
tória, fundo e válvula de saída) do-se os cuidados e o enxágue
com solução detergente alcali- após o procedimento. A quanti-
na em água morna (40–45ºC), dade de produto utilizada deve
com escova própria. A quanti- estar de acordo com as reco-
dade de produto utilizada deve mendações do fabricante.
seguir as recomendações do
fabricante. Toda a limpeza deve Antes de utilizar o tanque
ser realizada sem que o colabo- Utilização de solução sanitizante
rador entre no tanque. clorada, à temperatura ambiente, ba-
3. Lavagem da parte externa do nhando-se toda a superfície do tanque
tanque de resfriamento, com o e permitindo a drenagem. Aguardam-
resíduo da limpeza da parte in- se 30 minutos para utilizar o tanque. A
terna do tanque de resfriamento; quantidade de produto e o tempo após
4. Enxágue completo e bem reali- a sanitização dependem do produto es-
zado, para remoção de resíduos colhido, devendo-se seguir as recomen-
de detergente. dações do fabricante.
Coleta de amostra do leite do tanque para contagem padrão em placa, contagem
de células somáticas e composição
1 2

Ligar a pá agitadora do tanque refrigerador e Desinfetar as luvas, a alça e toda a parte externa
deixar homogeneizar o conteúdo do tanque por da concha coletora com álcool 70º.
5 minutos.

Figura 27 (continuação): Procedimentos para coleta de amostra de leite do tanque para contagem
padrão em placa (CPP; mesmo que contagem bacteriana–CBT), contagem de células somáticas (CCS) e
composição, FEPHB (continua).

10. Programa de Qualidade do Leite 55


3 4

Com o conteúdo do tanque homogeneizado, usar


Higienizar o interior da concha coletora com a concha limpa, desinfetada e seca para coletar as
álcool 70 º. Aguardar o álcool evaporar. amostras.

5 6

Posicionar o frasco ao lado do tanque para evitar


contaminação do leite do tanque pelo conservan-
te. Abrir a tampa do pote com cuidado para não
Amostrar primeiro para CPP (conservante azul, encostar na parte de dentro. Despejar a amostra.
Azidiol) para reduzir o risco de contaminação. A amostra deve ser refrigerada.

7 8

Despejar a segunda amostra no frasco para CCS


Homogeneizar o conteúdo do tanque com auxílio e composição (conservante laranja, Bronopol).
da concha coletora. Refrigerar ou não.
Figura 27 (continuação): Procedimentos para coleta de amostra de leite do tanque para contagem pa-
drão em placa (CPP; mesmo que contagem bacteriana–CBT), contagem de células somáticas (CCS) e
composição, FEPHB.

56 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Coleta de amostra individual para CCS e composição
1 2

Separar o material antes do início da ordenha. Aguardar a ordenha completa de cada animal.
Conferir se todos os frascos têm conservante.

3 4

Homogeneizar o leite presente no copo medidor: Tampar o frasco adequadamente e homogeneizar


10 s para até 10 kg de leite, acrescentar um 1 s com cuidado. Identificar com número na tampa e
para cada kg a mais e coletar a amostra. etiquetar após o término da ordenha.

5 6

Fases inicial, intermediária e completa de diluição Etiquetar todos os tubos, e anotar o protocolo da
do conservante. É preciso chegar à fase 3. Amostras etiqueta para cada animal amostrado.
para CCS e composição podem ser refrigeradas (se a
entrega ao laboratório for demorar, por exemplo).

Figura 28: Procedimentos para coleta de amostra de leite individual para contagem de células somáti-
cas (CCS) e composição, FEPHB.

10. Programa de Qualidade do Leite 57


Inspeção do tanque de clínica, logo após o teste da caneca, e de
resfriamento vacas no 7º dia pós-parto. Ao se detec-
A temperatura do tanque deve atin- tarem alterações no leite ou no úbere, é
gir 4ºC, em até 3 horas após o término feita separação detodo o material a ser
da ordenha, condição conferida diaria- utilizado para a coleta (luvas, pré-dip-
mente. Caso a temperatura não seja atin-
ping, papel-toalha, algodão, álcool 70º e
gida, devem-se conferir as condições do
equipamento, e o técnico responsável tubo para coleta).
pela manutenção deve ser acionado. As amostras de leite de vacas com
Coleta de amostra mastite clínica são mantidas refrigera-
individual para cultura das (4ºC) até o término da ordenha,
microbiológica quando é realizado o plaqueamen-
Essa coleta é realizada nos quartos to da amostra para cultura na própria
mamários diagnosticados com mastite fazenda.

Coleta de amostra individual para cultura microbiológica

1 2

Separar o material para coleta assim que detecta- Com luvas, realizar o pré-dipping no teto do quar-
da alteração visível no leite e; ou no úbere afetado. to afetado, cobrindo-o completamente

Figura 29: Procedimento para amostragem de leite para cultura microbiológica, realizado em vacas
com mastite clínica e vacas no 14º dia após o parto, FEPHB (continua).

58 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


3 4

Aguardar 30 s e secar com papel-toalha Higienizar as luvas com álcool 70º. Embeber um
descartável. algodão com o álcool 70 º.

5 6

Desinfetar a ponta do teto com o algodão embe- Manter o tubo inclinado e não encostar na borda
bido em álcool 70 º. Com as luvas e a ponta do nem na tampa, evitando respingos para não con-
teto desinfetados, desprezar os 3 primeiros jatos taminar a amostra. Identificar e refrigerar. Caso
de leite. Coletar a amostra de forma asséptica, algo encoste no interior do tubo ou contamine a
preenchendo o tubo estéril com o leite. amostra, descartar e reiniciar os procedimentos.

Figura 29 (continuação): Procedimento para amostragem de leite para cultura microbiológica, realiza-
do em vacas com mastite clínica e vacas no 14º dia após o parto, FEPHB.

10. Programa de Qualidade do Leite 59


Plaqueamento de amostra de leite na fazenda

1 2

Após a coleta, levar a amostra coletada para o local do Registrar o caso de mastite no aplicativo e anotar
procedimento. Refrigerar se não for utilizar de imediato no caderno de controle de mastite.

3 4

Higienizar as luvas, separar a placa e homogeneizar cui- Abrir o suabe pelo lado indicado.
dadosamente a amostra invertendo o tubo mais de 5x.

5 6

Abrir o tubo e mergulhar o suabe em movimen- Abrir a placa e apoiá-la sobre o guia de
tos circulares até o fundo do tubo. inoculação.

Figura 30: Procedimentos para inoculação da amostra de leite em meio de cultura para avaliação mi-
crobiológica na FEPHB. Adaptado de OnFarm, Guia de Operações e Diagnósticos, 2020 (continua).

60 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


7 8

Inocular a amostra com suabe na Etapa 1 do guia. Mergulhar o suabe na amostra novamente.
Girar a placa em sentido anti-horário.

9 10

Inocular a amostra com suabe na Etapa 2 do guia Mergulhar o suabe na amostra novamente.
e girar a placa no sentido anti-horário.

11 12

Inocular a amostra na Etapa 3 do guia e girar a Fechar a placa e colocá-la na incubadora por 24h,
placa no sentido anti-horário para voltar à posi- para que possa ser feita a leitura do resultado.
ção inicial.
Figura 30 (continuação): Procedimentos para inoculação da amostra de leite em meio de cultura para
avaliação microbiológica na FEPHB. Adaptado de OnFarm, Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.

10. Programa de Qualidade do Leite 61


Figura 31: Procedimentos para descarte da placa após incubação e leitura. Adaptado de OnFarm, Guia
de Operações e Diagnósticos, 2020.

62 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


11. Controle de resíduo
de antimicrobiano
no leite

pichabay.com
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Para ser considera-


A presença de Marcação das
do de alta qualidade e
antimicrobianos no leite é vacas
seguro, o leite deve es-
um ponto extremamente Todos os animais
tar isento de resíduos de preocupante devido
drogas de uso veteriná- em tratamento com me-
aos riscos de toxidade,
rio, como, por exemplo, dicamentos que exigem
resistência bacteriana
os antimicrobianos. A período de carência são
e hipersensibilidade
presença de antimicro- (alergias). marcados nos membros
bianos no leite é um posteriores, para evitar
ponto extremamente preocupante de- problemas de não identificação ou de
vido aos riscos de toxidade, resistência confundimento em caso de perda de
bacteriana e hipersensibilidade (aler- uma das marcações. Para evitar lesões
gias). Para evitar tal situação, deve-se no membro, utilizam-se cordas ou teci-
estar atento na fazenda. do de largura maior.
11. Controle de resíduo de antimicrobiano no leite 63
Vacas secas Animais em tratamento
Após a realização da terapia de vaca com antibiótico
seca e a aplicação de selante, todos os Qualquer animal em tratamento
animais têm os membros posteriores com antibiótico é marcado com cordas
marcados com cordas brancas. vermelhas nos membros posteriores e
registrado para acompanhamento pelos
Vacas recém-paridas colaboradores (mastite clínica, retenção
de placenta, metrite, problemas de cas-
Após o parto, os animais são enca-
cos, pneumonia).
minhados para terem o colostro orde-
nhado. Caso a vaca tenha antecipado o Anotação dos dados
parto, o colaborador é responsável por
avaliar o período de carência do medi- Para maior controle de resíduo de
camento utilizado na terapia de vaca antimicrobiano na fazenda, todo ani-
mal que apresenta o leite desviado do
seca e por trocar a marcação dos mem-
tanque de expansão é identificado na
bros posteriores para cordas vermelhas
ficha de anotação, sendo acompanhado
(indicativo de resíduo de antibióticos).
diariamente. Nessa ficha, há informa-
Esse animal permanece marcado até o
ções, como: identificação do animal,
fim do período de carência do medica- base utilizada, período de carência, data
mento utilizado. da primeira e da última aplicação e data
Caso o período de carência esteja de liberação do leite, para evitar possí-
concluído, para a identificação do leite veis ocorrências de resíduo no leite do
de transição, que preci- tanque e penalidades
sa ser desviado do tan- impostas pelo laticínio.
que, os animais recém-
Qualquer animal
em tratamento
-paridos são marcados
com antibiótico é
Carência dos
com cordas azuis nos
marcado com cordas medicamentos
membros posteriores. vermelhas nos membros Após a aplicação
No 5º dia após o parto, posteriores... de qualquer medica-
é realizado o California mento em VACAS EM
Mastitis Test (CMT). Em caso de resul- LACTAÇÃO e em VACAS SECAS,
tado negativo, ou traços, a marcação é deve-se respeitar o período de carên-
retirada, e o animal é direcionado para cia do medicamento utilizado. Esse
o lote 1. Em caso positivo, esse animal período consiste no tempo em que
permanece no lote de descarte, e diaria- o leite deve ser desviado do tanque,
mente é realizada análise de CMT. para evitar a ocorrência de resíduo
64 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
no leite e penalidades impostas pelo res, a criação de uma tabela com todos
laticínio. os medicamentos utilizados na fazenda
Atenção especial deve ser dada aos e o período de carência de acordo com
produtos utilizados na propriedade. o indicado pela bula é uma ferramenta
Para facilitar o trabalho dos colaborado- importante (Fig. 32).

Figura 32: Quadro utilizado no setor de ordenha para anotação e acompanhamento dos casos de mas-
tite clínica, FEPHB.

11. Controle de resíduo de antimicrobiano no leite 65


12. Controle
de ectoparasitas
e endoparasitas
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Rodrigo Melo Meneses3 CRMV MG 13.527
Sandra Gesteira Coelho4 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professor Adjunto, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
4
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Controle de carrapatos sensíveis e, assim, obter maior êxito no


controle. O biocarrapaticidograma é um
Biocarrapaticidograma teste gratuito.

