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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Estado do Rio de

Janeiro.

Ref. Autos n° 5076037-76.2021.4.02.5101

ITAÚ UNIBANCO S.A (“Itaú”) pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ/MF sob o n.º 60.701.190/0001-04, com sede na Praça Alfredo Egydio S, Aranha, nº 100,
Torre Olavo Setúbal, Prq. Jabaquara, São Paulo/SP, neste ato representado por seus advogados
ao final assinados, com escritório situado em Curitiba/PR, na Rua Mariano Torres, 729, 11º
andar, Centro, CEP 80060-120 e endereço eletrônico contato@wambier.com.br, para
tempestivamente oferecer

CONTESTAÇÃO

aos termos da Ação Ordinária de Obrigação de Fazer c/c Indenização por Danos Morais com
Pedido de Antecipação de Tutela que é denunciado, sendo Ré e denunciante a Caixa Econômica
Federal (“CEF”), e parte Autora SANTOS CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL RJ EIRELI
(“Requerente” ou “Santos Consultoria”), o que faz pelos motivos de fato e de direito que passa a
expor.

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1. SÍNTESE PROCESSUAL.

Sustenta a Requerente que é correntista da CEF desde 15/01/2020, cujo número


da conta é 002320-1, Operação 0003, Agência 3105, e que em 02/12/2020 restou
impossibilitada de realizar movimentações financeiras em razão do bloqueio de sua conta.

Afirma que depois da tomada de várias providências com a finalidade de obter o


desbloqueio de sua conta bancária, circunstância que teria lhe causado diversos dessabores e
prejuízos materiais por não conseguir adimplir seus compromissos financeiros, não restou outra
alternativa senão a propositura da presente ação com a finalidade de:

(a) “Conceder a TUTELA DE URGÊNCIA para determinar que a Requerida promova a


devolução da quantia de R$ 1.991.719,09 (hum milhão, novecentos e noventa e um mil e
setecentos e dezenove reais e nove centavos) com todas as correções devidas para a
conta corrente de titularidade da Requerente (...)”;
(b) Aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao feito;
(c) “Condenar a Requerida ao pagamento de valor referente a indenização por danos
morais causados pela situação ocorrida, devendo ser arbitrado valor ao critério deste
respeitável juízo”;
(d) Requer ainda a “produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
notadamente a documental em anexo, como inversão do ônus da prova, cf. art. 6º, VIII
do CDC”.

Intimada a CEF para se manifestar a respeito da tutela de urgência pleiteada pela


Requerente, manifestou que “em dezembro de 2020ª CAIXA recebeu comunicação do Banco
ITAU sobre uma TED enviada para a conta 2105-003-2320-1, bem como solicitação de devolução
dos recursos”.

Alegou que “entre os documentos encaminhados pelo Banco ITAÚ está o Boletim
de Ocorrência emitido pela delegacia de Polícia Civil/Sul – Belo Horizonte/MG, sobre número
2020-049547857-001, em anexo, onde o sr. Lai Evangelista Monção narra que foi envolvido em
um suposto golpe, onde o empréstimo requerido junto ao Banco PAN, era repassado à Autora,
através do Instrumento Particular de Negociação de Dívida, sendo certo que a Autora receberia
os recursos do empréstimo junto ao Banco PAN, e se responsabilizaria pelo pagamento integral

2
das parcelas. Em razão de tal comunicação, a CAIXA realizou o bloqueio da conta. Importa
destacar que o Banco ITAU ainda solicitou à CAIXA a devolução de outras TED´s”. Sustentou
ainda não estarem presentes os requisitos autorizados para fins de concessão da tutela de
urgência pretendida pela Requerente.

Ao final, a CEF requereu (a) fosse “oficiada a autoridade policial, para que
esclareça a situação dos inquéritos”; (b) “intimação do Itaú para integrar o feito”; (c)
indeferimento da petição inicial; e (d) o julgamento improcedente da demanda.

Em 12/08/2021 este il. juízo rejeitou o pedido de concessão da tutela de urgência


pretendida pela Requerente sob o entendimento de que “o acesso à quantia depositada, nessa
fase processual, poderia tornar de extrema dificuldade a restauração do status quo ante”. Contra
esta decisão a Requerente interpôs recurso de agravo de instrumento autuado sob o n.º
5013057-70.2021.4.02.0000 pelo E.TRF-2ª Região o qual teve o pedido de tutela recursal negado
em 20/09/2021, e em 02/02/2022, no mérito, restou desprovido por não estarem presentes os
requisitos para concessão da tutela de urgência pretendida.

