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Aracy A. Amaral A Hispanidade em Sao Paulo Livraria Nobel S.A. Editora da Universidade de Sdo Paulo Coordenagiio editorial; Carta Milano Benclowics Projeto grifico: Diana Mindlin @ Suzane von Seckendortf Colaboragfo: Alexandre Luiz Rocha Foto da capa: Altar lateral, Capela de Santo Anténio, Sho Ro- que, SP. Foto Germano Graeser, Gentil, SPHAN/FNPM, CIP — Brasil Comare Lvraria Nobel S.A, Rua da Balsa, 559 CEP 02910 Freguesia do O Sio Paulo, SP Copyright by Livraria Nobel S.A, Improsso no Brasil / Printed in Brazil Catalogacio-na-Fonte Brasileira do Livro, SP 1, Arquitetura colonial — 2. Arte colonisl — América Latins 3. Arte colonial Brasil — SBo Paulo (Estado) 4. Silo Paulo (Estado) — Civilizagiio — Influlincias espanholas |, Titulo, € proibids a reproduce COD-709, 03086155 bro de 1873, artigos 122 — 130. tente uma andlise comparativa entre 2 construcfo civil — © a miio-de-obra que nela trabalhou — 0a religiosa, nesta implicita a talha como a arquite- tura. Ambas — tanto a arquitetura civil como 3 religiosa — silo realizadas pelo mesmo homem, animadas pelo mesmo espirito, refletindo como um documento fiel a fuso dos dois elementos, fosse ele portugués ou castelhano, em sua iberi- cidade, ¢ 0 indigena, num mesmo meio ambiente. ‘Ocorre aqui uma dicotomia, pois o europeu estd presente coma colonizadar leigo preador de Indios como matéria-prima de seu primeira ciclo econd- mico, ¢ como jesuita, que objetiva proteger o indi- gena contra o branco.qué deseja transforma-lo am produto de mercado. Ao mesmo tempo, o indi- gena no comparece,por sua vez, apenas como produto de exportacdo para os centros acucarei- ros nordestinos ou do Rio de Janeiro, mas tam- bém permanece em So Paulo como mBo-de- obra, artesiio mais ou menos qualificado, adido da familia, ou, quando meio-sangue, parte dela. Quo 08 artostos do S80 Paulo ram indigonas no século XVII nao resta nenhuma divida. O que permanece em divida # saber # procedincia des- tes indigenas que exerciam essas atividades e@ 3 formagtio que tiveram (o mais das vezes a forma- ¢Bo profissional era & sombra dos jesuitas), Encon- trei uma menclio 8 Vila de "Slo Paulo, onde ha mais de 40.000 indios ¢ os mais del rpintei- ros”, datada de 13 de outubro de 1646, de Lisboa, | atestando, de fato, essa qualificagSo conhecida nas pecas da vida piratiningana “. Num tempo em que os padres da Companhia eram pouquissimos, as vezes dois ou tras no Colégio de S80 Paulo @ na zona rural (veja-se a crénica do Pe. Manuel da Fonseca sobre a vida do Pe. Belchior de Pontes) um 36 padre deveria percorrer extensas: reas rurais nas redondezas de SBo Paulo a fim de dar assisténcia espiritual aos nedfitos das aldeias e fazendas jesuiticas, s6 pode ser aceita a idéia de que a obra de construc, como de talha de inspi- raglo jesuitica, fosse realizada por alguns indi- genas — ou dezenas — trazidos para Slo Paulo no caudal de aprisionados nas redu¢Ses do Pars- quai, Sabendo-se, pelo relata do Pe. Montoya, que na regia do Guairh houvera “muy lindas y suntuosas ecclesias’"™, antes de sua devastac3o pelos paulistas em 1629, e tendo-se trazido de id para S80 Paulo nada menos que 15.000 indigenas, 6 bom explicivel o grande nimoro de artestios que 2 ermaneceram em So Paulo nessa década de 30 do Seiscentos.embora grande parte deles fosse ‘encaminhada ao Nordeste acucareiro, para onde, segundo Alfredo Ellis Junior, estima-se que foram dirigidos 70% dos indigenas aprisionados nas re- dudes ™. Procedéncla dos espanhdls de Sio Paulo ”".. y va el camino de Maracayu y donde an abier- to otro jos padres dela compaiila de Jesus que va por el parana avajo hasta las corrientas y por donde sin ser vistos en guayra se an ydo grandisima suma de espafioles y portugueses que an venido del Brasil contra las ordenes det Ray". D. Luls Céspedes de Xeria”” Tendo dito Vaissette que Sio Paulo devia sua “a huma tropa de Espanhoes, Portugue- ses, Indios, Mesticos, Mulatos @ outros fugitives, que por se esconderem, e fugirem dos Governa- dores Geraes do Brasil, se ajuntarlo neste lugar e ahi se estabelecerfio”™, incorre de Frei Gas- par da Madre de Deus, cioso am indicar a origem nobre da gente paulista de que ele, Frei Gaspar, era descendente. Charlevoix também ja mencio- nara_a heterogencidade desea populacio inicial, mbém rejeitada por Madre de Deus, ao se reterir “Banidos de diversas Nagbes""™. Mas a verdade @ que, seguindo a prépria genealogia apontada por Frei Gaspar, a bom nascimento da gente lusa que de So Vicente subiu para o planalto pirati- ningano se mesclaria com espanhdis e com indios que se estabelecoriam com eles, 08 quais indios, segundo Charveloix, “ocupanda-os 0 gésto da devastagio, elles so entregariio a alla sem limites, enchero de horror huma immensa extensio de paiz”*, Assim, aos primitives habitantes do nicleo inicial, ‘onde inoxistiam europeus em 1554, pois segundo © Pe. Serafim Leite, “Na formosa povoag3o" de Nobrega, exceto os jesultas, nlio “havia portu: gueses alg em 1864, conforms indicaco do necroldgio de Martim Afonso Tibirigé, 208 pou- C08 $e uniam os procedentes de Sio Vicente — como os Lemos, Pedroso Barros, Pires, Bicudos e ‘outros, conforme Frei Gaspar, © além dos indige- nas que a ela vieram ter, espanhdis de divers procedncia, tendo os primeiros habitantes se ca- sado muitos deles com descendentes de Joao Ra- malhoe Tibirig’, Quanto aos espanhbis, pelo jé apurado, procedia parte deles da Espanha, sobretudo os que para ch vieram participando de armadas que lutaram can- tra os holandeses na Bahia. Neste caso encon- tta-se Bartolomeu Bueno, chamado o “'Sevilha- no", carpinteiro de ribeira ”, chegado ao Brasil em 1681 (posto que esclarece em declaracio de con- cessiio de sesmaria em 1611, que “era morador de ‘Siio Paulo havia trinta anos", tendo vindo na ar- mada de D. Diogo Flores de Valdés “figurando na respectiva relaclo de bordo como pago a trinta ducados''“’. Segundo Carvalho Franco, com base em documentaciio publicada por Pastels, tam- bém al sSo mencionados outros povoadores de ‘S80 Paulo, como Anténio Prato, portugués, Fran- cisco Martins Bonitha, sevilhano, Gaspar Can. queiro, natural de Triana, etc. A referida armada de Flores Valdés saiu da Espanha om 1581, esteve longamente no Rio de Janeiro & em So Vicente, e no ano de 1683 dela fugiram nesse Gltimo porto: mais de oitenta homens, alam de ter o coman- dante deixado em terra os melhores oficiais cat pinteiros @ ferreiros, para construgdo dum for em Santos, um alcaide chamado Tomés Garri, como comandante do forte um mocinho seu pa- rente, o Capitio Miranda, que velo 4 casar com uma filha do Capitio-Mor Jerdnimo Leitso“. Carvalho Franco esclarece ainda que, contraria do afirmativas de Pedro Taques, Bartolomeu Bue- no, 0 Sevilhano, n8o foi juiz de drfSos @ ordinario ‘em 1622 em Sao Paulo: “sendo ele analfabeto, como s@ verifica nas respectivas Atas, no podia ter sido julz de érfos em outras ocasides”. Mas através dessas mesmas “Atas”, se verifica que ‘exerceu ‘os seguintes cargos: de aferidor em 1588, de almotacel em 1581, e de vereador em 1616. Em 1587 foi juiz de oficio de carpinteiro *. Assinava-se apenas com um sinal_mais ou menos ‘om forma de um 8, tragado em linhas retas"**”. ‘Qutros castelhanos.que aqui chegaram vindos da Espanha, via Bahia. foram os irmios Rendon, em armada de Castela,para combater os holandeses: 0, Francisco Rendon de Quevedo e D. Jobo Mi theus Rendon, que se casariam com duas irmis, filhas de Amador Bueno, tendo o primeiro, coma 88 sabe, recebido por dote terras na regilio do hoje Bairro de Santana, depois doadas ao Colégio de ‘Slo Paulo 0 incorporadas a0 que seria posterior- mente a Fazenda de Santana dos Jesultas,até sua ‘expuls3o do pais. O terceiro irmiio, Pedra Ma- thous Rendon Cabeza de Vaca,nio se casou em ‘S80 Paulo, tendo passado a0 Rio depois de viver em Piratininga. Em 1665, D. Francisco Rendon de Quevedo, que fora aqui julz de drfllos @ proprie- trio (“onde sempre teve as rédeas do governo da repablica a da milicia’’, posto que fol encarregado de levantar em So Paulo companhia de pecas espanholas,com 40 escudos de soldo por més, os capitSes para restauragio em Pemambuco para armada que na Bahia se preparava, isso por soli- citagdo de Salvador Correia de Sé @ Benevides em 1639) passa a0 Rio de J por sesmaria, na ltha Grande de Angra dos Ri onde fixou residéncia, Fol com seus descenden- tes, na mesma |Iha Grande, que Pedro Taques iria colher os dados relatives a essa familia para sua genealogia “. Mas @ indubitvel, de qualquer forma, que uma mudanga de mentalidade ocorreu em So Paulo a pert da chegada de D, Francisco de Souza a ‘representa 0 veicula que transportou para Sto! Paulo uma experiéncia, u'a mentalidade que Castela desde h4 muito desenvolvia no México @ no Peru. As concess6es @ privilégios que obteve do Rei faziam parte de uma legislaglo empregada com sucesso naqueles dominios”. Essa nova mentalidade estava intimamente relacionada com 08 negdécios da mineragao esse j4 chamado de “eldorado-maniaco”, que foi D, Francisco, tam- bém denominado por Taunay de "propulsor dos paulistas”, seguia, sem diivida, a diretriz apontada polos Felipes™, Porém, nem todos os castelhanos que chegavam @ Silo Paulo vinham de além-mar, Sabido 0 in- tengo interedmbio por via terrestre entre 0 Para- guai @ Sio Paulo, ocorria também a busca de in- ze Villa Rica Assim, sa- bemos que o fundador de Sorocaba, Baltazar Fer- andes, a em Villa Rica do Espirito Santo, ‘em terras do Estado do Parana, por volta de 1600, com Maria de Zuniga, segundo ‘9 Cénego Castanho, tendo tido uma filha, D. Ma- fio de Torales, nascida em Guairé. Alias, nlio pa- rece ter sido Baltazar Fernandes 0 Unico a se casar no Paraguai nos primérdios do século XVII, Tam- bém Anténia Redrigues Cabral, que se passou para @ Paraguai, onde casou em Guaira com Joa- na de Escobar, teve uma filha nascida naquela ci- dade, que mais tarde, casada com Bartolomeu de Torales, cunhado de Baltazar Fernandes, viria para 0 Brasil onde morreria em Parnaiba. Mas 0 curioso dessas unides 6 que, na década de 30 do Seiscen- ‘tos, grande foi o niimero de castelhanos que, ap6s ‘a destruicSo de Guairé pelos paulistas,em 1628, velo para Piratininga. Assim o narra Taunay, fa- zendo referéncia a André de Zifliga: “muito san- gue castelhano Ihe corria nas velas de paulista. Seu nome todo vinha a ser