A realização do biocarrapaticidogra- Procedimento de coleta e


envio das amostras para
ma é fundamental para verificar a quais biocarrapaticidograma
bases os carrapatos da propriedade são
1. Seleção dos animais doadores: As
amostras de carrapato deverão ser
coletadas de animais sem tratamento
com carrapaticidas há pelo menos 35
dias para produtos de ação por con-
tato (usados em banhos de imersão,
aspersão ou pour on de efeito residual
66 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
mais curto) e há 50 dias no caso de corpo do animal para postura no pe-
produtos de ação sistêmica (injetá- ríodo da manhã.
veis ou pour on) de efeito residual 3. Transporte: Os carrapatos são acon-
prolongado. Para evitar que todo o dicionados em recipiente limpo
rebanho fique sem tratamento em (pote de plástico ou de vidro sem
períodos críticos de infestação, a co- resíduos de produtos químicos),
leta pode ser feita de um grupamento com orifícios para entrada de ar e
de três a cinco animais, previamente papel umedecido com água forrando
selecionados. o fundo. O recipiente é mantido em
2. Coleta: Com as mãos limpas de um ambiente fresco até o momento
qualquer resíduo de produto quími- da entrega ao laboratório.
co, 250 carrapatos, fêmeas grandes, Atenção: Se a amostra de carrapatos
repletas de sangue (ingurgitadas), não puder ser entregue no laboratório
denominadas teleógenas, são coleta- no mesmo dia da coleta, o recipiente
dos dos bovinos. As teleógenas são deve ser mantido na parte inferior de
removidas fazendo- uma geladeira, por, no
-se suave torção e, Na FEPHB, são máximo, 24 horas, para
então, puxadas, para utilizados produtos que a baixa temperatura
que se desprendam tipo “pour on” em todas retarde o início da pos-
sem serem decapita- as categorias animais, tura de ovos pelas fême-
das. É indicado fazer exceto vacas em lactação. as ingurgitadas.
a coleta nas primei- Nestas é realizado A partir do resulta-
ras horas do dia, pois banho, devido ao menor do do biocarrapatici-
as teleógenas tendem período de carência para dograma, pode-se dar
a se desprender do descarte de leite. início ao tratamento

Figura 33:Proteção do colaborador (esquerda) com equipamentos de proteção individual: luvas, más-
cara, óculos de proteção e avental para manejo do banho de carrapaticida nos animais, FEPHB.

12. Controle de ectoparasitas e endoparasitas 67


adequado dos animais, olho nu. Por isso, é
O controle estratégico
visando ao controle dos fundamental finalizar
é iniciado no começo
carrapatos na proprie- o tratamento, mes-
do período seco. São
dade, utilizando-se a mo que não sejam
realizadas de 5 a 6
base indicada pelo teste. observados carrapa-
aplicações nos animais, a
Recomenda-se consul- tos maiores, respei-
cada 21 dias.
tar o médico veteriná- tando-se o intervalo
rio responsável, para de 21 dias entre as
escolha do produto comercial e deter- aplicações.
minação do volume utilizado em cada • Controle tático (período das
animal. águas): O controle seletivo é focado
Na FEPHB, são utilizados produ- nos animais mais parasitados, que
tos tipo “pour on” em todas as catego- acabam contribuindo para a manu-
rias animais, exceto vacas em lactação. tenção do carrapato no ambiente. A
Nestas é realizado banho, devido ao me- aplicação do produto é realizada em
nor período de carência apenas 20% dos ani-
para descarte de leite. O controle seletivo é mais que apresentam
Após a definição da me- focado nos animais grande infestação de
lhor base, são realizados mais parasitados, que ninfas (carrapatos do
o controle estratégico acabam contribuindo tamanho de cabeça
e o controle tático. para a manutenção do de fósforo). Os ba-
• Controle estraté- carrapato no ambiente. nhos ou a utilização
gico (período da de pour on também
seca): O controle estratégico é ini- devem ser feitos a cada 21 dias, nunca
ciado no começo do período seco. em intervalos menores. É importante
São realizadas de 5 a 6 aplicações nos realizar esse tratamento também em
animais, a cada 21 dias. A principal animais que eventualmente sejam
causa de insucesso desse tratamento comprados, antes que eles entrem na
é a interrupção das aplicações carra- propriedade, para que não sejam no-
paticidas quando não é possível vi- vas portas de entrada.
sualizar carrapatos sobre os animais.
Equivocadamente, os colaboradores Cuidados importantes
entendem que os parasitos já estão tomados na FEPHB
controlados em sua propriedade,
• Não é aconselhável tratar os animais
mas, na verdade, estão presentes os
durante as horas de calor intenso ou
estágios de vida iniciais dos carrapa-
chuva;
tos, que podem ser imperceptíveis a
• Deve-se evitar o contato do produ-

68 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


to concentrado com vamente no controle de
A infestação por moscas é
qualquer parte do mosca na propriedade,
um dos grandes desafios
corpo humano: em realizando procedimen-
da rotina.
caso de contato, lavar tos, tais como:
as partes atingidas • Limpeza das
com água e sabão várias vezes; instalações e área de descanso:
• A contaminação com o produto di- Toda a matéria orgânica presente nos
luído na proporção recomendada é currais e na pista de alimentação é re-
praticamente destituída de perigo, movida diariamente com auxílio de
uma vez que sejam uma pá. Já a matéria
tomadas as medidas Toda a matéria orgânica orgânica presente nas
de remoção e limpeza presente nos currais e na áreas de descanso é
acima indicadas; pista de alimentação é retirada com auxí-
• Deve-se conservar o removida diariamente lio de um trator, no
produto fora do al- com auxílio de uma pá. mínimo, três vezes/
cance de crianças e ano. Todo o resíduo é
animais domésticos; destinado para fertilização da área de
• Deve-se manter o produto em local lavoura.
seco e fresco; • Utilização de diflubenzuron
• Devem-se encaminhar as embalagens para bovinos na dieta: É um lar-
vazias para local onde são descarta- vicida, indicado para o controle
dos outros produtos químicos; e a prevenção de infestação por
• Em caso de intoxicação huma- mosca-dos-chifres (Haematobia
na, deve-se procurar unidade de irritans), mosca-doméstica (Musca
pronto-atendimento. domestica), mosca-dos-estábulos
(Stomoxys calcitrans) e por carra-
Controle de moscas pato (Boophilus microplus). Tem
A infestação por moscas é um dos como princípio básico inibir o de-
grandes desafios da rotina. Os prejuízos senvolvimento das larvas no ester-
podem ser diversos, desde impacto ne- co e nas fezes dos animais tratados.
gativo na produção de leite e no desem- Na FEPHB, é usado durante todo
penho dos animais, até o ano somente nas
vacas em lactação.
maior transmissão de Diflubenzuron ...
Utiliza-se a dose
patógenos causadores inibe o desenvolvimento
recomendada pelo
de doenças no rebanho. das larvas no esterco e
fabricante na dieta
Para isso, a FEPHB nas fezes dos animais
total dos animais.
tem trabalhado intensi- tratados.
12. Controle de ectoparasitas e endoparasitas 69
Controle de A FEPHB trabalha
são colhidas em sacos
endoparasitas plásticos (50 g–100 g)
com programa de
e identificadas. O mate-
A FEPHB trabalha controle contra
rial é preparado na pró-
com programa de contro- endoparasitoses.
pria fazenda (Fig. 34).
le contra endoparasitoses. Dessa forma, é feito
O preparo das amostras
Dessa forma, é feito acom- acompanhamento
exige a utilização de
panhamento mensal dos mensal dos bezerros
água destilada e solução
bezerros em aleitamento em aleitamento e das
hipersaturada de açúcar
e das recrias de 1 a 5, pela recrias de 1 a 5, pela
(solução de Sheater:
colheita de fezes. As fezes colheita de fezes.
500g de açúcar + 360

1 2

Separar o material para realização do exame: Coletar as fezes diretamente da ampola retal por
amostras, recipientes descartáveis, gase, água estimulação local. Identificar as amostras.
destilada, solução hipersaturada de açúcar, câma-
ras de Neubauer.
3 4

Pesar 2 g de fezes e adicionar 28 mL de água des- Pipetar a mistura final em câmara de Neubauer
tilada. Filtrar a mistura em gase (2x) e adicionar 2 e realizar a leitura em microscópio óptico (lente
mL da solução. objetiva 10x).
Figura 34: Procedimentos para realização do exame de OPG/OOPG, FEPHB.

70 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


mL de água + 6,5 mL de fenol, prepa-
rada na EV – UFMG). O preparo da
solução é feito com adição de pequenas
porções de açúcar, à medida que a água
é aquecida (a cada 1 min, no micro-
-ondas), e do fenol, adicionado após a
solução inicial esfriar completamente. A
leitura da contagem de ovos e oocistos
por grama de fezes (OPG/OOPG) é re-
alizada por microscopia óptica.
Apenas os animais com contagens
de parasitos > 500 ovos ou oocistos/g
de fezes, em associação com manifes-
tação clínica, são tratados com anti-
-helmíntico sistêmico. Não há recomen-
dações precisas na literatura quanto ao
limiar para tratamento, portanto é ne-
cessário observar as ocorrências de cada
rebanho para determinar medidas de
ação cabíveis. O OPG/OOPG é realiza-
do em animais mais velhos e em vacas
em lactação quando estes apresentam
sinais sugestivos de endoparasitose.
Esse manejo permite economia de
recursos em bases anti-helmínticas,
além de contribuir para reduzir o desen-
volvimento de resistência dos parasitos
às bases utilizadas.

12. Controle de ectoparasitas e endoparasitas 71


13. Manejo sanitário
Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)
Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Rodrigo Melo Meneses3 CRMV MG 13.527
Sandra Gesteira Coelho4 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professor Adjunto, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
4
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Programa Todas as vacas em


tro vezes por semana,
como medida preventi-
de saúde dos lactação da FEPHB
va. Atualmente, não se
cascos passam no pedilúvio
utiliza pedilúvio como
quatro vezes por semana,
medida de tratamento
Manejo de como medida preventiva.
coletiva, visto que há
pedilúvio acompanhamento de
Todas as vacas em lactação da casos clínicos, subclínicos e casquea-
FEPHB passam no pedilúvio qua- mento preventivo. No entanto, em cada

72 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


propriedade, o veterinário responsável 3) Preparo da solução
deve avaliar essa necessidade para de-
finir a melhor forma de utilização do Antes de iniciar o preparo da so-
pedilúvio. lução, é importante a avaliação do vo-
lume de água utilizado no pedilúvio
1) Troca da solução para quantificar a fração de produto
• Limpeza e reposição da solução na necessária.
segunda-feira, para utilização na se- • Lava-pés: após a limpeza, encher com-
gunda e na terça-feira, com descarte pletamente com água limpa. Algumas
completo na quarta-feira; propriedades não contam com essa
• Limpeza e reposição da solução na estrutura;
quinta-feira, com utilização na quinta
• Pedilúvio: após a limpeza, encher
e na sexta-feira, e descarte completo
completamente com a solução esco-
no sábado.
lhida. Na FEPHB, utiliza-se formol
O período de utilização de solução
a 5% (150 L de água e 8 L de formol
de pedilúvio varia de acordo com o
37%).
produto escolhido e o número de ani-
mais e categorias que passarão por ela. Casqueamento
2) Antes de iniciar a utilização preventivo
Limpeza do lava-pés e pedilú- Realizado em todos os animais em
vio com água corrente. Certificar-se lactação durante dois períodos, 150 dias
de que ambos estejam bem limpos em lactação e na secagem. O principal
antes de colocar água e formol 5%, objetivo é corrigir o casco com cresci-
respectivamente. mento anormal, restituir a correta dis-

1 2

Figura 35: Lava-pés e pedilúvio após ordenha (esquerda). Tronco próprio para manejo de cascos (direi-
ta), onde é realizado o casqueamento preventivo e o tratamento de afecções podais, FEPHB.