Em 03/09/2021 a CEF apresentou sua contestação por meio da qual (a) replicou
suas alegações fáticas já trazidas na manifestação apresentada a respeito do pedido de
concessão de tutela de urgência pretendido pela Requerente; (b) requereu inclusão do Itaú na
lide por meio de sua denunciação sob o argumento de que “parte dos valores foram transferidos
ao banco Itaú. Assim, considerando os termos do art. 884 do CC, é o Banco Itaú quem tem a
responsabilidade em eventualmente devolver os referidos valores”; (c) a inépcia da petição inicial,
especificamente em relação à circunstância de o valor do dano moral pleiteado pela Requerente
não ter sido formulado em valor certo, nos termos do art. 322 do CPC; (d) a rejeição do pedido
de condenação ao pagamento de indenização a título de danos morais, visto que “não há na
narrativa autoral qualquer fato que indique já ter sofrido mácula em sua honra, ou seja, não há
sequer a indicação do prejuízo de ordem moral a ser reparado”.

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Intimada em 19/01/22 a apresentar Réplica, a Requerente assim procedeu em
21/02/22, oportunidade em que reiterou, em síntese, as alegações constantes em sua inicial e
juntou documentos relativos a movimentações financeiras envolvendo a sua conta bancária
junto à CEF de modo a demonstrar a sua regularidade. Em nova manifestação apresentada nos
autos em 25/02/22, a CEF (a) requereu ao juízo que fosse apreciado seu pedido de denunciação
do Itaú à lide, bem como reiterou os pedidos de que (b) fosse oficiada à autoridade policial para
que esclareça a situação dos inquéritos decorrentes dos boletins de ocorrência que constam nos
autos e (c) na eventualidade de indeferida a denunciação da lide do Itaú, que este fosse
intimado para prestar esclarecimentos nos autos.

Ato contínuo, em 27/06/2022 determinou-se a citação do Itaú para apresentar


manifestação nos autos no prazo de 15 (quinze) dias.

2. PRELIMINAR. INADMISSIBILIDADE DA DENUNCIAÇÃO DO ITAÚ À LIDE. NÃO HÁ QUALQUER

OBRIGAÇÃO DECORRENTE DE LEI OU DE CONTRATO QUE ESTABELEÇA O DEVER DO ITAÚ ARCAR COM

PREJUÍZO CAUSADOS PELA CEF. A PRETENSÃO DA CEF É SE EXIMIR DE RESPONSABILIDADE.

Como o Itaú foi denunciado à lide pela CEF, cabe, inicialmente, contestar a
denunciação feita, tendo em vista que, como se verá, deve ser rejeitada por este r. Juízo.

O Código de Processo Civil estabelece duas hipóteses apenas para que seja
admitida a denunciação da lide conforme se lê do art. 125 e seus incisos:

“Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II - Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo”.

Logo de início se verifica ser inaplicável a hipótese do inciso I do art. 125 aos autos
na medida de que não se trata de ação proposta com base em relação de compra e venda
envolvendo o domínio de bens, e sim, avaliação da legalidade do ato consistente no bloqueio da

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conta bancária da Requerente junto à CEF sob o fundado receio dos valores movimentados
terem sua origem em fraudes financeiras cometidas pela Requerente.

Já a hipótese contemplada pelo legislador no inciso II do art. 125 é, consoante


lições de Arruda Alvim, “dentre as hipóteses mais comuns de aplicação deste dispositivo, temos
aquele em que o causador de danos, a outrem, amparado por seguro, seja obrigatório ou
facultativo, denuncia, então a lide à companhia seguradora. Esta deverá arcar com a
indenização, até o limite contratual, caso a demanda vingue contra o segurado”1.

Observa-se, portanto, que pelo inciso II do art. 125 do CPC, aquele que se permite
denunciar para que ingresse a lide ostenta a posição de garantidor frente àquele de quem se
reclama serem devidos valores, seja por decorrência de lei ou contrato, como ocorre no citado
exemplo da relação existente entre segurado e segurador.

Portanto, resta evidente que a hipótese dos autos não autoriza a denunciação da
CEF do Itaú à lide, já que não se trata de lide que versa sobre transferência de domínio (art. 125,
I), tampouco existe lei ou negócio jurídico firmado entre CEF e Itaú no sentido de que este
atuaria como seu garantidor frente a danos que a CEF venha a ser condenada a reparar. Neste
sentido é o entendimento do C.STJ:

“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ATROPELAMENTO POR LOCOMOTIVA
EM LINHA FÉRREA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. AUSÊNCIA DE VÍNCULO. (...).
1. O Tribunal de origem, com fundamento nas provas documentais trazidas aos autos,
não admitiu a denunciação da lide, pois não foi comprovada a relação jurídica contratual
ou legal entre as partes. (...)
3. É inviável a denunciação da lide com fundamento no art. 125, II, do CPC/2015 nas
hipóteses em que não se verifica direito de regresso, mas a pretensão do denunciante ao
reconhecimento de culpa de terceiro pelo evento
danoso. Precedentes. (grifo nosso).
(STJ, AgInt no AREsp 1371445 / SP, 4.ªT., j. 24.09.2019, rel. Min. Raul Araújo, DJe
21.10.2019).

