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Sobretensões Induzidas por Descargas
Atmosféricas em Redes Secundárias
Acácio Silva Neto e Alexandre Piantini, Senior Member, IEEE
Resumo-- Este trabalho apresenta os resultados de um
estudo sobre as características das sobretensões ocasionadas por
descargas atmosféricas próximas a linhas de distribuição de
baixa tensão. As tensões induzidas foram calculadas através do
ERM (“Extended Rusck Model”) - modelo de validade
comprovada através de centenas de comparações entre
resultados teóricos e experimentais. Neste estudo foi analisado o
comportamento das tensões induzidas, em termos de amplitude e
forma de onda, frente a parâmetros como a altura do condutor
fase, posição ao longo da linha, distância entre pontos de
aterramento do condutor neutro e comprimento do ramal de
ligação. A modelagem das cargas das unidades consumidoras e
também do transformador de distribuição são abordadas no
trabalho e seus efeitos considerados nos cálculos das tensões
induzidas.
Palavras-Chave-- descargas atmosféricas, indução
eletromagnética, linhas de distribuição, tensões induzidas.
I. INTRODUÇÃO
A s descargas atmosféricas são responsáveis por parcela
significativa dos distúrbios nas redes elétricas, podendo
ocasionar desligamentos ou queima de equipamentos tanto das
concessionárias quanto dos consumidores. Os distúrbios nas
redes de distribuição causados por descargas atmosféricas
podem ser causados tanto por descargas diretas como indiretas
(próximas à rede). As descargas diretas na rede de baixa
tensão são raras pelo fato dos condutores estarem
posicionados em alturas inferiores à dos condutores da rede
primária e pelo fato desta última normalmente estar presente,
blindando a rede secundária.
Os surtos ocasionados por descargas diretas na rede
primária são transferidos para a rede de baixa tensão através
do transformador e também pela atuação dos pára-raios de
média tensão [1], [2]. Vários estudos vêm sendo
desenvolvidos a respeito das tensões induzidas na rede
primária devido a descargas indiretas [3]-[5] e sobre as
tensões transferidas para a rede secundária através dos
transformadores de distribuição [6], [7]. No caso de uma
descarga direta em uma edificação, ocorre um aumento do
potencial de terra próximo à instalação, o qual pode ocasionar
a transferência de surtos à rede de baixa tensão em decorrência
de descargas disruptivas na instalação ou da atuação de
dispositivos de proteção.
A. Silva Neto trabalha no Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (e-mail: acacio@iee.usp.br).
Piantini trabalha no Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade
de São Paulo (IEE/USP), São Paulo, Brasil (e-mail: piantini@iee.usp.br).
Por sua vez, as tensões induzidas na rede secundária ainda não
foram estudadas em grande profundidade. Esses transitórios
ocorrem com freqüência e podem atingir amplitudes elevadas.
A adoção de novos critérios para a avaliação da qualidade da
energia fornecida tem incentivado a realização de pesquisas
com o objetivo de se obter informações a respeito das
características das sobretensões em redes de baixa tensão. A
busca de um melhor entendimento do comportamento das
tensões induzidas em relação a diversos parâmetros é de
fundamental importância. As formas de onda das tensões
induzidas em redes de baixa tensão típicas brasileiras diferem
das observadas em [8], onde as tensões induzidas na rede
secundária são caracterizadas por oscilações amortecidas de
alta freqüência em função das simulações terem sido
realizadas considerando linhas com espaçamentos da ordem
de 250 m a 400 m entre pontos de aterramento do neutro.
Entretanto, como no Brasil em geral as distâncias entre os
pontos de aterramento são menores, as características das
tensões induzidas são diferentes, conforme observado em [6],
[7], [9]. Deve-se considerar também que as redes de baixa
tensão apresentam ainda grande diversidade de configurações.
Neste trabalho são apresentados resultados referentes às
características das sobretensões, nas redes de baixa tensão,
causadas por descargas atmosféricas indiretas. O estudo
considera diferentes configurações de rede e discute a
influência de parâmetros como a altura do condutor fase, o
comprimento do ramal de ligação, a distância entre pontos de
aterramento do condutor neutro e a posição ao longo da linha.
As simulações foram realizadas por meio do modelo
matemático ERM (“Extended Rusck Model”) [10], [11], cuja
validade foi comprovada por meio de centenas de
comparações entre resultados teóricos e experimentais. O
trabalho discute também a modelagem das cargas dos
consumidores e do transformador de distribuição frente a
surtos atmosféricos.
II. TENSÕES INDUZIDAS NA REDE SECUNDÁRIA
A representação adequada das cargas dos consumidores e
do transformador de distribuição é fundamental quando se
realiza cálculos de tensões induzidas. Em [12] verificou-se
que o circuito apresentado na Figura 1 é uma boa aproximação
da impedância de entrada de uma instalação consumidora
típica na faixa 5 kHz a 2 MHz. Ele foi obtido a partir de
medições realizadas em um apartamento de 127 m2
consistindo em sete circuitos e alimentado por um sistema de
 2