13. Manejo sanitário 73


tribuição do peso entre no, associado a um
A partir do escore 2, os
as unhas e identificar anti-inflamatório.
animais são considerados
possíveis lesões. com diarreia... Lesões
Tratamento de articulares e
claudicação alta:
afecções podais
São tratadas com anti-inflamatório.
Dermatite digital e A escolha da base é realizada de acor-
interdigital, úlcera e abscesso do com as indicações dos professores
de sola, sola dupla e erosão e residentes da Clínica de Ruminantes,
• Tratamento cirúrgico: debrida- EV–UFMG.
mento da lesão e retirada do tecido
necrosado; Diarreias neonatais
• Antibioticoterapia local: aplicação de
mistura composta por pomada de di- Avaliação clínica dos animais pelos
gluconato de clorexidina e oxitetraci- colaboradores da fazenda:
clina em pó sobre a lesão;
• Avaliação/monitoramento diário
• Curativo e bandagem impermeável.
para identificação de diarreia pela
Flegmão classificação do escore de fezes (Fig.
Os tratamentos na FEPHB são 36). A partir do escore 2, os animais
indicados pelos professores e pelos são considerados com diarreia, no-
residentes da Clínica de Ruminantes, tificados ao responsável pelo setor,
EV–UFMG, e consistem na ad- para início imediato da fluidoterapia
ministração de um antimicrobia- oral;

• O tratamento mais eficaz é a te-


rapia de suporte com fluidote-
rapia oral (hidratação por sonda
oroesofágica);

• A administração de antimicrobiano
e/ou anti-inflamatório depende da
temperatura retal, de forma que deve
ser cuidadosamente avaliada em ani-
mais que apresentem hipertermia (>
39,3ºC).
74 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
1 2

Escore 0: Fezes firmes. Coloração e odor normais. Escore 1: Fezes pastosas. Coloração e odor normais.

3 4

Escore 2: Fezes amolecidas. Ficar atento à colora- Escore 3: Fezes líquidas. Coloração e odor altera-
ção e ao odor. dos, presença de sangue e muco.

Figura 36: Escore de fezes aplicado para classificação das diarreias em bezerros, FEPHB.

1 2

Desinfetar o termômetro com álcool a cada ani- Aguardar a temperatura zerar e introduzir o
mal para evitar contaminação. termômetro no reto, deixando-o lateralizado, em
contato com a mucosa.
Figura 37: Procedimento para aferição da temperatura retal, FEPHB.

13. Manejo sanitário 75


Tratamento para diarreias reservadas, com a quantidade de cada
neonatais ingrediente já pesada e devidamente
identificada. Outra sugestão é reservar
Independentemente da temperatu- um pote limpo, com tampa, e preparar
ra retal, administrar fluidoterapia oral uma quantidade da mistura, sem adição
(volume = 10% do peso vivo, fraciona-
da glucose de milho, e adicioná-la so-
do em dois fornecimentos diários; Tab.
mente na hora de colocar a mistura na
3), via mamadeira, ou, se necessário,
água. Quando misturada aos outros in-
sonda, 2h após o aleitamento da manhã
gredientes antes de ser colocada na água,
e da tarde. O fornecimento só deve ser
a glicose absorve umidade e “empedra”.
interrompido quando o animal apresen-
• Em caso de hipertermia, consultar
tar resolução do caso de diarreia e esti-
ver ativo, consumindo todo o volume de o veterinário sobre a escolha e a ad-
leite oferecido. ministração de antimicrobianos/
anti-inflamatórios/coccidiostáticos;
Tabela 3: Componentes e quantidades • O fornecimento de leite nunca deve
para preparo de 2 L de solução para
ser interrompido. Embora essa prática
fluidoterapia oral em bezerros, FEPHB.
seja comum, bezerros em aleitamen-
Componentes Quantidade (g) to, em especial até os 30 dias de idade,
Cloreto de sódio 10 têm o leite/sucedâneo como principal
Acetato de sódio 12 fonte de nutrientes. Animais doentes
Cloreto de potássio 2 precisam ser bem nutridos para con-
seguir melhor chance de recuperação,
Glucose de milho 40 assim o leite é mantido na alimenta-
ção, associado ao soro oral, para repo-
Para facilitar o manejo, os colabo- sição dos fluidos e nutrientes perdidos
radores da FEPHB deixam porções na diarreia.

76 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


1 2

Colocar o animal de pé e posicionar a cabeça do Quando o animal deglutir, inserir o tubo pelo
bezerro entre as pernas. Pressionar o palato (céu esôfago e empurrá-lo suavemente. Confirmar a
da boca) com o polegar para que o animal abra a presença do tubo no esôfago pela palpação exter-
boca. Inserir o tubo. Para passagem de sondas de na, do lado esquerdo do pescoço, como indicado
material flexível, utilizar guia protetora para evi- na figura. Atenção: se o recipiente contendo o
tar danos ao material. Posiconar o tubo próximo líquido estiver acoplado nessa etapa, lembrar de
à garganta, exercendo uma leve pressão. comprimir a saída da sonda, para evitar entra-
da indesejada de líquido durante a colocação e
possível aspiração.

3 4

Após confirmação do correto posicionamento da Para retirar a sonda, comprimir a saída de líquido
sonda, levantar o líquido e a cabeça do bezerro para garantir que não haja retorno ou drenagem
para permitir melhor descida do líquido e aguar- de líquido para a traqueia.
dar drenagem total.

Figura 38: Procedimentos para hidratação por fluidoterapia oral em bezerros, FEPHB.

Diagnóstico de doenças laborador treinado pelo veterinário, pelo


estagiário ou pelo próprio veterinário):
respiratórias
• Avaliação do trato respiratório su-
Avaliação clínica dos animais pelos perior: posicionamento de orelhas e
colaboradores da fazenda (feita por co- cabeça (erguidas em alerta, ou pen-
13. Manejo sanitário 77
dular), tosse, secreção nasal (uni com ocorrência de diarreia;
ou bilateral, aspecto quanto à colo- • Antimicrobiano: em caso de hiperter-
ração e ao odor) e secreção ocular mia, pode se fazer necessária a utiliza-
(uni ou bilateral, aspecto quanto à ção de antimicrobiano, que deve ser
coloração e ao odor). Em caso de indicado pelo veterinário;
alterações, notificar o responsável • Anti-inflamatório: pode auxiliar na
pelo setor; redução dos sintomas e na resolução
• Grau de desidratação: avaliação da do quadro. A escolha é baseada nos
umidade das mucosas ocular, oral, protocolos indicados pelo veterinário.
das narinas e vaginal (nessa ordem,
para evitar contaminação por mi- Tristeza parasitária
crorganismos); tempo de reperfu- bovina (TPB)
são capilar (pressionando-se por
Na FEPHB, a prevenção e o con-
alguns segundos um ponto da gen-
trole da TPB são realizados pelo mo-
giva, que não seja pigmentado, para
nitoramento do rebanho jovem. Para
comprimir a circulação sanguínea e
a equipe da fazenda, a TPB em ani-
observar o retorno da coloração da
mais adultos não é um problema, por
mucosa. Esse tempo deve ser infe-
isso o foco é em categorias jovens.
rior a 2 segundos em animais com
Entretanto, é preciso que o veteriná-
boa hidratação); teste do turgor de
rio avalie a condição de cada fazenda
pele (beliscar a pele suprapalpebral
para definir o melhor planejamento
e observar o tempo que leva o re-
para esse programa.
torno da dobra de pele que se for-
O monitoramento na fazenda é
ma. Esse tempo deve ser inferior a
realizado semanalmente, com auxílio
2 segundos);
de um tronco de manejo construído
• Aferição da temperatura retal, con-
para uso exclusivo dos animais na fase
siderando hipertermia a partir de
de aleitamento, transição e recria.
39,3ºC.
A avaliação consiste na aferição
da temperatura retal (hipertermia
Tratamento para doenças a partir de 39,3ºC; avaliação visual
respiratórias das mucosas (observação do aspec-
• Fluidoterapia oral (volume = 10% to, da umidade e da coloração); ob-
peso vivo, fracionado em dois forne- servação do comportamento (avidez
cimentos diários; pesar com balança versus apatia); e confecção de esfre-
ou fita) via sonda orogástrica, após o gaço sanguíneo de ponta de cau-
aleitamento da manhã e da tarde, em da, quando constatada hipertermia
caso de desidratação ou associação (Fig. 40).
78 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
1 2

Animal alerta, curioso, com cabeça erguida e Animal apático, orelhas pendulosas e assimétri-
orelhas erguidas e simétricas. Comportamentos cas, flanco distendido. Comportamentos e apa-
indicativos de bom estado de saúde. rência física indicativos de mau estado de saúde.

3 4

Escore O: Mucosas nasais íntegras e limpas, Escore 1: Mucosas nasais íntegras, limpas e
narinas desobstruídas e ausência de secreção narinas desobstruídas. Presença de secreção
anormal. translúcida, em pouca quantidade.

5 6

Escore 2: Mucosas e fluxo de ar podem estar difi- Escore 3: Mucocas e fluxo de ar podem estar
cultados. Presença de secreção opaca. Redobrar a comprometidos. Presença de secreção mucopu-
atenção, notificar o responsável e adotar medidas rulenta. Notificar o reponsável e adotar medidas
cabíveis. cabíveis.
Figura 39: Procedimentos para avaliação do trato respiratório superior, FEPHB. A avaliação do com-
portamento e a posição de cabeça e orelhas também podem ser indicativas de outras enfermidades.

13. Manejo sanitário 79


1 2

Comprimir levemente o globo ocular abaixo do Tombar ligeiramente a cabeça do animal e


olho e levantar a pálpebra superior para expor verificar os vasos episclerais (não devem estar
mucosa ocular e a 3ª palpebra e observar a colo- engurgitados). Observar se os olhos estão fundos
ração e a umidade. na cavidade ocular, indicando desidratação.

3 4

Teste de turgor de pele: comprimir a pálpebra Contar o tempo que a pele leva para retornar à
superior formando uma dobra de pele. posição original. Em animais hidratados < 2 s.

5 6

Abaixar o lábio inferior do animal para expor a Comprimir a mucosa por 3 s para interromper o
mucosa oral e verificar a coloração e a umidade. fluxo sanguíneo.

Figura 40: Procedimentos para avaliação da integridade física, da coloração e da umidade das muco-
sas, bem como para avaliações complementares, a fim de verificar a hidratação em bezerros, FEPHB
(continua).

80 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


7 8

Contar quantos segundos levam para a mucosa O tempo para reperfusão sanguínea deve ser de
voltar à coloração anterior. até 2 s. Acima disso, pode haver algum grau de
desidratação.

9 10

Verificar a coloração e umidade das mucosas Verificar a coloração e umidade da mucosa


nasais. vaginal.
Figura 40 (continuação): Procedimentos para avaliação da integridade física, da coloração e da umi-
dade das mucosas, bem como para avaliações complementares, a fim de verificar a hidratação em
bezerros, FEPHB.

Seguindo-se essa rotina, associa- Tratamento para TPB


da à observação visual diária feita
• Quando há diagnóstico com identifi-
pelos colaboradores da FEPHB no cação do agente:
momento da lida com os animais, Nesses casos, é possível basear a es-
houve aumento significativo do nú- colha do tratamento apenas no agente
mero de diagnósticos, identificação identificado, permitindo direcionamento
correta do agente e economia em ra- do tratamento, redução do uso de medi-
zão dos tratamentos direcionados e camentos sem necessidade e com maior
específicos. assertividade.
13. Manejo sanitário 81
1 2

Expor a pele da ponta da cauda, afastando os Com auxílio de uma agulha ou lanceta (uma para
pelos. cada animal), espetar a ponta da cauda exposta.

3 4

Aguardar a formação de uma gota de sangue. Encostar suavemente uma lâmina de vidro, própria
para este fim, sobre a gota na ponta da cauda.

5 6

Certificar-se da formação de gota de tamanho Utilizar uma segunda lâmina (limpa) para se
suficiente para o procedimento. aproximar da gota de sangue sobre a lâmina que
será confeccionada.

Figura 41: Confecção de esfregaço sanguíneo de ponta de cauda para diagnóstico e identificação de
agentes de tristeza parasitária bovina, FEPHB (continua).