1
Manual de Direito Processual Civil. 18 ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil,
2019, p.541.
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Nota-se, por outro lado, da narrativa utilizada pela CEF para formular seu pedido
de denunciação da lide que, em dezembro de 2020, teria recebido pedido de parte do Itaú para
que fossem devolvidos valores relativos a uma TED enviada para a conta 3105-003-2520-1. A
comunicação estaria acompanhada de boletim de ocorrência “onde o sr. Lai Evangelista Monção
narra que foi envolvido em um suposto golpe, onde o empréstimo requerido junto ao Banco PAN,
era repassado à Autora, através do Instrumento Particular de Negociação de Dívida, sendo certo
que a Autora receberia os recursos do empréstimo junto ao Banco PAN, e se responsabilizaria
pelo pagamento integral das parcelas. Em razão de tal comunicação, a CAIXA realizou o bloqueio
da conta”. (grifo nosso).

Com base em referidos fatos a CEF concluiu que, em razão de deliberadamente


ter procedido à repatriação de valores ao Itaú sob o fundamento de que a operação financeira
em questão poderia decorrer de fraude, e ter bloqueado na sequência a conta da Requerente, é
o Itaú que deve ser responsabilizado por eventuais danos reconhecidos nestes autos em favor da
Requerente, em especial, para que não haja seu enriquecimento sem causa (art. 884 do CC/02).

Claro está, repita-se, que diante da incoerente narrativa apresentada pela CEF,
bem como por não ter realizado prova neste sentido, de que inexiste qualquer obrigação
proveniente de lei ou contrato entre ela e o Itaú que imponha a este o dever de arcar com
indenização devida por ela em caso de eventual condenação em ação judicial, como requer o
art. 125, II do CPC. Fato que evidencia a inexistência desta relação entre CEF e Itaú é a de que a
CEF, intimada por este il. juízo a justificar com base no art. 125 do CPC por qual razão a
denunciação do Itaú seria cabível, ter restado silente. Naturalmente não faltariam argumentos a
serem apresentados se houvesse qualquer obrigação decorrente de lei ou contrato que
impusesse ao Itaú arcar com os danos a que a CEF fosse responsabilizada, o que efetivamente
não existe.

Por outro lado, também resta evidente que a CEF pretende, pura e
simplesmente, transferir a responsabilidade ao Itaú por ter decidido, por própria contra, realizar
o bloqueio da conta da Requerente, imputando-lhe eventuais prejuízos decorrentes deste ato.
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Nota-se, com efeito, que a CEF sequer invoca qualquer autorização legal que a permitiria realizar
o bloqueio da conta corrente da Requerente e eximi-la de responsabilidade, limitando-se, por
outro lado, a apresentar alegações que atribuiriam, em tese, responsabilidade ao Itaú,
argumentação que não se coaduna para efeito de deferir a denunciação da lide conforme
tranquila orientação da jurisprudência do C.STJ:

“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CONDENATÓRIA -


DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA DA
REQUERIDA.
1. Segundo a jurisprudência desta Corte, as condições da ação são averiguadas de acordo
com a teoria da asserção, razão pela qual, para que se reconheça a legitimidade passiva
'ad causam', os argumentos aduzidos na inicial devem possibilitar a inferência, em um
exame puramente abstrato, de que o réu pode ser o sujeito responsável pela violação do
direito subjetivo do autor. Precedentes.
2. É inviável a denunciação da lide com fundamento no art. 125, II, do CPC/15 nas
hipóteses em que não se verifica direito de regresso, mas sim pretensão ao
reconhecimento de culpa de terceiro pelo evento danoso. Precedentes”. (...)
5. Agravo interno desprovido. (grifo nosso).
(STJ, AgInt no AREsp 1230412 / SP, 4.ªT., j. 19.11.2019, rel. Min. Marco Buzzi, DJe
22.11.2019).

Além do que já foi exposto, será visto a seguir que valores que foram repatriados
não ficaram com o Itaú, tendo sido naturalmente destinados aos correntistas que formularam as
reclamações. Desta forma, é absolutamente equivocado o fundamento da CEF para denunciação
da lide, qual seja, o suposto enriquecimento sem causa do Itaú, na medida em que esta
instituição financeira não foi a destinatária final de quaisquer valores reclamados pela parte
Autora na inicial. Sendo este o fundamento da denunciação, caberia à CEF denunciar à lide cada
um dos consumidores lesados, pois, a prevalecer a lógica da Litisdenunciante, seriam eles que
terão obtido “enriquecimento indevido”.

