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gente criando o futuro


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Corporativos Azevedo Joaldo
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ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações
complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.

CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o
assunto tratado.

DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta,
uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da
área de conhecimento trabalhada.
Sumário

Unidade 1 - Análise e diagnóstico para projetos de Arquitetura


Objetivos da unidade ...........................................................................................................
12

Análise de variáveis para projetos de interiores.


13
Interiores residenciais: identificação de variáveis ........................... . ...... ..... ..... ..... 1
3 Levantamento para projetos de interiores........................................... ..... .... ..... 1 6

Teoria e história em projetos internos ......................................................................„.....


17 Ambientes interiores: apresentação histórica ...........................................................
18
A história e a evolução do mobiliário................................. ...... 22

Diagnóstico para projeto


28
Primeiros estudos: dimensionamento, fluxo e função . .... 29
Iluminação natural em projetos de interiores .. .......
31
Layout preliminar ....... 33
Sumário

36
Referências bibliográficas .................................................................................................
37
Unidade 2 - Arquitetura de interiores: das escolhas à representação
Objetivos da unidade ....................................................................... .........
39

Ambientação aplicada ao projeto residencial de interiores. 40


Noções sobre a óptica . 40 As cores nos projetos internos
................................................. .. ... ..... .
Iluminação artificial na ambientação .
48

Noções de acústica residencial


51
Noções preliminares de conforto acústico ................................................................ 52
Acústica aplicada a projetos residenciais.................................................................. 53

Técnicas de apresentação de projeto preliminar 54


Estudo de cortes e elevações .............................................................. . ..... .... ..... .... ..
55
Sumário

Ângulos, traços e efeitos de desenho . . ......


59
Perspectivas aplicadas aos estudos de interiores................................... ... .... 61

Sintetizando................................................................ .........
64
Referências bibliográficas
65
Unidade 3 - Arquitetura de interiores contemporânea
Objetivos da unidade ....................................................................... .........
67

Tendências contemporâneas 68
Arquitetura de interiores contemporânea: tendências .......... . .... .. . ... . . . ... .
..... . . . ... . . . .. 69
Objetos e decoração contemporânea para interiores residenciais.......................
75

Anteprojeto de apartamento residencial ....„.....


80
Sumário

Layout de interiores .............................................................. ..... .....


81
Especialidades no projeto de interiores residenciais
84

Expressão gráfica e desenho técnico: projeto executivo


85
Peças gráficas no projeto executivo ......................................... . ... 86
Desenhos de móveis e detalhamentos........................................................................
89

Sintetizando .. 93
Referências bibliográficas
94
Unidade 4 - Detalhamento de projetos de interiores residenciais
Objetivos da unidade ...........................................................................................................
96

Detalhamentos de teto.
97
Sumário

Paginação e plantas técnicas de teto .......................................................... ... ..... 97


Detalhes luminotécnicos para projetos residenciais............. ... ..... ..... ... 1 02
Acústica aplicada a espaços residenciais ............................
1 04

Detalhamentos de pisos e paredes 1 06


Paginação de pisos e paredes............................... ........ 1 07
Detalhamentos e materiais para pisos, paredes e áreas molhadas .................... 109
Detalhamento e especificação de materiais, equipamentos e marcenarias .................
114

Detalhes técnicos construtivos . .... ....... ..... ..... ..... ..... .... ...
1 20
Construção e demolição . .. . ...... 1 20
Plantas técnicas: do anteprojeto ao executivo .................................... ..... .... ... 1 22
Pontos hidráulicos e elétricos no projeto executivo 1
23
Sumário

Sintetizando............. .. .. .. .... . .... . .. ..... . .... . .. ..... . .... ... .....


..... .... 1 28
Referências
129
Caro estudante, a partir de agora você entrará no mundo do
desenvolvimento de projetos de arquitetura de interiores residenciais,
conhecendo seus principais elementos. Além disso, você será capaz de fazer
desde as etapas iniciais até o detalhamento final de projetos.
Nesse sentido, serão identificadas as principais variáveis que compõem o
projeto de interiores de residências, com a apresentação da base histórica a
respeito do desenvolvimento de ambientes e mobiliários utilizados neles, a
sua adequação de acordo com as funções e dimensões disponíveis. Além
disso, você poderá compreender a respeito da importância de se pensar os
fluxos, a funcionalidade e o layout do ambiente desde o início do projeto.
Você também poderá compreender a importância dos aspectos
relacionados ao conforto ambiental do usuário no espaço, como a
iluminação, o uso das cores e a acústica. Outros pontos cruciais que lhe serão
apresentados são tendências contemporâneas relacionadas à arquitetura de
interiores residenciais e, ainda, noções de antropometria e marcenaria.
Por último, você verá a importância dos elementos relacionados à
representação dos projetos, desde a fase de anteprojeto até o projeto final e
seus detalhamentos. Para tal, você entenderá como e quando utilizar
perspectivas, como devem ser feitas as apresentações de detalhes
construtivos desde os elementos de marcenaria até as paginações de pisos,
paredes e forros, distribuição de pontos de elétrica e hidráulica.
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS

A professora Ana Carolina Carvalho


Figueiredo é mestre em Arquitetura,
Urbanismo e Tecnologia pela
Universidade de São Paulo (USP,
2018). Graduada em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP, 2015), ministrou aulas de
Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Conforto Ambiental Térmico em 2019 e
2020.

Currículo Lattes:

http://lattes.cnpq.br/6811483897468144

Esta produção é dedicada a todos aqueles que acreditaram na minha trajetória


até aqui, aos meus pais e irmãos, que sempre me incentivaram e acreditaram

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 12


em meu potencial, aos meus professores, e aos alunos, que na dinâmica diária
de aulas sempre têm algo a me ensinar, tanto quanto a aprender.
ser
educacional
Objetivos da unidade
Compreender as principais variáveis envolvidas no projeto de interiores
residencial;
• Entender como foi o processo histórico de desenvolvimento de ambientes
e mobiliários internos residenciais;
Verificar como realizar o diagnóstico inicial de um projeto residencial
interno, identificando as relações entre o espaço, os fluxos e as funções
desejadas, bem como compreendendo as variáveis naturais existentes no
espaço, como a iluminação.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 14


Análise de variáveis para projetos de interiores
O desenvolvimento de um projeto de interiores, assim como os demais
projetos de arquitetura, engloba a compreensão de algumas variáveis, bem
como o planejamento de cada etapa pelo qual o projeto deverá passar para
que seu resultado alcance as demandas apresentadas pelo cliente. Os estudos
iniciais para formulação de um projeto de arquitetura de interiores são,
segundo a metodologia de projetos apresentada por Brown (2010) e Lawson
(2011), conceituais.
Chamam-se variáveis conceituais aquelas que estão relacionadas ao
planejamento do projeto considerando todos os fatores envolvidos no
desenvolvimento dele, de modo que o objeto ou espaço final criado seja
condizente com as necessidades específicas do usuário. Esse processo inicial
de planejamento pode ser adotado tanto para projetos gerais de edificação
quanto para ambientes internos.
Quando se planeja as etapas pelas quais o projeto irá passar, bem como
todos os dados que estarão envolvidos em cada uma das fases, é possível
minimizar a ocorrência de erros ao longo de seu desenvolvimento. Isso
acontece porque delineando-se cada uma das variáveis que são necessárias
nesse processo, é mais difícil esquecer de alguma informação importante
referente ao projeto e que pode passar despercebida após o início de sua
formulação.
Sendo assim, nas próximas páginas você encontrará um conjunto de
processos específicos para identificar as variáveis envolvidas em projetos
arquitetônicos de interiores e será apresentado o levantamento de campo,
identificando os principais dados que devem ser coletados no momento
inicial. Pronto para começar? Bons estudos!

Interiores residenciais: identificação de variáveis


Há diversas variáveis envolvidas no desenvolvimento de projetos de
arquitetura de interiores e elas podem se modificar, também, de acordo com
a tipologia na qual se está trabalhando. Tratando-se de edificações
residenciais, existem alguns elementos-chave ou aspectos fundamentais na
composição dos espaços internos, dentre eles, as dimensões dos ambientes,

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 16


pé-direito, materiais que compõem as vedações, presença e orientação das
aberturas de portas e janelas, pontos de iluminação, presença de tomadas,
interruptores e pontos de lógica e localização de instalações hidráulicas.
Enquanto isso, pode-se identificar também as expectativas do cliente com
relação àquele espaço, as cores que lhe agradam para serem ali utilizadas e
como deve ser feita a iluminação.
As variáveis físicas que foram apontadas são aquelas identificadas a partir
da análise de um projeto de arquitetura apresentado pelo cliente ou pelo
levantamento físico feito in loco. Já os aspectos menos relacionados aos
atributos físicos do espaço e mais às necessidades ou demandas do cliente
podem ser identificados a partir de um conjunto de processos que ocorre no
início do desenvolvimento projetual.
O briefing é um método empregado para compreender as necessidades
do cliente e traduzi-las no programa a partir da realização de entrevistas que
permitam conhecer seu potencial econômico, seus gostos e preferências, as
demandas especiais e culturais. Após a coleta dessas informações, é possível
analisar as respostas dadas pelo cliente e iniciar o processo de estudo de
soluções projetuais que busquem atender essas demandas.
Lembre-se de que a fase de concepção do projeto se caracteriza, dentre
outras coisas, pelo uso da criatividade, onde as respostas abstratas coletadas
em entrevista com o cliente e conhecidas a partir do levantamento se
transformarão em espaços funcionais.
Ambientes residenciais são adequados tanto às expectativas do usuário
quanto às funções e atividades a serem desenvolvidas ali e dependem,
também, de materiais e equipamentos que serão instalados no espaço
buscando o bem-estar do seu cliente. A demanda pode variar um pouco a
cada projeto, entretanto, o espaço residencial é normalmente composto de
área social, íntima e de serviços.
As áreas sociais são aquelas destinadas tanto ao convívio familiar quanto
à recepção de pessoas e podem ser constituídas pela sala de estar ou por mais
ambientes, integrados ou não, como sala de jantar, varanda, cozinha, home
theater e lavabo. Normalmente, são espaços que estão aptos a receber uma
maior quantidade de pessoas em ocasiões sociais e que devem prezar pelo
conforto tanto no dia a dia quanto nos momentos de reunião.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 17


Áreas íntimas são aquelas que são compartilhadas apenas entre a família
ou os moradores daquela residência e que se destinam ao descanso, mas
também podem apresentar funções diversas, como a realização de leituras,
jogos, estudos e brincadeiras. Dentre os ambientes que as compõem, se
destacam os quartos e banheiros, nos quais os aspectos de ventilação e
iluminação devem estar adequados para garantir uma experiência agradável
aos usuários.
Finalmente, as áreas de serviços são aquelas que concentram as
atividades destinadas à limpeza, manutenção, organização e preparação de
alimentos na residência. Assim, os principais cômodos que as compõem são
cozinhas e áreas de serviços, muitas vezes integradas entre si, nas quais o
fluxo de trabalho deve ser otimizado e os materiais usados devem permitir
uma boa limpeza.
Além das áreas destacadas até então, podem estar contidas nas
residências, também, espaços de circulação. Esses espaços dependem muito
das dimensões da casa, uma vez que apartamentos pequenos apresentam
menores áreas de circulação e casas maiores podem ter mais corredores e
halls destinados ao fluxo das pessoas ou transições e conexões entre
ambientes. As áreas de circulação podem ser utilizadas como espaço de
exposição de objetos, pinturas, quadros e fotografias dos usuários, desde que
não interfiram nas dimensões mínimas adequadas à segurança e ao conforto.
Sabe-se ainda, que as demandas atuais consideram a existência de alguns
outros espaços como escritórios e home offices. Eles podem ocupar áreas
específicas das residências ou mesmo estarem localizados em pequenos
espaços disponíveis nas circulações e conexões entre diferentes ambientes,
desde que apresentem as dimensões necessárias para que as funções básicas
de trabalho sejam desenvolvidas. No Quadro 1, você poderá conferir uma
síntese dos ambientes que compõem as residências e sua separação de
acordo com as áreas.

QUADRO 1. PROGRAMA DE NECESSIDADES DE UM EDIFíClO RESIDENCIAL

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 18


Assim, você poderá compreender que para fazer o projeto de interiores
residenciais, deverá conhecer as principais propriedades de cada um desses
ambientes, tanto no que se refere a seu levantamento inicial quanto às
demandas que eles colocam ao serem projetadas para o seu cliente.

Levantamento para projetos de interiores


Para começar o desenvolvimento de um projeto de interiores, é necessário que
você tenha um levantamento completo dos espaços que irá projetar. A atividade
de levantamento nada mais é do que uma coleta de dados com a capacidade de
reunir informações que serão utilizadas no estudo, planejamento e
desenvolvimento, neste caso, do projeto de arquitetura para áreas internas.
Há alguns elementos básicos que devem ser levantados, como as
dimensões internas do ambiente e seu pé-direito, que serão importantes
para definir o layout posteriormente, bem como a quantidade e
paginação do piso e outros revestimentos.
O posicionamento, a materialidade e as dimensões das esquadrias também
devem ser levantados, não esquecendo de anotar sua largura, quantidade de
componentes e de registrar, por meio de fotos e desenhos, qualquer especificidade

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 19


que elas apresentem. Lembre-se ainda de indicar como se dá sua abertura ou se
são fixas apenas para entrada de iluminação, por exemplo.
Além dessas primeiras informações, atente-se às instalações existentes no
local: verifique os pontos de tomadas e de interruptores no ambiente, bem
como a voltagem daquelas, os pontos de iluminação na laje ou forro, a
presença de pontos hidráulicos e quadros de energia. Mais uma vez, o registro
fotográfico auxilia para que sejam captados mais detalhes e, assim, seu
projeto estará mais preciso diante das informações existentes.
Caso seu cliente possua objetos e mobiliários específicos que deseja manter
no projeto, este também é o momento de levantar informações sobre ele.
Capture algumas fotos, faça croquis deles e levante as principais dimensões para
que consiga utilizar, de forma precisa, durante o desenvolvimento do projeto.
Nessa fase, você ainda pode coletar outros dados do seu cliente, verificando
um pouco mais sobre seu estilo de vida e preferências. Aproveite, ainda, para
identificar texturas, revestimentos e cores pré-existentes nos espaços que você irá
projetar, bem como os preferidos do usuário. Partindo desse caminho, será mais
fácil materializar o projeto, pois você o iniciará a partir de informações mais
precisas, minimizando erros e retrabalhos.
Além das informações do projeto, o qual pode ser chamado de levantamento
de campo de forma mais específica, verifique também se serão necessários
levantamentos complementares. São eles: o levantamento topográfico, o
levantamento de planta cadastral, os códigos sanitários, de incêndio ou de obras
específicos de cada Estado ou município e normas técnicas relativas às companhias
de fornecimento de energia elétrica, gás, serviços de telecomunicações, água
potável e esgoto.
Acrescente a essa fase uma identificação precisa da orientação da edificação
em relação ao eixo norte-sul, as características climáticas predominantes no local,
as condições sanitárias como coletas de esgoto e lixo, bem como fontes de
poluição. A poluição pode ser tanto por gases e odores quanto
sonora e visual, por exemPIO, e pode impactar diretamente em
seu projeto, mesmo se tratando de um espaço interno. O mesmo
pode ser dito com relação à presença ou não de vegetação e seu
porte.
Com essas informações em mãos, você poderá partir para os
primeiros estudos internos para o projeto. Preparado?

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 20


Teoria e história em projetos internos
Há, desde o início da civilização, uma tendência a buscar adaptação dos
espaços conforme as necessidades da sociedade em questão, sobretudo na
tarefa de habitar. Desde sempre, a sociedade tenta adequar o espaço
denominado "lar" às suas demandas de segurança, conforto e qualidades
estéticas.
Nesse sentido, ao longo da história esses locais adquiriram diversas
características, muito relacionadas à cultura de seus habitantes, aos seus
hábitos, aos materiais disponíveis e ao conhecimento técnico do qual
dominavam. Assim, tanto os ambientes quanto os mobiliários que os
preenchem sofreram uma série de modificações com o passar dos anos.
Nos próximos tópicos, então, você encontrará um conjunto de
características referentes a dois pontos fundamentais das residências no
decorrer da história: as funções desses espaços e o desenvolvimento dos
móveis que lhes compõem.
Em um primeiro momento, você poderá entender que, nem sempre, as
residências eram compostas pelos mesmos ambientes
que as preenchem hoje: algumas modificações
ocorreram e, com o passar dos anos, alguns espaços
foram incorporados às residências enquanto outros
perderam sua importância. O mesmo raciocínio pode
ser aplicado aos móveis que compõem cada uma das
áreas residenciais, pois sua importância e
características se modificaram de acordo com as
demandas culturais, espaciais e tecnológicas
existentes.
Prepare-se para começar. Bons estudos!

Ambientes interiores: apresentação histórica


O homem tornou-se sedentário há cerca de 10.000 anos e naquele
momento começou a construção de seus abrigos ou espaços
residenciais, onde se desenvolveram os hábitos de morar, cuja relação

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 21


com o período histórico e o contexto sociocultural é evidente ao longo
dos anos. Sabe-se que os primeiros espaços a abrigar o homem foram as
cavernas que, posteriormente, foram substituídas pelas Vilas Neolíticas
fixas nas regiões que margeavam rios da África e da Ásia, próximos ao
Oriente Médio, a partir do desenvolvimento da agricultura e da
domesticação de animais.
Sua organização em sociedade deu origem aos povos babilônios,
egípcios e assírios e a cidades importantes do período Antigo que se
expandiram para terras europeias, dando origem aos núcleos urbanos
como Atenas e Roma, na Grécia e na Itália, respectivamente. As casas
gregas se diferenciavam de acordo com a classe social, mas em geral
eram constituídas de cerca de três cômodos nos quais, para os mais ricos,
diferenciavam-se a ágora, o gineceu e o androceu.
Enquanto a ágora era o espaço de reunião, com função semelhante às praças e
onde se encontravam as atividades comuns de seus habitantes; o gineceu era o
espaço restrito às mulheres e aos homens que pertenciam à família, sendo um local
de acesso limitado; e o androceu era usado apenas pelos homens tanto para
receber amigos quanto para celebrar festividades. Na Figura 1, você poderá
verificar as ruínas de uma residência na cidade de Ephesus, antiga região ocupada
pelos gregos e que hoje pertence à Turquia. Nela, estão caracterizadas a presença
de mosaicos no piso e pinturas nas paredes.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 22


Figura 1. Ruína de uma residência na cidade de Ephesus. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021.

Ainda na Antiguidade, os romanos apresentaram importantes


contribuições para o desenvolvimento de espaços construídos no geral, o que
inclui as residências. Dentre as principais tecnologias desenvolvidas por esses
povos estão as cúpulas e os arcos, sendo que estes últimos foram usados
tanto em construções urbanas quanto nas casas com diversos pavimentos dos
plebeus, que recebiam o nome de ínsulas.
Essas habitações se caracterizavam pela presença, no andar térreo,
de lojas e cômodos para alugar, com uma ou duas áreas para serem
divididas

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 23


entre toda a família. As domus, por sua vez, eram a morada das classes
dominantes e se caracterizavam pela presença de pátios internos e
setorização de ambientes, que eram ornamentados não apenas por
objetos e mobiliários, mas por pinturas nas áreas de tetos, paredes e
pisos.
A queda do Império Romano por volta do século V d.C., entretanto,
marcou a emergência do período histórico conhecido como Idade Média
que foi marcada pelas estéticas românica e gótica nos ambientes
construídos. Foi um período intenso de invasões bárbaras e disputas de
poder, inclusive entre senhores feudais, que instalavam seus castelos
com funções militares, mas que, posteriormente, passaram também a
atuar como moradia.
Os ambientes internos não apresentavam muitos móveis nem
ornamentos e utilizava-se muito tecido, esses sim ricos em ornamentos,
para aquecer os espaços internos e decorá-los. As grandes moradias não
se refletiam na forma de morar de servos e da população mais pobre
como um todo, que habitavam espaços de um único cômodo.
A revolução comercial com ascensão da burguesia por volta dos
séculos XIII e XIV, entretanto, gerou uma nova classe social e novos
modos de morar, com habitações ainda simples, mas com dois
pavimentos. Esse estilo permaneceu mesmo com o fim da Idade
Medieval por volta do século XV e o desenvolvimento do pensamento
renascentista que marcava tanto a retomada de valores clássicos quanto
a visão do homem como centro do universo.
Nesse período foram feitas grandes conquistas e a invenção da
imprensa possibilitou a difusão de culturas e fluxos migratórios que
geraram alterações nas formas de morar, na decoração dos espaços e na
divisão das moradias. Segundo Lemos (1993), esse movimento se
intensificou por volta do século XVIII com a Revolução Francesa e a
Industrial, que promoveram intensas mudanças sociais e econômicas no
mundo.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Uma das características foi o crescimento gradativo das cidades e da
população urbana que buscava trabalho nas fábricas em desenvolvimento.
Com isso, para a população mais pobre, a moradia tornava-
se cada vez menor, com a divisão de um único ambiente
para toda a família. Para os burgueses, a prosperidade fez
com que suas casas se ampliassem, com espaços interiores
à francesa: moradia dividida em setores de serviços, de
repouso e de receber.
Os espaços internos eram marcados por opulência: havia uma caracterização
muito parecida à época dos reis Luís XV e XVI na França, bem como ao período
Vitoriano inglês. Mas, começavam a surgir os primeiros mobiliários
industrializados, o que modificava aos poucos os ambientes ocupados pela
burguesia.
O final do século XIX foi marcado pela estética de dois movimentos principais:
o Arts & crafts na Inglaterra e o Art nouveau na França que, além de influenciarem
as vanguardas artísticas modernas que viriam logo depois, mostraram-se a favor do
artesanato do período medieval e contrários à industrialização. A Figura 2 traz um
ambiente da Casa Ryabushinsky, projetada pelo arquiteto Fyodor Shekhtel aos
moldes do Art nouveau, onde são empregadas as formas curvas remetendo à
organicidade da vegetação - uma das características principais do estilo.

Figura 2. Casa Ryabushinsky, na Rússia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021 .

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Já no início do século XX surgiram uma série de movimentos artísticos e culturais
que impactaram, inclusive, no modo de morar da população. Sabe-se que as
cidades eram, naquele momento, mais populosas que em períodos anteriores e
que emergiu o pensamento funcional na arquitetura e no design.
Nesse sentido, diversos movimentos como o Neoplasticismo na Holanda, a
Escola Bauhaus na Alemanha e o Modernismo, cuja figura do arquiteto Le Corbusier
é uma das principais referências, influenciaram diretamente na moradia. O período
foi marcado pela completa divisão entre as funções de habitar, trabalhar e circular;

21

pela separação entre estrutura e vedação que permitia a planta livre no interior dos
edifícios; e por muitos arquitetos que se aliaram à produção de objetos e
mobiliários utilizando novos materiais.
A partir dos anos 1950, começaram a surgir movimentos que contestavam o
movimento moderno, como o Art déco e o pós-moderno, que ao questionarem o
extremo funcionalismo, buscavam uma forma de morar mais ligada aos
movimentos artísticos e ao design, propondo mais "humor" ao ambiente interno.
Até o século XXI, algumas características da estética moderna prevaleceram,
como maior liberdade da planta da habitação. Entretanto, vários arranjos
propostos no pós-modernismo onde os objetos de design ganharam mais espaço
nos ambientes internos também continuaram sendo apropriados. Fato é que,
sobretudo após a primeira década do século XXI, há uma tendência de moradias
mais compactas, flexíveis e que comportam em seu interior programas que vão
desde o descanso até espaços de trabalho.
A revolução digital aconteceu junto com o aumento da velocidade de
informação e a efervescência dos espaços mínimos de moradia, principalmente
para o público jovem de grandes cidades. Elementos como portabilidade e
conectividade são as diretrizes fundamentais e as pessoas passam, cada vez menos
tempo em suas casas, cozinham menos e desejam mais facilidade e agilidade.

