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Daniel Tomás Jaime Mapsanganhe

NOTACÃO BRA-KET

Mecânica Quântica

Faculdade de Ciências Naturais e Matemática


Licenciatura em Ensino de Física, Minor em Matemática

Universidade Pedagógica
Maputo
2022
Daniel Tomás Jaime Mapsanganhe

NOTACÃO BRA-KET

Mecânica Quântica

Faculdade de Ciências Naturais e Matemática

Licenciatura em Ensino de Física, Minor em Matemática

3◦ ano, Laboral

Trabalho de pesquisa da cadeira de


Mecânica quântica a ser
apresentado na Faculdade de
Ciências Naturais e Matemática
para efeitos de avaliação, sob
orientação do docente

Docente:

Mestre Nádia Bruno

Universidade Pedagógica
Maputo
2022
Índice
1.Introdução............................................................................................................................ 4

2. Objectivos ……………………………………………………….....................................5

3. Metodologia ....................................................................................................................... 5

4. Vida e obra de Paul Dirac .................................................................................................. 6

5. NOTAÇÃO Bra-Ket .......................................................................................................... 7

5.1.1. Ket-vector ..................................................................................................................... 7

5.1.2. Bra-vector..................................................................................................................... 8

5.1.3. Produto Interno............................................................................................................. 9

5.1.4. Significado físico........................................................................................................ 11

5.1.5. Operadores Lineares ................................................................................................... 12

5.1.6. Autovectores e Autovalores ....................................................................................... 13

5.1.7. Operadores Hermitianos ............................................................................................. 14

5.1.8. Procedimento de Gram-Schmidt ................................................................................ 16

5.1.9. Produto Externo.......................................................................................................... 16

5.1.10. Matriz Densidade ..................................................................................................... 18

6. Conclusão ......................................................................................................................... 20

7. Referência bibliográfica ................................................................................................... 21


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1. Introdução

O presente trabalho está centralizado num tema bastante pertinente quando o assunto é
Mecânica quântica. O presente trabalho debruça acerca da notação bra-ket que foi criado por
Paul Dirac, e por isso e também conhecido por notação do Dirac. Quando estamos no âmbito
da Mecânica Clássica, usamos constantemente vectores em um espaço Euclidiano de até três
dimensões (ℝ3). Tais vectores são basicamente setas no espaço com tamanho, direcção e
sentidos bem definidos. Já nessa cadeira de Mecânica Quântica, esse significado muda. O
estudo é probabilístico, com isso precisamos de mais dimensões (podendo ser infinitas). Paul
Dirac desenvolveu uma nova notação matemática, definindo os ket-vectores e os bra-
vectores. Além disso, tais vectores estão no espaço de Hilbert (espaço complexo que pode ter
dimensões finitas ou infinitas), essa notação chama-se Notação Dirac.

Salientar também que a notação de Dirac recebe esse nome homenagem ao seu reformulador
Paul Dirac que veio romper com a metodologia Galileu-Newtoniana, ultrapassando as
fronteiras do método científico tradicional e elevando a abstracção.
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2. Objectivos

2.1.1. Objectivo Geral

 Falar detalhadamente acerca da Notação Bra-Ket.

2.1.2. Objectivos Específicos

 Falar e descrever os Ket-vectores e as suas propriedades;


 Falar e descrever os Bra-vectores e as suas propriedades;
 Falar sobre os operadores hermitianos;

3. Metodologia

Para realização deste trabalho recorrì a leitura e análise de obras bibliográficas; A luz da
pesquisa qualitativa, que procura analisar os diferentes autores sobre a sua abordagem no que
concerne a Notação Dirac. Seleccionei a revisão bibliográfica como método central deste
trabalho.
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4. Vida e obra de Paul Dirac

Paul Dirac nasceu em 8 de Agosto de 1902, em Bristol, Inglaterra, sendo seu pai Suíço e sua
mãe Inglesa. Na sua infância, estudou na Escola Secundária de Merchant Venturer, em
Bristol, e depois seguiu para a Universidade de Bristol, onde se formou em Engenharia
Elétrica, obtendo o grau de Bacharel em Ciências – na área de Engenharia – em 1921. Após
isso, estudou matemática durante dois anos na Universidade de Bristol, e mais tarde foi para
o St. John College, como pesquisador discente em matemática.