Assim, seja (a) porque não há imposição por lei ou contrato que obrigue o Itaú a
atuar como garantidor de indenizações a que a CEF venha a ser condenada a pagar em ações
judiciais, fato sobre qual o ônus da prova, com efeito, competia à CEF demonstrar e não se fez,
(b) bem como restar clara a intenção da CEF de ver atribuída integral responsabilidade ao Itaú
pelo bloqueio que ela realizou por vontade própria da conta corrente da Requerente, o que não
se confunde com direito de regresso, resta inequivocamente demonstrado o não preenchimento
de qualquer hipótese legal de denunciação da lide, motivo pelo qual deve ser rejeitada a
7
denunciação da lide realizada pela CEF em relação ao Itaú, prosseguindo-se esta ação tão
somente em face da CEF.

3. MÉRITO.
3.1. A INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 186, 187 E 927, DO

CC/02. AS MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS PELA REQUERENTE SE QUALIFICAM COMO SUSPEITAS

NOS TERMOS DA CARTA CIRCULAR N.º 3542/2012 DO BACEN.

Na eventualidade de se acolher a denunciação da lide requerida pela CEF,


incluindo-se o Itaú no polo passivo desta ação, a pretensão indenizatória por parte da
Requerente não guarda qualquer respaldo legal, devendo ser julgada integralmente
improcedente.

A Requerente sustenta a sua pretensão indenizatória em suposta ilicitude


praticada pela CEF consistente na realização de bloqueio de sua conta bancária,
impossibilitando-a de proceder à movimentação dos valores lá depositados, resultando, por
conseguinte, em prejuízos decorrentes de inadimplemento de suas obrigações por falta de
capital disponível.

Ao contrário do que argumenta a Requerente, não há qualquer indício nos


presentes autos capaz de sustentar que a conduta da CEF está revestida de qualquer ilicitude,
haja vista que a CEF, ao proceder ao bloqueio da conta bancária da Requerente, tão somente
observou as normativas da Carta Circular n.º 3542/20122 emitida pelo Banco Central diante de
diversas comunicações efetuadas por clientes dando conta de indícios de irregularidades
cometidos pela Requerente através de sua conta bancária, conforme Boletins de Ocorrência
juntados pela CEF aos autos e os que ora se apresenta (Doc. Anexo).

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Divulga relação de operações e situações que podem configurar indícios de ocorrência dos crimes previstos na Lei
nº 9.613, de 3 de março de 1998, passíveis de comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf).
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Com efeito, ao ser cientificada dos possíveis golpes perpetrados pela Requerente,
com o recebimento de depósitos inusitados em sua conta bancária, a CEF procedeu
corretamente ao bloqueio da conta bancária da Requerente com abrigo da lei, já que se
verificou que os valores por ela recebidos na conta bancária da Requerente tinham como origem
possível esquema de fraude financeira envolvendo pessoas físicas enganadas pela Requerente.

O esquema, confessado em parte pela própria Requerente quando junta aos


autos o contrato firmado com o Sr. Elai Evangelista, tem seu início (a) na atuação de pessoas
ligadas à Requerente que selecionavam pessoas em maior situação de vulnerabilidade com a
finalidade de induzi-las a contrair empréstimo junto a instituições financeiras; (b) após a
realização do contrato, procedia-se à liberação dos valores do empréstimo na conta da pessoa
física para na sequência repassá-los à conta bancária da Requerente. Parte do valor do
empréstimo ficava depositado na conta da pessoa física em forma de retribuição pelo negócio
firmado com a Requerente. Como contraprestação, a Requerente realizaria todo mês o envio
para a conta bancária da pessoa física do valor correspondente à parcela do empréstimo
contraído; (c) passado algum tempo, a Requerente cessava de realizar a transferência dos
valores à pessoa que contraiu o empréstimo, e desaparecia com os valores que lhe foram
transferidos, faltando com o pagamento das parcelas do empréstimo contraído.

Com efeito, a fraude em que envolvida a Requerente com vistas a lesar o


patrimônio de terceiros e obter enriquecimento indevido mediante a não devolução dos valores
a ela repassados pelas pessoas físicas que contraíram empréstimos financeiros junto a
instituições financeiras está fartamente evidenciada diante de:

(a) Inúmeros Boletins de Ocorrência denunciando referida situação à Autoridade Policial


e abertura de inquéritos de investigação;

(b) Propositura de diversas ações judiciais em vários estados do Brasil em face da


Requerente para que cessem os descontos realizados em suas contas bancárias em
virtude de os respectivos empréstimos terem sido arquitetados pela Requerente de
forma a obter ganhos ilícitos, por meio de contratos firmados com vícios de
consentimento.