A história e a evolução do mobiliário


Ching e Eckler (2014) destacam que muitas das civilizações que se
desenvolveram no período por volta de 3000 a.C. estavam localizadas às
margens de rios e algumas delas, como o Egito, alcançaram um evidente
apogeu cultural que refletiu em sua produção não apenas arquitetônica, cujas
pirâmides são o exemplo máximo, mas no desenvolvimento exuberante de
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
seus espaços internos. Isso implicou em uma linguagem própria na confecção
de móveis que representavam, ao mesmo tempo, a opulência de seus
governantes e as tradições religiosas.
As tumbas dos faraós eram alguns dos espaços mais importantes naquele
período e recebiam, por consequência, mobiliário requintado, como móveis
com pés zoomorfos, ou seja, que remetiam às patas de animais; feitos em
madeira e decorados com pedras preciosas e ouro como mostra a Figura 3.
Em contraponto, nas residências comuns, o mobiliário era muito simples,
consistindo em bancos baixos feitos em junco e madeira e assentos curvos.

Figura 3. Cadeira do Egito antigo com pés zoomorfos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021.

Ainda durante o período histórico antigo, a Grécia emergiu como uma das
civilizações mais importantes e apresentava uma produção de mobiliário
bastante rica e diversificada, baseada em riquezas naturais e utilizando
materiais muito nobres com o marfim, metais preciosos, ferro, bronze e
madeira. Um dos principais exemplos é a cadeira Klismos, que possuía
encosto e pernas curvas, feitas em ouro e com pés zoomorfos.
Os romanos apresentavam uma clara inspiração na cultura grega no que
se refere à produção de mobiliário e, embora para a população mais pobre a
mobília fosse item raro, as casas dos povos mais ricos possuíam grande
diversidade de objetos e sofás ocupando, as áreas de jantar. Era comum que
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
as pessoas comessem, naquele período, reclinadas nos grandes sofás e não
completamente sentadas como você conhece hoje.
O Império Romano entrou em decadência por volta do século III e iniciou-
se o período chamado de Idade Média, prevalecendo até o século XV, como
o estilo dominante de produção artística e arquitetônica (ZABALBEASCOA,
2013). As residências eram constituídas de pouco mobiliário e a arca era o
principal deles realizando, em muitos casos, mais de uma função: cama,
assento, mesa e espaço para guardar objetos.
O aparador também foi uma contribuição desse período, consistindo em
uma "arca com portas" onde ficavam expostos os objetos em prata ou
porcelana e serviram de inspiração para os buffets franceses desenvolvidos
posteriormente. Na Figura 4, você poderá conhecer um exemplo clássico das
arcas de madeira utilizadas como mobiliário principal no período medieval.

Figura 4. Arca de madeira. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021.

Ao fim do período Medieval no século XV, iniciou-se a chamada "Era


Moderna", onde se destacam as expressões históricas e artísticas do
Renascimento, Barroco, Rococó e Neoclássico, estendendo-se até o século
XVIII. Uma das principais características desse momento foi a retomada das
atividades comerciais e a ascensão de poderes monárquicos absolutistas,

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


ampliando, por um lado, a classe burguesa e destacando a opulência de
grandes palácios, por outro.
Nos palácios era incomum que o mobiliário ocupasse papel de destaque,
pois as pinturas de teto e paredes, bem como seus rebuscamentos, ocupavam
o papel de protagonista nos espaços internos. Dentre os poucos mobiliários
que se destacavam durante o Renascimento, estão o cassone italiano, uma
espécie de arca, e o buffet francês no qual eram servidas as refeições.
24

No Barroco, entretanto, período posterior ao Renascimento, a ênfase no


mobiliário que compunha os espaços internos ficou clara. Principalmente nos
palácios, a mobília passou a receber papel de destaque com salas
extremamente decoradas e cuja commode se tornou um dos móveis mais
simbólicos (COTTINO, 1989). A Figura 5 apresenta o interior de um ambiente
decorado durante o período Barroco: nele se destacam mobílias
ornamentadas, com curvas, feitas em madeira e com acabamentos ricos em
dourado e tecidos aveludados.

Figura 5. Interior de um apartamento de Napoleão III, ao estilo Barroco. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021.

O Rococó foi um estilo fundamental no que se refere ao desenvolvimento do


mobiliário, onde uma série de bancos, cadeiras, sofás e poltronas (cujo nome
original é bergére) foram desenhados ao estilo Luís XV. Embora parecidos com o
mobiliário Barroco, os móveis do período Rococó apresentavam menor nível de
rebuscamento, apresentando um desenho mais limpo, conforme mostram as
cadeiras da Figura 6.

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Figura 6. Cadeiras Rococó. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021.
Já a segunda metade do século XVIII foi marcada pelo avanço de
escavações arqueológicas que revelaram resquícios das cidades de Pompeia
e Herculano, na Itália, e Atenas, na Grécia, fazendo emergir novamente a
influência clássica sobre a produção cultural. Nesse sentido, surgiu o estilo
Neoclássico que produziu uma estética com espaços internos austeros e com
menor quantidade de detalhes que nos períodos anteriores. Isso se estendia
à produção de mobiliários, destacando-se a peça conhecida como cama de
dia ou recamier, inspirada em mobiliário greco-romano.
No final do mesmo século, entretanto, as revoluções, tanto Francesa
quanto Industrial, instauraram novas ordens sociais, econômicas e culturais,
rompendo com a produção e com a estética de períodos anteriores. Parte dos
objetos passou a ser produzido pela indústria, de forma mecanizada e em
grande escaIa, com menores custos de produção o que tornou alguns deles
mais acessíveis (ZABALBEASCOA, 2013).

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Dentre os exemplos dessa produção está a cadeira produzida por Michael
Thonet que recebeu o nome de Cadeira n. 14 e cujas principais propriedades
eram a leveza, elegância e funcionalidade, ao mesmo tempo que era
desmontável. Isso permitia uma
maior liberdade em seu uso e
transporte, permitindo ocupar, ainda,
espaços menores.
Entretanto, como uma reação a
essa produção em larga escala e
mecanizada surgiram, no século XIX,
movimentos com o Arts & crafts, na
Inglaterra, e o Art nouveau, na França,
que defendiam uma produção mais
artesanal, entretanto, apresentavam
certas diferenças entre si, uma vez
que o movimento francês era um
pouco mais alinhado com a
industrialização e buscava produzir
móveis com influência das formas da
natureza, sobretudo com material metálico, como mostra o
Figura 7. Abajur no estilo Art nouveau. Fonte: Shutterstock.
abajur da Figura 7. Acesso em: 27/05/2021.
Esses movimentos abririam as portas para, no início do século XX, o
desenvolvimento das vanguardas europeias que se apresentaram
extremamente ricas na produção e design de mobiliários. Conforme apontam
Di Mauro e Panetta (2008), vários movimentos e Escolas se desenvolveram
no período dando origem a móveis icônicos e, até então, muito utilizados.
Podem ser destacados alguns exemplos como a cadeira LC 4, desenhada
por Le Corbusier, um dos principais arquitetos do movimento moderno. A
EscoIa Bauhaus, por sua vez, foi fundada por Walter Gropius na Alemanha,
em 1919, e tinha como diretriz fundamental a busca pela funcionalidade dos
objetos, livrando-os de qualquer ornamento. Foi nesse contexto que o
arquiteto Mies van der Rohe projetou a cadeira Barcelona, com estrutura
tubular metálica e assento e encosto em couro, apontada na Figura 8.

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Com o fim da Segunda Guerra
Mundial, a produção de mobiliários
foi impulsionada ainda mais, com a
contribuição de arquitetos e
designers, utilizando-se de novos
materiais, como a fibra de vidro e o
plástico. Deu-se início, então, ao pós-
modernismo, caracterizado pelo
caráter revolucionário e pela estética
artística e até humorística que as
Figura 8. Cadeira Barcelona. Fonte: Shutterstock. Acesso
peças produzidas adquiriam. Na em: 27/05/2021.
Figura 9 você poderá ver a Egg Chair,
uma das tantas desenvolvidas nesse
período e que receberam uma série
de releituras que são usadas ainda
hoje.
A estética instalada no período
pós-moderno na produção de
mobiliário mostrou o
protagonismo dessas peças nos
ambientes internos e, atrelado à Figura 9, Cadeira Egg. Fonte: Shutterstock. Acesso em:
inovação cada vez maior dos 27/05/2021 .
materiais utilizados, possibilitou
27
criar peças que pudessem atender
às demandas dos usuários, muitas vezes, por
preços mais acessíveis. A ideia de estilos
específicos se perdeu após os anos de 1980,
e o ecletismo se tornou mais comum nos
espaços arquitetônicos internos.
Atualmente, verifica-se uma maior tendência
a objetos e móveis que estejam vinculados à
flexibilidade e às preocupações relativas aos
impactos ambientais.

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Diagnóstico para projeto
O projeto dos espaços internos de uma edificação residencial envolve
diversos fatores, dentre eles a distribuição ideal dos ambientes que o
compõem bem como seu dimensionamento, de forma que atenda as
expectativas do cliente de maneira funcional e precisa. Quais são suas
necessidades? Quais as preferências? Quantas pessoas frequentarão a
residência, em média, com muita frequência? Essas são algumas das
perguntas que você pode fazer ao seu cliente antes de identificar como
os ambientes interiores estarão distribuídos.
Não se esqueça, é claro, que você pode estar responsável pelo
desenvolvimento de projetos internos de espaços que já estão
construídos, sejam casas ou apartamentos. Nesse caso, você deverá
adaptar as necessidades e preferências apresentadas ao espaço
edificado, podendo realizar algumas adequações na compartimentação
pré-definida. Sendo assim, você já sabe, a partir daqui, que há fatores
limitantes no que se refere ao desenvolvimento de projetos de interiores
em ambientes ou imóveis já construídos.
Entretanto, sempre é possível realizar propostas agrupando as
funções semelhantes dentro de um mesmo setor da casa ou
apartamento e definindo algumas modificações, caso o espaço anterior
não atenda às demandas do seu cliente. Se atente sempre, é claro, à
estrutura existente, evitando modificar espaços sem conhecer quais são
os seus componentes estruturais e locais onde não se deve realizar, por
exemplo, uma demolição.
A seguir, você compreenderá um pouco mais como poderá atuar em
cada uma das etapas iniciais de um projeto, verificando os
dimensionamentos, adequando os espaços de acordo com suas funções,
distribuindo os mobiliários em detrimento dos fluxos e concebendo os
espaços sem se esquecer da iluminação natural.

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Primeiros estudos: dimensionamento, fluxo e função
O conceito de programa de necessidades está relacionado à
concretização do objeto arquitetônico, estabelecendo uma relação entre
os indivíduos que ocuparão um certo ambiente e as tarefas que serão
desenvolvidas no espaço e suas dimensões. Essa adequação nada mais é
do que o cumprimento das funções do ambiente, que passa por seu
correto dimensionamento e pela distribuição de objetos e mobiliários
que facilitarão o dia a dia do usuário ali.
A adequação dimensional entre ambiente e usuário está caracterizada
pela antropometria, que é a ciência responsável pelo estudo de dimensões
do corpo humano e o quanto de espaço elas ocupam. Desde a Antiguidade,
ela foi usada como auxiliar de projetos de grandes construções, como no caso
do Parthenon, na Grécia. Um dos principais responsáveis pelo
desenvolvimento dessa ciência e sua aplicação no campo da arquitetura foi o
arquiteto romano Vitrúvio (século I a.C.), que escreveu uma série de tratados
que relacionavam medidas e unidades ao corpo humano, como dedos,
polegadas, palmos e pés; tornando-os referência.

ASSISTA
Conheça um pouco mais sobre a obra de Vitrúvio e
como o arquiteto explorava as dimensões do corpo
humano como parâmetros de medida aplicados à
construção assistindo ao vídeo O Homem de Vitrúvio, de Leonardo da
Vinci — James Earle. Nele, explica-se a relação entre corpo humano,
natureza, medidas e matemática.

A Ergonomia viria vários séculos depois, nos anos 1940, como uma ciência
complementar à antropometria e que se dedica ao estudo das formas de
adaptação do trabalho ao homem, projetando objetos, espaços e mobiliários
que

permitam o conforto dos usuários. Essa ciência tornou-se fundamental para


a existência de uma relação sadia entre ambiente e homem, ao manter-se
sentado à mesa de trabalho durante várias horas em uma cadeira ou ao
alcançar o alto de uma prateleira na cozinha.
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Assim, foi realizado um estudo completo sobre dimensões mínimas de
cada ambiente e mobiliário, bem como sobre sua disposição adequada diante
das funções exercidas ali. Nesses casos, também devem ser considerados o
espaço de circulação entre objetos e paredes, por exemplo, para que não
ocorram acidentes do usuário - como um tropeço no pé da cadeira.

DICA
Você pode realizar consultas sobre dimensionamento mínimo de espaços
internos no livro Dimensionamento em Arquitetura (2003), de Emile
Pronk.

O dimensionamento dos espaços deve ocorrer tanto para acomodar as


dimensões estruturais humanas quanto as funcionais, ou seja, é uma
adequação de espaços estática e dinâmica. A adequação estática consiste
naquela onde o indivíduo permanece sentado ou deitado durante a tarefa:
por exemplo quando se está no sofá assistindo filme, lendo ou dormindo.
Enquanto isso, a adequação dinâmica está relacionada às atividades nas quais
se desloca pelo ambiente: quando se prepara uma refeição na cozinha,
caminhando entre bancadas, fogão e geladeira, por exemplo.
Além dessas medidas existem as dimensões que são subjetivas e estão
relacionadas às questões de cunho pessoal ou cultural: é natural, por
exemplo, que a distância entre duas pessoas na hora da estabelecer uma
conversa varie de acordo com o país e com o grau de relacionamento que
existe entre elas. Ching e Binggeli (2013),chamam essa apropriação do espaço
no entorno do corpo de "espaço de defesa ou territorial".
Esses conceitos geram a chamada hierarquia espacial, que se divide
em pública, social, pessoal e íntima, quando há permissão de um contato
físico. Em interiores, a compartimentação dos espaços ocorre no mesmo
sentido: há espaços sociais, íntimos e de serviços, sendo que a permissão
de acesso das pessoas à casa depende do grau de relacionamento que
se mantém com elas.
Você já viu que as principais áreas de uma moradia são as sociais, íntimas
e de serviços e que pode haver sobreposições entre elas: a cozinha, por
exemPIO, pode ser tanto um espaço social quanto de serviços. Em cada uma
dessas zonas, deve existir um dimensionamento adequado, de acordo com o
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tipo de atividade que ocorre ali, adequando-se também os materiais,
mobiliários e equipamentos aos propósitos dos ambientes.
Conhecendo essas variáveis, você poderá elaborar um zoneamento e um
fluxograma da habitação, onde o primeiro consiste na junção dos espaços
com usos interligados e o segundo na representação esquemática dos fluxos
que ocorrem dentro da habitação. Eles servem para analisar as possibilidades
que o cliente possui de realizar os fluxos necessários em sua casa, da maneira
mais funcional possível. Eles podem ser feitos utilizando figuras geométricas
e setas.

Iluminação natural em projetos de interiores


A iluminação de um ambiente interno pode ser artificial, natural ou uma
mistura de ambas, dependendo da concepção do projeto de arquitetura, da
orientação do cômodo e de suas aberturas em relação à insolação, da
presença de barreiras físicas do entorno como vegetação ou edificações,
brises ou beirais que possam comprometer a entrada de luz.
A iluminação natural é, de qualquer forma, essencial à vida e à saúde
humana e, principalmente durante o dia, o organismo do homem está
associado a seus ciclos e propriedades. Sendo assim, é importante que esse
tipo de iluminação seja aproveitado em espaços internos, o que aumenta,
também, a eficiência energética da edificação e minimiza os gastos de energia
elétrica.
O aproveitamento da luz solar na arquitetura ocorre desde a Antiguidade,
seja em espaços residenciais ou não, mas com a invenção da lâmpada elétrica
no século XIX e sua posterior popularização, a
iluminação artificial assumiu um importante papel
nos espaços internos e, em alguns casos, relegou a
iluminação natural a um papel secundário.
Na Figura 10, você poderá verificar um exemplo
de espaço com amplo aproveitamento da luz natural
durante o dia, no ambiente que integra salas de estar
e jantar. Durante a primeira metade do século XX, com
o advento do movimento moderno na arquitetura, as
aberturas de janelas nas fachadas foram muito
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priorizadas, o que melhorou bastante as condições de
iluminação natural no interior de edifícios, inclusive
residenciais. Essa característica as diferenciava muito
das edificações e espaços internos projetados durante
a Idade Média, por exemplo, onde as aberturas eram
mínimas.

Figura 10. Sala de estar e jantar com luz natural durante o dia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27/05/2021 .

É claro que a adoção da luz natural como parte do projeto arquitetônico


de interiores depende de algumas condições e da compreensão de que ela é
muito variável e não depende unicamente das condições humanas para
correto funcionamento. A orientação das aberturas para iluminação dentro
do ambiente deve ser observada para que a luminosidade do sol seja
aproveitada sem comprometer, por exemplo, o conforto térmico dos
usuários dos espaços.
No Hemisfério Sul, onde o Brasil está localizado, existem algumas
condições básicas relacionadas ao posicionamento do cômodo em relação ao
sol. A fachada sul recebe uma quantidade muito pequena de insolação direta
durante todo o ano neste local, a fachada leste está exposta à luz direta do
sol no período da manhã, e a oeste no período da tarde, Finalmente, a
fachada norte é aquela que mais recebe insolação direta durante todo o dia
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e ano, sendo ideal para a localização de aberturas dos ambientes sociais,
observada pela Figura 11 .
32

Sol à tarde
\Solpelamanhã

Trajetória aparente do sol

Figura 11. Movtmento aparente do sol no hemisférgo Sul.

Sabendo esses parâmetros iniciais, você poderá adequar seus ambientes às


condições de luminosidade naturais, tirando maior proveito delas.

Layout preliminar
O dimensionamento dos cômodos é uma etapa importante na concepção
da arquitetura de interiores, mas sozinho não garante o bom aproveitamento
dos ambientes, sendo que a distribuição do mobiliário de acordo com as
atividades que serão exercidas neles é um ponto fundamental para criar o
diálogo ideal entre o usuário e o espaço.
O mobiliário é um dos atores principais na arquitetura de interiores e o
modo como ele é distribuído no ambiente impacta diretamente na sua
utilização, bem como na percepção dos espaços. Ele pode ser constituído
tanto de objetos com função escultórica quanto por agrupamentos funcionais
que organizam o espaço (CHING; BINGGELI, 2013).

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Nesse sentido, o layout é composto pela distribuição do mobiliário,
seja ele fixo ou móvel, em um cômodo, levando em consideração todos
os móveis que devem ser colocados ali, os fluxos e atividades que serão
desenvolvidas, bem como a ergonomia. Ou seja, o espaço estará
setorizado levando em conta parâmetros de conforto e dimensões
mínimas de acordo com preceitos ergonômicos.
Na Figura 12, você poderá verificar a distribuição do layout em uma
residência com cada móvel ocupando um determinado espaço, sem que uma
ação dentro do ambiente interfira em outra. Ou seja, é possível se sentar à
mesa de jantar para comer e conversar sem interferir na visão ou na
percepção de pessoas que estejam no sofá, assistindo televisão. Lembre-se,
que a mesa de jantar deve ter um espaçamento em relação à parede para que
seja possível circular ao seu redor.

Figura 12. Planta de interiores residencial completa com layout. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 27105/2021 .

No caso da Figura 12, a sala de jantar pode servir tanto como ponto de
integração entre sala e cozinha quanto pode ajudar em sua separação.
Também é importante compreender que, ao propor o layout de um espaço,
você poderá considerar a existência de mobiliário fixo e de outro tipo, móvel
e mais flexível.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Dentre os mobiliários fixos estão os armários que apresentam função
principal de armazenamento de alimentos, roupas, livros, utensílios
domésticos e até mesmo de ambientes inteiros. Eles são utilizados há
bastante tempo nos espaços internos, mas têm adquirido cada vez mais
importância nas áreas residenciais, podendo estar associados a divisórias
fixas ou móveis, compostas

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


em material metálico, madeira ou vidro, de acordo com as necessidades
específicas do cliente.
Painéis fixos para TV, prateleiras para livros e bancadas são outros
exemPIOS de mobiliário fixo para espaços interiores. Estas últimas podem ser
utilizadas tanto para preparo e consumo de alimentos quanto para realizar a
higiene pessoal, passar roupas, estudar e trabalhar. Em geral, as bancadas de
estudos e trabalho devem apresentar alturas de 0,75 m em relação ao piso,
as de banheiros 0,85 m de altura, apoio de cozinhas e áreas de serviços de
0,90 a 0,95 m e os balcões voltados para alimentação podem ter até 1,1 0 m
de altura.
O mobiliário fixo pode ser um importante aliado, sobretudo em espaços
de menor dimensão. Eles ajudam a manter tudo organizado ao mesmo tempo
que estabelecem uma linguagem visual e podem exercer mais de uma função.

CURIOSIDADE
Há, principalmente nos grandes centros urbanos, uma tendência
crescente de ter, nos apartamentos, o espaço voltado para o home
Office, mesmo em apartamentos de dimensões reduzidas. Nesses
casos, a instalação de bancadas, armários e outros tipos de mobiliário
fixo pode ajudar na criação deste ambiente sem comprometer a área disponível na
residência.