André de Zéfega y Ledn, @ era ele filho do guairenho Gabriel Ponce de Leén, por sua vez filho de Barnabé de Con- treras e Violante de Guzman. Provinha daquela emigrag3o de castelhanos do Paraguai para as erras de Siio Paulo, cujas causas atribui Pedro Taques possivelmente a algum crime de lesa-ma- jestade. Este ustre cavafheiro da provincia do Paraguay viera por terra a $0 Paulo com outros fidalgos, seus parentes, como Bartolomeu de To- rales, irmBo de Maria de Zifiega, primeira mulher de Balthazar Fernandes, o fundador de Sorocaba. Emigrara também o irmio de Gabriel Barnabé de Contreras y Leén, com sua mulher e filha” *!. O que se pode, enfim, afirmar, é que ¢ absoluta- mente impossivel desejar manter, como até agora se fez, que na épeca da colonizaglo os portu- queses tivessem ficado restritos ao territério si- tuado dentro dos limites que se supunham ser 05 de Tordesilhas, aqui transmitindo, 86 eles, sua cultura trazida apenasmente de Portugal, ¢ que os. espanhdis tivessem permanecido estiticos, por sua vez, dentro dos limites supostos. Como ve- mos, no apenas um ciclo econdmico, como o da caga ao indio, como comércio e relacdes familia- res — pois verdadeiros clas de familias se desen- volveram em Siio Paulo no século XVII — propi- ciaram um amplo intercimbio em todo sentido — comercial, como cultural — nesse periodo, favo- recido, 6 verdade, pela unio das duas Coroas. O retomno ao Paragual Pelas rezSes mais variadas, inclusive, sem qual- quer divide, uma discriminag&o contra al- guns descendentes de castelhanos, como. bem assinala Taunay — ou talver novas possibilidades no Vice-Reino do Prata — muitos castelhanos abandonam S8o Paulo,regressando no fim do sé- culo, a0 Paraguai Muitas vezes, a esses retornos aderiam portugi ‘ses, As viagens se faziam em grupos, como a gistrada em 1681-82, de que participam Juan de Peralta e filhos, Antonio Lobo e Juan Baptista Lobo, com sua mile @ sobrinho pequeno e quatro irmios, Alberto Lobo Tinoco, mee irmi, Esteban Maciel, Alberto Loco y Mendoza, Melchor de Ro- xas Aranda, mais trés mocas “que se pasaron”’, € Indios pertoncentes a0 servico dossas familias, num total de 47 pessoas, Esse registro consta do ato de expulsio desses povoadores por parte do governo de Assunco, por se tratar — castelhanos ou portugueses, todos tratados igualmente — de gente procedente de Sao Paulo ¢, portanto, evi- dentemente relacionada com aqueles que move- ram “‘ostilidades ynvasiones que an echo con los pueblos que estubieron fundados de esta jurisdi- son’. © processo de expulsdo durou de agosto de 1681 a dezembro de 1682 (desde o inicio do processo até que foram oficialmente colocados na cidade de Santa Fé, tendo, enquanto corriam os tramites, sido acrescentado no despacho de outu- bro de 82, que Alberto Tinoco era casado com uma “criolla” (filha, portanto, de espanhdis, da cidade de Yaguar6n, onde é redigide © termo) assim como Pascoal Cabral, Assim, no processo dessas familias ‘da los vesinos de San Pablo” vem declarada na integra a culpabilidade de sua proce- déncia paulista, responsdvel pelas “ynumerables. crueldades en sus ostilidades con las Prissiones de ellos y marchar executando muerttes en ellos”, e “por cuya causa se destruyeron y conssumieren tanto numero de yndios y Poblaciones” e de ou- tros crimes pronunciados nas Roais Cédulas “, A espanholidade paulista Alids, querer mencionar ou frisar 8 importincia dos costumes espanhdis em Sao Paulo ¢ sua per- manéncia através do tempo, objetiva apenas de- volver uma perspectiva que o ultimo século de colonizago portuguesa buscou superar, Dai por- que, quando St. Hilaire ainda registra em 1820-21 que ao caboclo do interior da Provincia de Slo Paulo, por mais pobremente vestide que se apre- sentasse, sua ambi¢8o maior era sempre poncho, vestimenta que aponta como tipica do interi paulista, o relacionamento com os habitos hispa- no-americanos é bem evidente, Também a mengio 4 praca de touros existente em Sao Paulo assinala a permanéncia, século XIX, de certos habitos espanhdis Praca da Repiblica) era “muito espagosa, deno- minada do Curro, cujo nome significa a arena 16 em que $e realizam touradas, sendo circundada Por aeias de cedros, 0 tinha seu anfiteatro pro- Priamente dito, construido de madeira’. E Saint- -Hilaire mesmo observa que essa peculiaridade de ‘S80 Paulo nBo era comum no Brasil: “Pelo fato de existir em S80 Paulo um local destinado aos com- bates de touros, nilo 6 motivo para acreditar, digo- -0 de passagem, que tal ginera de espetéculos soja comum no Brasil © do ogrado dos brasile- ros", Iqualmente a presence de rétulas 6 registrada por St. Hilaire (em contraposigSo as janelas do Rio de Janeiro que "se fecham umas contra as outras”); ‘om S8o Paulo, as janelas “des casas de um andar possuem quase todas as vidracas, @ sho guarne- cides de balcBes ¢ postigos pintados de verde. As outras casas t&m venezianas, que se erguem de baixo para cima, formadas de travessas de ma- deira cruzadas obliquamente” *. Com a presenca densa de castelhanos trazando SeUS USOS @ Costumes para a pequena vila seis- centista que era So Paulo 6 facil imaginar uma espanholiza¢do que evidentemente teria ocorrido. E bem claro que © pequeno nicleo urbano de 1585 (de 120 habitantes aproximadamente, n&a com- preendando entre eles os indigenas escravizados ou administrados, segundo informaglo de Femio Cardim, citado por Saint Hilaire) estivesse aos poucos, comecando a se diferencior da vila de 1556 quando, segundo o Pe, Luiz da Gri, “o que maior dificuldade nos faz 6 9 mudanca continua desta gente, que ndo atura num lugar sen8o muito Pouco; Porque COMO as casas de terra, que usaM, ou de palma, no duram mais que trés, quatro anos, vio fazer cutras noutro lugar; @ 6 também a causa que acabada uma Novidade de Mantimentos: numa parte, buscam outra noutra parte, derru- bando sempre para isso matas, como o fazem os brancos, ©, 0 que @ pior, no se mudam juntos senlo esparsos”’. E prossegue, meio desalentado com os primeiros habitantes; “isso faz que 4 ne- cessério gastar © tempo com pouca gente; ¢ esta, quando se gastaram dois, trés anos com ela, mu- dam-se e perde-se tudo, porque ndo é gente que persevere, s¢ O8 deixam; @ 08 rapazes dispersos seguem 3 seus pais’ Citando Taunay @ Alcintara Machado, escreve Nilo Garcia que, por essa época, “As casas eram, ‘om geral, de palha; poucas seriam de taipa, visto que 0s Indios for¢avam constantes mudancas. Em 16 1690, a Camara pensou mesmo em mudar 0 po- ‘voado para outro local’, Mas o proprio Serafim Leiteesclarece que quanto aos portugueses, estes, quando suas casas “‘envelhecessem nfio iriam re- farb-las no mato. No préprio lugar, onde criaram interesses, construiriam outras — e melhores. E por al se deve datar & historia interna das cona- trugSes paulistas, a comecar pela nova Igreja, mandada fazer por Nobrega, construlda sob a di regbo do Pe. Afonso Brés, e que duraria 111 anos”. No entanto, Serafim Leite determina a data da chegada de portugueses a S80 Paulo: “Depois, quando na Vila comegou a haver Por- tugueses (1560), também seus filhos beneficia- tom” do ensino elementar ministrado pelo Colé- gio", A medida que sabemos que Bartolomeu Bueno chega a Silo Paulo, carpinteiro de ribeira, prova- velmente com outros companheiros, como ja ci- tamos, da armada de Flores Valdés, nos anos 80 do primeiro século, e que gente do Paraguai e de ‘Sio Paulo ia © vinha trazendo indigenas @ caste- thanos, ocorre uma coincid&ncia com uma nova solidez que parece surgir nas habita¢des em tomo @ S80 Paulo por volta do Seiscentos. Se as construcdes eram precérias na vila pirati- hingana ainda no terceiro quartel do século XVI, 208 poucos tornam-se um bem sélido @ transmis- ‘sival, & medida que uma mBo-da-obra mais quali- ficada intervém em sua fabrica, A nosso ver, esta mio-de-obra poderia ter sido a mo indigena apre- sada ou trazida, como administrada, de Guairé ou Vila Rica, na passagem do século, segundo tam- bém os casamentos havidos entre gente de Slo Paulo e Paraguai comegam a indicar, em intensi- ficagdo do intercambio por terra firme, ou por meio dos que vieram com D. Francisco de Souza. ‘(Que houvesse ocorrido em Slo Paulo uma espa- nholizagto, havendo aqui to poucos habitantes e se dando esse fato como conseqitncia da che- gada de novos “vizinhos", com informagio ¢ milo-de-obra habilitada, nio deve parecer nada ‘surpreendenta. © grande império espanhol, o mais poderoso da Europa, através da dominaciio fili- pina, impunha respeito até no além-mar. Mesmo ‘em Portugal, sob os Felipes, “Avangara depressa, ‘entre 1580 @ 1640, a castelhanizag’o cultural do Pals. Autores artistas portu gravitavam nas Srbitas de Madrid ou Valladolid (onde quer ‘Que @ corte estivesse), fixavam residéncia em Es- panha, aceitavam padrSes espanhdis e escreviam cada vez mais na lingua de Cervantes. Pela élite culta de ambos os paises, o Portugués era tide por ristico é reles, bom para o mercado mas n&o para as express6es olevadas da poesia ou da histé- ria", Mesmo no Brasil, distante coldnia de além-mar, 0 quarto donatério da Capitania mais rica, Pernam- buco, Duarte de Albuquerque Coelho exemplifica bem a afirmacio de Oliveira Marques, tendo par- tido para a Europa em 1638 e fixado residéncia em Madrid, onde se achava quando rompeu a revo- lugdo separatista, tendo aderido ao partido de ‘Castela"’. © historiador Nilo Garcia, fazendo rete- de integracdo cultural cita ito reflate fortemente no moio vicentino, que se acastelhaniza um tanto, falando- ~8¢ um portugués corrompido pelo espanhol, ao lado da fingua geral” ©. 7, Caminho do Mar. Século XIX. © pancho, 2. come elamentio Hilaire, Desenho de Hercules Florence (foto gentiteza B. L. Toledo), Entretanto, no linguajar paulista, o8 remanescen- tes da fala local ("‘iingua geral"') se mesclavam aos espanholismos, que Amadeu Amaral prefere indi- car come de influéncia gadcha ou quichua (num caso citado, “garda”, do espanhol “‘garda™). Mas ‘e880 autor no menciona a possibilidade de terem 08 indmeros vocabulos vindo anteriormente 2 in- tensa comercializac3o com a Argentina ou Rio Grande, onde 08 paulistas sempre iam & busca de cavalos © muares que traziam em tropas “. Mas, pairando sobre a castelhanizag3o estava, como narra Sérgio Buarque de Holanda, a mira- gem da proximidade do Peru e suas riquezas. “Ao tempo de D. Francisco de Souza, tamanho era o prestigio. de Potosi que