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Ademais, outras evidências apontam de que se trata de efetivo esquema
arquitetado para lesar pessoas por meio de fraudes financeiras, pois da leitura dos Boletins de
Ocorrência juntados aos autos, percebe-se que o modus operandi da Requerente para obtenção
dos valores decorrentes do empréstimo é idêntico em todos os casos.

Neste sentido, apenas perante este E.TJ-RJ, foi possível identificar a propositura
das seguintes ações envolvendo os fatos acima narrados contra a Requerente a evidenciar a
ilicitude das operações da Requerente, sem se falar em outras ações que certamente tramitam
em segredo de justiça contra a Requerente em razão da exposição de dados bancários das
partes:

TRIBUNAL DE NÚMERO DO PROCESSO AUTOR(A) RÉU


JUSTIÇA

TJ-RJ - 2ª Vara 0029229-31.2022.8.19.0001 GILBERTO SABINO SANTOS CONSULTORIA


Cível PEREIRA FINANCEIRA / Banco Pan /
Banco Bradesco e Somos
consultoria Financeira.
TJ-RJ - 37ª Vara 0022563-48.2021.8.19.0001 JOSÉ JACKES LINO SANTOS CONSULTORIA EM
Cível DA SILVA GESTÃO EMPRESARIAL -
EIRELI
TJ-RJ - 6ª Vara 0303442-58.2021.8.19.0001 REGINA CELIA DA SANTOS CONSULTORIA EM
Cível SILVA CARDOSO GESTÃO EMPRESARIAL RJ e
outro(s)
TJ-RJ – 17ª Vara 0089015-40.2021.8.19.0001 PAULO CEZAR SANTOS CONSULTORIA EM
Cível NOGUEIRA LOPES GESTÃO EMPRESARIAL RJ
EIRELI
TJ-RJ - 42ª Vara 0094242-11.2021.8.19.0001 MARLY ISAURA SANTOS CONSULTORIA EM
Cível ALVES DE SOUZA GESTÃO EMPRESARIAL RJ
EIRELI e outros

Já perante o E.TJ-MG, como a própria Requerente confessa em sua réplica,


dezenas de ações foram ajuizadas contra ela3 tendo como suas causas de pedir o retratado

3
5097556-36.2022.8.13.0024; 5004491-75.2022.8.13.0027; 5001013-84.2022.8.13.0245; 5000238-
73.2022.8.13.0567; 5022390-23.2021.8.13.0027; 5182283-59.2021.8.13.0024; 5176296-42.2021.8.13.0024;
5175390-52.2021.8.13.0024; 5018853-19.2021.8.13.0027; 5027675-35.2021.8.13.0079; 5010065-
83.2021.8.13.0231; 5003517-75.2021.8.13.0317; 5130302-88.2021.8.13.0024; 5128474-57.2021.8.13.0024;
5117557-76.2021.8.13.0024; 5018934-06.2021.8.13.0079; 5097516-88.2021.8.13.0024; 5084967-
46.2021.8.13.0024; 5082787-57.2021.8.13.0024; 5003807-20.2021.8.13.0114; 5006285-68.2021.8.13.0027;
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esquema criminoso. Inclusive, dentre as ações movidas contra a Requerente se encontra ação
anulatória de negócio jurídico proposta pelo Sr. Lai Evangelista Moncao autuada sob o n.º
5014654-60.2021.8.13.0044, a qual foi julgada procedente, determinando-se a anulação do
contrato e devolução dos valores repassados à Requerente (Doc. Anexo).

Vale mencionar ainda que o il. juízo da 35ª Vara Cível de Belo Horizonte
fundamentou seu entendimento quanto à existência de vício de consentimento na celebração
do contrato entre o Sr. Lai Evangelista e a Requerente nas circunstâncias de existirem (a)
diversas ações propostas em face da Requerente perante a comarca de Belo Horizonte, e,
especialmente, pelo fato de (b) o Ministério Público do Estado do Ceará ter oferecido denúncia
(Doc. Anexo) em face de diversas pessoas sob a imputação do crime de estelionato, a qual resta
autuada sob o n.º 0239368-55.2021.8.06.0001 e culminou até o momento na expedição de
mandado de prisão preventiva de diversas pessoas, inclusive do sócio da Requerida Ítalo Bruno
Durão de Oliveira (Doc. Anexo).