Sintetizando

Nesta unidade, você pôde conhecer um pouco melhor sobre as primeiras


diretrizes para o desenvolvimento de um projeto de interiores.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 41


Aqui, você compreendeu, em primeiro momento, algumas das variáveis
que fazem parte do levantamento inicial de informações, para que, ao longo
do projeto, as necessidades do usuário sejam atendidas. Dentre elas, aquelas
referentes a percepções do cliente em relação ao ambiente e suas
características físicas, como dimensões, pé-direito, aberturas, pontos de
iluminação, elétrica e hidráulica.
Além disso, você viu outras questões que devem ser levantadas no início
do projeto, como orientação solar, documentação, códigos sanitários e
condições climáticas de cada área. Conhecendo essas variáveis, também foi
apresentado à noção de setorização dos espaços residenciais em áreas
sociais, íntimas e de serviços, onde há uma hierarquia, na qual as primeiras
são adequadas a receber convidados, por exemplo, e as segundas são mais
relegadas às pessoas que possuem alguma relação com a família.
Posteriormente, você viu como, ao longo do tempo, esses espaços
mudaram, de acordo com características sociais, econômicas e culturais de
cada povo. Assim como os espaços, os mobiliários sofreram modificações ao
longo dos anos, com a apropriação de novos materiais e adquirindo funções
diversas àquelas para as quais foram concebidos de início.
Ao final, você pôde verificar a importância dos estudos referentes à
distribuição espacial dos elementos internos a uma residência, de acordo com
suas funções e fluxos. Nesse sentido, pôde compreender que a idealização do
layout passa pela definição de mobiliários fixos ou móveis que podem exercer
funções de separação ou de agrupamento de diferentes ambientes.
Referências bibliográficas
BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim
das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

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CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de Interiores ilustrada. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.
CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto Alegre:
Bookman,
2014.
COTTINO, A. Mobiliário do século XII: França, Espanha, Portugal. Lisboa:
Editorial Presença LDA, 1989.
Dl MAURO, F. J. P.; PANETTA, R. G. O. Design de Interiores l. 1. ed. Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2008, v. 1.
LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. 1. ed. São Paulo: Oficinas
de Textos, 2011 .
LEMOS, C. A. C. Transformações do espaço habitacional ocorridas na
arquitetura brasileira do século XIX. Anais do Museu Paulista: História e
Cultura Material, [s.l.], v. 1, n. 1, p. 95-106, 1 jan. 1993. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/ S0101-47141993000100009>. Acesso em: 16 jun.
2021.
O HOMEM de Vitrúvio, de Leonardo da Vinci —James Earle. Postado por TED-
Ed. (3min. 20s.). son. color. leg. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=aMsaFP3kgqQ>. Acesso em: 16 jun.
2021.
PRONK, E. Dimensionamento em Arquitetura. 7. ed. João Pessoa:
UFPB/Editora Universitária, 2003.
ZABALBEASCOA, A. Tudo sobre a casa. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2013.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 43


ser
educacional
Objetivos da unidade
Identificar como são aplicados os princípios de óptica relacionados às cores
e à iluminação em projetos de interiores residenciais;
• Compreender os princípios básicos de conforto acústico relacionados aos

projetos de interiores em residências;


Entender quais técnicas de desenho e representação podem ser utilizadas
nas apresentações preliminares de projetos de interiores residenciais.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 45


Ambientação aplicada ao projeto residencial de interiores
A ambientação em arquitetura de interiores consiste em pensar em todos
os elementos que compõem o espaço, além das questões estruturais: cores,
mobiliário, objetos, iluminação, tapetes e tecidos. A ideia é que, após realizar
essa análise e compor o cômodo com tais elementos, ele seja capaz de
transmitir maiores sensações aos usuários, sempre alinhados à identidade
que foi criada a partir do projeto de arquitetura e às necessidades e
demandas do cliente.
Os sentidos dos usuários, tato, olfato, paladar, visão e audição, estão
diretamente relacionados com a percepção de um espaço construído e com
o sucesso de um projeto de interiores. Isso porque através, por exemplo, da
visão, o seu cliente pode entender um ambiente mais ou menos
aconchegante, mais ou menos frio ou até confortável. No caso do sentido da
visão, é imprescindível tratar de variáveis relacionadas às cores do ambiente,
dos objetos e mobiliários que o compõem, bem como das luzes que são
utilizadas nele.
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
Esses são os chamados fatores humanos de um projeto e se relacionam
diretamente a valores plásticos. Você verá um conjunto de elementos que
apresentam uma relação próxima entre homem-espaço-objeto e, nesse
sentido, conseguirá entender algumas das questões que deve considerar
quando estiver fazendo um projeto de interiores residencial.
Você será apresentado a noções preliminares da óptica que te auxiliarão
tanto no entendimento do uso das cores no local quanto na aplicação da
iluminação nos espaços internos. Assim, você será capaz de dar um passo a
mais no sentido de tornar os ambientes que projeta interativos com o seu
cliente. Está preparado?

Noções sobre a óptica


Os cinco sentidos humanos: tato, olfato, visão, paladar e audição são
fundamentais para que o usuário consiga perceber o espaço no qual ele está
interagindo. Segundo Gurgel (2005), parte do trabalho em arquitetura e
design de interiores está em ordenar materiais, com suas diferentes
propriedades e formas em um ambiente, considerando tanto os objetivos
funcionais quanto estéticos. Sendo assim, os profissionais dessas disciplinas
se expressam por meio da organização dos elementos de acordo com suas
texturas, luzes, formas e cores. Mas, como se dá a percepção dessas
propriedades por parte do usuário e qual sua relação com os sentidos?
Para compreender esse processo, serão apresentadas algumas noções de
óptica. Luz é uma forma de energia visível pertencente a um espectro da
radiação eletromagnética de comprimento de onda entre 380 a 760
nanômetros (nm). A variação do comprimento de onda, dentro desse
intervalo, gera a sensação cromática que causa a variação entre as cores
violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho, como pode ser visto na
Figura 1. Ela também apresenta a variação entre os demais comprimentos de
onda: acima dos 760 nm está a radiação infravermelha e, abaixo de 380 nm,
a radiação ultravioleta.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 47


Figura 1. Espectro eletromagnético. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1 1/06/2021.

Sendo uma onda de energia eletromagnética, a luz visível provoca


sensibilidade no sistema visual humano, mais especificamente partindo do
olho, o que leva à sensação da visão. A energia luminosa é transformada em
impulsos elétricos propagados ao cérebro na forma de informação visual. A
Figura 2 apresenta as estruturas que formam o olho humano e são
responsáveis por captar a visão e transmiti-la ao sistema nervoso.

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Figura 2. Olho humano. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/06/2021.

O olho humano é formado por diversos componentes e seu


funcionamento conjunto é o responsável pela sensação da luz visível. A íris
quantifica a luz que chega até a retina através da contração muscular, onde,
em condições de muita luminosidade, a íris se retrai, e em alta luminosidade,
se dilata. A retina é a superfície que possui células receptoras que são
sensíveis aos estímulos luminosos, chamadas de bastonetes, e que
encaminham ao cérebro os impulsos elétricos. Em seu centro, localiza-se a
fóvea, onde há a maior acuidade visual e na qual as células com sensibilidade
à frequência cromática, cones, estão.
Bastonetes são células ligadas a uma maior capacidade de visão em
locais onde há pouca disponibilidade de luz, enquanto os cones detectam
formas e cores em condições de alta luminosidade. A primeira é conhecida
como visão escotópica e a segunda, fotópica.
O cristalino, por sua vez, atua como uma lente no olho humano,
deformando-se por ação muscular e focalizando imagens na retina, a parte
traseira do sistema ocular. Os músculos que ficam ao seu redor permitem que
sua forma seja modificada, podendo focalizar tanto em objetos mais
próximos quanto mais afastados do olho.
Sendo assim, a iluminação tem como objetivo principal a melhoria das
condições de visão do usuário para que as atividades que ele precisa realizar
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 49
possam ser feitas da melhor forma possível em qualquer ambiente e horário.
Lembre-se,

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


ainda que, na Física, a luz pode ter tanto natureza eletromagnética como
corpuscular. A primeira trata da luz como uma onda eletromagnética,
enquanto a segunda assinala que ela é formada por partículas de dimensões
microscópicas.

cores nos projetos internos


A visão é a principal responsável pela visualização das cores e luzes de um
determinado cômodo. Para Gibbs (2010), cores são ferramentas
fundamentais na criação de efeitos visuais e da percepção da atmosfera
dentro de ambientes projetados e, por consequência, nas sensações que esse
local gera nos seus usuários. A cor apresenta um forte caráter simbólico,
psicológico e místico que tem sido objeto de estudos há vários anos.
Cor é uma sensação transmitida a partir dos diferentes comprimentos de
onda luminosa refletida por um objeto, assim, a coloração não está ligada
unicamente ao objeto em si, mas ao comprimento da luz que incide sobre ele.
Assim, se uma parede externa é azul, isso acontece porque ao ser iluminado,
o pigmento que compõe sua tinta reflete basicamente a cor azul.
Há, ainda, dois tipos básicos de cor: a cor-luz e a cor-pigmento, onde a
primeira trata do espectro de ondas eletromagnéticas que são recebidas do
Sol diariamente na forma de luz visível e a segunda é a cor que é refletida por
um determinado objeto a partir do momento que ele é iluminado, sendo
percebida pelo olho humano (PEDROSA, 2010).
O primeiro sistema, cor-luz, se organiza em três cores que originam todas
as outras e é conhecido como sistema RGB - Red, Green and Blue (vermelho,
verde e azul), sendo usado em telas de computadores, celulares e TVs, onde
a adição de cores uma à outra resulta em cores mais claras até atingir a
coloração branca.
O sistema cor-pigmento, por sua vez, possui três cores primárias também
e se divide em RYB - Red, Yellow and Blue (vermelho, amarelo e azul) e CM Y
K Cian, Magenta, Yellow and Black (ciano, magenta, amarelo e preto). As
demais cores são geradas a partir da mistura das cores primárias e, ao passo
que a mistura aumenta, as cores tornam-se mais escuras até atingir a cor
preta. O sistema RYB é muito utilizado em tecidos, objetos em geral,
automóveis e imóveis, enquanto o sistema CMYK é usado para impressão em

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


gráficas, por exemplo. A Figura 3 apresenta a diferença entre os sistemas cor-
luz e cor-pigmento.

RGB CMYK

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Figura 3. Sistema RGB e CMYK. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/06/2021.

A teoria de Young-Helmholtz
assinala que o olho humano percebe
cores através de três grupos de
células pertencentes ao sistema
nervoso, estimuladas pelos
comprimentos de onda de três cores:
vermelho, verde e azul. De acordo
com suas diferentes intensidades,
tem-se como resultado as demais
cores que se compõem a partir dessas
três primeiras. Em um processo
parecido ocorre a mistura do
vermelho, verde e azul para formar a
luz branca, cujo nome é síntese aditiva.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Para combinar as cores em um ambiente interno, pode ser usada uma
ferramenta que foi criada pelo professor Johannes Itten, da Escola Bauhaus,
nos anos de 1920: o círculo cromático. O círculo é composto pelas cores
primárias, cujas misturas sucessivas geram cores secundárias e terciárias,
criando uma cartela com doze cores que podem resultar em centenas de
combinações entre si (GRIMLEY; LOVE, 2016). Na Figura 4, você pode
conhecer o círculo cromático e acompanhar as setas que indicam algumas
combinações harmônicas que podem ser escolhidas utilizando-o, com duas,
três ou quatro cores diferentes.

Combinações harmônicas

Duas
TrêsQuatro cores
corescores
Figura 4. Círculo cromático. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/06/2021.

De acordo com Pedrosa (2010), as cores podem ser classificadas de acordo


com algumas de suas características e manifestações e há, pelo menos, sete
formas de realizar essa classificação. O Quadro 1 assinala essas classificações.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DAS CORES

Cores Características

Primárias Não é possível decompô-las e são as responsáveis por formar


as demais cores do espectro. São o vermelho, amarelo e azul.
São as cores que resultam da mistura equivalente entre duas cores
Secundárias primárias, sendo laranja (vermelho e amarelo),
verde (azul e amarelo) e roxo (vermelho e azul).
São as cores resultantes da mistura entre uma cor primária e uma
Terciárias secundária. Exemplos: vermelho-alaranjado, amarelo-alaranjado,
É a correspondência amareloesverdeado, azul-esverdeado, vermelho-arroxeado e azul-
diametral entre duas arroxeado.
cores, ou seja,
aquelas que
Complementares cocupam pontos opostos dentro do círculo cromático, como
o vermelho e o verde, o azul e o laranja e o roxo e o amarelo.
Análogas São aquelas cores que se encontram lado a lado no círculo cromático.
Cores que apresentam azul ou verde em sua composição e que
Frias
Quentes transmitem a sensação de frescor quando utilizadas como na Figura
Fonte: PEDROSA, 2010. 5.
(Adaptado). Cores que possuem amarelo ou vermelho em sua composição e
transmitem, pelo seu uso, as sensações de calor e vibração, como na
A Figura 5 Figura 5.
apresenta o círculo cromático, ou seja, uma representação em círculo das
cores percebidas pelo olho humano. Note que é possível observar como as
composições transmitem determinadas sensações.

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Cores quentes

Cores frias
Figura 5. Cores quentes e frias no círculo cromático. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/06/2021.

Além dessas combinações e conceitos de cores apresentadas, lembre-se


que é possível realizar a harmonia entre uma mesma cor (variando sua
intensidade e gerando o que se chama de equilíbrio monocromático).

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DICA
Ao fazer um projeto de interiores você, muitas vezes, vai
querer combinar diferentes cores, mas nem sempre terá
uma noção imediata se elas combinam ou não. Para que
haja harmonia entre elas, você pode usar o site Adobe Color
no qual é possível explorar cores e combinações variadas.

O uso das cores em arquitetura de espaços interiores permite tanto


destacar um determinado ponto ou objeto quanto criar sensações com
relação ao ambiente. Por exemplo, quando se pinta uma determinada parede
com duas cores diferentes, criando uma faixa, percebe-se que este cômodo
pode parecer mais longo de acordo com as cores usadas. Ou, ao realizar a
pintura de um forro em cor escura, cria-se a sensação de que o ambiente é
compacto.
Observe na Figura 6 0 uso de um recurso de pintura com cor escura nas
paredes, contrastando com o piso, rodapé, rodateto e o forro, o que gera a
percepção de um ambiente com pé-direito menor.

Figura 6. Sala com pintura escura. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/06/2021 .

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CURIOSIDADE
Não se esqueça que as cores que são utilizadas em um determinado
ambiente não dependem exclusivamente das tintas escolhidas para
recobrir paredes e tetos, mas também dos materiais usados no piso,
objetos e mobiliários.
Iluminação artificial na ambientação
Além da cor, existem outros atributos fundamentais para conceber a
atmosfera de um ambiente e, dentre eles, a luz. Em áreas internas, a luz pode
ser tanto natural quanto artificial ou uma mistura de ambas, dependendo das
necessidades que o espaço e o cliente apresentam com relação à iluminação,
bem como da orientação do ambiente em relação ao Sol e do tamanho das
aberturas que existem nele. Outro fator que influencia no uso da iluminação
natural é a presença de elementos de proteção nas aberturas, como os beirais
ou brises, e as possíveis interferências do entorno, como presença de
vegetação ou edificações.

CURIOSIDADE
Além dos beirais e brises, os cobogós ou elementos vazados podem
servir para filtrar a luz que entra nos ambientes internos. Neste caso,
é bem comum que eles projetem diferentes imagens no piso interno
de acordo com a orientação e posição do Sol.

A lâmpada incandescente ou elétrica foi inventada no século XIX e,


durante o século XX, seu uso foi popularizado, o que tornou a iluminação
artificial um atributo ainda mais importante no desenvolvimento interno
dos ambientes, considerando que várias tarefas podiam ser melhor
desenvolvidas. Nesse contexto e, ainda que em diferentes ambiências,
poderiam ser configuradas de acordo tanto com a função quanto com a
intenção do profissional em relação àquele espaço. Dentre as
características que os ambientes podem adquirir em relação ao uso da
iluminação estão a de aconchego e de formalidade, por exemplo.
Para conseguir alcançar esses diferentes propósitos dentro dos espaços a
partir do recurso da iluminação, entretanto, é fundamental que o arquiteto
entenda conceitos básicos sobre a luz artificial, que podem ser divididos entre

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 57


quantitativos e qualitativos. Os atributos quantitativos são medidos a partir
do fluxo luminoso de uma fonte de luz (lâmpada) e pelo iluminamento do
espaço em relação à função que ali se desenvolve. Tais parâmetros estão
assinalados nos catálogos disponibilizados por fabricantes das lâmpadas e
seguem os padrões estabelecidos pelas normas técnicas NBR 5413 (1992).
Dentre os atributos qualitativos da luz, pode-se citar a temperatura de cor
correlacionada (TCC), que é expressa na unidade Kelvin (K), e o índice de
reprodução de cor (IRC), que assinala com qual fidelidade a cor é refletida
quando sob a incidência de uma determinada fonte de luz artificial, tendo
como parâmetro de referência a luz do Sol (100). Na Figura 7 você pode
verificar as diferentes temperaturas de cor de lâmpadas comerciais, onde a
variação até 4000 K representa lâmpadas de temperatura de cor quente, de
4000 a 6000 K, de temperatura de cor neutra e acima de 6000 K lâmpadas
com temperatura de cor fria.

Figura 7. Temperatura de cor das lâmpadas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1 7/06/2021 .

Grimley e Love (2016), apontam para a existência de uma grande


diversidade de lâmpadas com diferentes especificações de TCC, IRC,
tamanho, vida útil e quantidade de energia consumida, sendo assim, esses
são parâmetros para os quais deve-se atentar durante a escolha feita para os
projetos de interiores residenciais.
Em geral, as lâmpadas incandescentes comuns possuem IRC próximo a
100, ou seja, excelente, mas sua eficiência energética é baixa, pois, ao
produzir luz, emitem uma grande quantidade de calor para o qual perdem
energia, o que as levou a serem excluídas do mercado nacional em 2015. No
seu lugar, passaram a ser usadas as lâmpadas halógenas, que também são
incandescentes, têm uma maior durabilidade e IRC de cerca de 95, o que

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ainda é ótimo. Sua temperatura de cor correlacionada é quente, ou seja,
proporciona a sensação de conforto e aconchego, o que permite sua
instalação em áreas como salas de estar e dormitórios.
As lâmpadas fluorescentes, por sua vez, podem ser tanto compactas
quanto tubulares e apresentam-se tanto com TCC quente quanto fria, sendo
seu IRC um pouco menor que as incandescentes, variando entre 75 e 85. Seu
principal uso nos ambientes residenciais se dá em áreas de serviço, cozinhas,
banheiros, garagens e circulações, e dentre suas principais características
está a alta durabilidade.
As lâmpadas LED (Light Emitting Diod), finalmente, são aquelas que têm o
menor consumo de energia, sendo interessantes do ponto de vista
econômico. Elas já são fabricadas com IRC e TCC totalmente compatíveis com
os demais tipos de lâmpadas, o que permite que sejam usadas em ambientes
residenciais, seja qual for o cômodo que se está projetando.
Lembre-se que as lâmpadas são as encarregadas pela emissão da luz, mas
precisam estar instaladas em um suporte que seja responsável por direcionar
o fluxo luminoso no ambiente, de acordo com sua função e localização. Ching
e Binggeli (2013), assinalam que existem três tipos básicos de iluminação de
acordo com o espaço e com o padrão de uso/função que será realizado nele:
iluminação geral, de trabalho e de destaque.
A iluminação geral é aquela que é responsável por fornecer a luz do
ambiente como um todo, sem que exista nenhum ponto específico de
interesse ou áreas de sombras nele. É importante que ela seja feita por
luminárias difusas, nesse caso, para que assim seja evitada a ocorrência de
ofuscamento.
A iluminação de trabalho, que pode ser observada na Figura 8, por sua
vez, é aquela que é instalada para uma necessidade ou atividade específica e
que normalmente utiliza as luminárias direcionáveis. Embora sejam
propostas para as atividades específicas, é importante entender que essas
atividades não devem exigir um padrão de acurácia extremamente elevado.
É o tipo de iluminação proposto para a cabeceira de uma cama, por exemplo,
para que o usuário realize uma leitura, e não deve estar sujeita ao
ofuscamento.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 59


Figura 8. Iluminação de trabalho no quarto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 17/06/2021.
Enquanto isso, a iluminação de destaque é conhecida como aquela
responsável pelo destaque de objetos, pontos de interesse ou detalhes
executados na arquitetura. Ela também é o tipo de iluminação utilizada
quando se deseja criar uma atmosfera específica no ambiente, com o uso de
feixes de luz mais concentrados.

Noções de
Você já parou para pensar no quanto os sons que o indivíduo recebe no
ambiente impactam na percepção deles em relação a esse espaço? Imagine
que, quando colocado em um espaço muito sujeito a ruídos, o seu cliente
pode ficar irritado e se sentir totalmente desconfortável, o que se amplia caso
o espaço de desconforto seja sua própria casa.
Desse modo, é fundamental que você, como profissional de arquitetura
de interiores, admita que o tempo todo os espaços residenciais estão sujeitos
a sons que vem do exterior e que podem prejudicar a sensação de conforto
do usuário. Por isso, você poderá tomar algumas decisões de projeto que
sejam capazes de melhorar as condições daquele ambiente em relação às
propriedades acústicas.

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Essa condição passa diretamente pelo conhecimento das noções de
conforto acústico, ou seja, pelas condições que tornam o espaço agradável
ao usuário do ponto de vista dos ruídos e sons que recebe. Além disso, você
deverá conhecer as propriedades de alguns materiais e sua
aplicação nos projetos residenciais de modo que, a partir
desse conhecimento, você possa fazer as escolhas adequadas
de acordo com as condições que terá disponíveis em cada
projeto de interiores a ser feito.
Finalmente, será importante compreender que cada um
dos ambientes de uma residência tem uma
demanda específica pelo conforto acústico, ou
seja, há uma variação quando se trata de um
quarto e de uma sala, por exemplo. Assim, a
partir dessas demandas particulares você
poderá aplicar seus conhecimentos para
melhorar o desempenho acústico interno de
cada ambiente.
Noções preliminares de conforto acústico
O conforto acústico de um ambiente residencial é fundamental para que
o usuário consiga exercer suas atividades, sejam elas de descanso ou estudo,
por exemplo. Nesse caso, espera-se que haja um isolamento dos ambientes
internos com relação ao exterior. Além disso, em alguns casos, seu cliente
pode desejar isolar sua residência ou algum cômodo específico dela para que
ele possa fazer ruídos sem incomodar outros moradores ou os vizinhos -
imagine que ele tenha um filho que toca bateria quase todas as noites.
Para que você possa atuar no sentido de garantir o conforto acústico nas
residências, é preciso que entenda que o som possui natureza ondulatória,
ou seja, ele se propaga por meio de ondas necessariamente em um meio
físico. O som não se propaga no vácuo. As ondas, por sua vez, possuem
frequência, velocidade e comprimento determinados, além de intensidade,
que é cientificamente chamada de nível de pressão sonora e cuja medição é
realizada na unidade decibel (dB ou dBA).
Entenda que, no mundo contemporâneo, é bastante comum que os
lugares apresentem níveis de ruído cada vez maiores em diversas cidades,

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 61


inclusive nas menores, e a presença de vizinhos e ruas pode promover fontes
ruidosas por todo lado. É importante entender que existe uma diferença
entre som e ruído. Enquanto o som é uma onda de frequência constante, o
ruído apresenta variações de frequência e comprimentos de onda que o
tornam desagradável ao ouvido humano.
Dentre as fontes de ruído frequentes nas cidades, podem ser destacadas
desde as conversas e barulhos provenientes de vizinhos, tanto em casas
quanto em apartamentos, a passagem de veículos e carros de som nas ruas e
o ruído proveniente de instalações elétricas e hidráulicas. Nesse sentido, há
normas técnicas que devem ser respeitadas com relação ao nível de ruído de
acordo com os ambientes que se está projetando.

EXPLICANDO
As normas técnicas se referem a um conjunto de regras que são elaboradas
para regulamentar a qualidade, classificar ou regular a produção de materiais
ou serviços em vários segmentos. No Brasil, o órgão responsável pela
produção das normas técnicas é a ABNT —Associação Brasileira de Normas
Técnicas.

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Para acústica residencial interessam, sobretudo, as normas da ABNT NBR
10151 (2000), que aborda a avaliação de ruído de áreas habitadas, e a NBR
10152 (1987), que estabelece níveis máximos de ruído para a manutenção de
conforto acústico em diversos ambientes.

Acústica aplicada a projetos residenciais


Quando se trata de projetos residenciais, há níveis máximos de ruído que
devem ser respeitados para garantir o conforto dos usuários, segundo a NBR
10151. Esses valores estão expressos no Quadro 2 e se dividem entre níveis
de ruído diurno e noturno.

QUADRO 2. NíVEL DE RUíD0 PARA AMBIENTES EXTERNOS, EM DB

Fonte: ABNT, 2000. (Adaptado).

Os valores apresentados no Quadro 2 referem-se aos ruídos externos às


áreas residenciais, entretanto, existem níveis de ruído específicos para as
áreas internas, de acordo com o ambiente que se está tratando e que são
especificados pela NBR 10152 (1987). Os dormitórios e salas de estar
apresentam níveis de conforto sonoro com uma variação de ruído que fique
entre 35 e 50 dB, no máximo.
Para obter tais valores, em alguns casos, pode ser necessário realizar o
isolamento acústico de paredes. O isolamento pode ser feito com o aumento
da massa ou espessura da parede, independentemente do material do qual
ela seja composta e, ainda, pode compreender a instalação de materiais
absorventes em sua superfície para que parte da energia acústica seja
absorvida e deixe de retornar ao ambiente, o que evita fenômenos como a
reverberação ou eco. Espuma, rolha e outros materiais com alto índice de
porosidade são alguns exemplos que se aplicam ao projeto de arquitetura.