em pouco, & velha atragio do our parece suceder facilmenta a da prata. Reino magico, de todos os esplendores, era o Peru; verdadeiramente aquela terra argentea, que 03 primelros mapas quinhentistas situavam mais da indumentiria paulista da gpoca, segundo Saint para o sul, cstendendo-o, por vezes, quase até o litoral atiantico”**. Informa © historiador que jé se aludira "d pouca distincia, doze dias apenas, por terra ou gua, entre 2 villa de Santos @ certas partes do Peru. Que niio devoria parecer muito extraordindria ossa idéia indicam-nos os recelos surgidos na mesma ‘época, isto 6, em 1562, no Rio de Janeiro, de que se desgarrassem a fugissem para o Peru os oitenta soldados deixados em Sto Vicente para a detasa do porto pelo contador Andrés de Equino, da ar- mada de Diego Flores Valdez". O “desvairado otimismo" de D. Francisco de Souza em relacdo A descoberta de prata e minas em S&o Paulo ou de ‘comparar 0 planalto piratiningana como uma ox: tensio do Peru que se aproxima do Atlantic, “essa idéia obsessiva ha de levé-lo, em dado mo- mento, a0 ponte de querer intraduzir hamas an- dinas em S80 Paulo, Com esse fito chegaria a ‘obter provisho real, lavrada em 1609, determi- nando que se metessem aqui duzentas Ihamas ou, em sua linguagem, duzentos carneiros de carga, daqueles que costumam trazer e carregar a prata de Potosi, para acarrear 0 ouro-# a prate das minas encontradas nas terras de sua jurisdicSo. E reco- menda-se no mesmo documento que das ditas Ihamas se fizesse casta ¢ nunca faltassem. Ja seria essa, 8 falta de outras, uma das maneiras de ver twansfiguradas as montanhas de Paranapiacaba numa réplica orlental dos Andes’ Buarque de Holanda aduz ainda que “To fundas raizes tinha deitado am tod: Imas 0 habito de se estimarem os tesouros que a terra dé de si segundo a forma e subst&ncia assumidas por eles nas Indias de Castela, que dificilmente se veria nos. do Brasil outra coisa mais do que um prolonga- mento @ dependéncia desses. O que saiam a bus- CBr am NossoS sorties tantas expedicbos custosa- mente organizadas, nBo era tanta a ouro como 8 prata. E nem era diamantes, sendio esmeraldas. Em outras palavras: © que no Brasil se queria en- contrar era o Peru, nfo era o Brasil", NOTAS CAPITULO! 1. Similo de Vasconcelos, “Chronicas da Companhia de Jesu no Estado do Brasil’, Livro |, v. 62, Lisboa, 1865 UIP ed,, 1683), descrevendo a Cepitenie de Sto Vicente, noje Estado de S8o Paulo. 2. Alfredo Elis Junior, "A queda do bandeirismo de apre: ‘samento”, Revista de Histéne, FFCL-USP, S. Paulo, vol. |, 1960, p. 901, 3. Entrotanto, havia, sem divide, uma contradiciio entre ‘os governantas, pois se D. Francisco de Souza estimulava uma coisa (a minerag3o) D. Céspedes de Xeria no deixava de incentivar outra, o apresamento.. "Num informe dirigida em 1696 a el-rei diz mesmo que nos tempos passados ainda tirevem algum ouro os naturais da capitania: jf agora, porém, nBo havia remédio que 08 encaminhasss 80 querer it Os minas, @ nas pouces veres que lam @ aiguma coisa ‘tiravam, era quase escusade pretender 0 pagamento dos ‘quintos « que se achavam obrigados". “Sefior™, conti- Mua © Felato, “todo ha cessado desde 4 traten de it a cautivar Indios, porque trayendoles de ta forma que die, con los que aqui llegan (...) los venden a varios o de esta tierra, 0.de Ia isla da San Sebastian, 0 para ot’98 partes dal Brasil, y del precio no pagan quintos como lo havian de hacer del oro, y tienen mis esciavor hombres desventu- ‘dos an esta vila @ vassals algunos Sefores de Espafla”. “informe de Manuel Juan de de les cosas de San Pablo y msidades de sus moradores hecho a su Magestad *, 1636, in "Manuscritos da Colerto De Angelis” ‘Jesultas @ Bandeirantos no Guairt, p. 185 6 seg. Cit! in Sérgio B. de Holanda, ‘VisBo do Paraiso”, Cla. Ed. Naclo- nal/EDUSP, 8. Paulo, 1989, p. 55-56, 1p Afonso dE, Tawney, "Histria selecentina de vite aula”, vol. 2 (1653-1660), Tip. deal, S. Paulo, 1927, p. i Em informacho a Felipe iV, Dom Céspedes infor- mava do elevada indice de criminalidade da gente paulista: "Vienen al puablo los dias. de fiesta y eso armados de esco- petas, rrodelas y pistolas y publicamente consiéntelo las Justiciag, Porque no lo #50 mie que @ la aparencia y ton Como las demis musrtes, cuchilladas y oes ynsolencias, matandose y aguardéndose en os caminos todes los dias sin que aya sido castigado hombre ninguno hasta el dia de oy nital se'save”. idem, p. 16-17. 5. Atas da Cimara da Villa de S. Paulo (1896-1622), val. It, 42-43, ‘6. Idem, bidem, p. 66-87, reterente @ 19 fev. 1899, a pro- pésito da vinda de D. Francisco de Souza, govemador do Brasil, 7. Idom, referents a Ata de 1690, p. 66. 