Não é demais sublinhar ainda que a conduta de bloqueio da conta bancária da


Requerente pela CEF encontra correspondência na decisão proferida nos autos da citada ação
penal proposta pelo MP-CE que acolheu a denúncia em face do sócio da Requerente e outros

5016559-03.2021.8.13.0024; 5014654-60.2021.8.13.0024; 5000938-92.2021.8.13.0079; 5032774-


20.2020.8.13.0079; 5131394-38.2020.8.13.0024.
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réus, visto que, como medida acautelatória adotada pelo próprio juízo da Vara de Delitos de
Organizações Criminosa para se assegurar o ressarcimento das pessoas que foram vítima dos
crimes cometidos pela Requerente, determinou-se o bloqueio de contas bancárias que
receberam os valores objeto de empréstimo e servem aos integrantes da organização criminosa
(Doc. Anexo):

Nesse quadro, com amparo nas disposições da Carta Circular n.º 3542/2012
emitida pela Banco Central do Brasil que tem como finalidade divulgar relação de operações e
situações que podem configurar indícios de ocorrência dos crimes previstos na Lei nº
9.613/1998 (Lei relativa à lavagem de dinheiro e ocultação de valores), especialmente o disposto
no art. 1.º, I, c4 que se amolda perfeitamente à situação narrada em diversos Boletins de
Ocorrência e ações judicias proposta em face da Requerente, é inquestionável que o bloqueio da
pela CEF da conta bancária da Requerente ocorreu dentro dos quadrantes legais.

4
Art. 1º As operações ou as situações descritas a seguir, considerando as partes envolvidas, os valores, a frequência,
as formas de realização, os instrumentos utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal, podem configurar
indícios de ocorrência dos crimes previstos na Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, passíveis de comunicação ao
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf): I - situações relacionadas com operações em espécie em
moeda nacional (....) c) aumentos substanciais no volume de depósitos em espécie de qualquer pessoa natural ou
jurídica, sem causa aparente, nos casos em que tais depósitos forem posteriormente transferidos, dentro de curto
período de tempo, a destino não relacionado com o cliente”.
12
Por fim, contudo não menos importante, deve-se entender que a conduta de
bloqueio de valores constantes em conta bancária por parte de instituições financeiras, diante
de evidências contundentes de prática ilícita como as que envolvem a atuação da Requerente, é
medida que busca salvaguardar os direitos e interesses das pessoas que foram vítimas de golpes
financeiros. Como é notório neste tipo de ilícito, quando não há atuação tempestiva por parte
das instituições financeiras, é difícil que as vítimas tenham êxito em recuperar os valores que
delas foram subtraídos, pois ou já foram integralmente ocultados ou consumidos. Portanto, o
bloqueio de valores na hipótese dos autos, como acertadamente realizou a CEF, permitirá que
todas as pessoas lesadas pela Requerente consigam reaver os valores que lhes são de direito.
Trata-se, em última instância, de lícita conduta a tutelar os direitos de vítimas de práticas
irregulares.

Desse modo, fica evidenciada a ausência de ato ilícito a ser atribuído à CEF, muito
menos ao Itaú ao solicitar a repatriação dos valores em virtude da referida situação narrada, o
que afasta de plano a imputação de responsabilidade civil por ausência de pressupostos
necessários consistente na existência de ato ilícito, nos termos previstos no art. 186, 187 e 927
do CC/02.

Por tudo isso, requer-se sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos


formulados, devendo haver a extinção do feito com resolução do mérito, nos termos do art. 487,
I, do CPC.

3.2. SUBSIDIARIAMENTE. AUSÊNCIA DE DANO MORAL INDENIZÁVEL. NECESSÁRIA DIFERENCIAÇÃO

ENTRE A PERSONALIDADE DA PESSOA DO SÓCIO E A PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA.

INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS SOFRIDOS PELA REQUERENTE.

No tocante à alegada existência de danos morais, na remota hipótese de se


entender que os valores bloqueados pela CEF na conta bancária da Requerente se realizaram de
forma ilegal, não prospera o pedido condenatória da Requerente sob o fundamento de
existência de violação de seus direitos da personalidade.

13
Para que haja a violação dos direitos da personalidade da pessoa jurídica, exige-se
demonstração de que determinado evento resultou em abalo de sua reputação perante o
mercado, denegrindo-se seu nome e imagem, provas que a Requerente, entretanto, não trouxe
aos autos, em inobservância ao seu ônus probatório.

Por outro lado, a única prova que a Requerente efetivamente produziu por
ocasião de sua Réplica se trata de atestado médico em nome do sócio da Requerente que,
segundo narrado, “passou a ter humor deprimido; humor irritável; interesse diminuído de prazer
em quase todas as atividades (anedonia); distúrbio do sono (insônia ou hipersonia) (...)” e, para
fins de tratamento, toma diversos medicamentos.

Contudo, a Requerente não faz prova de que a condição médica de seu sócio
detém qualquer relação com a situação vivida pela Requerente. E ainda que houvesse qualquer
relação, é imperioso destacar que o sócio da Requerente não é parte nestes autos, e por
decorrência do princípio da autonomia da personalidade jurídica entre sócios e empresa, todo e
qualquer dano passível de indenização nestes autos somente envolve a Requerente, a qual, com
efeito, não fez provas de que teve seus direitos da personalidade abalados em decorrência do
bloqueio realizado pela CEF. A propósito, confira-se o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça sobre o tema:

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO INOMINADO.