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Além do isolamento em paredes, é possível melhorar as condições
acústicas de um ambiente a partir do uso de carpetes ou pisos absorventes
que, além de diminuir a propagação de sons que refletem neles, minimizam
a ocorrência de sons de passos ou de movimentação incômoda de móveis.
Esse tipo de tratamento é fundamental entre pisos e lajes de apartamentos
para que seja evitada a transmissão de ruídos entre pavimentos em uma
edificação.
Na escolha dos revestimentos que serão usados nas áreas internas é
importante considerar as necessidades acústicas de cada ambiente, pois as
superfícies com acabamento liso e brilhante refletem som com mais
intensidade. Nesse sentido, para manter o ambiente acusticamente
confortável, se parte das superfícies apresentarem tal acabamento, pode ser
necessário que outras possuam mais texturas.

Técnicas de apresentação de projeto preliminar


O projeto de arquitetura de interiores residencial busca, em primeira
instância, organizar os espaços de acordo com as necessidades apresentadas
pelo usuário de modo a torná-los mais eficientes, seguros e confortáveis para
o uso. Entretanto, além de concebê-los com essas propriedades, você deverá
representar e apresentar para o seu cliente toda a ideia, desde sua concepção
inicial, até os últimos ajustes quando a obra será iniciada.
Assim, é fundamental que o profissional conheça as melhores técnicas
para fazer essa apresentação, pois a coerência entre o resultado do projeto e
aquilo que o cliente espera passa diretamente pela compreensão da estética
e das propriedades alcançadas pelo projeto em todas as etapas.
A representação gráfica pode ser tanto bidimensional quanto
tridimensional e seu nível de detalhamento é crescente de acordo com as
etapas nas quais se está realizando. Ou seja, quando os estudos ainda estão
em fase preliminar, é possível utilizar formas de representar o projeto,
também mais preliminares e com menor nível de detalhe, prendendo-se mais
ao conceito que ao conjunto final específico.
Serão apresentadas aqui algumas das técnicas disponíveis para fazer essa
representação, e você entenderá como elas são importantes em cada uma

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das etapas de projeto para transmitir a ideia básica do que será executado.
Você está pronto para começar?

Estudo de cortes e elevações


No projeto de arquitetura, os desenhos estão presentes em todas as
etapas, desde a visualização das possibilidades, o estudo de alternativas
projetuais e a apresentação de ideias preliminares de como espaços e
edificações se configuram (CHING; BINGGELI, 2013).
A comunicação de um projeto de arquitetura e design de interiores é feita,
predominantemente, a partir da representação gráfica que se apresenta a
todos os envolvidos na obra, do cliente aos fornecedores de mão de obra.
Sendo assim, é fundamental que exista uma linguagem padrão para que a
informação passada seja compreendida por cada um dos integrantes e para
que a execução esteja em conformidade com aquilo que foi previsto pelo
profissional responsável por ele.
Para cada situação e etapa do projeto, há um tipo de desenho ideal que
deve ser apresentado em escala adequada. A escala é a relação que existe
entre um determinado objeto desenhado e sua dimensão real, sendo comum
que em projetos residenciais de interiores as peças gráficas gerais sejam
apresentadas na escala 1:50; os detalhamentos de ambientes referentes a
mobiliários, revestimentos e equipamentos podem ser ampliados para a
escala 1:20 ou 1:25; e, no caso de detalhes muito específicos como encaixes,
a escala usada pode ser 1:10 ou até 1:5.
Dentre as principais peças gráficas utilizadas em projetos de arquitetura de
interiores, pode-se destacar:
Plantas, cortes ou elevações - peças técnicas, normalmente entregues em
escala 1:50.
Paginação dos acabamentos em planta, corte ou elevação - peças técnicas
essenciais para a execução de revestimentos e acabamentos como azulejos
ou pisos, em geral, entregues em escala maior onde 1:25 é um bom tamanho.
Planta de forro e iluminação - assim como as paginações, são detalhes
importantes para a execução do projeto que podem tanto ser apresentados
na própria escala 1:50 quanto 1:25.

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Detalhes construtivos - correspondem à forma de execução dos mais
diversos componentes do projeto, como os elementos de marcenaria ou
caixilhos, por exemplo. Nesse sentido, costumam ser executados em escala
1:25 ou superiores em casos específicos.
Perspectivas internas - são fundamentais para uma compreensão geral do
projeto, principalmente pelo cliente que é leigo no assunto. Não precisa ser
feita em escala e pode ou não apresentar cores e hachuras representativas
de materiais e acabamentos.
Memorial descritivo do mobiliário, acabamentos e materiais - é
considerada também uma peça gráfica que será fundamental para quantificar
os materiais, realizar compras e orçamentos de acordo com as especificações
do projeto.
Lembre-se que a apresentação de cada uma dessas peças depende muito
da etapa pela qual o projeto está passando. Nos primeiros estudos, é comum
que sejam apresentadas perspectivas, plantas, cortes e elevações, mas sem
grande quantidade de detalhamentos, os quais serão inseridos de acordo
com a evolução do projeto,
As plantas são um dos itens fundamentais em arquitetura e também
podem ser chamadas de plantas baixas, onde estão representados os
elementos de que compõem o espaço a partir de um corte do plano secante
horizontal. Em geral, a altura para o corte de uma planta baixa é de cerca de
1,10 m, mas pode variar de acordo com as necessidades específicas do
projeto, desde que isso esteja apontado.
Os cortes, por sua vez, são representações de seções verticais do projeto,
ou seja, são obtidos pela determinação de um plano secante vertical que
permite a visualização de paredes, janelas e elementos internos do projeto.
Enquanto as plantas apresentam as cotas horizontais, os cortes são
responsáveis por trazer cotas verticais e indicações de alturas e pés-direitos.
Em ambos os tipos de desenho, é fundamental que sejam representadas as
diferentes espessuras de linha, onde as mais leves representam elementos
em vista e as linhas mais fortes e preenchidas por hachuras são
representativas de elementos em corte, de acordo com as especificações da
NBR 6492 (1994), que trata da representação de projetos de arquitetura.
O plano secante vertical que gera o corte de um ambiente deve estar
representado em planta e é importante que os cortes sejam executados de
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
modo a apresentar a maior quantidade possível de detalhes tanto
construtivos quanto de um espaço específico. Eles podem ser tanto
transversais, quando são feitos no sentido da menor dimensão da planta,
quanto longitudinais, que acompanham a planta em seu maior sentido.
Geralmente, os cortes são denominados com as siglas AA, BB e assim
sucessivamente, de acordo com a quantidade de peças existentes naquele
projeto. É comum que a seção passe por portas, janelas, espaços molhados
ou úmidos (como banheiros, cozinhas e áreas de serviços) e deve haver, nas
extremidades da linha que secciona a planta, símbolos que indicam o sentido
de visualização daquele corte específico e o número da folha na qual o corte
está, como mostra a Figura 9.

Figura 9. Planta corn indicações de corte. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1 7/06/2021 .

DICA
Na NBR 6492, que trata sobre a representação de projetos de
arquitetura, você encontrará todos os itens que devem constar nos
cortes e a simbologia que precisa ser expressa nas peças gráficas, tanto
a "chamada" de um corte em planta quanto a identificação de cotas e
dimensões verticais nos cortes propriamente ditos. Essas trarão

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medidas de mobiliários, elementos construtivos, portas, janelas e objetos no sentido
vertical.

Para a indicação de altura em cortes, pode-se utilizar as chamadas


cotas de nível que sinalizam a altura preestabelecida em relação a um
ponto de referência, ou seja, a rua, calçada ou qualquer indicação
topográfica conhecida. Essa cota se inicia no nível 0,00 e pode ser
positiva ou negativa em relação a esse ponto: por exemplo, se o nível da
rua é 0,00 e a garagem da residência que você está projetando fica 12
cm acima, a cota de nível na garagem será 0,12 e assim sucessivamente.
A altura indicada na cota de nível serve como base para alinhar as
demais cotas internas de um projeto, podendo ser divididas entre cotas
de osso ou acabadas. As cotas de osso são aquelas que consideram os
níveis da estrutura, sem os revestimentos, como é o caso do contrapiso.
Enquanto isso, as cotas de acabamento representam o nível final do
ambiente após a instalação de pisos e demais revestimentos.
Não se esqueça que, mesmo no desenho de cortes, deve estar
inserido o nome de cada ambiente, para que possa ser facilmente
identificado por todos que vão manipular essa peça gráfica. Além disso,
podem ser colocadas notas com indicação de acabamentos e materiais
para cada cômodo aparente do corte, bem como outras chamadas e
indicações de detalhamentos que sejam pertinentes para o
entendimento do projeto.
A elevação, por sua vez, possui várias características em comum com
o corte, mas ela se caracteriza, principalmente, por ser um desenho que
mostra as paredes como se estivéssemos olhando perpendicularmente
para ela e onde não são empregadas espessuras. Ou seja, a elevação ou
vista não corta o ambiente, mas serve para sua visualização bem como
para indicação de certas informações, como altura de pontos elétricos e
hidráulicos (GIBBS, 2010).
As especificações de materiais e revestimentos podem estar
presentes tanto nos cortes quanto nas elevações e, em alguns casos, ao
invés de utilizar as notas para cada material, podem ser adotados
símbolos gráficos ou números, evitando que o desenho fique poluído. O
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
autor delega a cada material e revestimento um determinado código que
será apresentado no desenho e, na folha da elevação, apresenta uma
legenda. Por exemplo, pode-se utilizar, A para piso, B para parede, C para
rodapé, e assim sucessivamente; e, 1 para tinta lavável, 2 para cerâmica,
3 para gesso. Assim, um item identificado na elevação como A2 indica
piso de cerâmica.
Você pode adotar, como aponta Montenegro (1978), símbolos
gráficos tais como triângulos, quadrados elou círculos para a
representação, conforme o Quadro 3.
QUADRO 3. SIMBOLOGIA DE ACABAMENTOS

Fonte: ABNT, 2000. (Adaptado).

Há, ainda, alguns outros tipos de elevação que podem ser adotados:
Elevação em corte: usada para representar alturas de peitoris, portas,
janelas e móveis, por exemplo. Nesse caso, são inclusos detalhes de
espessura de pisos, lajes e paredes e as cotas verticais.
Elevação em vista: fachada, por exemplo, mostrando elementos que
compõem o ambiente, mas não apresentam cotas.
As elevações podem apresentar ainda, a paginação dos revestimentos
para orientar os profissionais envolvidos na aplicação desses materiais para
que o processo seja feito de forma exata. Assim, aponte na elevação por onde
o revestimento deve começar a ser instalado e o sentido de instalação, bem
como a execução de qualquer desenho que exista nele.

Ângulos, traços e efeitos de desenho


A expressão por meio do desenho pode ser feita de diversas maneiras em
arquitetura, tanto através das peças técnicas como plantas, cortes e
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elevações, quanto por meio de perspectivas que podem auxiliar desde o
desenvolvimento do conceito ou partido arquitetônico a ser empregado até
a apresentação do projeto para o cliente.
Não se esqueça que a produção arquitetônica, embora possua valor
estético, leva em conta necessidades e especificações funcionais
apresentadas pelo seu cliente e, nesse sentido, pode ser representada
também dessas duas maneiras. Em uma apresentação feita por meio de
perspectiva, o arquiteto escolhe qual o melhor ângulo de cada ambiente a ser
mostrado e deverá apresentar materialidades e linguagens utilizadas no
projeto.

Atualmente, é comum que sejam utilizados não apenas os desenhos


feitos à mão livre, como demonstra a Figura 10, mas também colagens e
montagens fotorrealistas confeccionadas a partir do AutoCAD@,
ArchiCAD@, Revit@ e Sketchup@, dentre outros softwares de
modelagem tridimensional aplicados à arquitetura.

Figura IO. Perspectiva interna em preto e branco. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 17/06/2021.

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As figuras devem ser bastante exploradas na linguagem arquitetônica,
uma vez que ajudam na compreensão do espaço, sobretudo, por parte do
cliente. A captura das imagens representativas do projeto,
independentemente do tipo escolhido para representação, pode obedecer a
preceitos da fotografia. A composição de uma foto é aquilo que dá sentido ao
que está sendo capturado, ou seja, os planos e ângulos captados na imagem
são fundamentais para que ela seja considerada uma boa foto.
Para o desenho de representação arquitetônica a lógica é parecida. Assim,
devem ser considerados parâmetros tais como planos, alturas e lado do
ângulo que dizem respeito, respectivamente, à distância entre o local de
captura e o objeto que é fotografado; e ao posicionamento angular existente
entre o objeto e a fonte que o captura.
Em geral, quando se está fazendo uma perspectiva fotorrealista de um
projeto de arquitetura, é possível alterar a altura do ângulo de captura
facilmente. Ele pode estar localizado no nível dos olhos do observador (ângulo
normal), acima do nível dos olhos com o olhar voltado para baixo (ângulo
plongée) ou abaixo do nível dos olhos (ângulo contra-plongée). O mais
comum na representação de espaços internos é que a câmera esteja
localizada na altura do observador, mas não se esqueça de fazer os ajustes
necessários de acordo com o ambiente que você tem em mãos.
Além disso, com relação ao local de captura da imagem, em arquitetura o
mais comum é que a representação seja feita de frente ou paralelamente ao
objeto/espaço ou, ainda, a 450 de um determinado ponto em detrimento de
necessidades específicas daquele ambiente. O ideal é que você,
principalmente se estiver trabalhando com um modelo tridimensional,
aproveite para movimentar-se e verificar qual é a melhor angulação para a
captura, ou seja, qual aquela que capta a maior quantidade de detalhes e
características do projeto.

Perspectivas aplicadas aos estudos de interiores


As perspectivas são representações bidimensionais que buscam simular
uma visão tridimensional de um determinado objeto ou espaço e que podem
ser totais ou parciais e não devem apresentar a colocação de cotas. Mas,
pode-se e deve-se utilizar as perspectivas como uma forma de representação
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
de materiais e, nesse sentido, elas podem conter informações relativas à
especificação.
Com o uso mais comum de softwares de representação tridimensional,
sobretudo aqueles que simulam de forma bastante realista os espaços,
objetos e materiais, tais como o Revit@ e o Sketchup@ ou outros similares,
essa tarefa tem se tornado cada vez mais fundamental nos processos de
projeto de interiores. Além das capturas em perspectiva, é possível criar
vídeos capazes de simular a movimentação do cliente pelo interior dos
ambientes.
Normalmente, as perspectivas podem ser utilizadas em todas as etapas de
projeto: nos primeiros estudos elas auxiliam na apresentação do partido
projetual para o cliente. Em alguns casos, o arquiteto opta por realizar esses
estudos preliminares em perspectiva feita à mão livre, uma vez que ela pode
ser feita em menor tempo que os projetos completos nos softwares. Mas, a
representa-
61

ção à mão livre não significa que o projeto será mal assinalado. Como mostra
a Figura 11, é possível realizar perspectivas bastante detalhadas, com cores e
representação de materiais e texturas, nas quais o cliente consegue
compreender perfeitamente a dinâmica do ambiente.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Figura 11. Perspectiva interna colorida. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 17/06/2021.

Em artes, há pelo menos três tipos de perspectiva: a geométrica, a linear


e a aérea. No desenho arquitetônico, a principal perspectiva utilizada é a
geométrica, que tem características técnicas. A perspectiva linear, por sua
vez, é bastante utilizada para a representação de edifícios, ruas e paisagens,
pois apresenta o chamado ponto de fuga. Finalmente, a perspectiva aérea
envolve variações de escalas para que seja criado o efeito de profundidade e
de distância no desenho.
Quanto maior o nível de detalhamento apresentado, mais fácil será a
compreensão dos entes envolvidos na execução do projeto como um todo,
uma vez que as intenções do profissional estarão totalmente explicitadas.
Como ocorre na Figura 12, que representa o projeto de interiores de uma
cozinha residencial, é possível compreender com precisão cada tipo de
material e objeto empregado no interior, seu acabamento e o resultado do
conjunto.
62

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Figura 12. Render interno de uma cozinha. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 17/06/2021.

A perspectiva pode ser aplicada tanto na representação de ambientes


como um todo quanto de mobiliários específicos. No caso dos mobiliários,
quando a intenção é que sejam representados detalhes de sua execução,
pode ser usado um recurso denominado perspectiva explodida, que consiste
na simulação de uma "explosão" do objeto, deixando aparentes cada uma de
suas peças de forma separada. É comum que, ao realizar esse tipo de
desenho, o arquiteto represente linhas tracejadas que indicam o sentido de
deslocamento de cada peça, para que seja mais fácil visualizar como ela se
comportaria como um todo.
Sintetizando

Os projetos de arquitetura de interiores envolvem uma série de variáveis


que podem se relacionar desde à percepção do ambiente pelos usuários e o
seu conforto até a forma pela qual os espaços são representados, para que,
durante o processo projetual, o usuário já consiga compreender
preliminarmente as sensações que ocorrerão ali, bem como escolher os
componentes que se adequam às suas necessidades e preferências.
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
Nesse sentido, aqui você pôde entender dois parâmetros fundamentais
que estão relacionados ao conforto do indivíduo em um determinado
cômodo: a iluminação e o som. Para tal, você foi apresentado a conceitos
preliminares de cada um desses elementos, verificando a natureza
ondulatória de ambos, embora possuam comportamentos distintos, bem
como foi instruído a respeito das normas técnicas que devem ser seguidas
para garantir requisitos mínimos de conforto em cada espaço, de acordo com
suas funções.
Além disso, você viu como a forma de representação de um projeto nas
suas diversas fases impacta diretamente em sua execução e na compreensão
pelo cliente. Enquanto o cliente é um público leigo, que requer uma
apresentação de projeto mais visual e menos técnica, o processo executivo
necessita de informações técnicas e que sigam uma linguagem universal para
que todos os envolvidos na obra possam executá-lo de forma correta.
Assim, você verificou que o projeto de interiores de uma residência pode
ser representado tanto a partir de plantas, cortes e elevações com maior ou
menor grau de detalhamento de acordo com a fase na qual se está quanto
por meio de perspectivas. Com o uso de softwares de maquetes 3D, esse
processo de representação em alguns casos dispensa a execução de
perspectivas à mão livre, mas em outros ainda é empregado pelo menos nas
etapas preliminares.
Referências bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413: iluminância
de interiores. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:
representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10151: acústica
avaliação em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade. Rio de
Janeiro: ABNT, 2000.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: níveis de
ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de Interiores ilustrada. 3. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


GIBBS,J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. São
PauIo: Gustavo Gili, 2010.
GRIMLEY, C; LOVE, M. Cor, espaço e estilo: todos os detalhes que os designers
de interiores precisam saber, mas que nunca conseguem. São Paulo: Gustavo
Gili, 2016.
GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores residenciais.
3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2005.
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
1978. PEDROSA, l. Da cor à cor inexistente. 10. ed. Rio de Janeiro: Senac
Nacional,
2010.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


ser
educacional
Objetivos da unidade
Conhecer tendências contemporâneas de arquitetura de interiores no uso de
materiais, acabamentos e objetos de decoração;

• Saber quais peças gráficas devem ser apresentadas no anteprojeto;


Compreender a importância do detalhamento em projetos de
interiores e da especificação de mobiliário e marcenaria, identificando o
que deve ser apresentado.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


67

Tendências contemporâneas
Ao longo dos anos, as tendências predominantes na arquitetura e
urbanismo sofrem modificações que dependem, em grande parte, das
condições culturais, sociais e econômicas da população. Durante metade
do século XX, por exemplo, há a predominância do estilo Moderno,
marcado pela dominância da função sobre a forma e pelo uso de
materiais e sistemas inovadores, desenvolvidos e aprimorados após a
Revolução Industrial, no século XVIII.
Após esse período, uma série de características é incorporada aos
projetos arquitetônicos em suas diversas tipologias, inclusive
residenciais, com um crescimento do uso de materiais e sistemas
inovadores na construção das edificações, transformando os espaços
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
internos, agora mais livres de paredes e vedações e com grandes
aberturas para insolação e ventilação. Essas características da
arquitetura moderna são chamadas de "planta livre" e "fachada livre".
Além disso, os objetos e mobiliários das áreas internas adquirem
novas formas e passam a ser concebidos com materiais inovadores,
como cadeiras e poltronas com estrutura em aço tubular. Todas elas
seguem a ideia predominante de que a forma deve seguir a função
dentro de um projeto, e que a característica primária de qualquer peça
arquitetônica é a funcionalidade.
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial nos anos 1940, a produção
moderna entra em decadência, dando lugar a uma arquitetura e
produção artística que priorizam, sobretudo, as características
relacionadas ao próprio objeto e aos materiais que o compõem. Assim,
os mobiliários e espaços produzidos adquirem uma nota artística que,
em vários momentos, consideram a forma por si só a característica
fundamental.
Essa ideia perpetua-se por algumas décadas na produção de
arquitetura, sendo chamada de pós-moderna ao ser incorporada pelas
edificações residenciais e seus interiores. Por volta das décadas de 1980
e 1990, surgem as tendências chamadas de contemporâneas,
englobando as demandas mais atuais no que concerne à produção de
arquitetura. A seguir, são apresentadas as principais demandas que
emergem a partir de então, e que se perpetuam para a produção de
espaços residenciais internos.
Arquitetura de interiores contemporânea: tendências
Uma tendência é uma inclinação, aquilo que faz algo se mover em uma
determinada direção e que, em alguns casos, também é chamado de moda. Em se
tratando de arquitetura de interiores, as tendências contemporâneas são as
principais diretrizes utilizadas no projeto, aquilo que é mais comum e utilitário aos
indivíduos no atual momento e, neste sentido, mais requisitado pelos profissionais.
Logo, uma tendência se refere tanto à disposição dos espaços e às demandas por
ambientes no programa residencial quanto às materialidades empregadas nos
objetos ou no revestimento direto das superfícies do cômodo.

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Com relação aos espaços residenciais e às atuais tendências, é possível salientar
a presença de alguns ambientes específicos: a varanda gourmet e o home Office
são os principais. A varanda gourmet, uma vez que apresenta uma função parecida
à dos quintais com área de lazer, menos comuns no século XXI, é um espaço
utilizado em apartamentos residenciais onde é possível receber pessoas, realizar
pequenas celebrações, cozinhar ou fazer churrasco. Em geral, ela está interligada à
cozinha ou à sala de estar, o que faz com que seu espaço pareça maior do que é de
fato.
O home Office, por sua vez, é um espaço contrário à varanda gourmet, pois a
ideia é que o indivíduo possua condições de reproduzir seu trabalho no ambiente
residencial com tranquilidade, aconchego, silêncio e suporte físico para tal. É
importante escolher cores adequadas, cadeiras ou poltronas que proporcionem
conforto, iluminação ideal e quantidade suficiente de pontos de eletricidade, como
no exemplo visto na Figura 1.

Figura 1. Home Office. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021 .