30 m 60 m 60 m 60 m 60 m 30 m
400 V - 230 V (TN). Uma simplificação, considerada
razoável, é ignorar o comportamento da carga em baixa P
freqüência e representá-la por uma indutância de 3,5 μH.
Como esta indutância decai com o número de circuitos da
instalação, concluiu-se que, como primeira aproximação, d = 50 m
sistemas TN podem ser modelados por uma indutância na
faixa de 2 μH a 20 μH [12]. Nos cálculos das tensões Local de incidência da
descarga atmosférica
induzidas apresentadas neste trabalho as cargas foram (I = 45 kA; tf = 3 μs; to = 150 μs)
representadas através do circuito mostrado na Figura 1.
(a)

16 Ω 1Ω 30 m 60 m 60 m 60 m 60 m 30 m

P
neutro
8 μF carga carga carga carga
3,5 μH ramal ramal ramal ramal
fase 50 μH 50 μH 50 μH 50 μH

17,5 μH 17,5 μH 17,5 μH 17,5 μH 17,5 μH

7m
h=6,8 m
Fig. 1. Aproximação da impedância de entrada de uma instalação de baixa 20 Ω
20 Ω 20 Ω 20 Ω 20 Ω
tensão típica (sistema TN) [12].

Em [13] foi apresentado um modelo para a representação (b)

de transformadores de distribuição para estudos de Fig. 2. Configuração da linha e condições relativas ao Caso Base. P: ponto
transferência de surtos no caso de solicitações impulsivas. O onde são calculadas as tensões induzidas.
transformador utilizado neste trabalho é típico de distribuição: ∇: transformador de distribuição. • cargas das unidades consumidoras.
a) vista superior b) vista lateral
30 kVA, 13,8 kV - 220 / 127 V Δ/Y (aterrado). Por meio de
simulações preliminares foi mostrado em [6] que este
transformador pode ser razoavelmente bem representado, para 20
o cálculo de tensões induzidas, através de um indutor de 1
50 μH em série com o circuito mostrado na Figura 1.
15
A. Caso Base
2
Tensão (kV)

As simulações foram realizadas, inicialmente, considerando 10

a configuração mostrada na Figura 2, correspondente ao Caso
Base. A linha simulada é monofásica, com 300 m de 5
comprimento e casada em ambas as extremidades. O ponto de 3