APELAÇÃO. DENOMINAÇÃO. EQUÍVOCO. ERRO MATERIAL. INSTRUMENTALIDADE DAS
FORMAS. INCIDÊNCIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PORTABILIDADE DE LINHA
TELEFÔNICA MÓVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ÔNUS DA PROVA.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DANO MORAL. PESSOA JURÍDICA.
ART. 52 DO CC/02. HONRA OBJETIVA. LESÃO A VALORAÇÃO SOCIAL, BOM NOME,
CREDIBILIDADE E REPUTAÇÃO. PROVA. INDISPENSABILIDADE.
[...]
9. Os danos morais dizem respeito à atentados à parte afetiva (honra subjetiva) e à parte
social da personalidade (honra objetiva).
10. Embora as pessoas jurídicas possam sofrer dano moral, nos termos da Súmula
227/STJ, a tutela da sua personalidade restringe-se à proteção de sua honra objetiva, a
qual é vulnerada sempre que os ilícitos afetarem seu bom nome, sua fama e reputação.
11. É impossível ao julgador avaliar a existência e a extensão de danos morais
supostamente sofridos pela pessoa jurídica sem qualquer tipo de comprovação, apenas

14
alegando sua existência a partir do cometimento do ato ilícito pelo ofensor (in re ipsa).
Precedentes. [...]
14. Recurso especial desprovido”. (grifo nosso).
(STJ, REsp 1822640/SC, 3ª T., j. 12.11.2019, Rel. Ministra Nancy Andrighi).

Assim, como a Requerente não desincumbiu de seu ônus probatório de


demostrar a existência dos supostos danos morais relativamente à imagem ostentada pela
empresa Requerente, devem ser integralmente rejeitados os pedidos indenizatórios realizados a
este título.

Subsidiariamente, na eventualidade de se reconhecer qualquer direito à


indenização por danos morais, requer-se seja fixado de forma proporcional entre a CEF e o Itaú,
tomando-se por referência o montante dos valores, como apontado no tópico seguinte, que
foram efetivamente repatriados ao Itaú e aqueles que restaram depositados sob a custódia da
CEF.

3.3. SUBSIDIARIAMENTE. O ITAÚ SOMENTE PODE SER CONDENADO À DEVOLUÇÃO DOS VALORES

QUE FORAM EFETIVAMENTE REPATRIADOS.

Na remota hipótese de vir a se entender que os valores bloqueados na conta


bancária da Requerente devem ser integralmente desbloqueados e devolvidos, deve-se observar
que o Itaú não recebeu a integralidade dos valores que estavam depositados na conta bancária
da Requerente, mas, na verdade, uma pequena parte:

EMPRESA DESCRIÇÃO DO VALOR AG CONTA DATA


ITEM VALOR
4/341 FCE: 323003291 9.695,75 0204 36098-6 30/11/2020
4/341 FCE: 323003291 50.000,00 0204 36098-6 30/11/2020
4/341 FCE: 022003079 5.000,00 8446 55775-6
FCE: 323003356 -
4/341 ID: 220650655 26.439,55 9167 65065-5 27/11/2020
FCE: 323003304 -
4/341 ID: 850692499 37.170,35 0283 69249-9 24/11/2020
FCE: 323003354 -
4/341 ID: 440158254 26.960,86 0306 15825-4 30/11/2020
4/341 FCE: 022003069 31.326,61 6849 21618-6 13/10/2020
15
FCE: 326003992 -
4/341 ID: 440075297 7.987,45 9369 07529-7 24/11/2020
FCE: 323003357 -
4/341 ID: 780115617 25.350,89 3096 11561-7 15/10/2020
FCE: 323003285 -
4/341 ID: 110444216 17.184,56 5900 44421-6 29/10/2020
FCE: 323003285 -
4/341 ID: 110444216 50.000,00 5900 44421-6 29/10/2020
4/341 FCE: 022003078 15.000,00 0417 52961-7 17/09/2020
FCE: 326003989 -
4/341 ID: 850650885 3.862,57 1216 65088-5 03/11/2020
FCE: 323003333 -
4/341 ID: 960023770 30.486,53 7369 02377-0 05/11/2020
FCE: 323003289 -
4/341 ID: 440358590 9.934,32 7037 35859-0 11/11/2020
FCE: 323003289 -
[
4/341 ID: 440358590 50.000,00 7037 35859-0 11/11/2020
4/341 FCE: 323003296 39.247,96 7211 06691-0 01/12/2020
FCE: 323003359 -
4/341 ID: 110722631 24.341,00 0402 72263-1 13/10/2020
FCE: 323004343 -
4/341 ID: 440036124 3.076,22 9287 03612-4 09/11/2020
FCE: 323003305 -
4/341 ID: 070204335 32.676,59 8379 20433-5 02/12/2020
FCE: 323003299 -
4/341 ID: 520069249 37.977,82 8207 06924-9 06/11/2020
FCE: 323003394 -
4/341 ID: 780984150 23.331,35 1282 98415-0 25/11/2020
4/341 FCE: 022003065 37.239,32 8492 39046-6 08/10/2020
FCE: 323003608 -
4/341 ID: 630487866 11.587,76 8427 48786-6 16/10/2020
4/341 FCE: 323003368 15.862,37 9371 22968-4 16/10/2020