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Nem sempre um apartamento ou casa
apresenta um espaço específico para a
implantação do home Office, o que torna
necessária a adequação de pequenas áreas
dentro de outros ambientes. Esse ambiente pode
ser a sala ou o quarto, mas é imprescindível que
a região ocupada pela função de trabalho seja
delimitada, de modo que o indivíduo saiba fazer
a separação entre as tarefas.
É evidente que a tendência não se liga de forma exclusiva aos tipos de
ambiente que ocupam as áreas residenciais. Na atualidade, há uma série de
objetos e materiais a serem explorados e que podem ampliar a atratividade
de um espaço em relação ao cliente e aos usuários. Os materiais mais comuns
em mobiliários internos são madeira, vidro e metal, embora diversos
materiais, quando aplicados nos espaços internos, não apenas são agradáveis
do ponto de vista estético como também proporcionam benefícios
relacionados ao conforto térmico e acústico do ambiente.
Uma boa composição de design de
interiores leva em consideração
alguns parâmetros básicos
relacionados aos materiais: cores,
formas, texturas, volumes,
movimentos e luzes são alguns deles.
Considerando este conjunto de
variáveis, o exemplo das cortinas e de
seu uso nos espaços internos
residenciais é digno de menção, posto
que as cortinas obtêm funções
variadas ao longo dos anos. Entre os
séculos XV e XVIII, como se observa na
Figura 2, ela adornava o espaço ao
redor das camas, conferindo proteção
e privacidade nos dormitórios, sendo
itens quase exclusivos da parcela da
população mais rica até a Revolução
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 82
Figura 2. Cama com dossel e cortina. Fonte:
Shutterstock. Industrial, por volta de 1760. Acesso em: 28/07/2021 .
As cortinas adornam o ambiente com suas diferentes cores e
materiais, dando um aspecto mais confortável para o cômodo, além de
cuidar da iluminação e trazer textura e movimento para o ambiente.
Quanto às texturas, há cortinas com acabamento brilhante ou fosco,
como o cetim e a seda. Em todo caso, elas também podem ser mais leves
ou pesadas, com base no ambiente no qual são aplicadas e nas
necessidades presentes, sobretudo relacionadas à iluminação natural.
Quanto às cores, elas podem ser variadas, apresentando tonalidades
parecidas às que ocupam as demais áreas do ambiente, como na Figura
3, ou contrastantes, a fim de dar um espaço de destaque interno.

Figura 3. Sala de estar e home Office com cortina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021 .

Na atualidade, há também a tendência por persianas que, em alguns


casos, são automatizadas, permitindo um trabalho não só com a
decoração do ambiente, mas também com atenção à luminosidade e ao
conforto térmico nos espaços, podendo se movimentar de acordo com
as necessidades de cada espaço. Assim como as cortinas tradicionais, as

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persianas se apresentam nas mais variadas cores, texturas e tecidos, o
que é exemplificado na Figura 4.

Figura 4. Varanda com persianas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021.

Elas também podem ser empregadas em releituras de seus usos passados,


com tecidos mais leves e fluídos, permitindo maior movimento ao espaço,
como no caso de alguns quartos que utilizam as cortinas ao redor das camas,
tornando o espaço aconchegante e confortável sem ser antiquado, como é
possível verificar na Figura 5.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 84


PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
Com relação aos materiais usados no revestimento dos ambientes
internos, as tendências também se modificam no que concerne ao emprego
de novos materiais, a uma nova aplicação ou renovação tecnológica. O mais
importante, afinal de contas, é que o resultado do ambiente, no que diz
respeito a revestimentos aplicados e acabamentos de cada móvel
empregado, deve ser equilibrado.
Neste sentido, o uso de acabamentos em tecido não se restringe às
cortinas, podendo ser aplicado também nos carpetes. Em geral, os carpetes
são empregados para revestimento de piso em áreas que não necessitam de
molhagem constante, estando disponíveis em diversas cores, padronagens e
texturas. Do ponto de vista do conforto térmico e acústico, é um material
interessante cujo emprego é mais comum em áreas de dormitórios, visto que
transmite a ideia de aconchego.
Uma tendência também é a aplicação de concreto como superfície de
acabamento, algo que se relaciona à chamada "estética industrial", em que o
material duro e frio permanece aparente. Sua aplicação pode ocorrer no piso
e nas paredes, em diversas cores. É comum, em conjunto com o concreto
aparente, utilizar instalações aparentes e mobiliário com acabamento
metálico. O piso em aço elevado ou outros tipos de aplicação deste em
paredes confere uma atmosfera parecida, variando entre o estilo industrial e
o tecnológico.
As pedras também são um acabamento mais rústico, que transmite uma
sensação aconchegante ao espaço e cujo uso se dá em estado bruto ou após
polimento. Além das pedras, os revestimentos do tipo cerâmico são bastante
comuns em áreas internas, possuindo uma variedade que inclui porcelanatos,
mosaicos e pastilhas disponíveis para acabamento de piso e revestimento de
paredes.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 86


O granilite, o mármore e o granito são
tipos muito comuns de revestimentos para
áreas internas. Materiais resistentes e de fácil
manutenção, são bastante caros e
sofisticados, a depender da escolha, que
também se baseia numa boa aplicação, de
modo a evitar trincas nas superfícies, bem
como na correta especificação, uma vez que
as superfícies polidas são escorregadias e
devem ser evitadas em áreas muito molhadas elou de grande
fluxo.
Cabe um destaque ainda à madeira e
outros materiais com propriedades ou
características físicas parecidas, como os
laminados e vinílicos. A madeira pura é
elegante e nobre, porém, seu preço mais
elevado implica na utilização mais comum
de materiais como o laminado, cuja
aplicação é simples e a disponibilidade de
cores e texturas é variada. Esse tipo de
revestimento é instalado com cola específica sobre o
contrapiso e é vendido em réguas, o que requer cuidado
com a resistência à umidade.
Os pisos vinílicos também não são adequados para áreas molhadas;
contudo, apresentam características interessantes quanto à acústica e à
resistência ao tráfego. Além da variedade de cores e texturas
disponíveis, uma das atratividades desse revestimento é o preço mais
baixo em comparação aos laminados e à madeira maciça. Para a
superfície de pisos, vale destacar a borracha, cuja aplicação é mais
comum em áreas com crianças ou salas de ginástica, uma vez que são
revestimentos que absorvem impactos com facilidade. Neste caso, há
uma diversidade grande de cores e texturas, sem falar que sua instalação
se dá por meio de rolos ou placas, podendo ainda ser fixa ou destacável.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 87


Junto aos materiais ressaltados, vale assinalar o uso de outras
superfícies para revestimento de paredes e forros, como a alvenaria, o
gesso e o vidro. Os três materiais são bastante tradicionais, mas há uma
tendência à sua aplicação de forma mais tecnológica, aliando conforto
térmico e acústico e se apropriando das texturas. O gesso é usado em
placas para revestimento de paredes e nos sistemas construtivos como
o steelframe; o vidro, por sua vez, é aplicado em paredes, com folha
dupla e cores variadas, de modo a permitir, ao mesmo tempo,
permeabilidade visual e privacidade.

EXPLICANDO
O steel frame é um sistema construtivo com montantes de aço que se
juntam, formando elementos estruturais como paredes. Em geral, são
revestidos por placas cimentícias, de madeira ou gesso, recebendo
material para tratamento acústico elou térmico, e cuja execução se dá
em menos tempo que outros sistemas construtivos convencionais.

Objetos e decoração contemporânea para interiores


residenciais
No projeto de interiores, os cuidados com os detalhes são fundamentais
para garantir que os ambientes apresentem as características finais
esperadas pelos clientes. Nesse sentido, o uso de objetos decorativos e
acessórios é um recurso para dar harmonia e personalidade ao espaço.
Muitas vezes, através dos objetos, é feita uma adição de cores nos ambientes,
texturas, brilho ou formas, transmitindo diferentes mensagens ao cômodo e
transformando-o por completo. Gurgel, no livro Projetando espaços: guia de
arquitetura para áreas comerciais, de 2014, assinala que os tipos de materiais
mais tradicionais para aplicação em objetos, acessórios e móveis são a
madeira, os metais e vidros. O Quadro 1 apresenta cada um destes materiais,
suas características específicas e determinados usos num projeto de
interiores.

QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS E SUAS CARACTERíSTlCAS

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 88


Material Características
Madeira Émpregado em sua forma natural e aparente ou revestido, como peças em
MDF que recebem aplicação de lâmina externa colorida elou com textura.
Metal Aplicado em estruturas, pode ser parte total de um móvel ou objeto. A
depender do uso, é cromado, brilhante ou fosco e constituído de diferentes
metais.

Vidro
Comum em acabamento translúcido, opaco ou transparente,
colorido ou serigrafado em diversos mobiliários, não possui função
estrutural.
Fonte: GURGEL- 2014. (Adaptado).

No entanto, essas não são as únicas materialidades disponíveis para o uso


em projetos de interiores, residenciais ou não, pois até os próprios objetos
que recebem tais materialidades variam. Vale ressaltar que almofadas,
tapetes, roupas de cama e de banho, luminárias, quadros, cortinas e
persianas, adereços, louças e metais configuram como objetos ou acessórios
que compõem espaços internos das residências. As cortinas e persianas são
feitas em diferentes materiais e possuem características diversas de acordo
com as necessidades do cliente e o local em que são instaladas. É possível que
as materialidades variem de maneira ampla, desde as tradicionais, de sedas,
cetim, brocado e linho, até as mais inovadoras, com PVC, plásticos em geral,
alumínio e madeiras.
Antes de ver as características de outros elementos que compõem a
decoração de espaços internos residenciais, é importante considerar não
somente a aparência dos objetos ao escolhê-los, mas as dimensões que eles
ocupam no espaço e a facilidade de manutenção pelos usuários. Tal
manutenção se relaciona, por exemplo, à limpeza do objeto e do ambiente
no qual ele se insere e, para tanto, é fundamental observar os materiais,
considerando se eles devem transmitir uma atmosfera mais aconchegante,
como um espaço sofisticado, e se o uso é apenas estético ou funcional. No
caso das cortinas, elas auxiliam a regular a quantidade de luz natural que
entra num ambiente além de apresentar benefícios do ponto de vista
acústico.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 89


Os objetos que decoram um ambiente, seja de pequeno, médio ou grande
porte, são chamados de adereços. Há características básicas para a escolha e
colocação desses acessórios nos espaços internos, como evitar adereços
muito grandes em áreas pequenas ou uma grande quantidade deles em locais
com pouco espaço disponível, causando a impressão de um espaço
"entulhado". Também é importante se atentar à quantidade de cores usadas
num mesmo cômodo, pois os acessórios excessivos e em diversas tonalidades
podem trazer sensação de confusão. No caso de um ambiente de tons mais
neutros como um todo, o que inclui mobiliário e superfícies, é possível se
apropriar de características mais marcantes nos objetos, com cores e
acabamentos diferenciados e que tornam o espaço único.
Tal diferenciação também ocorre na escolha de um objeto cujo design é
inovador. Uma tendência atual utiliza peças vintage em partes das casas,
transmitindo uma sensação de aconchego, desde que toda esta atmosfera
seja condizente com todo o estilo da residência. No atual momento, ao invés
de colocar uma grande quantidade de acessórios pouco qualitativos, vale
apostar em alguns poucos objetos de boa qualidade e procedência, uma vez
que o ambiente se torna mais refinado, além de
evitar o desperdício de materiais, o que contribui
com a sustentabilidade ambiental, posto que reuso e
até a revitalização de alguns móveis são tendências
que se pautam no caminho mais sustentável para a
arquitetura. Na Figura 6, é possível ver um exemplo
prático da apropriação de objetos vintage, como a
televisão e o rádio, para a composição da decoração de uma sala de estar.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 90


Figura 6. Sala de estar decorada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021 .

Em alguns casos, também é possível valer-se de objetos e acessórios


multifuncionais, o que facilita a vida do cliente, sobretudo em espaços
menores. A tendência atual dos apartamentos com áreas pequenas, de cerca
de 20 m2, cria a demanda pela funcionalidade ainda maior, a fim de que os
usuários usufruam, ao mesmo tempo, de muito conforto, facilidade,
praticidade e estética. No conjunto de objetos que configuram áreas internas,
é possível citar os quadros, que podem representar retratos de família ou
fotografias, pinturas, pôsteres ou imagens em geral. Uma das principais
vantagens do uso de quadros é que eles podem ser trocados, o que permite
ousar na sua escolha, agregando personalidade ao espaço.
É possível utilizar quadros isolados, montar ou usar composições já
prontas, desde que em harmonia com o restante do espaço e a personalidade
do cliente, sem se esquecer da posição deles em relação ao usuário porque,
embora não haja uma regra específica, é interessante verificar se eles estão
em uma boa altura em relação a quem observa e se, ao compor entre
diferentes quadros, há um espaçamento ideal. É preciso também verificar o
tipo de moldura e o material que a compõe, porque é imprescindível que ela
siga a linguagem do restante do ambiente e do quadro ao qual se destina, de
modo que toda a composição de quadros ou de um quadro em relação ao
espaço esteja em consonância. Além disso, é possível criar uma composição

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


de molduras vazias numa determinada parede, o que se apresenta com um
caráter escultórico.
A ideia de utilizar esculturas em espaços residenciais interiores passa pelas
coleções, objetos que o usuário coleta e coleciona, tendo para ele um
determinado sentido e importância, algo que faz com que o espaço se torne
mais pessoal, o que é interessante e pode valorizar o projeto de decoração,
lembrando que as coleções variam de acordo com os clientes, como coleções
de bonecos, conchas, objetos antigos, carros colecionáveis, entre outros.
Nesse contexto, é possível se apropriar da característica para, a partir dela,
definir a linguagem de decoração num ambiente específico.
Os tapetes, por sua vez, também têm um importante papel nos projetos de
decoração de áreas internas, uma vez que são responsáveis por revestir parte do
chão e não perdem esse papel, embora usados há muito séculos. É comum que
esse objeto seja usado nas áreas secas, como salas e quartos, porque auxilia na
sensação de aconchego, além de ampliar o conforto térmico e acústico dos
espaços.
Os antigos tapetes persas, sinônimo de luxo e requinte, estampados e
feitos à mão, são artigos raros e exclusivos, visto que os tapetes atuais,
confeccionados em larga escala pela indústria, são compostos por materiais
mais simples e costumam ser mais baratos. Por isso, é importante escolher os
tapetes em razão dos materiais, das cores e das estampas, a fim de selecionar
o mais adequado à caracterização geral do ambiente. Na Figura 7, um tapete
liso cobre toda a área ao redor da cama, compondo com a sofisticação do
restante do quarto.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 92


Figura 7. Quarto sofisticado com tapete escuro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021 .
Por último, é preciso assinalar o uso das luminárias não só como
elementos funcionais, mas como importantes objetos de decoração de
qualquer espaço, uma vez que existe uma série de tipos, materiais e
características disponíveis no mercado. Sendo assim, a depender das escolhas
do arquiteto ou designer, os espaços são modificados e valorizados. O Quadro
2 traz algumas das características dos tipos mais comuns.

QUADRO 2. TIPOS DE LUMINÁRIAS E SUAS CARACTERíSTlCAS

Tipo de luminária características uma luminária geralmente mais simples e que


serve para a maioria
Plafon
dos ambientes, podendo ser embutida ou de sobrepor.
Normalmente são peças luxuosas cujo uso é mais comum em salas
Lustre de estar ou jantar, e que são aplicadas nos forros. Em geral, são bem
ornamentadas e apresentam várias lâmpadas.
Podem ser usados em vários ambientes, normalmente direcionando a
Pendente luz e possuindo características em comum com os lustres, embora sejam menos
detalhados e mais modernos. Podem ou não ser peças únicas.

Seu uso é bem comum em áreas onde pretende-se direcionar o feixe


de luz e são versáteis, podendo ser tanto de apoio no solo quanto

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


ocuparem espaços sobre os móveis. Há uma grande variedade de
Abajur, Luminárias
de chão ou decores, modelos, materiais e desenhos.
mesa
Para finalizar, vale destacar as louças e metais empregadas em áreas de
banheiros, lavabos, áreas de serviços e cozinhas, espaços que têm adquirido
uma característica de grande sofisticação, algo salientado
pelas escolhas relacionadas às louças e metais, cujos
acabamentos e cores variam, desde os cromados e brancos,
mais comuns, até acessórios na cor preta, cobre ou dourado,
demonstrados na Figura 8.

DICA
Para a especificação correta de louças e metais, é necessário verificar
as normas técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) referentes às instalações hidrossanitárias:
NBR5626:1998— Instalação predial de água fria;
NBR7198:1993— Projeto e execução de instalações prediais de água
quente;
NBR8160:1999— Sistemas prediais de esgoto sanitário;
NBR 9050:2015—Acessibilidade a edificações, mobiliário espaços e
equipamentos urbanos;
NBR 15097:2017—Aparelho sanitário de material cerâmico.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 94


Figura 8. Lavabo com cuba dourada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021.

Anteprojeto de apartamento residencial


Um anteprojeto é responsável por, após a validação das primeiras ideias
apresentadas no estudo preliminar, dar um passo a mais e expor informações
mais técnicas a respeito da produção do espaço, colocando as diretrizes
básicas do projeto enviado à obra e servindo para que as escolhas principais
sejam validadas. Durante o anteprojeto, é possível mostrar ao cliente
alternativas relacionadas aos materiais, à disposição dos ambientes internos
e à distribuição dos fluxos dentro de cada espaço.
Nesta etapa, algumas peças gráficas básicas são apresentadas para que as
validações sejam possíveis, como o layout dos espaços projetados e também
as elevações e perspectivas que dão a ideia das características predominantes
no espaço. E importante salientar que as informações, neste caso, ainda são
gerais e o projeto não está finalizado para a obra, apesar de existir um
controle de decisões.
Sendo assim, é fundamental que o profissional conheça e saiba utilizar os
recursos disponíveis para o desenvolvimento dessa etapa de forma a tornar
as fases posteriores mais simples. Ou seja, quão melhor
resolvido um projeto na etapa de anteprojeto, maiores as

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


possibilidades de poucas retomadas ou minimização dos erros no projeto
executivo e na obra.

Layout de
O layout de um espaço é um desenho que apresenta a disposição de
móveis e equipamentos que o compõem, sendo um complemento à planta
baixa de arquitetura. No desenho, estão presentes os componentes do
ambiente considerando tudo aquilo que é fixo, como as peças sanitárias,
armários e bancadas, além dos móveis, objetos e acessórios. Neste tipo de
peça gráfica, é comum representar cotas, em especial quando há elementos
fixos no ambiente. A Figura 9 traz o layout de um projeto de interior
residencial, no qual é possível identificar como cada espaço projetado pode
ser ocupado.

Figura 9. Layout do interior de uma residência. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/07/2021.

A distribuição de móveis e objetos dentro de um cômodo leva em


consideração as questões apresentadas pelo cliente sob o viés de suas
necessidades objetivas e subjetivas. Assim, é necessário que o layout respeite
pontos como a ergonomia, a flexibilidade, o uso, a adequação, a apropriação
e a privacidade de cada ambiente. No contexto de uma edificação residencial,
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
a distribuição espacial, tanto dos ambientes quanto dos elementos que o
compõem, se estrutura a partir de atividades básicas.
81

Dentro deste contexto, se destacam as atividades de repouso, higiene,


preparo e consumo de refeições, estudo, trabalho, lazer, estar, limpeza e
circulação. A partir deste conjunto de afazeres, é possível conceber o fluxo
dos usuários dentro do espaço de acordo com as áreas disponíveis e com uma
eventual sobreposição de atividades, algo identificado conforme o Diagrama
1, que ajuda a entender o processo de desenvolvimento do layout a partir de
necessidades e atividades desenvolvidas pelo cliente.

DIAGRAMA 1. DEFINIÇÃO DO LAYOUT A PARTIR DAS ATIVIDADES

Os ambientes têm dimensões mínimas de projeto estabelecidas pela


ergonomia, isto é, a junção entre atividades realizadas e mobiliários
específicos que ocupam um cômodo. Por exemplo, as áreas de corredores,
considerando apenas atividades de circulação, devem apresentar largura
mínima de 1 metro, ao passo que a dimensão de uma sala de estar
confortável se dá a partir de 8 m2. Para cozinhas, o dimensionamento mínimo
é de 4 m2, enquanto o ideal em um banheiro é uma largura de pelo menos 1
metro. Tais diretrizes de dimensionamento de ambientes residenciais se
encontram na NBR 15575: Desempenho de Edificações Habitacionais, editada
pela ABNT em 2013.
No caso de espaços residenciais que atendam às normas técnicas de
acessibilidade, entretanto, estas dimensões podem variar. As disposições da
NBR 9050: Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos,
editada pela ABNT em 2015, determinam
parâmetros para a compartimentação dos
ambientes, de acordo com o diâmetro do círculo
que pode ser feito com a cadeira de rodas por
portadores de deficiência física. Além das
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
dimensões necessárias para cada atividade, a atenção ao tipo de objeto e
mobiliário pertinente também é fundamental para que o layout se adeque
àquilo que o cliente espera. No
Quadro 3, consta o dimensionamento segundo a
NBR 9050.
QUADRO 3. DIMENSIONAMENTO DE AMBIENTES.

Fonte:ABNT, 2015. (Adaptado),

Espaços de estar são aqueles nos quais é possível realizar interações entre os
habitantes da residência e com outros indivíduos e, na maioria dos casos, o corpo
humano ocupa posições sentadas nesses locais. Quando há uma mesa de centro, é
ideal que os usuários, acomodados nos sofás elou poltronas, possam alcançar
objetos nela e ver televisão numa posição confortável. Para áreas de jantar, o mais
importante é verificar quantas pessoas se acomodam naquele espaço e, a partir
daí, estabelecer as dimensões e formato da mesa que ocupa a área principal. Não
se pode esquecer, entretanto, que há necessidade de manter espaços de circulação
entre as cadeiras que a ocupam e a parede, a fim de que haja conforto no local.
Em quartos, as atividades principais são repousar, dormir, se vestir ou circular,
embora se acrescentem ocupações como assistir televisão e estudar, por exemplo.
Neste sentido, é necessário um espaço para a circulação de pessoas, abertura de
portas de armários e afastamento de cadeiras. Enquanto isso, áreas como cozinhas
são mais dinâmicas, pois as pessoas se encontram em movimento na maior parte
do tempo, o que implica uma série de espaços de armazenamento e execução.
Neste sentido, algumas direções mínimas devem ser respeitadas, como as alturas -
que são cerca de 0,90 metros - e larguras de bancadas e armários, dimensões de
mesas, pias e circulação, o que permite que as atividades pertencentes ao local
sejam realizadas de forma confortável.
No que se refere aos banheiros, é necessário observar um dimensionamento
mínimo para que o espaço seja ocupado pelos usuários de maneira confortável.
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
Assim, também existem dimensões mínimas, como os 0,80 metros de largura para
o box de chuveiro e altura de cerca de 0,90 metros para a cuba ou lavatório em
relação ao piso. Além disso, deve ser observado e respeitado o espaço de
circulação.
Especialidades no projeto de interiores residenciais
O projeto de interiores residenciais é feito por
arquitetos, designers de interiores ou por ambos em
conjunto, o que implica desenvolver os espaços de
forma que o cliente tenha necessidades específicas
atendidas, não importando as dimensões oferecidas
e as limitações existentes. Entretanto, mesmo se
restringindo ao campo do projeto de ambientes
internos residenciais, esses profissionais podem ser especializados em
determinadas áreas, porque não existe um único tipo residencial ou mesmo
um cliente com as mesmas exatas demandas.
É cada vez mais comum que as demandas sejam variadas pois, em alguns
casos, o projeto é para um solteiro que mora em um estúdio no centro de
uma capital e que frequenta pouco sua residência. Em outras situações, o
projeto é desenvolvido para um jovem casal que mora num pequeno
apartamento e cujo hobby é receber amigos aos finais de semana para
confraternização, o que exige mais espaço na área comum. Além disso, é
possível que o cliente seja uma grande família com filhos, residente num
apartamento amplo, com três ou quatro quartos, e que necessite de espaço
de recreação.
As demandas específicas dos ambientes também proporcionam uma
gama de atuação grande para os profissionais que atuam na área. Algumas
das principais especialidades referentes à atuação dos profissionais em
interiores residenciais são a consultoria de design, o desenho de móveis, a
decoração, o paisagismo, o gerenciamento de obras e o projeto completo.
Numa consultoria de design de interiores, que pode se tratar de uma
especialização de um determinado escritório, o profissional atua por meio de
pequenas mudanças, que não incluem grandes obras ou questões estruturais
em um ou mais ambientes específicos.
Em geral, esse tipo de atuação trabalha com pinturas, uma nova
disposição de móveis antigos, que podem ou não ser reformados, e a
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
aquisição de alguns móveis novos, que ajudam a caracterizar o espaço de
acordo com o demandado pelo cliente. Neste caso, pode ser especificada a
colocação de móveis planejados, dado que esse tipo de serviço é oferecido
por lojas de móveis sob medida.
Uma outra especialidade dos profissionais é a atuação no desenho de
móveis para projetos específicos ou para venda em geral, visto que o
profissional que atua em projetos residenciais internos acompanha de perto
as demandas de ergonomia e as tendências relacionadas a formas e
materiais. Assim, ele pode criar móveis que se adequem a um certo espaço
e/ou desenhar algum tipo de objeto passível de inclusão em diversos tipos de
projetos de interiores de residências.
Além disso, é comum que os profissionais em projetos de interiores
residenciais trabalhem com a distribuição de móveis e objetos nos
ambientes, além da modificação de materiais, pinturas e pequenas obras.
Neste processo, eles também indicam como é realizado o paisagismo dos
espaços, o local em que as plantas são colocadas e quais as espécies usadas,
considerando que espaços internos têm uma especificação de plantas
resistentes à pouca incidência solar.
O profissional pode atuar no gerenciamento da obra, tendo ou não
desenvolvido o projeto de interiores. Nestes casos, ele acompanha a compra
de móveis, objetos e acessórios para os locais, além de contratar a mão-de-
obra responsável pela execução de serviços como pinturas, demolições,
construções e instalações, garantindo que tudo seja executado conforme
definido pelo projeto. Os profissionais envolvidos nestas etapas apresentam
também memoriais e orçamentos para os clientes, com a definição de todos
os materiais usados e suas quantidades, bem como os preços
de aquisição. É importante verificar que, em todos os casos
apresentados, o profissional deve mostrar flexibilidade em
atender ao que o cliente necessita dentro de suas limitações
orçamentárias e de tempo.