instalação do transformador é eqüidistante às extremidades da

linha. As cargas foram conectadas à rede de baixa tensão por
meio de ramais de ligação representados por indutâncias de
50 μH, correspondendo a um ramal com 40 m de
comprimento. As alturas dos condutores fase (h) e neutro são
6,8 m e 7,0 m respectivamente. A resistência de terra é igual a
20 Ω, a indutância do condutor de descida do aterramento do
neutro é igual 17,5 μH, sendo o condutor neutro aterrado junto
ao transformador e nos locais de instalação de cargas. A
descarga atmosférica ocorre em frente ao transformador, a
uma distância d = 50 m da linha. A amplitude da corrente de
descarga (I) é 45 kA e sua velocidade de propagação é igual a
30 % da velocidade da luz no vácuo. A forma de onda da
corrente é triangular, com tempos de frente e até zero
respectivamente iguais a 3,0 μs e 150 μs. O modelo de linha
de transmissão (TL) foi usado para determinar a distribuição
da corrente ao longo do canal de descarga, suposto com 3 km
de comprimento. A menos que indicado em contrário, todas as
simulações apresentadas no trabalho foram realizadas com as
condições e parâmetros indicados acima.
As tensões induzidas calculadas no ponto P indicado na
Figura 2 são mostradas na Figura 3.
0
-5
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (us)
Fig. 3. Tensões induzidas no ponto P indicado na Fig. 2. Caso Base.
1 – tensão fase-terra 2 – tensão neutro-terra 3 – tensão fase-neutro
As formas de onda e as amplitudes das tensões induzidas
dependem dos parâmetros da linha, das cargas consumidoras e
dos parâmetros das descargas atmosféricas. Como pode-se
observar, as tensões induzidas (fase-terra, fase-neutro, neutro-
terra) apresentam amplitudes elevadas, variando entre 6 kV e
aproximadamente 17 kV, e podem acarretar descargas
disruptivas em um ou mais pontos da rede. A tensão induzida
fase-terra atinge o seu valor máximo em instante próximo ao
instante em que a corrente da descarga atinge a sua máxima
amplitude (3 μs). Por outro lado, o valor de crista da tensão
fase-neutro ocorre em instante inferior ao da tensão induzida
fase-terra. Isto se deve à natureza predominantemente indutiva
das cargas e do transformador. Observam-se também
oscilações nas tensões induzidas na linha devido às diversas
reflexões das ondas de tensão e corrente ocasionadas pela
presença do transformador e das cargas consumidoras.
 3

B. Altura do condutor fase
Com o objetivo de avaliar a influência da altura do
condutor fase, foram realizadas duas simulações da
configuração de rede apresentada na Figura 2, uma com
h = 6,8 m e outra com h = 6,4 m. O único parâmetro alterado
nas simulações foi a altura h do condutor fase, sendo os
restantes iguais aos do Caso Base. As tensões induzidas nesses
dois casos são mostradas na Figura 4.
20
16
2 descarga atmosférica foram variados. O termo xd representa
Tensão (kV)
dos efeitos é predominante. Embora as diferenças não sejam
significativas, observa-se nessas simulações que, para a menor
altura do condutor (h = 6,4 m) a tensão induzida é maior, o
que leva à conclusão que, para essa configuração de linha, o
efeito do acoplamento entre os condutores fase e neutro é
predominante em relação ao efeito de redução da altura do
condutor fase.
C. Posição ao longo da linha
Para essa análise foram realizadas simulações das
configurações de linha apresentadas na Figura 5, onde o ponto
de cálculo da tensão induzida e o ponto de incidência da

distância entre o ponto de cálculo da tensão induzida na linha

12
e o ponto de aterramento do neutro mais próximo, enquanto
1
que x indica distância entre o ponto de cálculo da tensão
8
induzida e o ponto da linha mais próximo ao local de
incidência da descarga atmosférica. As tensões induzidas fase-
4
terra e fase-neutro no ponto P da Figura 5, assim como aquelas
obtidas para o Caso Base (x = 0 m e xd = 0 m), são mostradas
0
na Figura 6.
0 2 4 6 8 10 12 14
30 m 60 m 60 m 60 m 60 m 30 m
Tempo (us)
xd = 30 m
(a)
P

8
1 d
2
4 Local de incidência da
descarga atmosférica
Tensão (kV)

x=0m
(a)
0
30 m 60 m 60 m 60 m 60 m 30 m

xd = 0 m
-4 P

-8
d
0 2 4 6 8 10 12 14
Local de incidência da
Tempo (us) descarga atmosférica

(b) x = 30 m
Fig. 4. Comportamento da tensão induzida em função da altura h do condutor (b)
fase. Fig. 5. Configuração da linha: análise das tensões induzidas ao longo na
Configuração da linha mostrada na Fig. 2. linha. ∇ - transformador. • - carga.
1 - h = 6,4 m 2 - h = 6,8 m (Caso Base) a) x = 0 m e xd = 30 m (vista superior) b) x = 30 m e xd = 0 m (vista
a) tensões fase-terra b) tensões fase-neutro superior)