82 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


7 8

Apoiar a lâmina auxiliar em posição diagonal, à Aguardar a gota de sangue se espalhar de forma
frente da gota de sangue. homogênea na base da lâmina auxiliar.

9 10

Com as mãos firmes, fazer o arraste da lâmina Identificar a lâmina (número do animal) e deixar
auxiliar no sentido oposto ao da gota de sangue. secar bem ao abrigo de luz, calor e insetos.

11 12

Corar a lâmina com kit de corante panótico. Ao Colaborador treinado ou veterinário devem fazer
final, enxaguar e deixar secar. O tempo de cada a leitura para definição do diagnóstico e identifi-
corante pode variar, sendo em média de 20 s. cação do agente.

Figura 41 (continuação): Confecção de esfregaço sanguíneo de ponta de cauda para diagnóstico e iden-
tificação de agentes de tristeza parasitária bovina, FEPHB.

13. Manejo sanitário 83


Quadro 1: Indicação de tratamento para TPB quando há diagnóstico com
identificação do agente, FEPHB.
Fármaco Base Dose Via Aplicações
ANAPLASMA
1 Oxitetraciclina 20 mg/kg Intramuscular Dose única
2 Enrofloxacina 7,5 mg/kg Intramuscular Dose única
BABESIA
1 Dipropionato de imidocarb 1,2 mg/kg Intramuscular Dose única
2 Diaceturato de diminazeno 3,5 mg/kg Intramuscular Dose única

• Quando há diagnóstico sem ção do diagnóstico microbiológico na


identificação do agente: propriedade. A escolha da antibioticote-
Nesses casos, como não se sabe o rapia intramamária se dá após 24 horas,
agente causador, é preciso tratar para os com a leitura da placa.
dois tipos de agente possíveis, com uma 1) Crescimento no lado superior da
associação entre um fármaco antibacte- placa (S. agalactiae, S dysgalactiae,
riano e um antiprotozoário (Quadro 2). Enterococcus e Lactococcus spp.)
Mastite Tratar o quarto mamário afetado
Na FEPHB, após o diagnóstico de com a primeira droga de escolha, indi-
mastite clínica, uma amostra do leite do cada pelo veterinário, pelo tempo re-
quarto afetado é coletada para a realiza- comendado para este agente. Quando

Quadro 2: Opções de escolha de antimicrobiano para tratamento às cegas, que


será combinado a um antiprotozoário.

Opção Base Dose Via Aplicações

1 Enrofloxacino 7,5 mg/kg Intramuscular Dose única

+
2 Oxitetraciclina 20 mg/kg Intramuscular Dose única

Quadro 3: Opções de escolha de antiprotozoário para tratamento às cegas, que


será combinado a um antimicrobiano.

Opção Base Dose Via Aplicações


1 Diaceturato de diminazeno 3,5 mg/kg Intramuscular Dose única
2 Dipropionato de imidocarb 1,2 mg/kg Intramuscular Dose única

84 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


as alterações visíveis no leite não desaparecem até o final do tratamento, é preciso
prolongá-lo mais alguns dias.

Figura 42: Demonstração do local de crescimento microbiano e da leitura indicada. Fonte: OnFarm,
Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.

2) Crescimento no lado superior da placa (Streptococcus uberis)

Figura 43: Demonstração do local de crescimento microbiano e da leitura indicada. Fonte: OnFarm,
Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.
Tratar o quarto mamário afetado com a primeira droga de escolha, indicada pelo
veterinário, pelo tempo recomendado para este agente. Quando as alterações visí-
veis no leite não desaparecem até o final do tratamento, é preciso prolongá-lo mais
alguns dias, de acordo com a recomendação de utilização.

13. Manejo sanitário 85


3) Crescimento no lado esquerdo da placa (S. aureus e S. não aureus)

Figura 44: Demonstração do local de crescimento microbiano e da leitura indicada. Fonte: OnFarm,
Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.
Tratar o quarto mamário afetado com a primeira droga de escolha, indicada pelo
veterinário, pelo tempo recomendado para este agente. Quando as alterações visíveis
no leite não desaparecem até o final do tratamento, é preciso prolongá-lo mais alguns
dias, de acordo com a recomendação de utilização.

4) Crescimento no lado direito da placa (Klebsiella spp.)

Figura 45: Demonstração do local de crescimento microbiano e da leitura indicada. Fonte: OnFarm,
Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.
Tratar o quarto mamário afetado com a primeira droga de escolha, indicada pelo
veterinário, pelo tempo recomendado para este agente. Quando as alterações visíveis
no leite não desaparecem até o final do tratamento, é preciso prolongá-lo mais alguns
dias, de acordo com a recomendação de utilização.

86 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


5) Crescimento no lado direito da placa ou ausência de crescimento de colônias
• Não utilizar antibiótico.
• Utilizar anti-inflamatório somente em mastite grau 2.

Figura 46:Demonstração do local de crescimento microbiano e da leitura indicada. Fonte: Adaptado de


On Farm, Guia de Operações e Diagnósticos, 2020.
Neste caso,a FEPHB não realiza tratamento.

Tratamento de mastite fazenda, descrito anteriormente.


de acordo com o grau de • Anti-inflamatório sistêmico: Tratar
acometimento imediatamente. Utilizar a base reco-
Grau 1: Presença SOMENTE de mendada pelo médico veterinário
alterações visíveis no leite (grumos, san- responsável.
gue, leite aquoso, pus): Grau 3: Em caso de presença de al-
• Antibioticoterapia intramamária: terações visíveis no leite (grumos, san-
Seguir as recomendações de trata- gue, leite aquoso, pus); inflamação no
mento de acordo com os resultados úbere (inchaço, vermelhidão, aumento
da cultura microbiológica realizada na de temperatura) e alterações sistêmi-
fazenda, descrito anteriormente. cas (apatia, desidratação, anorexia, fe-
Grau 2: Presença de alterações visí- bre), os animais são tratados da seguinte
veis no leite (grumos, sangue, leite aquo- forma:
so, pus) e inflamação no úbere (inchaço, • Antibioticoterapia intramamária:
vermelhidão, aumento de temperatura): Iniciar o tratamento do quarto ma-
• Antibioticoterapia intramamária: mário afetado imediatamente após
Seguir as recomendações de trata- o diagnóstico. NÃO ESPERAR o re-
mento de acordo com os resultados sultado da cultura para direcionar o
da cultura microbiológica realizada na tratamento.
13. Manejo sanitário 87
• Anti-inflamatório e após limpeza da feri-
Úlcera de úbere
antibiótico sistêmi- da com água e sabão,
(Ferida de verão) ...
co: Tratar imediata- duas vezes ao dia, até a
aplicação tópica de
mente. Utilizar a base completa cicatrização
organofosforados, após
recomendada pelo da lesão. Para evitar
limpeza da ferida com
médico veterinário recidivas, esse trata-
água e sabão, duas vezes
responsável. mento é associado à
ao dia, até a completa
• Fluidoterapia oral: aplicação sistêmica de
cicatrização da lesão...
Fornecer 20 L de soro anti-helmínticos.
e aplicação sistêmica de
oral para animais adul-
anti-helmínticos. Retenção de
tos (Tab. 4), via sonda
orogástrica. O forne- placenta
cimento do soro em balde pode não
Os protocolos são variáveis em fa-
ser eficaz, especialmente nos casos em
zendas. Na FEPHB, considera-se reten-
que os animais já estão mais apáticos,
ção de placenta a não expulsão da pla-
e não consomem por vontade própria.
centa e de seus anexos em até 24h após
o parto.
Úlcera de úbere A escolha das vacinas O responsável pelo
(Ferida de está relacionada aos exame clínico, se cons-
verão) desafios sanitários da tatar sinais de desidra-
Os resultados dos propriedade, às vacinas tação, procede com
tratamentos são variáveis obrigatórias e ao objetivo a fluidoterapia oral,
quanto à eficácia e ao da fazenda. conforme descrita na
tempo de duração, por- Tab.4. O tratamento
tanto não há padrão-ouro para o trata- à base de fármacos é iniciado segundo
mento da lesão. A FEPHB trabalha com indicação do veterinário, após confirma-
aplicação tópica de organofosforados, ção do quadro e aferição da temperatura

Tabela 4: Composição e quantidade correta de cada componente para produção


de 20 L de soro oral para animais adultos.

Componentes Quantidade (g)


Cloreto de sódio 160
Cloreto de cálcio 10
Cloreto de potássio 20
Propilenoglicol 300 mL

88 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


retal, sendo considerado apenas se hou- temperatura de refrigeração (2°C a
ver hipertermia (> 39,2ºC). 8°C). Assim, na FEPHB, a tempera-
tura da geladeira é monitorada dia-
Calendário de vacinação riamente com auxílio de termômetro
A definição do calendário de vacinas próprio para esse fim;
é realizada juntamente com o médico ve- • Para a vacinação, o material a ser utili-
terinário responsável pela fazenda. A esco- zado é separado previamente: caixa de
lha das vacinas está relacionada aos desa- isopor, agulhas (descartáveis ou não),
fios sanitários da propriedade, às vacinas pistola de aplicação, gelo descartável,
obrigatórias e ao objetivo da fazenda. Na vacina.;
FEPHB são utilizados os calendários de • Durante a vacinação, as vacinas são
vacinação expostos nos quadros 3 e 4.
mantidas dentro da caixa de isopor
com gelo reciclável, para manter a
Pontos importantes
temperatura de refrigeração;
• Vacinação contra febre aftosa: o pe- • É necessário agitar o frasco quando
ríodo de vacinação pode mudar de for utilizar, para homogeneizar todo o
acordo com o proposto anualmente
conteúdo;
pelo Mapa em cada região. Por isso, é
• Sempre é utilizada uma agulha por
preciso estar atento às campanhas de
animal para evitar infecção cruzada
vacinação para saber exatamente o pe-
ríodo de vacinação da sua região. (entre os animais). Em todo caso, ao
• A vacinação contra brucelose deve ser trabalhar com agulhas não descartá-
realizada separadamente de qualquer veis, é importante ter quantidade su-
outra vacina utilizada na propriedade, ficiente de agulhas para permitir que,
por um período mínimo de 30 dias. após o uso, as agulhas sejam fervidas
por 15 min para esterilização, enquan-
Dosagens to agulhas limpas são utilizadas em
• Antes de realizar a vacinação dos ani- outro grupamento de animais;
mais, é preciso verificar, na bula da • Prioriza-se o uso dos frascos por com-
vacina, a recomendação de dosagem, pleto, pois, após abertos, não podem
pois as dosagens e a via de aplicação ser armazenados para reutilização
podem mudar de acordo com a vacina posterior;
utilizada. • Após a vacinação dos animais, todas
as agulhas são novamente esteriliza-
Manejo vacinal das, e é feito desmonte e limpeza da
• As vacinas devem ser mantidas em pistola de aplicação.
13. Manejo sanitário 89
90
Quadro 3: Calendário de vacinação de bezerras e novilhas praticado na FEPHB.
MESES DO ANO
VACINAS
JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Brucelose   X       X       X    
Clostridioses     X X     X X     X X
Raiva     X X     X X     X X
Aftosa         X           X  
IBR/BVD X           X          
Leptospirose X       X       X      

As vacinas de animais jovens só são aplicadas após os 3 meses de idade, exceção para aftosa.

Quadro 4: Calendário de vacinação de animais adultos praticado na FEPHB.