Expressão gráfica e desenho técnico: projeto executivo


A expressão gráfica em arquitetura é um ponto fundamental, pois é
através dos desenhos que um profissional comunica suas decisões sobre um
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
projeto ao cliente ou a qualquer um dos envolvidos no processo de produção
da edificação ou espaços interiores. A partir de desenhos técnicos, o arquiteto
se faz entender durante a execução, o que torna imprescindível o uso dessa
linguagem para a apresentação de projetos.
85

O desenho técnico possui como função


primordial transmitir com exatidão as
características relacionadas à construção
de uma determinada obra, o que engloba
processos envolvidos para o
desenvolvimento da estrutura e as
características internas, como materiais de
revestimento, disposição de mobiliário,
detalhes de marcenaria ou de pinturas.
Sendo assim, algumas peças gráficas mínimas são requisitadas no
processo de formulação de um projeto, englobando, além dos desenhos
técnicos do ambiente, detalhes específicos de móveis e planilhas
detalhadas de tipos e quantidades de materiais, informações que fazem
a diferença ao realizar as compras para a obra, evitando desperdícios e
erros nas especificações.
No caso da proposta de móveis personalizados para cada ambiente
ou armários e bancadas, além de outros elementos em marcenaria, é
fundamental que o projetista detalhe como é executada cada peça, o
que permite que, ao final, o resultado do projeto esteja de acordo com
a proposta inicial e que os materiais e acabamentos feitos no móvel
sejam como idealizados.

Peças gráficas no projeto executivo


A expressão gráfica de um projeto de arquitetura muda de acordo com a
fase, considerando que o nível de complexidade e a quantidade de
informações transmitidas pelos desenhos é crescente como o avanço das
etapas. Quando se está no projeto executivo, o cliente valida todas as etapas

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


anteriores e as escolhas feitas, ou seja, o projeto está pronto para ser
colocado em prática.
Para uma execução correta, entretanto, é necessário que o responsável
pelo projeto exponha todas as informações de maneira organizada e clara,
considerando todas as disciplinas componentes da etapa: alvenarias,
hidráulica, iluminação, elétrica, execução de revestimentos, forros e
mobiliários. A apresentação completa dos sistemas permite sua
compatibilização, a fim de que tudo funcione de maneira harmônica, livre de
sobreposições e sem erros. Nesse sentido, as peças gráficas referentes ao
projeto executivo são a documentação do projeto e implicam em desenhos
básicos de:
• Planta baixa de todos os pavimentos com cotas;
• Planta baixa com layout, cotas e tabela de especificação de móveis
e objetos;
• Planta de demolição e construção;
• Planta de paginação de forro e iluminação;
• Planta de paginação de revestimentos de pisos;
• Planta de pontos elétricos e interruptores;
• Planta de pontos hidráulicos;
• Planta de equipamentos de ar-condicionado e elementos
complementares;
• Elevações dos ambientes com paginação de revestimentos de
parede e especificação de pontos de hidráulica e elétrica;
• Cortes de ambiente para apresentação dos níveis de pisos e forros;
• Detalhamentos de execução e instalação de bancadas, marcenaria,
forros, rodapés, caixilhos, painéis e demais elementos necessários;
• Memoriais descritivos, justificativos e de especificação e
quantificação de materiais;
• Perspectivas detalhadas dos ambientes.
A partir destes elementos, os demais profissionais envolvidos na execução
realizam suas respectivas tarefas de acordo com as instruções. Tais
explicações podem atingir, inclusive, os fornecedores e fabricantes de
elementos utilizados no projeto. Um conjunto de informações detalhadas é
fundamental, pois nem sempre o profissional responsável pelos projetos está
presente na obra. A documentação apresentada no projeto executivo dá
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
respaldo ao arquiteto ou designer sobre as decisões tomadas, o que garante
que as atividades e espaços previstos para aquela obra sejam desenvolvidas
de acordo com as normas técnicas e conselhos de classe.
Durante a execução, o profissional pode ser contratado para gerenciar e
acompanhar a execução da obra, tendo a responsabilidade de garantir o
cumprimento das especificações apresentadas no projeto executivo. No
processo de execução, é possível desenvolver um cronograma da ordem das
etapas da obra, sem sobreposição de atividades ou atrasos. Neste momento,
é importante considerar os prazos que os fornecedores apresentam para
entrega de materiais ou execução de serviços. E possível também que o
arquiteto ou designer acompanhe o cliente para a realização de compras de
materiais, móveis,
87

objetos e acessórios estabelecidos pelo memorial, garantindo o cumprimento


das especificações, do orçamento pré-estabelecido e dos prazos acordados,
conjunto que permite que a obra aconteça de forma fluída, com a menor
quantidade de problemas e atrasos possíveis.
A etapa de compras, assim como as conversas e acordos com
fornecedores e prestadores de serviços, também deve estar no cronograma
que o responsável apresenta para a obra. A planilha com as datas é feita de
forma eletrônica e permite acompanhar início e finalização das fases e
serviços. É fundamental gerenciar todas as etapas, lembrando que alguns dos
serviços podem estar interligados ou ser sequenciais e, em caso de atraso,
todos os demais ficam comprometidos.
Assim, é importante que o cronograma de execução de qualquer obra
apresente também margens de segurança nos prazos, de forma a evitar que,
em caso de atraso, toda a obra seja comprometida ou que parte dos serviços
seja reagendada, atrapalhando o desenvolvimento completo. Alguns
programas específicos podem ser usados na etapa de gestão e
gerenciamento de projetos, como o Microsoft MS Project e o Microsoft Excel,
que também pode ser utilizado para montar os memoriais justificativos ou
descritivos do projeto.
Os memoriais justificativos apresentam, em texto, as especificações
adotadas no desenvolvimento projetual de acordo com as demandas do

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


cliente. O memorial descritivo e quantitativo traz especificações
referentes a objetos, móveis e acessórios especificados no projeto, bem
como quantidades e tipos de material empregado. Ele é aproveitado nas
obras em geral quando há execução de marcenaria, pois permite
detalhar elementos destes mobiliários de forma minuciosa, o que
permite a correta execução, considerando todos os materiais,
componentes, dimensões, acabamentos e elementos de montagem.
No projeto executivo, é comum entregar também um orçamento tratando
da compra de materiais e elementos, além da contratação da mão de obra.
Neste ponto, é necessário o profissional ter uma boa carteira, com
fornecedores e prestadores de serviços especificados numa concorrência
saudável, garantindo um trabalho bem executado, de forma correta e nos
prazos adequados. O ideal para orçamentos é apresentar pelo menos três (de
elementos, serviços ou profissionais), constando valores, formas de
pagamento e prazos para execução elou entrega.
Desenhos de móveis e detalhamentos
Os móveis e mobiliários são elementos relacionados ao projeto de interiores de
um espaço, uma vez que o conjunto envolvendo arranjo interno, tratamentos e
acabamentos é responsável por constituir o caráter geral do ambiente, bem como
acomodar as necessidades do cliente. Segundo Ching e Binggeli, no livro
Arquitetura de interiores ilustrada, editado em 2013, o ambiente se expressa
através da disposição destes elementos.
Os materiais componentes dos mobiliários são diversos, como madeira,
plástico, vidro, metal e demais compostos sintéticos escolhidos pelo profissional
com base em parâmetros como facilidade de compra, preço, mão-de-obra
disponível para executar, condições de limpeza e relação com as demais
especificações do espaço. Há alguns mais comuns no desenvolvimento de
mobiliários em marcenaria, como o caso do Medium Density Fiberboard (MDF) e o
Medium Density particle (MDP).
O MDF e o MDP são dois tipos de aglomerados de madeira, entretanto, o MDF
se constitui por aglomerados de madeira prensada, tendo uma resistência maior
que o MDP. Esse material costuma ser utilizado em armários e gabinetes de
cozinhas, banheiros e áreas molhadas como um todo, além de móveis com curvas.
O MDP, por sua vez, é menos resistente, sendo um aglomerado de madeira mais
poroso e formado por partículas compactadas do material. Por sua menor
resistência, é mais barato e usado em mobiliários que exigem maior número de
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
furos, visto que são muito porosos, absorvem intempéries externas e não têm
acabamento muito uniforme.

DICA
O MDF é um dos materiais mais comuns em mobiliários internos. É
recomendável que, quando aplicado em áreas molhadas, seja feito
sobre um sóculo ou apoio, entre 0,10 e 0, 15 metros de altura, de
modo a não ser exposto à umidade.

Além dos dois citados, o Oriented Strand Board (OSB) é outro tipo de madeira
usada em mobiliários. Produzido a partir de lascas de madeira coladas em direções
variadas, aumentando a rigidez das placas, cuja aparência específica costuma ser
mantida nos projetos, recebendo acabamento em verniz. As placas de OSB podem
ser usadas em diversos tipos de mobiliário internos, incluindo cabeceiras de camas,
armários e mesas. As placas de madeira aglomerada, por sua vez, recebem reves-

timento com fitas em laminado melamínico para acabamento que, além de


contribuir com a estética, haja vista as diferentes cores, texturas e padrões,
protegem e aumentam a durabilidade.
Quando se trata do MDF, por ser um material mais resistente, o acabamento é
feito com pintura, dispensando o revestimento extra, como o aglomerado. Neste
sentido, ele é pintado após ser lixado, receber massa acrílica ou plástica e primer.
Em seguida à aplicação da tinta, o acabamento com verniz garante um aspecto
brilhante ou fosco, a depender da escolha feita. Além dos materiais originários da
madeira, os metais podem ser aplicados em mobiliários, como estantes, armários
e expositores, cujo acabamento pode ser feito de diversas maneiras: pintura,
cromado, escovado, fosco, envelhecido ou por processo químico.
O vidro também tem uma boa aplicação em mobiliário, sobretudo quando se
pretende expor os elementos armazenados. O acabamento do material não precisa
ser transparente, dado que ele também pode ser jateado e com aspecto leitoso,
serigrafado, opaco ou translúcido. Em se tratando do vidro laminado, ele é
composto por camadas vítreas com uma película resinada, colorida ou incolor, no
meio.
A etapa de escolha dos materiais empregados no mobiliário é apenas parte da
execução. Após a realização, ocorrem as especificações do móvel a partir de
plantas, cortes e elevações, sem esquecer de perspectivas de dimensões, cores,

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


sentido de abertura de portas e outros aspectos que devem ser destacados no
projeto, como na Figura 10.

Figura 10. Elevação de detalhamento de armários e balcão de cozinha.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


É possível desenvolver vários desenhos para representar o mobiliário
construído, de forma a garantir que, durante a execução, cada um dos
elementos seja visualizado, dando precisão a todos os componentes, desde
as portas de um armário até as ligações e encaixes. Em geral, os detalhes de
marcenaria são apresentados em escala 1:25, podendo ter detalhamentos
específicos em escala 1:5 e até 1:1, como explicitado por Grimley e Love no
livro Cor, espaço e estilo, editado em 2016.
Assim como os demais desenhos que compõem o projeto executivo, os
detalhes de marcenaria devem seguir as especificações da NBR 6492,
publicada pela ABNT em 1994, e a chamada para detalhes em planta pode ser
feita usando um círculo cortado ao meio, no qual se encontra o número do
desenho na parte de cima e a folha em que ele se localiza na parte de baixo,
conforme a própria regra normativa.
Nos detalhes, é comum usar linhas de chamada e textos indicativos de
materiais e especificações. Além disso, os textos extras podem trazer
especificidades da montagem e instalação dos elementos construtivos. Tais
chamadas podem ser feitas tanto em plantas, elevações e cortes, quanto em
perspectivas como a vista na Figura 11 .

Figura 11. Perspectiva de detalhamento de armários e balcão de cozinha.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 107


Vale lembrar da obrigação em expor desenhos em corte e elevação que
contribuam no processo de execução do mobiliário, não havendo um número
específico. Em alguns casos, são necessários dois cortes, em outros, três,
quatro, ou um número ainda maior. Nesses cortes, a espessura das chapas
empregadas é apresentada, e por isso que é tão fundamental que os materiais
estejam escolhidos de maneira prévia.
É ideal que cada peça de marcenaria seja apresentada em folhas
separadas, a fim de que a compreensão seja fácil e intuitiva. Não há um
padrão exato para as escalas, porém, segundo o recomendado, é interessante
que ela seja indicada abaixo de cada desenho. Além das perspectivas gerais,
é possível trazer perspectivas isométricas elou explodidas que indicam como
o mobiliário é montado.
Portanto, é fundamental saber que o número de pranchas varia de acordo
com a complexidade do mobiliário desenvolvido e com os
desenhos técnicos necessários, sem contar que existe a
possibilidade de fazer indicações em códigos ou números para
identificar os materiais na tabela ou memorial.
Sintetizando

O processo de projeto em arquitetura de espaços interiores envolve


uma série de etapas que inclui conhecer os materiais e tendências que
podem compô-los. Com o passar dos anos, os acabamentos e
revestimentos de paredes, tetos, pisos e dos mobiliários que constituem
os ambientes se modificam graças a alternativas mais tecnológicas
incorporadas aos interiores, de forma a garantir maior conforto para os
usuários.
Esse conforto pode se dar em diversos âmbitos, seja ergonômico,
acústico, lumínico ou térmico. As escolhas referentes a iluminação,
cortinas, persianas, paredes, esquadrias, tapetes e afins refletem na
percepção dos indivíduos em relação ao cômodo projetado, algo que
ocorre pela escolha da disposição do layout, que é a distribuição dos
móveis, acessórios e objetos, sejam eles fixos ou não em cada espaço. O

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 108


layout, ao mesmo tempo, determina usos e é ferramenta para garantir
as condições de fluxo em cada ambiente. A partir dele, é possível definir
quais dos mobiliários são fixos e necessitam, por exemplo, de projetos
específicos na fase de executivo.
O projeto executivo é aquele que vai para a obra e apresenta todas
as especificações e detalhes referentes ao projeto em suas diversas
disciplinas. Ele serve para pedreiros, mestres de obras, engenheiros,
fornecedores e demais envolvidos compreenderem cada parte
executada, garantindo a qualidade final e a relação harmônica entre
todas as partes. Neste sentido, é fundamental que os desenhos
apresentados pelo profissional responsável pelo projeto comuniquem
cada elemento de forma inequívoca e coerente, seguindo as
especificações normativas.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 109


Referências bibliográficas
ABNT — ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:
representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ABNT — ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13817: placas
cerâmicas para revestimento - classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ABNT
— ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: desempenho
de edificações habitacionais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
ABNT — ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:
acessibilidade a edificações, mobiliário espaços e equipamentos urbanos. Rio
de Janeiro: ABNT, 2015.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. 3 ed. Porto
Alegre: Bookman, 2013.
GRIMLEY, C.; LOVE, M. Cor, espaço e estilo. São Paulo: Gustavo Gili, 2016.
GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura para áreas comerciais. 5
ed. São Paulo: Senac, 2014.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


ser
educacional
Objetivos da unidade
Compreender quais plantas técnicas e detalhamentos devem ser
apresentados no projeto de arquitetura residencial de interiores;

Entender a importância da paginação para pisos, paredes e tetos em um

projeto executivo;

Apresentar os principais detalhes técnicos e construtivos aplicados


aos projetos de interiores residenciais enviados para a obra e realizar
a diferenciação entre os anteprojetos e projetos executivos.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


96
Detalhamentos de teto
O teto de uma edificação nada mais é do que sua vedação horizontal
superior, e pode ser tanto um elemento estrutural quanto um forro, que
não possui função de estrutura. Em geral, é o local onde estão instaladas
as luminárias e, em alguns casos, equipamentos de ar-condicionado,
luzes de segurança, placas e outros elementos de sinalização.
Sendo assim, é importante que o projeto executivo de uma área
interna apresente a configuração destes elementos na superfície de teto,
mas que a instalação seja feita da forma correta, respeitando distâncias
de acordo com o tipo de equipamento que o compõe, suas dimensões e
especificações.
O projeto executivo é responsável por apresentar claramente todas
as informações necessárias para que a obra seja executada. Isso inclui os
serviços que serão feitos e os projetos mais específicos, como é o caso
do projeto de iluminação, que está estreitamente relacionado ao de
elétrica. O pensamento conjunto de todos esses elementos e seu
alinhamento permitirá que o projeto seja executado com menores
possibilidades de erros ou retrabalhos e que todas as peças gráficas
sejam lidas de forma clara.
Deste modo, nesta unidade, será possível observar como executar
um projeto de paginação de teto, os materiais disponíveis para serem
usados e quais os elementos que o compõem, objetivando um projeto
executivo mais completo e que a sua execução aconteça alinhada àquilo
que foi previsto.

Paginação e plantas técnicas de teto


A norma técnica da ABNT NBR 6492 - Representação de projetos de
arquitetura (ABNT, 1994) estabelece que o projeto executivo é a
apresentação clara das informações e de modo organizado para que
sejam enviados à execução de obra elou serviços. Esta definição pode
ser complementada pelo que Valladares e Matoso (2002) apontam como
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
informações pertinentes ao projeto executivo: informações de todos os
elementos para a construção e considerando a compatibilização na obra
entre as diferentes disciplinas que compõem um projeto de arquitetura.
97

Assim, a paginação dos elementos que


compõem o ambiente é fundamental
para que sejam compatibilizados todos os
componentes, como pisos, forros e
paredes e seus respectivos integrantes.
Os tetos, por exemplo, possuem como
partes constituintes as luminárias e
demais elementos de iluminação;
enquanto os pisos e paredes apresentam
revestimentos e acabamentos, tomadas,
interruptores e instalações hidráulicas.
No projeto completo, são apresentadas: plantas baixas cotadas; planta de
layout dos ambientes (suas cotas e tabelas com especificação de mobiliários);
plantas de demolição e construção; plantas de instalações elétricas e
hidráulicas; cortes, vistas e elevações; detalhamentos e paginações, além de
memoriais e imagens tridimensionais.
Paginação se refere à disposição gráfica dos elementos que fazem parte
do teto, piso ou parede. Em tetos, pode-se incluir sancas, luminárias,
projeção de vigas da estrutura, juntas de dilatação, nichos, e podem ou não
possuir um forro. Este pode ser feito de diversos materiais, sendo o mais
comum o gesso acartonado com cerca de 20 mm de espessura e com tabica.
É importante destacar que o forro de gesso pode ser pintado com tinta
acrílica de diversas cores, sendo a branca a mais comum.
A folha de desenho permitirá que a superfície de vedação horizontal
superior seja executada em detalhes. É muito comum que se faça uma
compatibilização mais estreita entre esta e a folha que apresenta os desenhos
de instalações elétricas, para verificar se os pontos de iluminação são
compatíveis entre eles.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Quanto aos forros de gesso, que são os mais comuns, estes podem ser de
pelo menos quatro tipos: com rebaixamento simples, sanca aberta, sanca
fechada ou sanca invertida.
O rebaixamento simples no gesso pode ter qualquer altura, mas
geralmente tem cerca de 15 cm, dependendo do pé-direito disponível no
cômodo, uma vez que esse rebaixo é feito no ambiente como um todo, como
pode ser visto na Figura 1.

Figura 1. Sala de jantar com forro rebaixado simples. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/08/2021 .

O segundo tipo de rebaixo é a sanca fechada. Nela, o rebaixo é feito no


nível abaixo da laje ou de um rebaixo simples, apenas nas laterais, e as
luminárias são instaladas nessa sanca, como pode ser visto na Figura 2. Esse
fechamento pode ser feito tanto com molduras quanto reto.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Figura 2. Quarto com sanca fechada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/08/2021.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


A sanca aberta é o terceiro tipo de rebaixo, no qual as laterais ficam
abertas para o centro e, assim, as luzes se destacam em direção a essa área
central, podendo ser feitas em cordas ou fitas de LED, como pode-se verificar
na Figura 3.

Figura 3. Sala de estar com sanca aberta. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/08/2021.