Em 1926, recebeu seu título de Ph.D. Em sua tese, ele incorporou a Mecânica Matricial de
Heisengerg com a Mecânica Ondulatória de Schrödinger em um único formalismo
matemático. No ano seguinte, tornou-se um Fellow no St. John College.

Em 1928, ele desenvolveu a Equação de Dirac, que descreve o comportamento relativístico


de partículas com spin 1/2, como o elétrão. Dirac também previu a existência do pósitron
(antipartícula do elétron), que foi observada experimentalmente em 1932, por Carl Anderson.

Em 1932, tornou-se Professor Emérito de Matemática na Universidade de Cambridge e, no


ano seguinte, recebeu, juntamente com Erwin Schrödinger, o Prêmio Nobel de Física. Em
1937, casou-se com Margit Wigner, de Budapeste. Paul Dirac faleceu em 20 de Outubro de
1984, sendo sepultado no cemitério Roselawn, em Tallahassee, Flórida, aos 82 anos de idade.
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5. NOTAÇÃO BRA-KET
5.1.1. Ket-vector

Um ket-vetor é denotado por |𝐴⟩ e deve respeitar as seguintes propriedades:

1. A soma de dois kets quaisquer resulta em outro ket.

|𝐴⟩+|𝐵⟩ = |𝐶⟩

2. A adição é comutativa.

|𝐴⟩+|𝐵⟩ = |𝐵⟩+|𝐴⟩

3. A adição é associativa.

(|𝐴⟩+|𝐵⟩)+|𝐶⟩ = |𝐴⟩+(|𝐵⟩+|𝐶⟩)

4. Existe um único vector |0⟩, chamado de elemento neutro, que quando somado a um ket
retorna o ket.

|𝐴⟩+|0⟩ = |𝐴⟩

5. Existe um único ket −|𝐴⟩, chamado de simétrico, que quando somado ao ket |𝐴⟩ se obtém
o elemento neutro.

|𝐴⟩+(−|𝐴⟩) = |0⟩

6. A multiplicação por um escalar 𝑧∈ℂ é linear.

|𝑧𝐴⟩ = 𝑧|𝐴⟩ = |𝐵⟩

7. Sendo 𝑧,𝑤∈ℂ , as propriedades distributivas se mantêm.

𝑧 (|𝐴⟩+|𝐵⟩) = 𝑧|𝐴⟩+𝑧|𝐵⟩ (𝑧+𝑤)|𝐴⟩ = 𝑧|𝐴⟩+𝑤|𝐴⟩

A diferença desta definição de vector para a tradicional está nas propriedades 6 e 7.

Um vector real não pode ser multiplicado por um número complexo. Isso o removeria do seu
espaço real.
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O ket-vector pode ser representado também por uma matriz-coluna, de forma análoga aos
vectores reais. Ou seja, escritos como:

α1(z)
|𝐴⟩ = (α2(z))
αn(z)

Onde 𝛼𝑖(𝑧) é a componente 𝑖 do ket |𝐴⟩, que está contido no espaço ℂ 𝑛, e função do número
complexo 𝑧.

5.1.2. Bra-vector

A notação de um bra-vector é denotado por ⟨𝐴| e segue as mesmas propriedades do ket.