MESES DO ANO
VACINAS
JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Clostridioses             X          

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


Raiva         X              
Aftosa         X              
IBR/BVD X           X          
Leptospirose X       X       X      
14. Manejo de
pastagens
Pamella Grossi de Sousa1 CRMV/Z 2454
Paulo Henrique de Arruda Medeiros2 CRMV MG 16.993
Diogo Gonzaga Jayme3 CRMV-MG 6737
Hilton do Carmo Diniz Neto4 (discente)
Mayara Campos Lombardi5 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho6 CRMV/MG-2335
1
Doutoranda em Nutrição de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutorando em Nutrição de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
3
Professor Associado, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
4
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
5
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
6
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Rotacionado Como mais da metade da metade dos custos da


dos custos da atividade atividade leiteira estão
O fator de maior relacionados à alimen-
importância para o su- leiteira estão relacionados
à alimentação, no tação, no processo de
cesso de um progra- produção do leite, é fun-
processo de produção
ma de suplementação damental que os pastos
do leite, é fundamental
de bovinos a pasto é a que os pastos sejam sejam gerenciados de
qualidade da pastagem, gerenciados de forma forma economicamente
bem como a oferta de economicamente sustentável.
forragem. Como mais sustentável. O sistema de paste-

14. Manejo de pastagens 91


jo rotacionado agrega diversos benefí- produção da fazenda (12 a 24 litros de
cios ao negócio, como: melhor gestão, leite/dia). Além disso, o lote de vacas
redução das perdas de forragem, con- secas e/ou novilhas também permanece
trole sobre a quantidade de forragem no rotacionado, como lote de repasse.
disponível, maiores chances de recu- São 12 ha de rotacionado, sendo 10
peração da planta forrageira devido ao ha de área pastejável e cinco áreas de
período de descanso, pastejo mais uni- descanso, equipadas com bebedouros.
forme, redução de plantas invasoras e A taxa de lotação varia ao longo dos me-
maior estabilidade na produção de leite. ses da estação chuvosa, com média de
Porém, ao mesmo tempo, exige grande 6,5 UA/ha(Gráfico 1).
atenção e dedicação dos colaboradores
e dos técnicos. Manejo do rotacionado
O sistema de pastejo rotacionado de Durante a estação seca, o rotaciona-
capim-elefante da FEPHB foi implan- do é utilizado pelas novilhas, desde que
tando no ano de 1984 e, desde então, tenha oferta de forragem. Em outubro,
é utilizado para as vacas em lactação. início da estação chuvosa em Igarapé–
Com 36 anos de implantação, esse sis- MG, é realizada a roçada do resíduo de
tema tem alcançado altas produções de capim do ciclo de pastejo anterior para
matéria natural e é capaz de sustentar a permitir o rebrote vigoroso de todos os
produção das vacas dos lotes de menor piquetes. A manutenção da roçadeira é

Gráfico 1. Taxa de lotação ao longo dos meses de uso do rotacionado de


novembro de 2017 a abril de 2018, FEPHB.
92 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Figura 47: Início do crescimento do capim-elefante após a roçada e antes da primeiraadubação.

devido ao excesso de barro. Dessa


forma, é necessário realizar desvio
de enxurradas em locais conhecidos
por acumular água. A manutenção
de corredores é um desafio em toda
fazenda.
Os corredores do rotacionado
devem ser bem planejados para evi-
tar o acúmulo de lama, sem que haja
a nessecidade de cobrir com cascal-
ho (extremamente prejudicial aos
Figura 48: Importância da manutenção da roçadeira. Nos cascos dos animais). Vários fatores
dois círculos são touceiras do mesmo piquete que terão podem influenciar o acúmulo de
desenvolvimento completamente diferente. O círculo
amarelo é uma touceira que nunca vai atingir seu máxi- lama: mal dimensionamento do cor-
mo de produção e terá a estrutura prejudicada até o final redor, excesso de utilização do mes-
do ciclo de uso do rotacionado, em comparação com a mo corredor, excesso de chuvas ali-
touceira do círculo verde.
ado à falta de drenagem, localização
fundamental para a realização de corte do corredor no terreno, declividade
homogêneo da forragem nos piquetes. do corredor, tipo de solo, entre outros. Por
isso, há necessidade de inclusão de corre-
Em seguida, é necessário realizar a ma-
dores acessórios para não
nutenção dos corredores
sobrecarregar os corre-
para que não ocorram Durante a estação seca, dores principais. Porém,
problemas futuros, como o rotacionado é utilizado cada planejamento de
o aumento do índice de pelas novilhas, desde que rotacionado tem a sua
claudicação no rebanho
tenha oferta de forragem. particularidade.
14. Manejo de pastagens 93
Figura 49: Na imagem A, pode-se observar um corredor em boas condições de manutenção, enquanto
o corredor da imagem B encontra-se com excesso de lama.

cessário verificar toda a extensão da


cerca, a fim de descobrir o ponto que
está “roubando” carga. A FEPHB ad-
quiriu, recentemente, um voltímetro
para medir a voltagem e identificar
pontos de “roubo” de carga ao longo
de toda a instalação. Com o auxílio
desse aparelho, o circuito foi comple-
tamente reformulado.
Na Figura 51, está representa-
do o novo circuito, onde o ponto
Figura 50: Voltímetro utilizado na fazenda para manuten- vermelho ( ) representa a localiza-
ção e acompanhamento da cerca elétrica.
ção do eletrificador; as linhas azuis
Outro fator de extrema relevância no
( ) representam a rede principal que
manejo de piquetes rotacionado é a manu-
sai do aparelho; as linhas verdes ( ),
tenção da cerca elétrica. Em todo início de a rede secundária, alimentada pela rede
ciclo do uso do rotacionado é feita confe- principal; as linhas amarelas ( ) re-
rência e manutenção da condição da cerca presentam as pontes entre as redes; as li-
elétrica (arames, esticadores, isoladores, nhas vermelhas ( ), a localização das
postes, entre outros). porteiras dos piquetes; as linhas rosas
A próxima etapa é a conferência da ( ) sobrepõema rede subterrânea; a
voltagem da cerca elétrica, sendo de 3,5 linha branca ( ) representa a cerca de
kVo mínimo necessário para impedir que arame farpado; e os pontos pretos ( ) re-
os animais entrem em outros piquetes. Se presentam os pontos em que o circuito
a voltagem estiver abaixo desse valor, é ne- acaba e está devidamente isolado.
94 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Figura 51: Novo circuito da corrente elétrica do rotacionado, FEPHB.

A B C

D E F

Figura 52: Fotos tiradas durante a manutenção da cerca, onde é possível verificar vários problemas.
Os erros são os seguintes: A– mistura de arames que não permite saber em qual direção estão se
deslocando as cargas, além do encontro de cargas; B– capim alto encostando na cerca, considerado
uma fonte de “roubo” de cargas, quando o sistema elétrico não foi bem elaborado e/ou quando o
eletrificador não for adequado; C– restos de arames pendurados na cerca, considerados uma fonte de
“roubo” de cargas; D– arame enrolado fazendo a ligação entre o polo positivo e o negativo da cerca;
E– esticador oxidado, considerado uma fonte de “roubo” de cargas; F– poste quebrado.

14. Manejo de pastagens 95


Máxima atenção é com o vigor das plantas
Após o início do
dada para que não haja fe- e com a quantidade de
crescimento do capim,
chamento do circuito, ou chuvas, recomendadas
quando as touceiras já
seja, para que não ocorra por profissional devida-
possuem folhas, e após
conflito na direção da pas- mente capacitado. Além
as primeiras chuvas,
sagem das cargas. Por isso, disso, é realizada análise
realiza-se a primeira
é importante finalizar o
adubação dos piquetes... de solo antes do período
circuito com um isolador. de uso do rotacionado,
Outro fator relevante é para que os demais nu-
não utilizar metais diferentes nos arames trientes sejam supridos de acordo com a
(por exemplo, arame galvanizado com necessidade do solo.
arame cobreado), pois causa oxidação dos Geralmente são feitas três adubações
metais e torna-se um local de roubo de ao longo do ciclo de uso do pastejo, a fim
cargas. Materiais de melhor qualidade e de repor os nutrientes que foram retirados
mais resistentes reduzem custos com ma- pelo pastejo das vacas. Porém, essas adu-
nutenções frequentes. bações variam de acordo com a pluviosi-
Após o início do crescimento do ca- dade e com o número de animais sobre o
pim, quando as touceiras já possuem fo- rotacionado.
lhas, e após as primeiras O acompanhamen-
chuvas, realiza-se a primei- Geralmente são feitas três to do desempenho dos
ra adubação dos piquetes, adubações ao longo do animais é necessário
importante para maxi- ciclo de uso do pastejo, a para ajuste do manejo
mizar o crescimento do fim de repor os nutrientes nutricional e verificação
capim. A adubação nitro- que foram retirados do manejo do rotacio-
genada é feita com ureia pelo pastejo das vacas. nado. Dessa forma, é
ou nitrato de amônio, de Porém, essas adubações realizada a pesagem de
acordo com a disponibili- variam de acordo com todos os animais antes,
dade do adubo na fazenda. a pluviosidade e com o durante e após o uso do
Já a adubação potássica, é número de animais sobre rotacionado (início da
feita com cloreto de po- o rotacionado. estação seca).
tássio. É importante res- O treinamento do
saltar que a adubação é realizada somente colaborador que ficará responsável pelo
após as primeiras chuvas e, de preferência, manejo diário do rotacionado é feito anu-
com previsão de chuva no dia da aduba- almente. No início do ciclo de uso do ro-
ção. As doses de nitrogênio (N) e potás- tacionado (primeiro mês), é importante
sio (K) variam de 50 kg a 100 kg de N/ que o técnico visite a fazenda duas vezes
ha e de 50 kg a 100 kg de K/ha, de acordo por semana, para acompanhar o cresci-

96 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


mento do capim e para auxiliar o colabo- ideal de pastejo com 7 dias e outros com
rador em casos de dúvidas. O responsável 26 dias. Por isso é importantea visita do
escolherá os piquetes que serão utilizados responsável semanalmente para verificar o
semanalmente, atribuindo notas de es- escore de entrada e saída necessário para
core de entrada e de saída para todos os escolher os próximos piquetes a serem uti-
piquetes do rotacionado, o que será expli- lizados durante a semana.
cado detalhadamente adiante. Além dis- Em relação ao escore de entrada, a
so, também é verificada semanalmente a avaliação se baseou na altura de entrada do
voltagem da cerca elétrica, para garantir o capim e na estrutura do pasto. Como a for-
funcionamento do rotacionado. rageira é o capim-elefante, a altura de en-
Cada piquete do rotacionado tem pe- trada foi padronizada em 1 metro, aliada à
ríodo de ocupação de 1 dia, sendo as vacas estrutura do pasto (relação folha:colmo),
em lactação o primeiro lote a entrar e per- para determinar quais piquetes serão utili-
manecer por 12 horas. Após a mudança zados. Essa metodologia foi desenvolvida
de piquete das vacas em lactação, o segun- pelo grupo de Forragicultura e Alimentos
do lote (vacas secas) entra para realizar o da EV–UFMG, de forma que as notas de
repasse durante as próximas 12 horas. O escore de entrada dos piquetes varia de 1
repasse é utilizado para controlar a altura a 3: 1 – piquete não atingiu a altura ade-
de resíduo da forrageira, para que não seja quada para entrada; 2– piquete está no
necessário realizar a roçada e não seja des- ponto ótimo de crescimento, devendo
perdiçado capim. Dessa forma, o controle ser escolhido com prioridade em relação
da altura de saída é realizado pelas vacas aos demais; e 3– piquete passou do ponto
de repasse, enquanto as vacas em lactação de entrada e sua estrutura acumulou mais
(maior exigência) realizam o desponte da colmo, que não é interessante para produ-
forrageira. ção de leite.
Devido ao tamanho do rotacionado, É importante ressaltar que os pique-
existe grande diferença entre crescimen- tes de escore 2 devem ter prioridade
to do capim nos piquetes, que varia com de uso sobre os piquetes de escore 3,
a fertilidade do solo e a pois, caso contrário,
localização do piquete no ...os piquetes passados o piquete de escore
terreno. Logo, não exis- deverão ser pastejados 2 também vai passar
te tempo fixo para que pelo lote de menor do ponto de entrada,
cada piquete recupere a exigência (lote de e os animais só irão se
sua produção e possa ser repasse) durante um alimentar de material
pastejado novamente, tempo maior (mais que de menor qualidade.
ou seja, existem piquetes 12 horas) para controlar Dessa forma, os pi-
que atingem a condição a altura novamente. quetes passados deve-
14. Manejo de pastagens 97
Figura 53: Escore de entrada 1 (pasto baixo). Pode-se observar que a estrutura da forragem está exce-
lente, ou seja, alta relação folha:colmo, porém a forrageira não atingiu a altura adequada para entrada
dos animais. Fotos: Paulo Henrique A. Medeiros.