A tensão induzida é diretamente proporcional à altura do
condutor. Quando um condutor não aterrado (fase) está
localizado nas proximidades de um condutor aterrado
(neutro), a tensão induzida no condutor fase diminui com a
redução da distância entre eles (mantendo-se os demais
parâmetros inalterados), devido ao acoplamento entre os
condutores. Como na rede secundária convencional os
condutores são instalados verticalmente, a mudança do
afastamento dos condutores fase em relação ao neutro provoca
a alteração da altura h do condutor fase. Assim, a redução na
altura do condutor fase de 6,8 m (Caso Base) para 6,4 m pode
diminuir ou aumentar a tensão fase-terra, dependendo de qual
Comparando as tensões induzidas fase-terra nas três
configurações, verifica-se que a maior amplitude ocorre
quando xd = 30 m e x = 0 m (curva 1 na Figura 6-a). Neste
caso, a amplitude é maior devido à maior distância entre o
ponto de cálculo das tensões induzidas ao ponto de
aterramento do condutor neutro (xd = 30 m). A menor
amplitude da tensão induzida fase-terra ocorre para a situação
representada na Figura 5-b, onde xd =0 m e x = 30 m. Isso
ocorre porque o ponto de cálculo das tensões induzidas está
junto a um ponto de aterramento do condutor neutro e o ponto
de incidência da descarga atmosférica está mais afastado
(x = 30 m) que no Caso Base, em que x = 0 m. O
 4

450 m
comportamento das tensões induzidas neutro-terra (não
mostradas) é análogo ao das tensões fase-terra. Por esse xat xat xat xat

motivo, as diferenças entre as tensões fase-neutro para as P

situações analisadas não são tão significativas, como pode ser
observado na Figura 6-b.
d = 50 m

20 Local de incidência da
1 descarga atmosférica

Fig 7. Configurações de linha para análise da influência da distância entre

15 pontos de aterramento do condutor neutro.
2
∇ - transformador • - carga
Tensão (kV)

10
3
20

3
5
15
2

Tensão (kV)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 10
1
Tempo (us)
(a) 5

6 0
0 2 4 6 8 10 12 14
4 2 Tempo (us)
Tensão (kV)

2 (a)
3
1
0
10
-2
3
-4

5
Tensão (kV)

-6 2
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (us) 1

(b) 0

Fig. 6. Comportamento da tensão induzida em função das distâncias xd e x.

1) xd = 30 m e x = 0 m (Fig 5-a)
2) xd = 0 m e x = 0 m (Fig. 2) – Caso Base
-5
3) xd = 0 m e x = 30 m (Fig. 5-b)
a) tensões fase-terra b) tensões fase-neutro 0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (us)

D. Distância entre pontos de aterramento do neutro (b)

Neste caso a análise é feita com base na Figura 7, sendo o
comprimento da linha igual a 450 m, com distância xat entre
pontos de aterramento do condutor neutro. Variou-se então a
distância entre os pontos de aterramentos com o objetivo de
estudar sua influência na tensão induzida. As distâncias
utilizadas foram 30 m, 60 m e 90 m.
As tensões induzidas relativas a essas configurações são
mostradas na Figura 8.
Fig. 8. Variação das tensões induzidas em função do intervalo de aterramento
do condutor neutro.
1) xat = 30 m 2) xat = 60 m 3) xat = 90 m
a) tensões fase-terra b) tensões fase-neutro
Pode-se observar que para o caso em que xat é igual a 30 m
a amplitude de tensão induzida é menor se comparada às das
tensões correspondentes às outras distâncias. A diferença entre
as tensões fase-terra é de aproximadamente 44 % em relação
ao caso de xat = 60 m e de aproximadamente 56 % em relação
ao caso de xat = 90 m. Para as tensões fase-neutro, as
diferenças são de aproximadamente 56 % e 96 % em relação
aos casos xat = 60 m e xat = 90 m, respectivamente. Fica
evidente assim que, quanto menor o espaçamento entre os
pontos de aterramento do condutor neutro, menor a amplitude
 5

da tensão induzida, podendo essa variação ser significativa 6

dependendo dos valores dos demais parâmetros.
2
E. Comprimento do ramal de ligação 3
Nas simulações anteriores a impedância do ramal de