1. A soma de dois bras quaisquer resulta em outro bra.

⟨𝐴|+⟨𝐵| = ⟨𝐶|

2. A adição é comutativa.

⟨𝐴|+⟨𝐵| = ⟨𝐵|+⟨𝐴|

3. A adição é associativa.

(⟨𝐴|+⟨𝐵|)+⟨𝐶| = ⟨𝐴|+(⟨𝐵|+⟨𝐶|)

4. Existe um único vector ⟨0|, chamado de elemento neutro, que quando somado a um bra
retorna o bra.

⟨𝐴|+⟨0| = ⟨𝐴|

5. Existe um único bra −⟨𝐴|, chamado de simétrico, que quando somado ao bra ⟨𝐴| se obtém
o elemento neutro.

⟨𝐴|+(−⟨𝐴|) = ⟨0|

6. A multiplicação por um escalar 𝑧∈ℂ é linear.

⟨𝑧𝐴| = ⟨𝐴|𝑧 = ⟨𝐵|

7. Sendo 𝑧,𝑤∈ℂ , as propriedades distributivas se mantêm.

(⟨𝐴|+⟨𝐵|)𝑧 = ⟨𝐴|𝑧+⟨𝐵|𝑧
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⟨𝐴|(𝑧+𝑤) = ⟨𝐴|𝑧+⟨𝐴|𝑤

Em forma matricial, o bra-vector é uma matriz-linha: ⟨𝐴| =(α1∗ (𝑧) α2∗ (𝑧) … αn∗ (𝑧))

Onde 𝛼𝑖∗(𝑧) é a componente 𝑖 do bra ⟨𝐴| e o conjugado complexo de 𝛼𝑖(𝑧).

Os bras e kets se relacionam pelo conjugado complexo. Ou seja, para um dado ket |𝐴⟩ existe
um bra ⟨𝐴| tal que:

⟨𝐴| = (|A⟩)∗↔|𝐴⟩ = (⟨A|)∗

Onde 𝑧∗ denota o conjugado complexo de 𝑧. Se analisarmos matricialmente, poderemos


observar que além de aplicar o conjugado complexo devemos calcular a transposta do vector,
ou seja:

((|A⟩)∗ )𝑇 = ((|A⟩)𝑇 )∗↔ |𝐴⟩ = ((⟨A|)∗ )𝑇 = ((⟨A|)𝑇 )∗

Note que calcular a transposta da matriz conjugada é igual a calcular o conjugado da matriz
transposta. Para simplificar notação, usaremos o conjugado Hermitiano, que para o ket |𝐴⟩ é
denotado por |A⟩† e definido por: |A⟩† =((|A⟩)∗ )𝑇

Analogamente para o bra ⟨𝐴|, temos: ⟨A|† =((⟨A|)∗ )𝑇

O bra-vector está sempre no espaço dual do seu ket-vector correspondente.

5.1.3. Produto Interno

O produto interno é sempre definido entre um bra e um ket, e dado por: ⟨𝐴|𝐵⟩ = (⟨𝐴|) (|𝐵⟩)

O resultado desta operação é um número complexo. Para provar isso, basta fazer o produto da
forma matricial.

β1
⟨𝐴|𝐵⟩= ( α1∗ α2∗ … αn∗ ) (β2) = α1∗ β1 + α2∗ β2 + ⋯ + αn∗ βn
βn

Nessa representação também podemos ver a importância da ordem dos produtos (ou seja,
⟨𝐴|𝐵⟩ ≠ |𝐵⟩⟨𝐴|) e o número de dimensões deve ser igual.
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Do produto interno seguem duas propriedades:

1. O produto interno é linear.

⟨𝐶|(| 𝐴⟩+ | 𝐵⟩) =⟨𝐶|𝐴⟩+⟨𝐶|𝐵⟩

(⟨𝐴| + ⟨𝐵| )|𝐶⟩=⟨𝐴|𝐶⟩+⟨𝐵|𝐶⟩

2. Troca entre bras e kets corresponde a um conjugado Hermitiano.

⟨𝐵|𝐴⟩ = ⟨𝐴|𝐵⟩†

Além disso, podemos definir um vector normalizado (ou unitário), que é dado quando sua
norma é unitária. Isto é, ⟨𝐴|𝐴⟩ = 1

Dois vectores são ditos ortogonais quando seu produto interno é nulo: ⟨𝐴|𝐵⟩ = 0

Com isso, podemos descrever um espaço de 𝑛 dimensões com 𝑛 vectores orto normais
(vectores unitários cujo produto interno é nulo), que são chamados de base orto normal. Para
isso acontecer, precisamos que esses 𝑛 vectores sejam linearmente independentes.