Figura 54: Escore de entrada 2 (ideal). Pode-se observar que a estrutura da forragem continua exce-
lente, ou seja, alta relação folha:colmo, agora com altura adequada para entrada dos animais. Fotos:
Paulo Henrique A. Medeiros.

Figura 55: Escore de entrada 3 (passado). Pode-se observar que a estrutura da forragem está ruim, com
baixa relação folha:colmo, com altura acima da adequada. Fotos: Paulo Henrique A. Medeiros.

98 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


rão ser pastejados pelo nutritivo da planta irá
...após a redução da
lote de menor exigên- piorar devido ao pos-
produtividade do pasto
cia (lote de repasse) terior alongamento de
(meados de janeiro e
durante um tempo colmo.
início de fevereiro em
maior (mais que 12 As metodologias
Igarapé, MG), é comum
horas) para controlar de escore foram de-
não ser usado repasse.
a altura novamente. senvolvidas para faci-
Em relação às no- litar o trabalho do téc-
tas de escore de saída dos piquetes, nico e do colaborador, uma vez que
estas são baseadas na massa residual não é necessário medir a altura de to-
de forragem: 1 – sobraram poucas dos os piquetes todos os dias. Porém,
folhas de resíduo, ou seja, o rebrote para o treinamento do colaborador,
da planta está prejudi- é importante realizar
cado; 2 – resíduo ide- as medições de altura
As metodologias
al (próximo de 20%), para treinar o “olho”,
de escore foram
essa meta de resíduo para que ele seja capaz
desenvolvidas para
é baseada na necessi- de olhar a estrutura do
facilitar o trabalho do
dade de área foliar su- pasto e associar com
técnico e do colaborador,
ficiente para a planta a altura e o momen-
uma vez que não é
realizar fotossíntese to certo em que deve
necessário medir a altura
e rebrotar; e 3– resí- colocar os animais no
de todos os piquetes todos
duo muito alto, com piquete.
os dias.
muitas folhas: o valor É bom lembrar que

Figura 56: Escore de saída 1 (poucas folhas). Pode-se observar que o resíduo foi inferior a 20%, causan-
do problema no rebrote do capim. Nas fotos, podem-se observar diferentes alturas de colmo; isso é
normal de acontecer ao longo da estação chuvosa, porém deve-se frear ao máximo esse alongamento
de colmo. Fotos: Paulo Henrique A. Medeiros.

14. Manejo de pastagens 99


Figura 57: Escore de saída 2 (resíduo de folhas ideal). Pode-se observar que o resíduo foi próximo a
20%, o que irá permitir bom rebrote do capim. Fotos: Paulo Henrique A. Medeiros.

Figura 58: Escore de saída 3 (resíduo com muitas folhas). Pode-se observar que o resíduo está muito
alto, ou seja, superior a 20%. Isso irá prejudicar o valor nutritivo da planta, devido ao posterior alonga-
mento de colmo. Fotos: Paulo Henrique A. Medeiros.

a utilização de lote de repasse varia te a fazenda possuir área de escape


com o crescimento do pasto, ou seja, (pulmão), que será utilizada pelos
se após a saída das vacas em lactação animais de repasse quando forem re-
o pasto estiver no escore de saída 2, tirados do rotacionado. Na FEPHB,
não existe a necessidade de colocar a área de escape utilizada pelos ani-
repasse nos piquetes. Assim, após a mais é um rotacionado de Brachiaria
redução da produtividade do pasto brizantha cv. Marandu.
(meados de janeiro e início de fe- O planejamento semanal de en-
vereiro em Igarapé, MG), é comum trada nos piquetes é descrito da se-
não ser usado repasse. Portanto, para guinte forma: a data e o turno (dia
utilizar o lote de repasse, é importan- ou noite) de entrada, o número do
100 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
piquete e o lote que entrará. Durante
a época de uso do rotacionado com
o lote de repasse, escolhem-se 14 pi-
quetes para serem utilizados ao lon-
go do repasse, uma vez que o lote de
lactação muda de piquete a cada 12
horas. Quando é retirado o lote de
repasse, é necessário o acompanha-
mento do técnico responsável para
decidir se as vacas em lactação per-
manecerão no piquete por 12 ou 24
horas, de acordo com a taxa de cres-
cimento da forrageira, o número de
animais em lactação, a pluviosidade
e a produção dos animais. Depois, é
entregue ao colaborador o planeja-
mento, para ser consultado ao longo
da semana, com a ordem de entrada
nos piquetes.

14. Manejo de pastagens 101


15. Produção de
silagem de milho

Isabella Hoske Gruppioni Côrtes1 CRMV MG 17.177


João Carlos de Freitas Alves2 (discente)
Diogo Gonzaga Jayme3 CRMV-MG 6737
Hilton do Carmo Diniz Neto4 (discente)
Mayara Campos Lombardi5 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho6 CRMV/MG-2335
1
Doutoranda em Nutrição de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Mestrando em Nutrição de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
3
Professor Associado, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
4
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
5
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
6
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

Preparo e ... o cultivo mínimo maior exposição do solo


manejo do solo apresenta vantagem e favorece a ocorrência
sobre o preparo de processos erosivos.
O preparo do solo
convencional. No cultivo Dessa forma, o cultivo
pode ocorrer de duas
maneiras: por preparo mínimo, o solo, em mínimo apresenta van-
convencional ou por tese, permanece sempre tagem sobre o preparo
cultivo mínimo. O pre- coberto, quer seja por convencional. No culti-
paro convencional do plantas de cobertura, vo mínimo, o solo, em
solo, mesmo que bem quer seja por cobertura tese, permanece sempre
conduzido, resulta em morta. coberto, quer seja por
102 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
plantas de cobertura, quer seja por co- metro de altura e deixando-o cair ao
bertura morta. Na FEPHB, realiza-se o chão. A classificação é feita da seguinte
preparo do solo por cultivo mínimo. forma:
• quando o torrão se desfaz semelhan-
Preparo convencional temente a uma explosão, em que os
Caracteriza-se pelo revolvimento do fragmentos são lançados a grandes
solo e visa controlar as plantas daninhas distâncias, significa que o solo está
e descompactar o solo. Quando o solo muito seco;
está compactado em camadas profun- • quando o torrão não se desfaz ou se
das (40 cm a 60 cm), é possível realizar desmancha muito pouco, isso signifi-
a subsolagem. Porém, é uma operação ca que o solo está muito úmido;
de custo elevado, utilizada em casos • quando o torrão se desfaz e lança
extremos. fragmentos a curtas distâncias, o solo
Os arados e as grades aradoras re- está com umidade próxima do ideal
viram a leiva do solo, expõem as raízes almejado, podendo ser arado e/ou
das plantas daninhas ao gradeado.
sol e promovem con- Caracteriza-se pelo O preparo conven-
trole eficiente dessa po- revolvimento do solo e cional de solo é inicia-
pulação. Tanto o arado visa controlar as plantas do ao final do período
quanto a grade aradora daninhas e descompactar chuvoso, de acordo com
são bem regulados para o solo. as recomendações do
serem utilizados de for- responsável. A quanti-
ma correta e com acompanhamento dade e o tipo das plantas daninhas são
do responsável pelo setor. A realização fatores que determinam o início das
dessas operações sem acompanhamen- operações. Os solos que apresentam alta
to e critério pode causar compactação diversidade e quantidade de plantas da-
e favorecer o surgimento de processos ninhas são preparados ao fim das águas
erosivos no solo. para reduzir o banco de sementes. Altas
O preparo do solo é feito no solo densidades de plantas requerem outra
com 30% de umi-
dade. De forma
prática, o teor de
umidade pode ser
avaliado erguendo-
-se um grande tor-
rão de solo a apro-
ximadamente 1,5

15. Produção de silagem de milho 103


revirada da leiva do solo é feito apenas nas linhas
No plantio direto,
dias antes do plantio. de plantio. No cultivo
a interferência nas
Essa operação visa fa- camadas do solo acontece mínimo, as plantas in-
vorecer as condições de vasoras são controladas
apenas nas linhas de
infiltração de água e de plantio. por meio de manejo in-
germinação, bem como tegrado. A presença de
fornecer condições para a planta comer- plantas de cobertura é um forte aliado e
cial, dificultando o estabelecimento das o uso de herbicidas é uma das ferramen-
plantas daninhas. tas de manejo.
A primeira gradagem é associada Para a realização de plantio direto do
com a aplicação e a incorporação de cal- milho para silagem, é realizado o preparo
cário, quando necessário, e as gradagens convencional no primeiro ano, necessário
subsequentes são realizadas próximo ao para a incorporação de calcário em profun-
dia de plantio, para reduzir o banco de didades maiores, a fim de neutralizar o alu-
sementes de plantas daninhas presentes mínio e fornecer cálcio e magnésio para as
no solo. raízes. Além disso, esse processo permite o
nivelamento do solo, e assim, o maquinário
Cultivo mínimo pelo plantio de plantio não sofre grandes oscilações, o
direto que resulta em um plantio mais uniforme.
No plantio direto, a interferência A matéria orgânica do solo é importan-
nas camadas do solo acontece apenas te para manutenção da fertilidade e estrutu-
nas linhas de plantio. O cultivo míni- ração do solo. Sua quantidade e qualidade
mo visa ao mínimo de revolvimento e devem ser avaliadas e, se possível, melho-
de exposição do solo. O revolvimento radas. Assim, a manutenção e a melhoria
da matéria orgânica do solo podem
ser realizadas com a rotação de cul-
turas e/ou a utilização de mix de
plantas de cobertura (leguminosas e
gramíneas).
A cobertura vegetativa mini-
miza o impacto da gota de chuva
nas camadas superficiais. No en-
tanto, em áreas de declividade su-
perior a 3%, as técnicas mecânicas
de conservação de solo e água são
Figura 59: Representação de plantio direto de uma
necessárias, sendo a principal de-
das lavouras da FEPHB. las o terraceamento.
104 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Os terraços são es- dependentes da ade-
Os terraços são
truturas físicas dispostas quação do material à
estruturas físicas
em sentido perpendicu- região de implantação
dispostas em sentido
lar à inclinação do ter- da lavoura, do poten-
perpendicular à
reno, que servem como cial produtivo, do valor
inclinação do terreno, que
barreiras ao escoamento nutritivo do material e
servem como barreiras ao
superficial da água de da resistência a pragas
escoamento superficial da
chuva. Caracterizam-se e a doenças.
água de chuva.
por estruturas construí- Porém, a escolha
das em nível, que redu- do melhor material dis-
zem o escoamento superficial e promo- ponível no mercado não é garantia de
vem infiltração de água no solo: bons resultados. Outros aspectos im-
• terraços de base larga: construídos pactam diretamente na produção da
em terrenos de até 4% de declividade, silagem, como tratos culturais, proces-
com a utilização de samento, conservação e
grades terraceadoras; A escolha do híbrido desabastecimento.
• terraços de base mé- de milho é a principal A produtividade
dia: construídos em decisão de manejo no total de matéria seca,
terrenos de até 12% processo de confecção de o teor de amido, o teor
de declividade; e silagem. de fibra em detergente
• os de base estreita: neutro e a digestibilida-
construídos em locais com até 18% de de desses constituintes são fatores leva-
declividade, utilizando-se arados. dos em consideração, pensando na pro-
Os terraços podem ser construídos dução de alimento de boa qualidade. No
em locais com cobertura de solo, como entanto, outros aspectos também são
em pastagens, porém o momento
ideal de construção é logo após as
operações de gradagens, com boa
umidade no solo.