Tensão (kV)
1
ligação foi considerada igual a 50 μH, que corresponde à
indutância de um condutor de 10 mm2 de seção transversal 0
com aproximadamente 40 m de comprimento. Com o objetivo
de avaliar o efeito do comprimento lr do ramal de ligação nas
tensões induzidas na linha de BT foram consideradas as duas -3
configurações indicadas na Figura 5, adotando porém o
comprimento de 20 m para os ramais de ligação, o que
equivale a uma indutância de 25 μH. As tensões induzidas -6
0 2 4 6 8 10 12 14
(fase-terra e fase neutro) no ponto P das duas configurações
Tempo (us)
mostradas na Figura 5 para os comprimentos de 40 m e 20 m
são comparadas nas Figuras 9 e 10. Como observado, as (a)
tensões induzidas não apresentam diferenças significativas
nessas duas situações, tanto para o caso em que as tensões 6
1
foram calculadas entre o ramal e o transformador (x = 0 m e
2
xd = 30 m, Figura 6-a) quanto para o caso em que foram
calculadas junto ao transformador (x = 30 m e xd = 0 m, 3

Figura 6-b).

Tensão (kV)
20
0
1

15 -3
Tensão (kV)

10 4
-6
0 2 4 6 8 10 12 14
5 Tempo (us)

0
0 2 4 6
Tempo (us)
Fig. 9. Tensões induzidas (fase-terra) em diferentes pontos da linha em
função do comprimento lr do ramal de ligação.
1) lr = 40 m (x = 0 m e xd = 30 m, Fig. 5-a)
2) lr = 20 m (x = 0 m e xd = 30 m, Fig. 5-a)
3) lr = 40 m (x = 30 m e xd = 0 m, Fig. 5-b)
4) lr = 20 m (x = 30 m e xd = 0 m, Fig. 5-b)
(b)
8 10 12 14 Fig. 10. Variação das tensões induzidas fase-neutro em função do
comprimento do ramal de ligação em diferentes pontos da linha.
Onda 1- lr = 40 m; onda 2- lr = 20 m.
a) x = 0 m e xd = 30 m (Fig. 5-a)
b) x = 30 m e xd = 0 m (Fig. 5-b)
III. Conclusões
Neste trabalho foram apresentados e discutidos alguns
resultados referentes a sobretensões induzidas na rede de baixa
tensão por descargas atmosféricas indiretas. As tensões
induzidas podem atingir amplitudes elevadas, da ordem de
20 kV e 7 kV para as tensões fase-terra e fase-neutro
respectivamente, valores estes que podem causar disrupções
na rede ou queima de equipamentos dos consumidores ou do
próprio transformador de distribuição. Foram consideradas
correntes de descarga com amplitude de 45 kA e tempo de
frente de 3 μs. No caso de descargas com amplitudes maiores
e/ou tempos de frentes mais curtos as tensões induzidas
apresentarão amplitudes mais elevadas. Dos parâmetros
considerados, observa-se que o comprimento do ramal de
ligação e a altura do condutor fase não influenciam muito as
amplitudes das tensões induzidas, embora possam provocar
alterações nas formas de onda. As amplitudes das tensões
 6