Dada uma base orto normal de ket, denotada pelos vectores |𝑒𝑖⟩, podemos escrever o vector
|𝐴⟩ como:

|𝐴⟩ = ∑ni=1 αi|ei⟩

Onde 𝛼𝑖 é a componente 𝑖 do vector |𝐴⟩. Se quisermos conhecer uma componente específica


de |𝐴⟩, vamos supor 𝑖 = 𝑗, podemos fazer o produto interno por um vector base do espaço dual
⟨𝑒𝑗|, tal que:

⟨𝑒𝑗|𝐴⟩ = ∑ni=1 αi⟨ej|ei⟩

Abrindo o somatório, vem:

i
⟨𝑒𝑗|𝐴⟩ = ∑ni≠j αi⟨ej|ei⟩ + αi⟨ej|ei⟩δ j

i
Onde é δ j a delta de Kronecker. Como |𝑒𝑖⟩ é uma base orto normal, significa que, quando 𝑖 ≠
𝑗, o produto ⟨𝑒𝑗|𝑒𝑖⟩ é nulo e, quando 𝑖 = 𝑗, o produto ⟨𝑒𝑖|𝑒𝑖⟩ é unitário. Portanto, teremos:
⟨𝑒𝑗|𝐴⟩ = 𝛼𝑗
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Desse jeito, podemos reescrever o vector |𝐴⟩ como:

|𝐴⟩ = ∑ni=1 |ei⟩⟨ei|A⟩

O mesmo vale para o bra ⟨𝐴|:

⟨𝐴| = ∑ni=1 ⟨A|ei⟩⟨ei|

5.1.4. Significado físico

Na Mecânica Clássica, os vectores são usados para definir posição, velocidade, aceleração e
etc. Tudo que possa ter módulo, direcção e sentido. Já na Mecânica Quântica, os bras e kets
estão relacionados à probabilidade de algo acontecer.

A componente de um ket (ou bra) é também chamada de amplitude de probabilidade. O que


é diferente da probabilidade em si. Esses vectores estão associados ao estado de um
fenómeno.

Imagine que você tenha um dado de seis faces numeradas. Cada valor que podemos obter é
um estado do dado. Ou seja, o dado pode estar no estado |1⟩,|2⟩, |3⟩, |4⟩, |5⟩ ou |6⟩. Uma
moeda tem os estados |𝑐𝑎𝑟𝑎⟩ e |𝑐𝑜𝑟𝑜𝑎⟩. Com isso, cada vector de estado terá uma dimensão
diferente, dependendo do que estamos falando.

A probabilidade 𝑃𝑖 de se encontrar o vector de estado |𝐴⟩ no estado |𝑒𝑖⟩ é dada pelo quadrado
da amplitude de probabilidade, ou seja:

Pi = |⟨ei|A⟩| 2

Ou ainda, 𝑃𝑖 = ⟨𝐴|𝑒𝑖⟩⟨𝑒𝑖|𝐴⟩

Se o vector |𝐴⟩ for normalizado, teremos que a soma das probabilidades será unitária (ou
100%):

∑ni=1 𝑃𝑖 = ∑ni=1 ⟨A|ei⟩⟨ei|A⟩ = 1


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5.1.5. Operadores Lineares

Em mecânica quântica, todo observável físico (algo que pode ser medido, como energia,
momento, posição, etc.) pode ser descrito por um operador linear. Podemos pensar em um
operador linear como uma máquina que transforma um vector de estado em outro vector.

̂ , tal que: 𝑀
Um operador é denotado por 𝑀 ̂ |𝐴⟩ = |𝐵⟩

̂ | = ⟨𝐵|
Ou ainda, ⟨𝐴|𝑀

Dos operadores seguem duas propriedades:

1. Associativa

̂ [|𝐴⟩+|𝐵⟩] = 𝑀
𝑀 ̂ |𝐴⟩+𝑀
̂ |𝐵⟩

̂ = ⟨𝐴|𝑀
[⟨𝐴|+⟨𝐵|]𝑀 ̂ +⟨𝐵|𝑀
̂

2. Multiplicação por escalar

̂ |𝑧𝐴⟩ = 𝑧𝑀
𝑀 ̂ |𝐴⟩

̂ = 𝑧⟨𝐵|𝑀
⟨𝑧𝐵|𝑀 ̂

Onde 𝑧 é uma constante complexa.