8. Idem, referente a Ata de 11 nov. 1601, 9. Agustin Zapata Gollén, "La urbsnizacién hispanoameri- cana en el Rio de ia Piata, Oepto. de Estudios Etnogré- ficas y Coloniales, Segunda Epoca, n° 6, Santa Fé, na. “La madera que se empleabe era generaimente de slgar- robo 6 espinillo, Cortada en las montes proximos de la clu dad. Pero también se buscoba madera més resistente ¥ sobretode mas larga y mis gruesa, Parand arriba, por ta otra banda, en el camino que por oso se le Bamd ef camina de la madera y que lieveba hasta la zona de la reduccién que fué de los mepenes”, p. 107-108. Uma nota de rodaps completa 0 informerso, tirada de arqulvos colo: lait: “La maders que mbs comumente se usaba en Ia construcciéa de la vivienda era: laurel (Ocatea suaveolens) ‘algarrobo (Prosopis albal; sauce (Salix humboldtianal; es: pinillo (Acacia cavenia); quebracho bianco (Aspidosperma quebracho blanco). Tambitn be usaban varas de chilca (Baccharis salicitolla); y cae de Castilla (Arundo donax) En cuanto a las palmas, aunque crecen cuatro especies en territorio de Santa Fé: caranday (Trithrinax campestris); paima colorada (Copernica alba); dati o pindé (Arecastrum: romanzolfianun) y el coco o yatay (Butia yatoy), las mas usadas eran le paima colorada u a! pindd’'. Idem, p. 108. 10. Nilo Garcia, “Aciamacko de Amador Bueno — a in- flubncia espanhola em Slo Paulo”, Tose para Livre-do- cbneia de "Histéria do Brasil”, na Faculdade do Filosofia, Cifncias © Letras da Universidade do Distrito Federsi, Rio do Janoiro, 1956, p. 72. Todavia, aduz Nilo Garcia, A. Laite “‘superestima o valor de seu ancestral (Amador Bueno), sem se deter na andlise da influéncia castethana". Alem de Taunay, N. Garcia mostra o absurde também do interpre- taco nativista defendiida por Alfredo Elis Junior. 11, Idem, ibidem, p. 34. 12. P_ 34, idem, ibidem, Embora considerando hoje em dia, 0 relativo dessa afirmacSo, em virtude das publicades dos Liltimos 19 anos (sua obra # de 1966), ainda permanecem muito ponderdveis essas observarSes. 13, Oswaldo de Syiveira, “A influbncia do Espanhol ne lin Guojar paulista do seiscentismo™, Planaita, Sa Paulo, 1 nov, 1941, p. 14, 14, Miriam Ellis Austregesilo, “Pesquisas sobre # existin- Cit do Ouro @ da rata no planatto paulista nos séculos XVI @ XVII", Revista de Histdrie, FFCL-USP, Ano, n? 1. p. 63, ‘Slo Paulo, 1950. Nesso interessante trabatho, a autors ‘snalisou 470 inventhrios (de 1678 a 1700) abjetivando aqui- latar a prosenca dessas matais no planaito, @ pandendo para 8 aceitarlo da hipdtese da prata aqui existente no Solecentos sar de origem potosina, screscenta que tam- bém nos “Inventirios @ Testamentos”, com # mencBo “rea sa demonats que algums rosda o1ps- hola deveria tor existido no planalto, p. 15, Pe. Manuel da Fonseca, “Vida do Venerivel Padre Belchior de Pontes da Companhia de Jesus da Provincia do Brasil", S80 Paulo, Cia. Melhoramentos de S80 Paulo, 8.0 {15 ee."om Lisboa, 1782), 16. Referimo-nos em especial aos trabalhos: de Luis Saia, “Moreda Paulista”, Ed. Perspectiva, Slio Paulo, 1972, de Julio Katinaky, “Cassa Bandoiristas ~ Nascimento @ reco- nhecimento da Arte em S8o Paulo”, Tese de doutorado, FAU-USP, 1972, ¢ de Carios A. Corqueira Lemos, “Notas: ‘sobre a arquitetura tradicional de S80 Paulo”, FAU-USP, Depto. de Histéria, 1963, © do mesmo eutor, “A case, colonial pauliate”, FAU:USP, 8.4. 17, Na vardade, 0 levantamento da vida em Sto Paulo ‘soiscentista ficard igualmente sempre incompleto, enquan- to no se levar 8 cabo investigacSes mais completas nos arquivos, seja o de Assunciio, como o de Sevilha, locais ‘onde se achem quardados of escritos, ainda indditos, de uma grands parte da histéria — 0, portanto, da arte — de Sto Paulo, 16 A vows beloceae ds Pe, Fucona sabre a rales ‘latina @ sua formago bem come sobre a infiuincia josul- tica na cultura das regides habitedas pelos tupi-guarenis @ ‘08 contatos.com as misses om tertit6rto basilar allo do maior interesse, inclusive para fins 8. Obra de particular curionidade para a histéria de Silo Paulo em suas Felagben com 4 Hlepeno-Amnirlon 4, pot exemeio, “Fomse Fields S. J. y su Carta al Prepésito General 1601)", Suenos ‘Alves, 1971, 19, Excago honrosa & a contribuigllo de Jo3o Hermes de Arado, que estudou @ presenga da arte lusobrasiieira na ‘Platina em “El arte luso-brasilefa en el Rio de La Pata "Anales FAL Univ. Ba. Aes, nt 21,1968 20. Nilo Garcia, obra cit., fazando referéncia a Jaime Cor- ‘eso, “A fundaclo de S80 Paulo”, p. 34. 2), Apud Nilo Garcia, obra cit., p. 16 22, Idem, ibidem, 23, Apud obra cit., p. 28. Doe, N. Garcia, cit. ““Jesultas « Bandeirantes no Guai- td, p. 373, Como sempre na regiBo, os jesultas desioce- varn-se com muita flexibilidade para atender as pavoaces, iniferentes a que fossom eins lusas ou espanholas, Escre- wendo um jesulta em 1620 sobre 4 situacho dos espanndis ‘em Ciudad Real informa que “La mayor parte del tiempo ‘han estado estos espafoles nin sacordote y casi ain igieia’” ‘2 que agora “tienen un cltrigo portuguez entrado por san pablo” (idem, Doc. XXII, p. 173) Para maiores dados sobre 0 interetmbio antre S8o Paulo © © Peragual e Tucuman no caminho de Peru, ver, no ‘aoenes Nilo Garcis, como om particuler ©: . Boxe, “Sal 25. Apud N. Garcia, obra cit., citando Taunay, “Histéria ‘das Bandeiras Paulistas”, |, p. 33. 