Finalmente, a sanca invertida é um rebaixo completo, mas com a


iluminação voltada para fora, isto é, direcionada para a parede. A Figura 4
mostra um exemplo desse tipo de rebaixamento.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 118


Assim, cada um destes tipos de rebaixamento e as luminárias que são
instaladas neles precisam ser representados na paginação para que sejam
corretamente executados.
Mas é preciso lembrar que o gesso não é o único tipo de material utilizado
para compor tetos e forros. Os tetos em madeiras são alguns dos mais antigos
e convencionais, nos quais as estruturas (caibros, ripas e terças) do telhado
ficam expostas nos ambientes internos, embora possam ser feitos também
forros nesta materialidade.
Em geral, os forros de madeira costumam ser ripados, ou seja,
constituídos por faixas mais finas e compridas de material que, ao serem
instaladas, geram ambientes com uma linguagem mais rústica e
aconchegante em qualquer cômodo que seja escolhido para receber este tipo
de revestimento no teto. Porém, a questão estética não é a única responsável
quando se trata da escolha dos materiais que irão compor um espaço.
Tomando como exemplo um forro de madeira, este apresenta uma série
de benefícios, como isolamento térmico, boa durabilidade e versatilidade. A
primeira característica se relaciona ao fato da natureza da madeira como bom
isolante térmico, o que auxilia na manutenção das temperaturas internas. A
segunda se relaciona à resistência da madeira às intempéries ou demais
eventos que possam comprometer suas funções: quando a escolha de uma
madeira de qualidade, bem como as técnicas aplicadas antes de sua
instalação, é adequada, é comum que ela dure por muitos anos com pouca
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 119
manutenção. Finalmente, a versatilidade está relacionada à adaptação do
material a diversos contextos projetuais e ambientes, além das diferentes
aplicações no cômodo, que faz com que sejam aproveitadas suas
características funcionais e estéticas mais relevantes.
É claro que o aproveitamento máximo destes benefícios se dá quando são
minimizadas as características menos vantajosas do material. É fundamental,
sobretudo, que seja levada em consideração a segurança nos espaços, onde
as instalações hidráulicas e elétricas permaneçam, além de distantes entre si
e bem vedadas. Isto porque, por um lado, a madeira é um material sujeito a
deformações e apodrecimento diante da umidade provocada pela água; por
outro, é um excelente combustível - o que pode agravar situações de incêndio
em casos de curto-circuito nas instalações de eletricidade.
Além disso, nem sempre o forro em madeira é barato. Normalmente, este
tipo de vedação é mais caro quando comparado a forros em gesso ou PVC,
que são materiais mais comuns. Isso varia, principalmente, de acordo com o
tipo de madeira escolhida para o forro, embora já existam escolhas mais
econômicas neste caso.
Outro ponto é a manutenção destes sistemas; os forros de madeira
requerem uma maior manutenção justamente para evitar acidentes tanto
com relação às instalações quanto para verificação da existência ou não de
insetos como os cupins, ou mofos que possam fragilizá-los.
Com relação às dimensões, este tipo de forro varia bastante, podendo ser
adaptado de acordo com o tamanho disponível no ambiente. Em geral,
porém, as réguas de madeira costumam ser comercializadas com
comprimentos que variam entre 1-6 metros e larguras de 0,07-0,10 metros,
com pequenas espessuras (de cerca de 1 cm).
Com relação aos padrões de instalação, não há um que seja correto: é
possível realizar a instalação nos diversos sentidos, como horizontais,
verticais e diagonais, ou até em outras padronizações, assim como ocorre no
caso de pisos. Ao final da instalação, é ideal que estas peças recebam uma
camada de acabamento, que pode ser tanto em verniz quanto pintura.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 120


Detalhes luminotécnicos para projetos residenciais
De acordo com Grimley e Love (2016), uma planta de forro e iluminação é
um desenho que representa a superfície de teto como se ela estivesse sendo
vista através de um espelho, e deve conter a representação tanto dos pontos
de luz e luminárias quanto dos rebaixos, do pé-direito do ambiente e dos
materiais usados.
O projeto luminotécnico, em geral, será compatibilizado com o elétrico
para que os circuitos distribuídos sejam condizentes com as expectativas e
necessidades em relação à luz. Além disso, essa compatibilização está
relacionada à presença dos interruptores nos espaços, que são distribuídos
pelos projetistas de elétrica. Entretanto, precisam da validação do arquiteto
responsável pelo projeto de interiores, para que não exista nenhuma
interferência entre disciplinas. Observe o exemplo desse tipo de desenho na
Figura 5.

2,96

48 1 00 1 00 48

PD = 2,45 m

Figura 5. Paginação de luminárias em um ambiente.


PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 121
No caso da Figura 5 é usado um símbolo no qual está escrito "FG",
significando "forro de gesso", e está inserido em um símbolo padrão para a
representação de tetos em projetos de arquitetura. O uso desse tipo de
recurso faz com que seja mais simples representar o projeto, pois não é
necessário inserir uma grande quantidade de informação textual.

DICA
A informação dada por meio de símbolos e letras é comum nas várias folhas
de paginação de um projeto de arquitetura, como as de teto, piso ou parede.
Normalmente, as letras representam uma abreviação dos termos aos quais
se referem: por exemplo, PC = piso cerâmico, e assim sucessivamente.

Além disso, é comum utilizar números ou letras para identificar as


luminárias de um ou mais ambientes, quando há variedade. E
importante, apenas, que estas informações sejam colocadas em uma
legenda na lateral da folha para que seja fácil identificar quais são as
especificações destes elementos. Para entender isso melhor, a Figura 6
traz o mesmo ambiente anterior, mas com algumas modificações.
2 96
48 1 00 1 00 48

Figura 6. Planta de forro detalhada.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 122


Nela, é possível ver que o número de informações é maior: além das
luminárias anteriores (LI), são usadas também luminárias L 2 dispostas
na sanca fechada que ocupam as laterais do ambiente. É importante que
seja apresentada uma tabela com a quantidade de luminárias usadas,
principalmente se o processo de projeto envolver vários ambientes, uma
vez que essa operação permite visualizar rapidamente a quantidade que
será necessária. É bastante comum que sejam usados mais de um tipo de
luminária em cada ambiente, sobretudo quando há sancas e rebaixos.

Acústica aplicada a espaços residenciais


Até aqui, foram apresentadas as características de tetos de ambientes
residenciais internos relativos, sobretudo, aos seus materiais do ponto
de vista da apresentação e do resultado estético, que pode ser gerado a
partir do uso de cada um deles. Agora, será possível conhecer
propriedades relativas à acústica e ao seu estado de conforto
considerando o emprego de determinadas materialidades nas
superfícies de revestimento interno de residências.

Pode-se caracterizar os revestimentos acústicos como aqueles que são


utilizados em projetos para criar uma barreira acústica capaz de impedir
interferências sonoras entre ambientes. Esse tipo de revestimento pode ser
realizado em diversas superfícies, o que inclui áreas de teto, pisos ou paredes
de ambientes internos. Por exemplo, em um apartamento no qual o vizinho
morador do andar superior faça barulhos ao realizar exercícios físicos pela
manhã, acordando o morador do apartamento de baixo: para impedir que
esse barulho seja transferido entre os espaços, empregar o isolamento
acústico é uma boa alternativa.
O objetivo é atingir o patamar de conforto acústico, isto é, uma situação
de bem-estar de um usuário no espaço onde ele se encontra, de modo que
ruídos não interfiram em suas atividades. Essa noção cabe a qualquer
ambiente de uma residência, independentemente de seu uso.
Existem duas noções fundamentais quando se trata de acústica aplicada
aos ambientes internos: isolamento e absorção. O primeiro se refere à forma
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 123
como as ondas sonoras atravessam o material, e o segundo trata da
capacidade de cada material em transformar energia sonora em térmica e/ou
mecânica.
Quando se trata do conforto acústico residencial, ambas as noções podem
ser trabalhadas para auxiliar na tarefa de tornar um ambiente mais
confortável. Entretanto, sabe-se que o isolamento tem a propriedade
fundamental de simplesmente não permitir que um som atravesse
superfícies, sem pensar no seu tratamento. Por outro lado, trabalhando com
materiais absorventes, é possível tratar o som naquele espaço interno,
minimizando reflexões de ondas sonoras.
Com relação ao material usado no isolamento acústico de um ambiente,
quanto maior sua densidade, maior a capacidade de isolar. Portanto, grandes
superfícies de concreto, chumbo, aço ou vidro, com larguras maiores, são
importantes formas de tornar um ambiente isolado.
O que acontece com relação à absorção é justamente o contrário. Em
geral, praticamente todos os materiais que existem absorvem parcelas das
ondas sonoras, variando para mais ou menos de acordo com sua densidade.
Neste caso, quanto mais leves, com mais poros ou fibras, maior a capacidade
do material em absorver sons, a exemplo das espumas, carpetes, tecidos,
tapetes, fibras e chapas perfuradas de madeira.
Os carpetes, por exemplo, podem ser feitos tanto em materiais
têxteis quanto em madeiras, como o jacarandá e a cerejeira em
pequenas espessuras (entre 2 e 7 mm), e podem ser instalados na
maioria dos ambientes. São menos recomendados para áreas molhadas,
mas podem ser utilizados para revestir paredes ou forros.
Outra escolha interessante, e que costuma ser mais barata, é a
cortiça. O uso da cortiça como material absorvente, por sua grande
quantidade de poros, proporciona uma boa qualidade do ponto de vista
estético, podendo permanecer aparente nos ambientes internos. É
possível também utilizar uma camada fina, recoberta por outro material
de revestimento superficial.
Caso seja realizado o isolamento, é fundamental que se apresente
pranchas adequadas para os responsáveis pela instalação, atentando à
necessidade de paginação dos elementos, aos materiais usados para
instalá-lo, aos acabamentos a serem feitos e demais detalhes. Além
disso, é fundamental incluir esse tipo de material no memorial
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 124
quantitativo e no orçamento, e, ainda, justificar as escolhas feitas para o
seu cliente.

Detalhamentos de pisos e paredes


Os detalhes são fundamentais na execução de qualquer disciplina da
arquitetura de interiores, e não é diferente no caso dos pisos e paredes
que, muitas vezes, recebem revestimentos que possuem padrões e
desenhos predeterminados e que precisam estar indicados para serem
seguidos durante a instalação. No caso das paredes, esse tipo de peça
gráfica que indica detalhamentos é importante, pois mostra as alturas
dos acabamentos, suas relações com bancadas, metais, móveis ou
qualquer tipo de instalação ou acessório.
Pense na seguinte situação: em um projeto de interiores para o
apartamento de um cliente que não entrega essas peças gráficas de
detalhamentos, mas escolhe pisos para serem instalados em uma
determinada paginação e os acabamentos de azulejo nas paredes do
banheiro vão até uma altura específica, ao invés de serem instalados na
parede completa. Como será possível que os instaladores, nestes dois
casos, saibam destas especificações se elas não estiverem indicadas?
Por isso, a paginação é tão importante para a instalação destes elementos.
Lembre-se ainda que, normalmente, estes desenhos são simples de serem feitos,
pois são uma representação simplificada do revestimento apenas para chamar
atenção para sua forma de instalação e para os pontos nos quais sua aplicação se
inicia elou termina (GRIMLEY; LOVE, 2016).
Outro ponto importante, e no qual os desenhos de paginação podem
ajudar, é que se pode aproveitar as dimensões do ambiente para ajudar a
escolher o tamanho das peças de revestimento, pois assim é possível evitar
desperdícios ou a necessidade de realizar cortes nas peças. Por exemplo, se
um ambiente possui 3,00 x 3,00 m de dimensões de piso, seria interessante
buscar peças com proporções de 0,30 x 0,30 m, 0,60 x 0,60 m ou 0,90 x 0,90
m. Assim, seria evitado desperdício de material e geração de resíduos, que,
além de benéfico do ponto de vista ambiental, auxilia na economia do cliente.

Paginação de pisos e paredes


PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 125
Sabendo que a paginação é um desenho que indica como será a instalação de
um determinado revestimento ou equipamento durante uma obra tanto em tetos
quanto em paredes e pisos, é interessante que cada um destes temas esteja
apresentado em uma folha ou prancha específica e que, na planta geral, fique claro
o local no qual este detalhamento poderá ser encontrado pelos executores.
Um determinado tipo de piso pode ser montado de formas diferentes, por isso
a complexidade do desenho apresentado deve acompanhar a paginação: para
paginações mais complexas, o desenho técnico deve ser detalhado, e é
fundamental deixar claro qual o sentido de instalação do material (GURGEL, 2014).
Isso serve para a instalação de revestimentos ou mesmo papéis de parede nas
vedações verticais: é preciso se manter atento ao sentido do material e de como
ele será usado. Além disso, quanto mais complexa sua forma de instalação, mais
detalhamentos devem ser colocados na prancha que norteia os prestadores de
serviços.
Normalmente, os desenhos de paginação são apresentados em escala 1:25 ou
superior, dependendo do nível de detalhe esperado, e indicam, além das
especificações dos acabamentos, o local por onde se inicia o assentamento das
peças. Essa indicação é ideal para evitar que as peças sejam instaladas
aleatoriamente e que, consequentemente, haja desperdício de material e um
resultado estético diferente do esperado.
Na Figura 7 há um exemplo de instalação de pisos no qual não houve
indicação de início do assentamento. Nesse caso, algumas peças foram
cortadas sem que houvesse necessidade, gerando desperdício do material -
o que proporciona gastos extras para o cliente - e o resultado não fica tão
harmônico no ambiente. As bordas hachuradas em vermelho indicam que
ficarão pequenas faixas de piso nos dois lados, além disso, apenas nove peças
inteiras serão usadas.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 126


cortadas inteiras cortadas

Figura 7. Planta de piso.

Essa situação é bastante diferente da que se apresenta na Figura 8. Nela,


no mesmo cômodo apresentado anteriormente, utiliza-se o recurso de
pensar a paginação e compreender qual o melhor local onde iniciar a
instalação do piso, conforme indicado pelo quadro hachurado.

Figura 8. Planta de piso com indicação de assentamento.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 127


Quando há ralos ou qualquer outro tipo
de instalação hidráulica, veios com sentido
que deve ser seguido para dar continuidade
- o que é bastante comum em pedras
naturais como o mármore e o granito - e
marcação de pontos de esgoto ou desníveis
também podem estar representados na
prancha de paginação. É interessante que,
caso existam elementos deste tipo, sejam
apresentadas as cotas para que a instalação
seja feita da forma correta.

Detalhamentos e materiais para pisos, paredes e áreas


molhadas
Existem diversas formas de instalar pisos, além de variedades de
desenhos, estampas ou geometria das peças que são bi ou tridimensionais.
Considerando estas variáveis e a estética esperada tanto pelo profissional
quanto pelo cliente, é possível realizar a instalação de revestimentos de
diversas formas, desde que isso esteja corretamente indicado.
Na Figura 9, há a indicação de seis tipos diferentes de paginação de pisos
e, posteriormente, a descrição de cada um deles. Observa-se que a paginação
do tipo alinhada não está representada, pois é a mais tradicional e utilizada
no caso de peças que possuam dimensões e formatos homogêneos, fazendo
com que o espaço adquira uma sensação de regularidade. Normalmente é
uma forma bastante econômica, uma vez que é necessário fazer poucos
cortes nas peças, mas para isso é importante que seja apresentada a folha
com início do assentamento.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 128


PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 129
Figura 9. Tipos de paginação de pisos.

Além dela há paginações verticais e horizontais. Nas verticais, as


peças são organizadas neste eixo de maneira que sua maior dimensão
ocupa o sentido vertical. Em geral, esse tipo de disposição faz com que
os espaços pareçam mais alongados e, quando utilizados no
revestimento de paredes, a impressão que se tem é que o pé-direito está
maior. Entretanto, é importante que a colocação seja prevista desde o
início da formulação do espaço para evitar que sejam desperdiçadas
partes com cortes.
Na paginação horizontal, por outro lado, as peças se localizam em
sentido horizontal em seu maior eixo e, por isso, dão a sensação de que
o espaço é mais amplo, mas não muito alto. Com relação aos cortes, é
ideal que se tenha a mesma atenção que com peças instaladas no sentido
vertical para que, assim, a perda seja de até 10%.
Em terceiro lugar, há a paginação diagonal, na qual as peças são
assentadas em ângulos de 45 0 . Isso proporciona uma sensação de
ambiente mais dinâmico e com movimento, mas pode gerar um índice
de perdas maior, entre 20 e 25% de peças para a realização dos cortes e
instalação delas no sentido proposto.
A instalação de pisos com transpasse pode ser de modo aleatório ou
padronizado, e são normalmente usados para revestimentos alongados.
A dimensão do transpasse varia entre 15 e 25% do tamanho total de cada
peça. Esse tipo de instalação é interessante quando há peças com alguma
imperfeição que não seja muito evidente e que possa ser disfarçada com
o assentamento. Lembrando que, se o transpasse for feito

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


aleatoriamente, esse valor de até 25% pode variar, e este tipo de
assentamento pode ser previsto em desenho.
O formato espinha de peixe também pode ser chamado de zigue-zague e
é instalado com peças em ângulos de 45 0 entre si, sendo mais comuns em
pisos de madeira; isso, porém, não descarta sua instalação em peças
cerâmicas ou outros tipos. É comum que ocorram perdas nesse tipo de
instalação, chegando a até 30%.
Esse tipo de assentamento de pisos é diferente da escama de peixe,
embora sejam parecidas, uma vez que a paginação do tipo escama de peixe
possui a instalação das peças organizada em ângulos de 90 0 vertical ou
horizontalmente. O nível de perdas com relação às peças também varia em
torno dos mesmos 30% da anterior.

DICA
Nas peças instaladas em escama de peixe, o tipo mais comum de
piso também são os de madeira ripada. Porém, nem por isso é
necessário descartar outros tipos de piso neste caso, pois as peças
cerâmicas, azulejos e outros podem ser peças mais longilíneas ou
mesmo serem cortadas neste formato.

Lembrando que, no momento de quantificar os pisos, é importante


contabilizar a quantidade que será utilizada para fazer os rodapés, caso eles
sejam do mesmo tipo de revestimento. No caso de paredes que possuem
revestimento cerâmico ou de azulejos, esse tipo de acabamento não é
utilizado. Na Figura 10, pode-se verificar três tipos diferentes de rodapés que
são comumente usados em áreas internas e podem ser detalhados nas folhas
do projeto executivo.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Rodapé convencional Rodapé embutido Rodapé invertido

Figura IO. Tipos de rodapé.


O rodapé convencional é usado como uma
continuidade do piso, deixando uma pequena
protuberância entre si e a parede na qual está instalado,
sendo bastante evidente para os observadores. O rodapé
embutido também fica evidente para quem observa a
interface piso-parede, mas ele é instalado de forma que
não há protuberâncias, ou seja, fica embutido junto com os demais
revestimentos. Finalmente, o rodapé invertido é aquele menos evidente, uma
vez que cria a impressão de um vão entre a parede e o piso, o que faz parecer
que a parede está flutuando.
Além desses detalhamentos entre pisos e paredes e dos pisos
propriamente ditos, existem detalhes específicos das paredes e que devem
ser representados por vistas ou elevações dos ambientes, quantas forem
necessárias. Para ilustrar essa ideia, observe a Figura 1 1 .

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


superior

Armário
Inferior

Sóculo

Figura 11. Tipos de rodapé.


A Figura 11 apresenta uma parede que tem uma bancada com armários
superiores e inferiores e um revestimento cerâmico instalado entre os dois
armários. Neste caso, há um sóculo abaixo do armário inferior, uma rodabanca e
um rodateto, além dos próprios azulejos que são executados na parede e que
precisam ser atentamente instalados. Lembre-se que, assim como os pisos, é
importante evidenciar por onde o assentamento das peças se inicia, para evitar
erros e desperdícios na etapa.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


EXPLICANDO
O sóculo é uma base em alvenaria revestida de cerâmica na qual os
armários são apoiados, evitando seu contato direto com o chão, uma
vez que os eleva cerca de 0,10 a 0,15 m. A rodabanca é uma faixa de
revestimento fixo que realiza a interface entre bancada e parede. Por
sua vez, o rodateto é um faixa de proteção ao longo da área superior
da parede, que fica junto ao teto fazendo o acabamento entre eles.

Assim, pode-se observar o quanto esses elementos são importantes e


como é determinante que sejam especificados nos projetos executivos. Esse
tipo de detalhamento é bastante comum em áreas como cozinhas ou
banheiros, onde há bancadas, armários e revestimentos nas paredes. Porém,
nada impede que sejam detalhes usados para outras áreas da residência,
como uma sala com bancadas para estudo e armários para armazenamento,
por exemplo.
Segundo Valladares e Matoso (2002), áreas molhadas são cozinhas, áreas de
serviço, lavabos, banheiros e outras áreas com características parecidas, que
possuem complexidade de detalhamentos, pois são recobertos por revestimentos
nas paredes e pisos, apresentam instalações hidráulicas e até instalações elétricas
especiais.
Nos banheiros, é comum que existam equipamentos sanitários e acessórios
instalados, tanto no piso quanto nas paredes, que auxiliam nas funções específicas
deste espaço, dentre eles, lavatórios e cubas, vasos sanitários, chuveiros e ralos.
Algumas medidas interessantes nestes espaços começam pela escolha de cada um
destes componentes.
No caso das cubas, elas podem ser tanto embutidas quanto apoiadas,
sobrepostas, de semiencaixe ou esculpidas, e a escolha delas vai refletir
diretamente nas dimensões da bancada; e a bancada, por sua vez, também
depende do espaço que há disponível, pois nem sempre os banheiros (e até mesmo
lavabos) têm grandes dimensões livres.
É interessante apresentar detalhes específicos destas áreas, onde estarão
especificados os materiais destas bancadas, a localização exata dos ralos, o
posicionamento do vaso sanitário e de qualquer outro equipamento sanitário
necessário. Estas são informações normalmente colocadas em planta, mas podem,
e devem, ser feitas vistas das quatro paredes do local, indicando altura do lavatório,
presença ou não de rodabanca, instalação de azulejos, da torneira e registros de
água, presença de espelhos e outros acessórios como toalheiros, suporte de papel
e nichos.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Outro item importante é a indicação do início de assentamento dos
revestimentos de parede e desenhos ou tipos de paginação neles, quando há -
aspecto observado na Figura 12.

Figura 12. Paginação de revestimento de parede.

O revestimento da parede anterior encaixou perfeitamente na largura do


ambiente, o que é uma decisão interessante para evitar desperdícios. Esse tipo de
desenho deve apresentar cotas e indicações/especificações dos acabamentos
usados.