̂ |𝐴⟩ = |𝐵⟩, temos:


Em termos de componente, quando 𝑀

̂ |𝐴⟩ = 𝑀
𝑀 ̂ ∑𝑗 αj|𝑒𝑗⟩

̂ |𝐴⟩ = ∑𝑗 αj M̂|ej⟩ = ∑𝑗 βj|ej⟩


𝑀

Multiplicando por ⟨𝑒𝑘|, vem:

∑ αj⟨ek|M̂|ej⟩ = ∑ βj⟨ek|ej⟩
𝑗 𝑗

Como ⟨𝑒𝑘|𝑒𝑗⟩ = 𝛿𝑘𝑗, logo:

𝛽𝑘 = ∑𝑗 αj⟨ek|M̂|ej⟩
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̂ |𝑒𝑗⟩, teremos:
Se abreviarmos 𝑚𝑘𝑗 = ⟨𝑒𝑘|𝑀

𝛽𝑘 = ∑𝑗 mkjαj

Os termos 𝑚𝑘𝑗 são chamados de elementos de matriz de 𝑀̂, que pode ser representado por
uma matriz quadrada 𝑁×𝑁:

𝑚11 𝑚12 ⋯ 𝑚1𝑁


̂ = ( 𝑚21
𝑀 𝑚22 ⋯ 𝑚2𝑁 )
𝑚𝑁1 𝑚𝑁2 ⋯ 𝑚𝑁𝑁

̂ |𝐴⟩=|𝐵⟩ como:
Assim, podemos reescrever 𝑀

𝑚11 𝑚12 ⋯ 𝑚1𝑁 α1 β1


( 𝑚21 𝑚22 ⋯ 𝑚2𝑁 ) ( α2 ) = ( β2 )
𝑚𝑁1 𝑚𝑁2 ⋯ 𝑚𝑁𝑁 αN βN

̂ = ⟨𝐵| vem:
Analogamente, para ⟨𝐴|𝑀

𝑚11 𝑚12 ⋯ 𝑚1𝑁


(𝛼1 𝛼2 … 𝛼𝑁) ( 𝑚21 𝑚22 ⋯ 𝑚2𝑁 ) = (𝛽1 𝛽2 … 𝛽𝑁)
𝑚𝑁1 𝑚𝑁2 ⋯ 𝑚𝑁𝑁

5.1.6. Autovectores e Autovalores

Para os operadores, existem certos vectores de estado, tal que o vector de entrada é igual ao
̂ |𝜆⟩ = 𝜆|𝜆⟩
vector de saída. Isto é: 𝑀

̂ , com autovetor |𝜆⟩.


Onde 𝜆 é chamado de auto valor de 𝑀

Exemplo: Calcule os auto valores e auto vectores para o operador linear:

̂ = (0 −1)
𝑀
1 0

Solução: Usando a equação de auto vector, teremos:

̂ |𝜆⟩ = 𝜆|𝜆⟩→(𝑀
𝑀 ̂ −𝜆𝕀)|𝜆⟩ = 0

Onde 𝕀 é a matriz identidade.