26. \Agustin Zapata Gollén, “Portugueses en Santa Fo in Vieja”, Acad. Nacional de la Historia, de “Investigaciones y Ensayos 6-7", Bs, Aires, 1970, p. 238, citendo Franclsco Mill y Maraval, “Deseripcién de las Provincias del Rio de la Plata y de sus Poblaciones con varias Noticias Historicas de baton y de sus Morndores.,.", etc 27. C. R. Boxer, “Salvador de Sé.... etc. citando Cana- brava ("Gombraio Portuguts”, p. 125), p. 94, 28, Eo.caso, entre muitos, de Tomis Alvarez, nascido em. Lisboa, 6 que chegara a Santa Fé via Paragual, para onde fora te, participando, antre outros, do séquite de D, Vitéria ‘de $8, procedente de SBo Paulo. Goltin, obra cit., p. 247, 29, Gollén, obra cit, p. 258. “Em Santa Fé, o8 portugue 33 mantiveram entre si ume solidariedade que se meni- festa om diferentes aspectos da vide cbria: na proximidade: da suas moradias, na realiza;8o de negécios comuns, na cutorga de poderes ou de flanges, ou na designacho de aibacees" — idem, p. 258, Trad, du A. 30, Boxer, obra cit., p. 88-89. "Um dos mais absurdos do sistema de administragto vigente na Espanha colonial ere atei que obrigeve esse extents porclo do vice -teino do Peru a suprit-se de mercadorias auropéias exciu- sivamenta & custa das frotas oficiais de Seviiha, tendo: de atravesser 0 istmo do Panamé pars seguir depois em pe- quenos navios a0 longo da costa do Pacifico, até Callao, onde era feito nova desemibarque, antes de comecar a longa viagem para.os pontos mais distantes, como a foz do Rio da Preta, no outro lado do continente, Por mais dificil fesse a viagem, por terra, do embriansrio porto de Aires (tundado pela segunda vez em 1588) « Po- raves. dos pampas, de Chaco da cordilheire dos Andes, ola era, om ultima andlise, menos dispendiosa o insipida do qua a rota oficial da Espanha, via Cartagena 0 Pusrto Ballo (Nombre de Di6s), 8 costa do Pacifico, além de exigir menor ndimaro de transbordos”. Dal porque a via de acesso natural pars o interior do continente, entrando polo Rio da Prata, @ stravessando Tucuman, fossa tida como © caminho mals adequade ao combrcio com o Pers, tanto mais quanto a regio cortada por essa estrada prot bida punha ao alcance da mio os produtos agricolas & mais artigos de necessidade vital para Potosi. dem, p. B&-89. 31. dem, p. 89. “De todas as partes da América partiram dendneias contra essa clérigo mundano”, "‘cuja vida # cujo ‘exemplo eram mais de um negociante do que de um pre- ‘of Propdsito ‘dena 605)". Banos Ales, 1891, p. 21 cit. A. G. |., Audiencias de Charcas, 26. 53. Boxer, obra cit., p. 91. Sobre o comércio com 0 wrasil, ‘ver capitulo “O caminho de Potosi", p, 83-123, 34, in “inventario dos documentos rolativos a0 Brasil exis- tentos no Archivo de Morinhe e Ulramar de Lisbow orga- nizado para a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro por Eduardo de Castro @ Almeida”, vol, VI, (1616-1729), Rio do Janeiro, 1921. Nessa descricBo de Sto Paulo ha uma men- Bo tabi & “vila de Cananea de farinhas, de guerre, 0 dahi sem as que uo para o Rio de Janeiro # Angole, © Jeguas pola terra dentro esto campinhas de pinhaes, onde ‘se pode fazer grande quantidade de breu: h& caminho por figos, #6 $8 contentassem com um sino como indeniza- 610". Di mbie @ mais, #0 fossn necessbrio, poder-se-iam Contrapor 808 manuscritos de Cass! os do Barto de So Leopolda, onde 4 relatado que os paulistas conduziram: 18.000 indigenas de Guairé para o mercado de So Paulo, © que sé Manuel Preto possula 1.000 deles em sua proprie- dado (Anais, 2* od. 231). Saint-Hiaire, Augusta de, ‘Via gem 8 Provincia de Sto Paulo # Resumo das viegons a ‘ed., Live. Martins €d., $. ‘uma carta de D, Pedro Estevlo D’Avila, da Prata, “escrita 90 rei da Espanha, datada de 12 de ou- ‘ubro de 1637, na qual o missivista diz, depois de tor feito a necessiria verificago, que os paulistas haviam arrebatado, dos redutos, mais: de 60.000 individuos de 1628 a 1630”, idem, 1p. 40. Um Jesuits, Padre Justo Van Suerck, em missBo no Guairé, contaré om carta a0 Geral da Compa- ‘nhia, om 1625, que um tal de Manuel de Melo da bando de Raposo Tavares, "se atrave a llegarse ai governador, y Ofrecera un mulcheeho de tos que tao pedite ecmisie. ‘tracién de unos 40 y tantos indios, que en esta entrada trajo a San Pablo, y de ali al Espiritu Santo, para que los tenga: ‘on su casa y heredad y se sirva de ellos. Y que Antonio Lopez, otro de los que saltearon nuestras aldeas, traiga a ‘gata ciudad unos 4 0 5 indios que en esta entrada cautive, y los wenda, hablendo ya vendido los demits que traja en Rio do Janeiro y om Santos”... In Guillarmo Furlong S.J. “Justo Van Suetck y su carta sobre Buenos Aires” (1629 Ed. Theoria, Bs. Aires, 1963, p. 37-38. Por outro lado, & ptesenca de mBo-de-obra indigena artesanaimente qualifi- ‘cada, que teria ido para o NE ainda est por ser estudada, Podemos, entretanto, assinalar afinidades como spon- ‘amos am S. Paulo, sobretudo na Bahia (ver base do cru- z0iro de S, Francisco de Paraguacu, Iguape, Bahia), no ‘antigo mascartio da igreja da Graca de Olinda, nas figuras indigenas que ladelam a portada de S. Pedro dos Clrigos, vem Recife, retébulo de Igaracu, etc. 7. Texto de D. Chspedes de Xeria sobre os sucessos de ‘sua viagem, datado de Assungiio, 23 jun. 1629. In “Docu: mentacdo espanhola”, Anais do Museu Paulista, Tome |, ‘Separate, 1922, p. 204. 3B. Frei Gaspar da Madre de Deus, “Memories para a His- ‘t6ria da Capitania de S. Vicente hoje chamada de S. Paulo do Estado do Brasil”, Lisboa, Typografia da Academia, 1797, p. 123-124. 39. Idem, ibidem, p, 123-124, 40. idem, ibidem, p, 123-124, 41, Serstim Leite, “Nébrega #.