Escolha do híbrido de
milho
A escolha do híbrido de mi-
lho é a principal decisão de ma-
nejo no processo de confecção
de silagem. Os resultados obti-
dos na silagem são totalmente Figura 60: Matéria orgânica do solo no plantio direto.

15. Produção de silagem de milho 105


levados em consideração, como a altura visa ao controle de pragas iniciais da
de planta, o ciclo do híbrido (precoce, cultura, como coros, percevejos e ou-
tardio), o número de espigas na planta, tros. Assim, o monitoramento de pragas
iniciais é realizado
a partir do dia de
plantio, com ava-
liação de alguns
aspectos: tempo
de germinação das
plântulas, condição
das plantas emer-
gidas e ataque de
pragas. A ocorrên-
cia dos inimigos
naturais das pragas
deve ser favoreci-
o comprimento de espigas e a profundi- da. Apenas quando as pragas atingirem
dade de grãos, bem como a resistência o nível de dano econômico, as técnicas
ao tombamento, a pragas e a doenças. de controle devem ser implementadas, a
Assim, o melhor híbrido é aque- fim de evitar problemas com resistência
le que mais se adapta à a pesticidas. O controle biológico deve
região de condução da ser sempre preconiza-
O tratamento das do, e, por fim, se neces-
lavoura, em termos de
sementes antes do plantio sário, o controle quími-
clima e altitude, que me-
visa ao controle de pragas co dessas pragas.
lhor se ajusta à realidade
iniciais da cultura, como O controle de plan-
tecnológica da fazenda e
coros, percevejos e outros. tas daninhas é criterio-
que corresponde aos ob-
jetivos de produção. Cada propriedade so e realizado na jane-
apresenta a sua realidade, e mais im- la de controle. A eficácia das medidas
portante é a avaliação de cada fazenda de controle depende de a intervenção
de forma particular, ade- ocorrer no momento
ideal de desenvolvi-
quando cada material a A eficácia das medidas
mento da planta dani-
cada realidade. de controle depende de
nha. De forma geral, o
a intervenção ocorrer
Tratos culturais momento ideal é quan-
no momento ideal de
do as plantas apresen-
O tratamento das se- desenvolvimento da
tam dois ou três pares
mentes antes do plantio planta daninha.
106 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
de folhas desenvolvidas. gênio, potássio, fós-
A aplicação de
A identificação do gêne- foro, enxofre, cálcio e
herbicidas, fungicidas e
ro e da espécie das plan-
bactericidas nas plantas magnésio. A adubação
tas daninhas é essencial potássica é realizada
é a etapa decisiva na
para adoção das medi- até o estágio fenológi-
condução da lavoura.
das corretas de controle, co V6, e a nitrogena-
que são muito variáveis. da finalizada antes do
A ocorrência de doenças também é mo- florescimento.
nitorada, e o controle é definido pelo A recomendação da adubação é ba-
responsável. seada na análise de solo. Normalmente,
A aplicação de herbicidas, fungici- para silagem, as quantidades de nitro-
das e bactericidas nas plantas é a etapa gênio e potássio são altas, o que muitas
decisiva na condução da lavoura. As vezes requer o parcelamento dessas do-
operações de aplicação precisam ser rea- sagens. Altas doses de potássio no plan-
lizadas em momentos de ventos fracos e tio podem salinizar as sementes e causar
temperatura amena, a fim de evitar deri- falhas de germinação.
vas e maximizar a absorção do produto A adubação potássica em cober-
pelas plantas. tura pode ser aplicada em totalidade.
O volume da calda e a calibração Em contrapartida, a adubação nitro-
dos equipamentos de aplicação são fei- genada de cobertura é parcelada, e
tos de acordo com a recomendação do não pode exceder 100 kg de nitrogê-
fabricante do produto. nio por hectare por aplicação. O mo-
• O uso de equipamento de proteção mento dessas adubações de cober-
individual (EPI), tanto pelos ope- tura é muito variável, mas deve estar
radores de máquinas, quanto pelos concluído antes do florescimento das
ajudantes de operação, é obriga- plantas.
tório. O descarte das embalagens
utilizadas é precedido de tríplice Momento de colheita
lavagem. O momento de co-
As adubações de Pode-se avaliar o lheita da planta intei-
cobertura normal- momento de colheita de ra de milho é um fator
mente são necessárias, duas formas no campo: de grande impacto na
uma vez que plan- determinação do teor de qualidade fermentativa
tas de milho extraem matéria seca da planta da silagem de milho e
grandes quantidades inteira ou avaliação da consequente conserva-
de nutrientes do solo, linha do leite do grão de ção do material colhido,
principalmente nitro- milho. pois impacta no teor de

15. Produção de silagem de milho 107


matéria seca e no valor nutricional da da silagem entre 32% e 36% de matérias
silagem. Pode-se avaliar o momento de seca.
colheita de duas formas no campo: de- No dia da colheita, é feita colheita
terminação do teor de matéria seca da de material para a determinação do teor
planta inteira ou avaliação da linha do de matéria seca, a fim de estimar a pro-
leite do grão de milho. dutividade de matéria seca do material e
Alto rendimento de matéria natural, auxiliar a regulagem do implemento de
bom valor nutritivo e boas característi- corte.
cas do material para ensilagem são al-
cançados quando o teor de matéria seca Tamanho de partícula e
do material varia de 31% a 42%. processamento da fibra
A linha do leite é a zona de separação O tamanho de partícula é uma eta-
entre a porção branca e pastosa próxima pa fundamental para se obter o máxi-
ao sabugo e a porção sólida do amido mo do aproveitamento do alimento
na extremidade do grão. pelos animais, bem
Para avaliar a linha do A recomendação usual é como silagem de alta
leite do grão de milho, obter tamanho médio de qualidade e bem con-
são escolhidos diferentes partículas, entre 1 cm a 2 servada. A recomen-
pontos da lavoura para cm no máximo. dação usual é obter
avaliar as espigas. Nas es- tamanho médio de
pigas selecionadas, cortam-se os grãos partículas, entre 1 - 2 cm.
pela metade para se verificar o quanto Na prática, boa qualidade de corte
o grão secou. Há grande variação entre da planta inteira é obtida com afiação
espigas, portanto avaliam-se espi- frequente das facas durante todo o pro-
gas de diferentes pontos da lavou-
ra, evitando-se as extremidades da
lavoura.
O ideal é iniciar a colheita
quando a linha do leite correspon-
de a um pouco mais da metade do
grão de milho, sem passar de 2/3,
para que a linha não ultrapasse 3/4
do grão ao final da colheita. Desta
forma, é possível alcançar uma si-
lagem com bom valor nutritivo e
boa conservação. A linha do leite Figura 61: Demonstração do limite da linha do leite no
nessa recomendação dá um valor grão de milho.
108 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
Processamento de
grãos
O processamento do grão de
milho de forma adequada é impor-
tante para aumentar o aproveita-
mento pelo animal e evitar perdas
pelas fezes. Um método simples e
fácil de avaliar o nível de proces-
samento de grãos durante o pro-
cesso de ensilagem é a contagem
Figura 62: Tamanho de partícula de silagem de milho (1 da quantidade de grãos inteiros
- 2 cm). na silagem. É possível contar esses
cesso de ensilagem (duas a três vezes por grãos inteiros em um volume co-
nhecido de silagem (500 g). Para facilitar
dia), aproximação de facas e contrafacas
a contagem dos grãos de milho, realiza-se
(0,5 mm), avaliação dos desgastes de
a separação hidrodinâmica. A técnica con-
contrafacas, ajuste no corte de acordo
siste em colocar um volume conhecido de
com o teor de matéria seca no momento silagem em um recipiente com água para
da ensilagem e monitoramento do pro- separar os grãos densos da fração vegetati-
cesso pela eficiência na quebra do grão e va menos densa. Posteriormente, os grãos
no corte da planta. inteiros são separados manualmente dos
Regulagem de acordo com grãos visíveis danificados.
maquinário: A avaliação da presença de grãos
• ensiladeira convencional: 7 - 15 mm; inteiros na silagem durante a ope-
• autopropelida: 16 - 22 mm; ração de colheita direciona a regu-
• Shredlage: 26 - 28 mm. lagem e o ajuste do maquinário, de
É importante lembrar que o maqui- forma que, depois da colheita, essa
nário de escolha para colheita deve ser informação tem pouco impacto na
correção de proble-
aquele que mais se ajusta
Um método simples e mas. Entretanto, tal
ao sistema de produção
dado pode auxiliar o
de cada propriedade e fácil de avaliar o nível de nutricionista a avaliar
que a regulagem do ma- processamento de grãos
durante o processo de o potencial de apro-
quinário de corte sem-
pre deve ser ajustada
ensilagem é a contagem veitamento do amido
da quantidade de grãos e a realizar possíveis
para o teor de matéria ajustes na dieta.
inteiros na silagem.
seca do material colhido. O processamento
15. Produção de silagem de milho 109
do grão é impactado pelo do é uma silagem que,
A recomendação usual
teor de matéria seca do após a abertura do silo,
é cortar o milho a 20
material, pela dureza do pode resultar em al-
cm de altura do chão.
endosperma do milho e tas concentrações de
Porém, visando à
pelas condições do equi- micotoxinas.
obtenção de material
pamento de colheita. A recomendação
de melhor qualidade,
As silagens de alto teor usual é cortar o milho
há a recomendação da
de matéria seca (>38%) a 20 cm de altura do
elevação da altura de
têm maior resistência ao chão. Porém, visando
corte.
processamento do grão, à obtenção de material
portanto maior cuidado de melhor qualidade,
deve ser dado, principalmente, em co- há a recomendação da elevação da al-
lhedoras convencionais. Nas colhedo- tura de corte. A elevação da altura de
ras com processador de grãos (cracker), corte das plantas determina menor par-
é necessário atentar para o desgaste e a ticipação de folhas e colmos senescen-
distância dos rolos, que deve ser de 2 tes, gerando silagem com menor teor
mm. de FDN e melhor digestibilidade da
FDN. Apesar do melhor valor nutritivo
Altura de corte da silagem, a elevação da altura de corte
A altura de corte determina a parti- resulta em redução do rendimento de
cipação de colmo, de folhas e de espigas matéria seca ensilável.
no produto e no valor nutritivo da sila-
gem e pode ser facilmente manipulada Enchimento do silo e
durante a colheita. compactação
O corte da planta de milho rente ao As etapas de enchimento e compac-
solo não é recomendado, pois há a par- tação do silo visam retirar o ar remanes-
ticipação de maior proporção de colmo cente na massa, garantindo a anaerobio-
e de porções extremamente lignificadas. se (ausência de oxigênio), fundamental
O resultado é silagem para o processo fer-
de baixa digestibilidade As etapas de enchimento mentativo. A velocida-
da FDN. Além disso, no e compactação do de de enchimento e a
corte rente ao solo, pode silo visam retirar o ar densidade da forragem
ocorrer a contaminação remanescente na massa, no silo determinam a
da silagem com torrões garantindo a anaerobiose quantidade de oxigê-
de terra, que aumentam (ausência de oxigênio), nio residual na massa
a população de fungos fundamental para o ensilada. Esses fatores
do material. O resulta- processo fermentativo. influenciam a qualida-

