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DIA 21 DE SETEMBRO : QUARTTO CÍRCULO DE REFLEXÕES

TEMA:  A CRISE DO POPULISMO E O GOLPE CIVIL-MILITAR


Roteiro para o estudo:
1. Analise os significados e os desdobramentos históricos dos seguintes fatos relacionados à
crise do populismo no Brasil:
Eleição de Jânio Quadros - 1960
Campanha da Legalidade - 1961
Adoção do Parlamentarismo - 1961
Comício da Central do Brasil: 13 de Março de 1964
Marcha da Família com Deus pela Liberdade: 19 de Março 
Rebelião dos Marinheiros: 25 de Março
Festa no Automóvel Clube: 30 de Março
Deposição de João Goulart: 31 de Março
2. Identifique as múltiplas causas remotas e imediatas que contribuíram para a emergência do
golpe civil-militar de 1964
Fontes para o estudo:
Filme: O dia que durou 21 anos 
Filme: Jango
Texto: O governo Goulart e o golpe civil-militar de 1964

Sobre o autor: Jorge Ferreira é doutor em História Social pela USP. Professor Titular do
programa de pós-graduação em História Social da UFF e Professor Visitante do programa de
pós-graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora. Autor de João Goulart:
Uma biografia (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011). tem experiência na área de História
do Brasil República, com ênfase nos estudos de História Política e História Cultural.
p. 345 – Ainda é difícil, para os historiadores, determinar as relações entre indivíduo e
sociedade, entre livre-arbítrio pessoal e determinismo social, sobretudo o econômico. Sabemos,
no entanto, que a problemática que contrapõe indivíduo e sociedade refere-se a uma falsa
questão.
Esgotamento das teorias globalizantes, principalmente do estruturalismo, mas mesmo isso
demonstra que os indivíduos são modelados pela sociedade e mesmo assim demonstram
preferências que devem ser explicadas
- Apesar do avanço nas reflexões sobre o tema, a historiografia sobre o governo de João Goulart
e o golpe civil-militar de 1964, via de regra, ainda tem como referência paradigmas tradicionais,
ora culpabilizando um único indivíduo, ora referindo-se [...] a estruturas que determinam, de
maneira irreversível e inelutável, o destino das coletividades.
Sobre a personalização da história
- Comecemos por aqueles que preferem personalizar a História. Para a direita civil-militar que
tomou o poder em 1964, Goulart era um demagogo, corrupto, inepto e influenciado por
comunistas. Motivos suficientes, portanto, para o golpe de Estado. Para as esquerdas
revolucionárias e a ortodoxia marxista-leninista, o presidente era um líder burguês de massa,
uma liderança cuja origem de classe marcou seu comportamento dúbio e vacilante, com
vocação inequívoca para trair a classe trabalhadora.
Um populista - consenso
p. 345-346 – [...] Neste caso, portanto, direitas, esquerdas e liberais se unem em uma mesma
explicação: o comportamento, a personalidade e a incapacidade política de um único indivíduo
atuaram como fatores decisivos, se não determinantes, para o golpe.
Historiografia tradicional (visão superada e teoricamente inaceitável) – o ocorrido se deve à
falta de talento de um único indivíduo
Agora vamos as explicações que voltam-se para as grandes estruturas
p. 346 – [...] Primeiro, a mais conhecida e disseminada: março de 1964 significou o “colapso do
populismo no Brasil”. Octávio Ianni (1975), em interpretação que se tornou clássica,
compreende o golpe como resultado da contradição entre a crise estrutural do padrão
agrário-exportador e os modelos de desenvolvimento nacionalista e associativo com
empresas estrangeiras. [...] Para o autor [Guilherme O’Donner], o processo de
industrialização por substituição de importações, em um certo estágio, atinge um nível em
que o crescimento econômico exige regimes autoritários na regulação dos conflitos. Para
Fernando Henrique Cardoso, em visão ainda mais determinista [...], o processo de
acumulação de capital necessita de formas autoritárias de gestão, desarmando as classes
populares e reestruturando os mecanismos de acumulação para o desenvolvimento das
forças produtivas.
Determinismo econômico oriundo de um marxismo que elimina atores coletivos bem como o
conflito entre eles, nessa interpretação, não teria havido golpe militar ou acirramento das lutas
sociais no Brasil, somente uma “crise de acumulação” ou “do populismo”.
p. 347 - Uma outra interpretação, que não deve ser minimizada, fala, por sua vez, da Grande
Conspiração, da aliança entre grupos sociais conservadores brasileiros – a exemplo de
empresários, latifundiários, políticos reacionários, militares golpistas e Igreja tradicionalista –
com a CIA e o Departamento de Estado norte-americano. A conspiração direitista interna-
externa, desse modo, teria sido o fator fundamental para a crise política de 1964.
Essa perspectiva minimiza a participação dos grupos e das classes sociais que atuaram de
maneira conflituosa no país, deslocando para o exterior os protagonistas da própria história.
Assim, o culpado seria o outro, o estrangeiro
Houve outras tentativas de golpe nas instituições, em 1955 e 1961