induzidas são afetadas significativamente pela distância entre V. BIOGRAFIAS

pontos de aterramento do neutro e pelo ponto de cálculo. Em
geral as tensões induzidas fase-terra apresentam tempos de Acácio Silva Neto nasceu em Ribeirão Preto, Brasil,
em 25 de fevereiro de 1977. Formou-se em
frente próximos ao tempo de frente da corrente de descarga, Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual
bem como oscilações provocadas pelas reflexões das ondas de Paulista (UNESP) em 2000 e obteve o título de
tensão e corrente nos locais de instalação das cargas. Já as mestre em Engenharia Elétrica pela Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo em 2004.
tensões fase-neutro atingem os seus valores máximos antes Ingressou na Universidade de São Paulo em
das tensões fase-terra devido à natureza predominantemente 2001 como pesquisador do Instituto de Eletrotécnica
indutiva da carga. e Energia. Suas áreas de interesse envolvem os
efeitos de descargas atmosféricas em sistemas
elétricos. Atualmente está cursando o Programa Interunidades de Pós-
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Graduação em Energia da Universidade de São Paulo para obtenção do título
de Doutor em Energia.
[1] A. Piantini, A. G. Kanashiro, P. F. Obase, “Lightning surges transferred
to the low-voltage network,” in Proc. of the VII International
Symposium on Lightning Protection, pp. 216-221, Curitiba, Nov. 2003. Alexandre Piantini (M´04, SM´04) nasceu em
[2] W. Bassi, N. M. Matsuo, A. Piantini, “Currents and charge absorbed by Londrina, Brasil, em 10 de agosto de 1963.
low-voltage SPDs in overhead distribution systems due to lightning,” in Graduou-se em Engenharia Elétrica pela
Proc. of the International Symposium on High Voltage Engineering, vol. Universidade Federal do Paraná em 1985 e obteve os
2, pp. 2.349.P1-2.352.P1, Aug. 1999. títulos de Mestre e Doutor em Engenharia pela
[3] A. Piantini, J. M. Janiszewski, “The effectiveness of surge arrester on Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em
the mitigation of Lightning induced voltages on distribution lines,” in 1991 e em 1997, respectivamente.
Proc. of the VIII International Symposium on Lightning Protection, pp. Ingressou na Universidade de São Paulo (USP)
777-796, São Paulo, Nov. 2005. em 1986, como pesquisador do Instituto de
[4] T. O. De Carvalho, A. Piantini A. Silva Neto, J. M. Janiszewski, R. C. Eletrotécnica e Energia. Atualmente é professor dos
Altafim, A. L. T. Nogueira, “Desenvolvimento de Sistema para Estudo programas de pós-graduação em Energia (PIPGE/USP) e da Escola
de Tensões Induzidas em Linhas de Média Tensão por Descargas Politécnica (PEA/EPUSP) e coordenador do Centro de Estudos em Descargas
Atmosféricas,” in VI Seminário Brasileiro sobre a Qualidade da Energia Atmosféricas & Alta Tensão - CENDAT. Suas principais áreas de interesse
Elétrica (VI SBQEE), pp. 287-292, Belém, Ago. 2005. estão relacionadas a descargas atmosféricas e a transitórios eletromagnéticos
[5] A. Piantini, T. O. De Carvalho, A. Silva Neto, J. M. Janiszewski, R. C. em sistemas elétricos. É autor ou co-autor de mais de 100 trabalhos científicos
Altafim, A. L. T. Nogueira, “System for simultaneous measurements of apresentados em congressos nacionais e internacionais ou publicados em
lightning induced voltages on lines with and without arresters,” in the revistas indexadas.
Proc. of the 27th International Conference on Lightning Protection, v. I.
p. 297-302, Avignon, Sep. 2004.
[6] A. Piantini, A. Silva Neto, “Tensões Induzidas em Linhas de Baixa
Tensão por Descargas Atmosféricas,” Transmission and Distribution
Conference and Exposition IEEE/PES/T&D Latin América, São Paulo,
Nov. 2004.
[7] A. Silva Neto, A. Piantini, “Sobretensões Causadas por Descargas
Atmosféricas Próximas a Redes de Baixa Tensão,” in XVI Seminário
Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (SENDI 2004), pp. 1-15,
Brasília, Nov. 2004
[8] C. Mirra, A. Porrino, A. Ardito, C. A. Nucci, “Lightning overvoltages in
low voltage networks,” in Proc. of the International Conference on
Electricity Distribution (CIRED 97), Conference Publication n. 438. pp.
2.19.1 - 2.19.6, Birmingham, June 1997.
[9] A. Silva Neto, A. Piantini, “Induced Overvoltages on LV lines with
Twisted Conductors due to Indirect Strokes,” in Proc. of the VIII
International Symposium on Lightning Protection, pp. 477-482, São
Paulo, Nov. 2005.
[10] A. Piantini, J. M. Janiszewski “Induced voltages on distribution lines
due to lightning discharges on nearby metallic structures,” IEEE Trans.
on Magnetics, vol. 34, no. 5, pp. 2799-2802, Sep. 1998.
[11] A. Piantini, J. M. Janiszewski, “The Extended Rusck Model for
calculating lightning induced voltages on overhead lines,” in Proc. of the
VII International Symposium on Lightning Protection, pp. 151-155,
Curitiba, Nov. 2003.
[12] H. K. Hoidalen, “Lightning-induced voltages in low-voltage systems and
its dependency on overhead line terminations,” in Proc. of the 24th
International Conference on Lightning Protection, pp. 287-292,
Birmingham, Sep. 1998.
[13] A. Piantini, A. G. Kanashiro, “A distribution transformer model for
calculating transferred voltages, in Proc. of the 26th International
Conference on Lightning Protection,” vol II, pp. 429-434, Cracow,
Poland, Sep. 2002.