@ sua heranga em So Paulc «de Piratininga (Noticia Comemorativa do IV Centenrio da Cidade de Sio Paulo)”. Lisboa, 1954, p. 10. 42. ",.. dan en forma imprecisa el oficlo de cada uno, pues tan pronto los llaman carpinteros como estatuarios o escul- tores o sillsteros. Séia en los casos de carpinteros de 1i- ‘bere, es decir navales, se aciara bien y se limita su oficio”. Mario Buschiazzo, "Mobiliarioluso-beasilefo on ol Ro de la Plata”, Anaies, FAU—Univ. Bs. Aires, n* 23, Buenos Ai. vas, 1970, p. 72. 43, Carvatno Franco, Revista Geneaigice Lavine, “Margi: nando Pedro Taques Silva Leme’, “V — Buenos”, p. 116-121. Ver tambtm de Carlos da Silveira, “A propdsito de siguns hispano-americanos muito ligsdos a habitantes. de Capitan de Sko Vicente’, Revie Geneskdgica Latina, fn? 7, p. 41-60, 2 44. Pe. Pablo Pastells, Ei descubrimiento dei Estrecho de Mogalhanes”, Madrid, 1920, vol. Il, p, 141. 48, Carvaino Franco, obra cit. Embora Carvalho Franco Aare que “se armada largou de SBo Vicente # 29 de abril de 1583 para o astreito de Magalhies", parece haver um de- sencontro de datas, pois vajo em outra obra menglo «da presenea de Flores Valdés por essa dpoca no Nordesie ‘ajudando a combater os potiguares: "... pediu socorro 90 \overnador geral que era nesse tempo Manoel Telies Bar- ‘© cue Bor nfo poder sauce de Groreo @ peal coma pretendia, fez partir da Bahia em 1584 0 {General castelno Diogo de Flores Valdés e Diogo Var de ‘Veiga que com quatro nus @ tropa suficiente conseguiram ‘atugentar 08 Indios & tomar quatro navios franceses carre- gados de pau-brasil”, Portento, a coincidéncia de dates mencionadas por Carvalho Franco faz pensar que # armada ‘de Vakits fez mais deslocamentos que os referidos por Pastelis? Todavia, isso no invelida que Bartclomeu Bueno tivesse chegado com seus companheiras ou sozinho (7) a ‘So Paulo nos anos 80, oficial de carpinteiro de nomeada, ‘como tudo nas faz crer. Sobre a nota acims, a autoria & de . A. da Luna Freire, “Colonia Socorro”, Rav. do instit. ‘Archeotipico # Geogr ce Pemembuco, 0 48, Rect, ®. 48, Em ata da Cimara de 21 de julho de 1602 tambbm ‘encontra 0 nome de “‘Bartalomeu Bueno" junto aos de Bras Esteves e Domingos Atonso, “officises de carpen- ‘tara, 08 trhs nomeados para inspecionar 0 estado das ‘@sous esteios na constru¢So da Matriz de Sa Paulo. “Ata da Comare da Villa de S. Poulo”, v. Il, p. 107-108, 47. Carvalho Franco, obra cit, p. 117, Acrascanta ainds Hla eutor sobre Bartolomeu Bueno; “Em 1620, 1623, 1624 1629 tave ele votos para vereador, mas. NBO chegou a ser aleito. Espenhol # terrivel escravocrate & provével que tt vetse oposiclo politics na vila, Dessa Gttims data cltada om diante nenhuma noticia mais obtém-se do savilhano @ 2a: bemes. que faleceu na terceira década da século XVII. Alm de chBos na vila, teve data de terras no Guarepe @ sesmario no campo-da So Miguel”. De seus sate fihos com Maria Pires foram todos eles casados com descendantes de cas- tethanos # portugueses. Tris deles participaram na destrui- (¢B0 de Guard em 1628 (Francisco Bueno, Amador Bueno © Jerénima Bueno). idem. 6. 117. Sobre o mesunto, ver. ‘ainda: Carlos da Silveira, ““Troncos genealégicos espa- hola om S. Paulo", Inst. Mist. # Geogrifico de S. Paulo, vol, 69, p. 419-435, 48. Taivez essa transferincia de D. Francisca Rendon de ‘uevedo se devesse 20 desejo de se esquivar de possiveis lutas da taceSoa tamiliaros-potiticas (?) em §. Paulo. NBo ‘Ht sabe, Port, essa indagorbo surge neturalmente quan- do lemoa em Frei Gaspar da Madre de Dous a afirmaco de ‘que “os Estrangeiros. cazados na terra, foram camaristes sem contradic siguma até o tempo das guerras civis ‘entre Pires # Camargos, ¢ ainda depois disso arto admi- tides. com certas limitagées. Estas nobres Familias aparen- ‘tadas com as outras principsea de S, Paulo, estando dapois ‘de grandes desordens em campo a ponto de se darem ba- ‘taiha com dous formidavels oxercitos, experimentariio a ‘sua total ruing, $2.0 Paroco-e Religiosos da Villa, que muito bem conhecitio o motive das diacordias, nillo reduzissem o8 ‘dous Bandos inimigos a abragarem o prudente meio, de 2 que nos Pellouros da Camara entrassem sempre Otficiaes das familias contendores om igual nimero, 9 entre alles, ‘alguns Neutrass. Este meio sarenou a tormenta”. Fr, Gas- parda Madre de Deus, obra cit.,.p. 116-117. 49. Nilo Garcia, obra cit., p. 49. "“Trouxe duas caravelas, ‘em que acomodou toda @ sua gente, comitiva avultada de ‘ficiais, mineiros @ voluntarios para as minas”. idem, p. 48. Informa N. Garcia que Cervaino Franco biogratou aqueles ‘vindos com O. Francisco de Souza (em “Os companhsiros dD, Francisco de Sours’, Revists Inst, Histor, © Geogrs- fico Brasieiro, T, 105, v. 169, p. 95-120), entra eles aapa- inhéis ¢ portugueses. ‘80. N, Gercia, obra olt., “Registraram as Atss de Camara de Silo Paulo que, em agosto de 1603, afi ram Jobo Munhoz de Puertos ¢ Francisco Vllalva com de Diogo Botetho. na qual se dizia Id irem no desempenho de ‘orden rigias empreenderditghncies scares doe metal”, p48, 51. A. E. Taunay, “‘Histéria Geral das Banderas Paulis- ‘tas, toma 6, 1930, Tip. ideal, 1p. 49. Esse alegado “crime

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