Importante esclarecer que todos os valores objeto de pedido de repatriação não


ficaram com o Itaú, mas foram revertidos a todos os consumidores que realizaram reclamações
de que teriam sido vítimas do golpe financeiro aplicado pela Requerente. Portanto, não procede
a alegação da CEF de que o Itaú teria se enriquecido ilicitamente em decorrência da devolução
dos valores, já que os valores retornaram às contas bancárias de seus correntistas.

Esta constatação reforça, novamente, a improcedência do pedido de denunciação


da lide formulado pela CEF em face do Itaú, pois, se o fundamento para a denunciação da lide
está amparado na circunstância de que houve a devolução de valores pela CEF ao Itaú, e os
16
valores tiveram como destinatários finais os correntistas do Itaú, não subsiste o argumento de
que este teria obtido enriquecimento sem causa.

Assim, na eventualidade de entender pela obrigação de restituição dos valores


existentes ao tempo do bloqueio da conta bancária da Requerente, requer-se seja limitada a
obrigação imposta ao Itaú ao montante dos valores que foram efetivamente repassados a ele
por parte da CEF.

4. CONCLUSÃO.

Diante do exposto, requer-se:

(I) Seja rejeitada a denunciação da lide proposta pela CEF conta o Itaú, visto que
a hipótese dos autos não se enquadra em quaisquer das hipóteses previstas pelo
art. 125 do CPC, devendo esta ação ter seu prosseguimento tão somente em face
da CEF;

(II) Na eventualidade de se acolher a denunciação da lide em face do Itaú, seja


julgada integralmente improcedente a ação quanto ao dever de desbloqueio da
conta bancária da Requerente, visto que a CEF, diante de diversos indícios de
existência de fraudes cometidas pela Requerente, procedeu em observância ao
disciplinado na Carta Circular n.º 3542/2012 expedida pelo Bacen;

(III) Na hipótese de se julgar procedente o pedido de desbloqueio e restituição


dos valores depositados na conta bancária da Requerente junto à CEF, seja
julgado improcedente o pedido de condenação ao pagamento de indenização a
título de danos morais, porquanto a Requerente não se desincumbiu de seu ônus
probatório de demostrar a existência de qualquer abalo ao seu nome e/ou à sua
imagem; (III.a) Subsidiariamente, na eventualidade de se reconhecer qualquer
direito à indenização por danos morais, requer-se seja fixado de forma
proporcional entre a CEF e o Itaú, tomando-se por referência o montante dos
valores que foram efetivamente repatriados ao Itaú e aqueles que restaram
depositados sob a custódia da CEF;

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(IV) Na eventualidade de se entender pela obrigação de restituição dos valores
existentes ao tempo do bloqueio da conta bancária da Requerente, seja limitada a
indenização a ser imposta ao Itaú ao montante dos valores que foram
efetivamente repassados a ele por parte da CEF;

(V) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial a


juntada de prova documental suplementar, depoimento pessoal do representante
da parte Autora e testemunhal;

(VI) Seja oficiado ao Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro para que tome
ciência da pluralidade de boletins de ocorrência envolvendo a Requerente, bem
como da ação penal proposta pelo Ministério Público do Ceará em face do sócio
da Requerente sob a imputação de cometimento de crime de estelionato para
fins de instrução de medidas penais que entender cabíveis.

Por fim, requer que todas as intimações e publicações sejam feitas


conjuntamente em nome da Sociedade Wambier, Yamasaki, Bevervanço & Lobo Advogados,
registrada junto a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraná sob nº. 2.049 e dos
advogados Luiz Rodrigues Wambier, OAB/RJ 181.232 e Mauri Marcelo Bevervanço Junior,
OAB/RJ 219.091 nos termos do art. 272, §1º, do CPC/15, sob pena de nulidade.

Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2022.

LUIZ RODRIGUES WAMBIER MAURI MARCELO BEVERVANÇO JR.


OAB/RJ 181.232 OAB/RJ 219.091

DANTE O. FRAZON CARBONAR


OAB/PR 70.608

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