Detalhamento e especificação de materiais, equipamentos


e marcenarias
Até aqui, uma série de materiais que compõem forros, pisos e
paredes de um ambiente interno foi apresentada. Contudo, não foram
apresentadas especificações mais detalhadas sobre eles, apenas
conteúdos referentes à sua instalação nos espaços. Sendo assim, neste
tópico, será possível en-
114

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


tender um pouco mais a respeito de
materialidades aplicadas a áreas interiores,
assim como será apresentado um outro
conjunto de elementos que fazem parte
destes locais: os equipamentos e elementos
desenvolvidos em marcenaria. A partir destes
conhecimentos, será possível identificar quais
as melhores escolhas a serem feitas de acordo
com cada projeto.
De forma geral, é possível revestir os espaços internos com uma série de
materiais, de acordo com as necessidades de cada ambiente, das escolhas
estéticas realizadas e da funcionalidade esperada tanto em relação às
superfícies quanto aos equipamentos e mobiliários que ocupam cada área.
Os primeiros materiais tratados serão as tintas. Estas referem-se à
dispersão de um ou mais pigmentos utilizando um veículo resinar que forma
um filme opaco que adere ao substrato quando aplicado, e cuja função é
proteger e embelezar as superfícies que as recebem, sejam paredes,
revestimentos de madeira ou outros. Elas podem ser de vários tipos, e as mais
comuns em áreas internas são as tintas látex, acrílicas e vinílicas.
Além das tintas, é comum recobrir superfícies de parede com pastilhas e
azulejos, por exemplo. As pastilhas são elementos de revestimento de
pequena dimensão que podem ser tanto cerâmicas quanto de vidro ou
porcelana, quadradas ou hexagonais e aplicadas sobre argamassa. Os
azulejos, por sua vez, são peças cerâmicas de maior dimensão e de espessuras
pequenas, os quais costumam ser quadrados, mas cujas formas variam.
Atualmente há uma grande variedade de azulejos disponíveis, variando
entre lisos, com relevos, em uma única cor ou várias, com ou sem padrões. É
comum que sejam usados em áreas molhadas, como cozinhas e banheiros, e
podem revestir tanto superfícies de piso quanto de paredes.
O papel de parede é, por sua vez, muito utilizado no revestimento de
superfícies verticais internas, tendo uma variedade enorme, em termos de
estética e de seus materiais de composição, que os tornam mais ou menos
resistentes à limpeza, sujidades e choques. O mais comum é que sua
aplicação seja feita com colas à base de água, o que o torna um material
seguro para utilização em quartos infantis.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Revestimentos em pedra também são bastante comuns e não apenas em
superfícies de vedação verticais e horizontais, mas em soleiras, bancadas e
marcenarias, balcões e outros elementos de apoio. Pode-se destacar como os mais
comuns o granito e o mármore. Dentre as principais características do granito está
a composição em rocha ígnea, quartzo e feldspatos, acrescidos ou não de mica e
outros minerais, que variam seus tipos, assim como as cores disponíveis: além de
cinzas e avermelhados, encontram-se tons de azul, verde, preto, marrom, branco e
amarelo, sendo seus mais conhecidos o granito preto São Gabriel, o verde Ubatuba
e o branco itaúna.
O mármore, por sua vez, é uma rocha metamórfica que se origina do
calcário submetido a pressões e temperaturas altas e que costuma ser
utilizado para pias de lavabos, banheiros e cozinhas, piscinas, escadas e
banheiras, além de pisos e revestimentos de parede. Ele se caracteriza pela
presença de veios e é um material bastante nobre, e, em geral, mais caro do
que o granito.
Contudo, ainda há outros tipos de pedra que têm sido usados na construção
civil mais recentemente e que, embora menos tradicionais e mais caros, possuem
características interessantes. O limestone é uma pedra calcária pouco brilhante e
de toque aveludado, que pode tanto ser usado em cubas quanto em bancadas,
embora sua superfície bastante porosa torne-o suscetível ao manchamento e aos
riscos, sendo necessário impermeabilizar o material.
Embora seja mais comum usar pedras para revestir superfícies de
bancadas em cozinhas, banheiros e lavabos, alguns outros materiais são
usados. Dois exemplos são o silestone e o corian, sendo o primeiro um
material industrializado com altos índices de quartzo (cerca de 94%) e resina,
o que lhe confere elasticidade. O segundo, por sua vez, é um material com
aproximadamente 1/3 de sua composição em resina acrílica e o restante de
minerais naturais, principalmente advindos da bauxita, que possuem alta
resistência mecânica, e, por não ser poroso, é menos suscetível a manchas.
Uma outra característica importante é seu potencial de ser fabricado de
forma higiênica, sem emendas visíveis, com cantos arredondados e livre de
bactérias elou fungos.
Tratando-se, inclusive, de resinas acrílicas, sabe-se que os acrílicos são
materiais termoplásticos (polímeros) com boas características de rigidez e
resistência, ao mesmo tempo que são leves e moldáveis. Eles são muito usados em
mobiliários e objetos que ocupam as áreas internas de residências, além de

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


utensílios e equipamentos. Os exemplos mais comuns de objetos feitos com este
material são as cadeiras.
Outro material disponível para uso em projetos de arquitetura de
interiores são as borrachas, que podem ser tanto de origem natural, obtida
pela extração e coagulação do látex advindo da seringueira, quanto sintética,
fabricada a partir de elastômeros naturais adicionados de derivados de
petróleo. O mais comum é que ela seja usada em objetos nas áreas internas
residenciais, podendo-se destacar elementos que compõem quartos infantis
e evitam acidentes.
Pode-se usar, por exemplo, tapetes de borracha nessas áreas. Os tapetes,
inclusive, são elementos de decoração que podem ser bastante explorados
nas áreas internas pela sua diversidade de acabamentos, materiais, cores e
padrões disponíveis. Eles podem ser de material sintético, de fibras naturais
ou artificiais.
Estes tipos de materiais não precisam ser utilizados apenas na fabricação
de tapetes, havendo uma série de outros objetos e móveis que podem ser
compostos por eles; são os casos de sofás, poltronas, assentos de cadeiras ou
mesmo cabeceiras de cama e objetos de decoração, como painéis para
paredes. A escolha do tipo de material depende da estética e daquilo que se
enquadra nas demandas do cliente. Um tapete de juta, por exemplo, utiliza
fibras naturais e confere ao ambiente um caráter mais rústico.
Estes diversos tipos de materiais de acabamento também podem ser
aplicados, em conjunto a elementos de madeira, em marcenarias. As
marcenarias podem tanto ser especificadas pelo projetista de interiores em
detalhes quanto serem encomendadas por completo em empresas
terceirizadas, que realizam este tipo de trabalho.
De qualquer forma, é fundamental que o projeto executivo apresentado
pelo arquiteto traga elementos que ajudem na execução destes mobiliários,
dentre eles os materiais empregados, espessuras, cores, especificações de
acabamentos e dimensões. Para tal, deve-se conhecer os materiais para
especificá-los, sabendo-se que os mais comuns são os materiais aglomerados,
o MDF, e o compensado.
O MDF é uma placa de madeira com acabamento e composição homogêneos,
boa resistência e porosidade adequada para receber pinturas ou outros tipos de
acabamento, o que o torna adequado para uso em móveis e objetos. O MDP, por
sua vez, é menos resistente, pois não é homogêneo em sua composição, sendo
usado em mobiliários e marcenarias com menor durabilidade e preço. Finalmente,
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
o compensado é um composto de madeiras secas coladas entre si para obtenção
de chapas que são usadas para projetos de móveis, devido à sua boa resistência.
117

Estruturalmente, os mobiliários em marcenaria são compostos pelos


materiais acima, mas seus acabamentos podem ser diversos. É comum, por
exemPIO, que sejam usados materiais como o laminado melamínico
(conhecido popularmente como fórmica), em portas, tampos e elementos
decorativos, desde que não seja necessário ter propriedades relativas à
resistência. Este material é composto por resinas termofixas que costumam
receber texturas elou cores em seu acabamento, o que faz com que, em
alguns casos, ele se refira a materiais naturais, como mármores e metais.
Durante a especificação deste tipo de material, verifique quais as
dimensões fabricadas para que sejam necessárias menos emendas ou
recortes que, além de comprometer o acabamento do móvel, possam gerar
quantidades excessivas de resíduos. No caso da fórmica, o tamanho mais
comum de chapa é de 308 x 125 cm, e tem espessura de 1,3 mm.
Os espelhos também podem ser materiais componentes de objetos e
espaços internos, uma vez que são muito comuns em áreas residenciais, com
diversas funções. Além de estarem presentes em banheiros e lavabos, além
de closets e, em alguns casos, quartos, para que os usuários consigam se
olhar, ele pode ser colocado em determinados ambientes como um recurso
para ampliá-los.
Ao especificar e detalhar cada um destes elementos, além das
características relacionadas a suas propriedades e dimensões, não deixe de
se atentar a como estes móveis e objetos interagem com os usuários. Essa
interação passa por algumas noções, como a antropometria e a ergonomia.
De acordo com Panero e Zelnik (2002), a ergonomia trata do estudo da
adaptação das atividades ao ser humano, ou seja, em verificar quais são os
parâmetros de conforto para os usuários em um determinado espaço, de
acordo com as atividades que serão realizadas ali. Sendo assim, ao planejar
uma cozinha, deve-se levar em conta alturas de balcão para cozinhar, altura
da pia, dimensões de armários, colocação de equipamentos e espaço de
circulação para que as tarefas ocorram de forma confortável.
Isso vale para outros ambientes, como salas de estar e jantar, onde
deve-se ter uma área adequada para a circulação de pessoas ao mesmo

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


tempo e que haja espaço para abrir uma porta ou usar um determinado
equipamento ali instalado.
É uma noção que se aproxima, mas não é
igual, à de antropometria, que, segundo
Panero e Zelnik (2002), trata o ser humano
como medida para a construção de alguns
elementos. Ou seja, aqui, o corpo humano e
suas diversas partes é usado de dimensão
base para a construção de mobiliários,
objetos e equipamentos.
Não é por acaso que, ainda hoje, alguns
países utilizam unidades de medida tais como
"pés" e "polegadas".
Considerando estas noções, é preciso pensar em todos os elementos que
ocuparão um espaço de modo que sejam efetuadas as atividades sem
interferências entre si e de forma eficiente. Neste caso, também é necessário
pensar e especificar, nos projetos de interiores residenciais, os seus
equipamentos.
Com o passar dos anos, equipamentos eletrônicos e digitais têm
ocupado uma parte cada vez mais relevante dos espaços residenciais,
proporcionando conforto e substituindo tarefas que antes eram
executadas pelo ser humano. É comum, ainda, que cada área da casa
apresente determinados equipamentos característicos, embora isso
possa mudar de acordo com o que o cliente necessita.
Nas áreas sociais, constituídas por salas de jantar e estar, e, em alguns
casos, home theater, cozinhas e varandas, normalmente são instalados
equipamentos como televisores, computadores e demais elementos de
mídia, conectividade, sons e imagens. Áreas de serviços, como cozinhas e
lavanderias, também possuem equipamentos bastante específicos, como
geladeiras, fogões, fornos, micro-ondas, lava-louças e lavadoras.
Há lugar para equipamentos e tecnologias, como o caso de torneiras que
funcionam de forma automática, aquecedores e outros elementos, como
conectores que acionam torneiras de banheira para que ela se encha antes
do cliente chegar em casa.
A maioria dos equipamentos é feita em material metálico, como aço e
alumínio. O aço é uma liga metálica de ferro e carbono, sendo um material
PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS
dúctil, que pode também ser empregado em utensílios como aqueles de
cozinha. Os utensílios também podem ser de alumínio, que é leve e, ao
mesmo tempo, resistente, com aspecto cinza ou prateado.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS


Detalhes técnicos construtivos
Os detalhes construtivos são instrumentos usados em projetos para
definir de forma minuciosa como um elemento será executado e, em geral,
costumam ser realizados em escalas maiores, entre 1:25 e até 1:1 0 ou
superior, dependendo do nível de detalhamento necessário para a execução.
Sua principal importância e função está associada à elucidação de dúvidas, ou
seja, são instrumentos para que, durante a obra, os prestadores de serviços
não tenham dificuldade na execução dos elementos ou possibilidade de fazê-
lo de forma errada.
De forma geral, qualquer um desses detalhamentos também segue as
diretrizes trazidas na Norma Técnica da ABNT NBR 6492, Representação de
projetos de arquitetura, e devem ser cotados, além de terem níveis de
complexidade condizentes com o ambiente que está sendo detalhado. Assim,
se há muitos detalhes, uma grande quantidade de instalações, tipos de
revestimentos e mobiliários diferentes, muitos pontos de demolição ou nova
construção, é comum que exista um número de pranchas maior para ele.
A função fundamental deles é prevenir erros e desperdícios, indicar a
execução correta na obra e permitir que ela siga seu fluxo contínuo. Dessa
forma, alguns pontos importantes e que merecem ser destacados quanto à
sua apresentação são as pranchas de construção e demolição, as de
instalações hidráulicas e elétricas.
Ao final da unidade, será possível compreender qual a importância de
cada elemento e da sua compatibilização com as demais disciplinas para que
haja harmonia; mais do que isso, será possível perceber que na maioria das
vezes os detalhes apresentados são simples e com grau de complexidade
baixo, mas que fazem toda diferença durante a execução.

Construção e demolição
São comuns casos de reformas ou de moradores adquirirem uma casa/
apartamento novo, mas que apresenta algumas paredes que são indesejadas
dentro do contexto de projeto proposto. Nesse sentido, é comum que sejam
feitas demolições.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 142


Uma demolição é quando se destrói uma parte de um cômodo, seja uma parede
inteira ou um revestimento, por exemplo. É possível que em alguns casos sejam
feitas apenas as remoções de pisos, azulejos ou bancadas, enquanto, em outros,
partes de uma parede saiam para dar lugar a um novo layout, conceito ou
instalação.
Na Figura 13 é possível observar um exemplo no qual será realizada a demolição
de uma parede que ocupa parte do ambiente assinalado. Neste caso, a
representação dela está sendo feita na cor vermelha, preenchida por uma hachura
inclinada, o que é bastante comum. Apesar disso, é claro, esta representação não
é a única que existe, o que faz com que seja necessário que você deixe claro, em
uma legenda, que todos os elementos representados nesta linguagem serão
demolidos.

Figura 13. Indicação de demolição em planta.

Outro ponto importante é que nem sempre uma parede completa é


demolida, tanto no sentido horizontal quanto vertical. Imagine que você está
fazendo um projeto no qual pretende abrir uma parede para deixar um vão
de porta, com dimensões de 0,80 x 2,10 metros. Assim, será necessário que
se adicione uma chamada na área que representa a demolição, evitando que
seja derrubado mais do que o previsto. Nestes casos, o uso de cotas também
é imprescindível.
Para indicar demolições é necessário que se conheça a estrutura do local,
para evitar demolir partes que constituam o sistema estrutural. No caso de
apartamentos, isso é mais importante do que nunca, pois os sistemas de

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 143


pilares e vigas estruturais atuam em conjunto em cada um dos andares, e sua
remoção pode levar ao colapso da edificação como um todo.
DICA
É possível ouvir casos nos quais a demolição irregular de paredes
gerou o colapso da estrutura de alguma edificação — infelizmente
não é raro ver esse tipo de acontecimento. Sendo assim, sobretudo
se você não participou da concepção da edificação e não conhece
seus pontos estruturais, mas precisa demolir, fique atento e sempre
peça para verificar esses desenhos, evitando esse tipo de situação.

Mas, além das pranchas de demolição, é comum a apresentação de


pranchas completas de construção, quando necessárias. Elas podem
apresentar a execução de juntas de dilatação, a projeção de elementos
estruturais, como as vigas e a indicação de pilares, colocação de nichos e
outros elementos, além da construção de paredes.
É importante, nestes casos, que sejam colocadas cotas e que as paredes a
serem construídas sejam indicadas. Normalmente, este tipo de indicação é
feito em verde ou azul e pode ou não receber hachuras.

Plantas técnicas: do anteprojeto ao executivo


Foi apresentada uma série de elementos que compõem os projetos
executivos de arquitetura de interiores, como os detalhamentos específicos
que são enviados diretamente à obra para sua execução. Mas qual a
diferença, de fato, entre um projeto executivo e um anteprojeto? Quais são
as principais características de cada um deles?
Em um anteprojeto há um trabalho mais intensivo de desenvolvimento de
todos os elementos de um projeto, como os layouts, especificações de
materiais mais preliminares, mobiliários e demais
objetos, realizando um orçamento preliminar
com construtores e fornecedores para
apresentar ao cliente. Os cronogramas
preliminares de obra também podem ser
desenvolvidos nesta etapa.
Pode-se apresentar, inclusive, uma série de
imagens ao cliente para representar essas

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 144


escolhas e esclarecer dúvidas, lembrando que é
fundamental sair desta etapa com as escolhas
feitas para o momento seguinte; é uma fase de
definições.
No período posterior é realizado o projeto executivo, a partir do
momento em que todas as decisões iniciais foram validadas. Aqui, deve-
se desenvolver de forma ilustrativa e escrita as especificações que serão
entregues à obra, para as diferentes equipes responsáveis pela
execução.
Inclusive, nesta unidade, foi apresentado um conjunto de projetos
específicos que são realizados neste momento: plantas de paginação de
teto, piso, iluminação, revestimentos de parede, instalações elétricas e
hidráulicas. Também entregará pranchas com especificação de
marcenarias com detalhamentos de materiais e componentes,
dimensões, acabamentos, equipamentos e demais elementos que
interfiram no processo de obra.
É importante lembrar que quanto mais detalhado o projeto, melhor
este será, pois há menos chances de erros. Além disso, é necessário
colocar as cotas necessárias, sempre se guiando pelo tipo de prancha no
qual está trabalhando. Ou seja, no desenvolvimento da prancha de
construção de um projeto, é preciso colocar cotas necessárias para guiar
os trabalhadores, que desenvolverão essa etapa de forma precisa.

Pontos hidráulicos e elétricos no projeto executivo


Em geral, projeto hidráulico é aquele instalado em áreas molhadas e
pode ser chamado de projeto hidrossanitário, no qual são indicadas as
posições e diâmetros de elementos que o compõem, o que inclui
tubulações, caixas de inspeção, saídas e demais componentes do sistema
hidráulico. Sua especificação assinala os materiais mais adequados para
serem colocados em cada área, de acordo com as necessidades e as
características existentes.
Assim como os demais detalhamentos, esse é fundamental para que
seja evitado qualquer desperdício de material, bem como erros, uma vez

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 145


que existem diferentes tipos de instalação hidráulica; dentre eles, água
fria, água quente e esgoto são os principais, tratando-se dos espaços
residenciais internos.
Os sistemas de água fria são aqueles normalmente usados em pontos
de consumo, como torneiras gerais de cozinha, banheiros e áreas de
serviço, além de determinados equipamentos. É indicado, em geral, em
planta e vista, no eixo principal que o compõe, para nortear a instalação.
Em alguns casos, as instalações de água fria estão presentes também nas
saídas do chuveiro, pois são usados sistemas de aquecimento dentro do
próprio equipamento. Isto é, a água entra fria no chuveiro, passa pelo
sistema de aquecimento que é norteado pela resistência e é liberado
quente para o usuário.
Em outros casos, o chuveiro não é elétrico, mas existem saídas tanto
de água quente quanto fria, interligadas e que são acionadas pelas
válvulas de acordo com o que o cliente precisa. Um sistema de água
quente requer um dispositivo de aquecimento, que pode ser solar, a gás
ou elétrico, e, em certas ocasiões, ocupa espaço dentro da residência -
sendo necessário prever essa área.
É importante salientar que as instalações de água quente e fria são
separadas e que é comum que sejam feitas em materiais diferentes,
porque as tubulações de água quente precisam resistir a altas
temperaturas, sendo mais caras, em geral. Enquanto os tubos para
passagem de água fria mais comuns são feitos em PVC, os de água
quente utilizam cobre ou um tipo especial de PVC que possui aditivos
capazes de torná-lo resistente às temperaturas mais elevadas.
Com relação às instalações de esgoto, elas também estão presentes
nas áreas molhadas, nas formas de ralo seco e de caixas de gordura. Elas
são responsáveis por realizar a coleta de esgoto doméstico e despejá-lo
na estrutura de saneamento local, sendo dimensionadas de acordo com
as necessidades dos ambientes.
Os ralos secos realizam o escoamento da água assim que esta entra
na sua superfície, e eles são usados em áreas de chuveiros. Enquanto
isso, os ralos sifonados são instalados em pisos nas áreas molhadas e

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 146


fazem a retenção e filtragem de partículas de esgoto, havendo um sifão
que impede que gases com mau cheiro retornem ao ambiente.
Além destes dois tipos, pode-se prever nos ambientes internos o uso
de ralos lineares que captam as águas em uma área maior e que são
interligados diretamente às caixas sifonadas, diferindo-se dos ralos
secos. Em alguns casos, o resultado é mais interessante e, por isso, o uso
deste tipo de ralo tem se tornado mais comum em ambientes internos,
embora eles tenham sido projetados para espaços exteriores.
Os vasos sanitários, cubas e demais instalações sanitárias fazem parte dos
sistemas hidráulicos. No caso dos vasos, a água usada é sempre fria e há uma saída
direta de esgoto para a caixa sifonada.
Outro ponto interessante a se pensar em relação a esse tipo de instalação
são os sistemas de reúso de água que preveem a captação de água de
sistemas, como os pluviais, e sua utilização para serviços como limpeza,
lavagem de roupa e irrigação de plantas em áreas externas ou internas. Para
que exista esse tipo de sistema, é interessante que se preveja desde o início
do processo como serão feitas as ligações entre tubulações, bem como a
reservação e filtragem da água.
Todo esse processo ocorre com a ajuda de um profissional especializado em
projetos hidráulicos, geralmente um engenheiro. Assim como em outras
disciplinas, é necessário que seja feita a compatibilização entre esse sistema e os
demais componentes do ambiente onde ele é instalado para que, assim, haja
harmonia entre eles.
O fluxo mais comum de projeto é que o arquiteto apresente o anteprojeto ao
profissional que desenvolverá o projeto hidráulico e o retornará à arquitetura, para
que ocorra a compatibilização. No momento de entrega do projeto, são
apresentados tanto o projeto hidráulico de arquitetura e com indicação de alturas
e eixos das instalações quanto o projeto hidráulico completo, que possui
tubulações e especificações.
Há ainda o projeto elétrico, que representa, graficamente e de maneira escrita,
as instalações elétricas que compõem cada ambiente no qual será realizada uma
construção, dimensionando e quantificando os elementos que compõem uma
instalação elétrica, os pontos direcionados para tomadas, interruptores,
iluminação e demais partes constituintes do conjunto elétrico.
Em geral, esse projeto é feito dividindo-se em circuitos dimensionados de
acordo com os tipos e quantidades de elementos de instalação existentes ali e das

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 147


necessidades de cada cliente, prezando pelo conforto e pela segurança nos
espaços. É, normalmente, realizado em conjunto entre arquitetos projetistas de
elétrica, pois os primeiros indicam as necessidades e os segundos ajustam de
acordo com o que é apropriado.
Com relação à segurança, é importante evitar os curtos-circuitos ou sobrecargas
nos sistemas, principalmente atualmente, pois uma grande quantidade de
equipamentos elétricos pode gerar uma sobrecarga. Além disso, quando o circuito
é dimensionado para a necessidade dos clientes, os custos são menores e os
materiais que são utilizados são dimensionados exatamente pela necessidade.
Outro ponto importante é seguir as normas técnicas. No que tange ao
projeto elétrico, a NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão é a
responsável por regular os projetos de instalações elétricas em edifícios de
diversas tipologias, o que inclui os residenciais. Observa-se, na Figura 14, um
exemplo de projeto elétrico entregue pelo projetista para a realização de uma
obra residencial.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 148


B Lâmpada embutida giratória dupla dê Interruptor de três fases o Lâmpada
halógena embutida 12 V cr Interruptor de reostato (dímero)
Lâmpada embutida no chão de 12 V Fita de luz LED RGB
Lâmpada pendente E Soquete
-0- Arandela (altura de montagem h = 1,85 m) EE Soquete duplo
D Lâmpada de parede E Tomada para forno
Bloqueador de interruptor @ Antena de TV
Chave interruptor Õ Cabo de internet

Figura 14. Planta de projeto elétrico residencial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 02/08/2021 . (Adaptado).
Neste caso, o projetista é responsável por enviar o projeto elétrico para o
arquiteto que realizará a compatibilização, ou seja, a verificação da
adequação deste projeto aos demais elementos e sistemas que compõem o
espaço, bem como das questões estéticas. Por exemplo, talvez seja
necessário colocar duas e não apenas uma luminária em um ambiente para
que o nível de lúmens seja atingido e que sejam instalados interruptores

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 149


separados para elas. Assim, o arquiteto precisará verificar se essa
configuração se adequa àquilo que estava previsto ou se será necessário
modificar a indicação da luminária e da lâmpada feita anteriormente.

PROJETO DE ARQUITETURA DE INTERIORES RESIDENCIAIS 150


Sintetizando

Nessa unidade,foi possível conhecer um pouco mais a respeito de


componentes do projeto executivo de um espaço residencial interno. Foram
tratados pontos importantes sobre teto, piso, parede e elementos
construtivos.
Inicialmente, foi apresentado o detalhamento de tetos, identificando
quais são os principais elementos que o compõem e as suas necessidades
específicas que devem estar presentes no projeto executivo apresentado à
obra. Verificou-se também a importância da paginação de luminárias e da
indicação de sancas e pé-direito para que o ambiente adquira a configuração
prevista em projeto sem erros.
Em um segundo momento, foi possível entender alguns dos elementos
que fazem parte do detalhamento de pisos e paredes internas. Sobretudo,
foram apresentadas as paginações, como fazê-las e quais são os principais
pontos que devem ser colocados para sua execução. Foram mostrados alguns
exemplos nítidos dos componentes de um desenho de detalhamento de pisos
e paredes, incluindo de áreas molhadas, com início da
instalação/assentamento de revestimentos, indicação de altura de
elementos, entre outras coisas.
Finalmente, foram descritas algumas necessidades relativas às pranchas
de detalhamentos técnicos de construção, como elementos de demolição,
pontos hidráulicos e elétricos. Verificou-se que há uma constante
necessidade de trabalho entre projetistas e arquitetos para que a execução
seja feita da forma correta, evitando tanto retrabalhos quanto desperdícios e
prezando pela clareza da informação.

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Referências bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:
Representação de projetos em Arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410:
Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
GRIMLEY, C.; LOVE, M. Cor, espaço e estilo. São Paulo: Gustavo Gili, 2016.
GURGEL, M. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para
áreas comerciais. 5. ed. São Paulo: Senac, 2014.
PANERO,J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços interiores:
um livro de consulta e referência para projetos. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.
VALLADARES, P.; MATOSO, D. Projeto de interiores: Apostila de projeto
executivo e detalhamento. 2002. 38 f. Escola de Arquitetura da UFMG,
Departamento de Projetos. Disponível em:
<http://daniloarquiteto.files.wordpress.
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