110 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


de final e as perdas durante a fase de fer- O tempo de compactação deve ser
mentação e de desabastecimento. de 1 a 4 min/t de forragem ou 1 a 1,2
A densidade do silo x o turno de colheita. O
pode ser influenciada ideal é que o enchimen-
O principal material
pelos seguintes fatores: utilizado na vedação de to do silo seja concluído
teor de matéria seca, silos é o filme plástico, a em 24–36 horas; o pra-
tamanho de partícula, fim de proteger a silagem zo máximo para enchi-
altura da camada distri- contra a água e o O2 mento é de 5 a 6 dias.
atmosférico. O peso do trator ou
buída, peso do veículo
do equipamento que
utilizado na compac-
exerce a compactação deve ser igual ou
tação e altura do silo. A distribuição
superior a 40% da massa ensilada de
das cargas de forragem é realizada de
forragem que chega ao silo por hora de
forma organizada, oblíqua, em forma- trabalho efetiva.
to de cunha, para facilitar a subida do
trator e a consequente compactação. Vedação
A espessura da camada distribuí-
A contribuição mais expressiva da
da não deve dificultar a compactação,
etapa de vedação do silo está em evitar
devendo estar entre 15 e 30 cm. A uti- a penetração de ar do ambiente externo
lização de lâminas nos veículos que efe- para o interior durante o período de ar-
tuam a compactação facilita o processo. mazenamento do material. O principal
Deve-se obedecer ao intervalo de des- material utilizado na vedação de silos é
carregamento das cargas de forragem o filme plástico, a fim de proteger a si-
para que se dedique tempo à compacta- lagem contra a água e o O2 atmosférico.
ção da massa. A espessura do filme plástico, sua inte-
gridade e a sua firmeza nas bordas
são fatores importantes a serem
observados na etapa de vedação.
• Utilizar lona plástica (de prefe-
rência as de dupla face) com es-
pessura superior a 200µ.
• Dar preferência para as lonas
com face branca, deixando-a
sempre para cima, de forma que
o sol possa ser refletido, e evitar
o superaquecimento do silo.
Figura 63: Compactação da silagem com trator. FEPHB. • Cavar uma vala ao redor do silo,
15. Produção de silagem de milho 111
durante a fase de desabastecimen-
to do silo são tão importantes
quanto as alterações que podem
ocorrer nas demais fases. Uma
vez que o silo é aberto, perde-se a
condição de anaerobiose e a massa
torna-se potencialmente instável.
As zonas periféricas do silo
são as mais susceptíveis à deterio-
ração, pois têm maior penetração
de ar em razão da menor compac-
Figura 64: Vedação do silo com lona plástica de dupla
tação. Após a abertura, o painel
face, branca de 200µ. FEPHB.
do silo deve avançar rapidamente
para enterrar as bordas da lona. para evitar e conter a deterioração
• Cercar os silos com cerca de arame e/ aeróbica. Em regiões de clima tropical
ou tela para proteger a lona de possí- como o Brasil, recomenda-se a retirada
veis animais que possam furá-la. de uma fatia de, no mínimo, 20–30 cm/
• Não abrir o silo antes de 30 dias. Ideal dia ao longo de todo o painel.
esperar pelo menos 60 dias. O tamanho e o dimensionamento
do silo devem ser planejados de acordo
Desabastecimento do silo com a necessidade diária. Essa recomen-
e fornecimento dação parte do pressuposto de que o
Acredita-se que a confecção de sila- oxigênio consegue penetrar pelo menos
gem finaliza com o enchimento e a ve- 1 metro (m) horizontalmente na massa
dação do silo. No entanto, com a aber- ensilada. A silagem de boa qualidade
tura do silo, inicia-se a fermentativa é capaz de
manter sua estabilidade
fase de deterioração ae- Uma vez que o silo
aeróbica por cerca de 5
róbica, que pode ocor- é aberto, perde-se a
rer devido ao desabas- condição de anaerobiose dias. Se for retirada a fa-
tia de pelo menos 20 cm
tecimento ou a danos e a massa torna-se
à lona. Nesta fase, há potencialmente instável. diariamente, o oxigênio
o desenvolvimento de permanece em contato
microrganismos indesejáveis, que po- com a massa ensilada
dem resultar em consumo de nutrientes por até 5 dias, tempo que talvez não seja
da silagem, aumento de pH e tempera- suficiente para início da deterioração ae-
tura da massa ensilada. róbica. A remoção da silagem deve ser
As alterações que podem ocorrer realizada sem grandes perturbações nas
112 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
camadas remanescentes, pois aumenta
o risco de deterioração aeróbica.
É importante acompanhar a taxa de
retirada do painel para se ter ideia se o
dimensionamento do silo está adequa-
do para o tamanho do rebanho. Uma
forma de avaliar a taxa de retirada ou o
avanço do painel é marcar no silo e ver
quantos metros o painel avança ao final
de uma semana, ou monitorar a quan-
tidade que se gasta por dia em relação
à área. Se houver presença de porções
com mofos, bolores, coloração muito
escura e cheiro desagradável, estas de-
vem ser descartadas.
A quantidade de silagem necessária
para o ano é calculada com base no nú-
mero de animais a serem alimentados,
no período do ano em que se queira
tratar (número de dias) e na quantidade
média de silagem diária gasta em cada
lote.

15. Produção de silagem de milho 113


16. Controle
zootécnico

pichabay.com

Hilton do Carmo Diniz Neto1 (discente)


Mayara Campos Lombardi2 CRMV MG 14.198
Sandra Gesteira Coelho3 CRMV/MG-2335
1
Doutorando em Produção de Ruminantes, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG
2
Doutoranda em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, EV–UFMG
3
Professora Titular, Departamento de Zootecnia, EV–UFMG

O controle zootéc- do sistema, como pro-


O controle é constituído
nico é uma técnica de de anotações sobre dução de leite, data da
gerenciamento funda- todas as ocorrências e inseminação, secagem,
mental em qualquer aspectos importantes nascimento, pesagens,
propriedade de criação dentro do sistema, como doenças e tudo mais que
animal. O controle é produção de leite, data seja passível de anota-
constituído de ano- da inseminação, secagem, ção. É possível a utiliza-
tações sobre todas as nascimento, pesagens, ção de programas como
ocorrências e aspectos doenças e tudo mais que ferramenta para isso, no
importantes dentro seja passível de anotação. entanto, ainda assim, é
114 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021
aconselhável que seja mantido caderno
de anotações, para reverter possíveis

PESO CRIA
erros de preenchimento do sistema ele-
trônico, como é feito na FEPHB. Com
os dados em mãos, podem-se avaliar os
indicadores de desempenho e sucesso

 
 
 
 
 
 
SEXO
da fazenda, bem como ter informações
úteis sobre os pontos que precisam ser

 
 
 
 
 
 
trabalhados. Essas informações são

Nº BEZERRO
fundamentais para a tomada de deci-
sões dos técnicos e dos colaboradores

CONTROLE DE PARTOS
responsáveis.
A FEPHB realiza o controle zoo-

 
 
 
 
 
 
técnico por meio de cadernos de fichas

ECC
exclusivas para cada setor (maternidade,

 
 
 
 
 
 
cria, recria, vacas em lactação, sanidade

PESO DA VACA
e vacas secas) para coleta de informação
de forma prática e segura. Após a coleta
dos dados, as informações são lançadas
em um programa de gerenciamento de
rebanhos (Ideagri). Os dados são avalia-
 
 
 
 
 
 
dos em forma de relatórios, de acordo
TIPO PARTO

com o que é solicitado ao sistema.


Logo abaixo, encontram-se as fichas
SETOR: MATERNIDADE

de controle zootécnico utilizadas na


propriedade.
RESPONSÁVEL:

 
 
 
 
 
 
HORÁRIO

Ressalta-se que estas fichas são


apenas modelos. Cada fazenda deve
criar suas próprias fichas, de acordo
 
 
 
 
 
 

com as particularidades do sistema


DATA

e em conjunto com o responsável


técnico e os colaboradores.
 
 
 
 
 
 

a
Nº VACA
 
 
 
 
 
 

16. Controle zootécnico 115


116
BEZERROS 0–75 DIAS
 
SETOR: CRIA
RESPONSÁVEL:
0–30 DIAS 30–60 DIAS 60–75 DIAS
Nº BEZERRO DATA NASC.
DATA PESAGEM DATA PESAGEM DATA PESAGEM
               
               
               
               
               
               

COLOSTRAGEM
  SETOR: CRIA
RESPONSÁVEL:
Nº BEZERRO DATA HORÁRIO NASC. VOLUME QUALIDADE TIPO HORÁRIO FORN. PT*

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


               
               
               
               
               
               
Legenda: * PT = proteína plasmática
OCORRÊNCIAS DE DOENÇAS
SETOR: SANIDADE
RESPONSÁVEL:
TRATAMENTO
NÚMERO DATA AFECÇÃO ANTIMICROBIANO ANTI-INFLAMATÓRIO
FLUIDOTERAPIA
BASE APLICAÇÕES BASE APLICAÇÕES
                           
                           
                           
                           
                           
                           

16. Controle zootécnico


TERAPIA DE VACA SECA
SETOR: VACAS SECAS
RESPONSÁVEL:
ATB* ATB* MASTITE NO LIBERAÇÃO
Nº VACA DATA COLABORADOR SELANTE
INTRAMAMÁRIA SISTÊMICA PERÍODO SECO DO LEITE
               
               
               
               
               
               

117
Legenda: * ATB = antibioticoterapia
118
CONTROLE LEITEIRO
  SETOR: VACAS EM LACTAÇÃO
RESPONSÁVEL:
DATA:
POSIÇÃO Nº VACA MANHÃ TARDE TOTAL OBS.
           
           
           
           
           

CONTROLE DE RESÍDUO DE ANTIMICROBIANO


SETOR: VACAS EM LACTAÇÃO
RESPONSÁVEL:
Nº VACA MOTIVO DATA DE APLICAÇÃO PERÍODO DE CARÊNCIA DATA DE LIBERAÇÃO
         
         

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


         
         
         
         
         
PESAGEM DO REBANHO
  SETOR: BEZERREIRO E RECRIA
RESPONSÁVEL:
Nº ANIMAL DATA PESAGEM OBSERVAÇÃO
       
       
       
       
     

CONTROLE DE BAIXAS DO REBANHO

16. Controle zootécnico


  SETOR: VACAS EM LACTAÇÃO
RESPONSÁVEL:
Nº ANIMAL DATA MOTIVO BAIXA DESTINO
       
       
       
       
       
       

119
120
INSEMINAÇÃO
SETOR: REPRODUÇÃO
RESPONSÁVEL:
NATURAL OU
Nº VACA DATA PESO TOURO COLABORADOR HORA Nº DOSES
PROTOCOLO
               
               
               
               
               
               

VACINAÇÃO DO REBANHO
  SETOR: SANIDADE
RESPONSÁVEL:
Nº ANIMAL DATA APLICAÇÃO VACINAÇÃO NOME COMERCIAL PARTIDA PRÓXIMA APLICAÇÃO
           

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


           
           
           
           
           
FOLHA DO LEITE
  SETOR: VACAS EM LACTAÇÃO
RESPONSÁVEL:
MÊS:
  VOLUME DE LEITE QUALIDADE DO LEITE
DIA PRODUÇÃO BEZERROS DESCARTADO LATICÍNIO CCS CBT PROTEÍNA GORDURA
1                
2                
3                
4                
5                
6                

16. Controle zootécnico


7                
8                
9                
10                
11                
12                
13                
14                
(continua)

121
(continuação)

122
15                
16                
17                
18                
19                
20                
21                
22                
23                
24                
25                
26                
27                
28                
29                
30                

Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 97 - janeiro 2021


31                
TRATAMENTO DE MASTITE CLÍNICA
SETOR: SANIDADE

RESPONSÁVEL:

VACA PLACA

NÚMERO DATA QUARTO GRAU NÚMERO

AE AD HORÁRIO INOCULAÇÃO

PE PD HORÁRIO LEITURA

RESULTADO DA PLACA ( ) COM CRESCIMENTO ( ) SEM CRESCIMENTO

( ) SUPERIOR ( ) AZUL ESCURO ( ) AZUL CLARO ( ) ROXO ( )ROXO CLARO

LADO DO CRESCIMENTO ( ) ESQUERDO ( )ROSA ( ) OUTRAS CORES

( ) DIREITO ( ) AZUL ESCURO ( ) AZUL CLARO ESVERDEADO ( ) ROXO VINHO ( )AMARELO ESVERDEADO ( ) CINZA

16. Controle zootécnico


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
ANTIBIOTICOTERAPIA DIAS
BASE:
INTRAMAMÁRIA (ORDENHAS)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

ANTI-INFLAMATÓRIO BASE: DIAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

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