- [...] não basta conspirar, mesmo que com o apoio de potências estrangeiras. É preciso
encontrar uma ampla base social para levar a conspiração adiante.
O Governo Parlamentarista
Goulart – saiu como vice e voltou como presidente; República sob crise militar, contas públicas
descontroladas, país endividado interna e externamente
p. 348 – O sistema parlamentarista, implantado às pressas, visava, na verdade, impedir
que ele exercesse seus poderes.
Ampla coalização democrática para impedir o golpe militar
o. 348-49 - A estratégia do presidente era a de desarmar os seus opositores conservadores,
procurando ampliar sua base política com o apoio do centro, sobretudo com o PSD, mas, ao
mesmo tempo, não querendo abrir mão de suas relações com as esquerdas. [...] Mesmo diante
das dificuldades e limitações, Goulart implementou um programa nacionalista mínimo. Em
outubro de 1961, o gabinete aceitou a proposta do Ministério das Minas e Energias para
cancelar as concessões de exploração de minério de ferro em Minas Gerais feitas ao grupo
norte-americano Hanna Company. Além disso, Goulart deu continuidade à política
externa independente, iniciada por seu antecessor. Visando sobretudo ampliar os
mercados para exportação, estabeleceu relações diplomáticas com os países do bloco
socialista e, em novembro de 1961, com a União Soviética. Coerente com a nova política
externa, o governo brasileiro rechaçou as sanções que os Estados Unidos propuseram
contra Cuba, bem como a intervenção militar na ilha.
p. 349 – Contudo, também nas semanas iniciais de seu governo, começou a conspiração civil-
militar articulada pelos grupos políticos mais conservadores e direitistas. [...] Os conspiradores
enfrentavam as mesmas dificuldades de episódios anteriores: convencer e arregimentar a
maioria da oficialidade a aderir ao golpismo. De fato, para grande parte dos oficiais das
três Armas, uma coisa era não gostar de Goulart e de sua política reformista; outra, muito
diferente, era derrubar um governo legítimo que alçou o poder dentro das regras
democráticas e constitucionais.
- Um dos problemas enfrentados pelo presidente foi o acirramento das lutas no campo.
Ligas camponesas – Francisco Julião sobre a reforma agrária, ou será feita na lei ou na marra,
com flores ou sangue.
p. 349-350 – [...] A questão da reforma agrária, na verdade, impunha problemas de difícil
solução. As iniciativas do presidente não avançavam principalmente pelo artigo 141 da
Constituição que previa pagamento prévio em dinheiro por desapropriações feitas por interesse
público. Assim, enquanto as esquerdas defendiam o pagamento em títulos da dívida
pública, os conservadores não aceitavam a alteração do artigo constitucional. Com a
intransigência das partes, Goulart não encontrou condições políticas para enviar ao
Congresso Nacional um projeto de reforma agrária.
Papel de Brizola no Campo da esquerda – desapropriação dos bens da Companhia Telefônica
Nacional
p. 350 – Além desses problemas, Goulart herdou uma pesadíssima crise econÔmic0-financeira.
Entre a posse de Jânio Quadros e a dele, foram emitidos 87 bilhões de cruzeiros. Desse total, 58
bilhões foram emitidos nas duas semanas em que os ministros militares tomaram o poder. O
reflexo imediato foi o crescimento dos índices de inflação que, em 1961, alcançou a casa
dos 45%.
A radicalização das esquerdas
Demandas históricas – as reformas de base: a bancária, fiscal, urbana, tributária, administrativa,
agrária e universitária + extensão do voto aos analfabetos e oficiais não-graduados das Forças
Armadas e a legalização do PCB.
O controle do capital estrangeiro e o monopólio estatal de setores estratégicos da economia -
parte do programa reformista dos nacionalistas
Grupo heterogêneo
Crescimento do PCB - defesa de uma política nacionalista e reformista rumo a passagem
pacífica ao socialismo (democrática)
UNE e sua politização
p. 351 -
p. 401 –

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