0 −1 λ 0 |λ⟩
[( )−( )] =0
1 0 0 λ

−λ −1 |λ⟩
( ) =0
1 −λ
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−λ −1
Para qualquer |𝜆⟩ ≠ 0, temos que det( ) = 0. Assim, temos:
1 −λ

λ1 = i
λ2 +1 = 0 { }
λ2 = −i

α1
Seja |𝜆⟩ = ( ), para 𝜆1 = 𝑖, vem:
α2

−i −1 α1 0 −iα1 − α2 = 0
( )( ) = ( ) → { }
1 −i α2 0 α1 − iα2 = 0

As duas equações são linearmente independentes (LD), basta multiplicar a primeira por 𝑖.
Então, 𝛼1 = 𝑖𝛼2. Para qualquer 𝑘 = 𝛼2, teremos:

i
|𝜆1⟩ = 𝑘 ( )
1

Para 𝜆2 = −𝑖, vem:

i −1 α1 0 iα1 − α2 = 0
( )( ) = ( ) → { }
1 i α2 0 α1 + iα2 = 0

Novamente, as duas equações são LD (multiplique a segunda por 𝑖). Assim, temos que

𝛼1 = −𝑖𝛼2. Ou seja,

1
|𝜆2⟩ = 𝑘( )
𝑖

5.1.7. Operadores Hermitianos

̂ , tal que 𝑀
Seja um operador linear 𝑀 ̂ |𝐴⟩=|𝐵⟩, teremos o conjugado:

̂ † =⟨𝐵|
⟨𝐴|𝑀

̂ † = ((𝑀
Onde 𝑀 ̂ )∗ ) 𝑇
é o conjugado Hermitiano do operador .

̂ =𝑀
O operador 𝑀̂ é dito operador Hermitiano se, e somente se: 𝑀 ̂†

Um fato curioso surge quando usamos a definição de operador Hermitiano na equação de


auto-valor e auto-vector.

Seja a auto-equação de dada por:


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̂ |𝜆⟩=𝜆|𝜆⟩
𝑀

Aplicando o conjugado Hermitiano na autoequação, vem:

̂ † = ⟨𝜆|λ∗
⟨𝜆|𝑀

̂† = 𝑀
Sendo Hermitiano, 𝑀 ̂ , então:

̂ = ⟨𝜆|λ∗
⟨𝜆|𝑀

Se fizermos um produto pelo auto-vetor na auto-equação e na auto-equação conjugada,


encontraremos:

̂ |𝜆⟩=𝜆⟨𝜆|𝜆⟩
⟨𝜆|𝑀

̂ |𝜆⟩=λ∗ ⟨𝜆|𝜆⟩
⟨𝜆|𝑀

Para ser verdade, temos que 𝜆 = λ∗ . Ou seja, um número complexo é igual ao seu conjugado.
Em consequência disso, 𝜆 deve ser real. Portanto, todo operador Hermitiano possui apenas
autovalores reais.

Seja um operador Hermitiano 𝐿̂, com autovalores 𝜆1 e 𝜆2, teremos as auto-equações:

𝐿̂|𝜆1⟩ = 𝜆1|𝜆1⟩

𝐿̂|𝜆2⟩ = 𝜆2|𝜆2⟩

Aplicando o conjugado Hermitiano na primeira equação, teremos:

⟨𝜆1|𝐿̂ = ⟨𝜆1|𝜆1

𝐿̂|𝜆2⟩ = 𝜆2|𝜆2

Multiplicando a primeira equação por |𝜆2⟩ e a segunda por ⟨𝜆1|, vem:

⟨𝜆1|𝐿̂|𝜆2⟩ = 𝜆1⟨𝜆1|𝜆2⟩

⟨𝜆1|𝐿̂|𝜆2⟩ = 𝜆2⟨𝜆1|𝜆2⟩

Subtraindo as equações, surge:

(𝜆1−𝜆2)⟨𝜆1|𝜆2⟩ = 0
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Se 𝜆1≠𝜆2, então ⟨𝜆1|𝜆2⟩ = 0. Ou seja, se os autovalores forem distintos, os autovetores


deverão ser ortogonais. Se 𝜆1=𝜆2=𝜆, podemos escolher autovetores ortogonais. Suponha que:

𝐿̂|𝜆1⟩ = 𝜆|𝜆1⟩

𝐿̂|𝜆2⟩ = 𝜆|𝜆2⟩

Definindo uma combinação linear dos dois autovetores, tal que:

|𝐴⟩ = 𝛼|𝜆1⟩+𝛽|𝜆2⟩

Aplicando o operador 𝐿̂, surge:

𝐿̂|𝐴⟩=𝛼𝐿̂|𝜆1⟩+𝛽𝐿̂|𝜆2⟩

𝐿̂|𝐴⟩ = 𝛼𝜆|𝜆1⟩+𝛽𝜆|𝜆2⟩→𝐿̂|𝐴⟩ = 𝜆(𝛼|𝜆1⟩+𝛽|𝜆2⟩)

𝐿̂|𝐴⟩ = 𝜆|𝐴⟩

Ou seja, a combinação linear de dois auto-vectores também é auto-vector de 𝐿̂. Esses


autovetores precisam ser linearmente independentes para podermos fazer tal combinação
linear. Com isso, ⟨𝜆1|𝜆2⟩ = 0.

5.1.8. Procedimento de Gram-Schmidt

Sejam dois estados |𝜆1⟩ e |𝜆2⟩ não ortogonais, podemos sempre escolher outros estados que
sejam ortogonais. Por exemplo, fixando |𝜆1⟩, o vector |𝜆2⊥⟩ = |𝜆2⟩−⟨𝜆1|𝜆2⟩|𝜆1⟩ é ortogonal a
|𝜆1⟩.

Fazendo ⟨𝜆1|𝜆2⊥⟩, teremos:

⟨𝜆1|𝜆2⊥⟩ = ⟨𝜆1|𝜆2⟩−⟨𝜆1|(⟨𝜆1|𝜆2⟩)|𝜆1⟩

⟨𝜆1|𝜆2⊥⟩ = ⟨𝜆1|𝜆2⟩−⟨𝜆1|𝜆2⟩⟨𝜆1|𝜆1⟩

Como ⟨𝜆1|𝜆1⟩ = 1, então: ⟨𝜆1|𝜆2⊥⟩ = 0

Note que ⟨𝜆1|𝜆2⟩|𝜆1⟩ é a projecção de |𝜆2⟩ na direcção |𝜆1⟩.

5.1.9. Produto Externo


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Da mesma forma que definimos o produto interno entre dois vectores, podemos também
definir o produto externo entre |𝐴⟩ e |𝐵⟩, tal que : (|𝐴⟩)(⟨𝐵|) = |𝐴⟩⟨𝐵|

Além disso, podemos relacionar o produto externo com o produto interno de tal maneira que:
(|𝐴⟩⟨𝐵|)|𝐶⟩ ≡ |𝐴⟩⟨𝐵|𝐶⟩ Ou ainda, ⟨𝐶|(|𝐴⟩⟨𝐵|) ≡ ⟨𝐶|𝐴⟩⟨𝐵|

Se fizermos o produto |𝐴⟩⟨𝐴|, assumindo que |𝐴⟩ é normalizado, este produto é chamado de
operador-projecção. Isto é, |𝐴⟩⟨𝐴| |𝐵⟩ = |𝐴⟩ ⟨𝐴|𝐵⟩

Note que este vector é paralelo a |𝐴⟩. Ou seja, ele projectou o vector |𝐵⟩ na direcção |𝐴⟩.

Do operador-projecção seguem algumas propriedades:

1. Operadores - projecção são Hermitianos.

2. O vector |𝐴⟩ é um autovetor de seu operador-projecção |𝐴⟩⟨𝐴| com autovalor 1.

|𝐴⟩⟨𝐴| |𝐴⟩ = |𝐴⟩

3. Qualquer vector ortogonal a |𝐴⟩ é um auto-vector com auto-valor zero. Consequentemente,


o operador-projecção só possui auto-valores 1 e 0, onde só existe um autovetor (|𝐴⟩) com
autovalor unitário.

4. O quadrado de um operador-projecção é igual ao operador-projecção.

(|A⟩⟨A|)2 = |𝐴⟩⟨𝐴| |𝐴⟩⟨𝐴| = |𝐴⟩(⟨𝐴|𝐴⟩)⟨𝐴| = |𝐴⟩⟨𝐴|

5. O traço de um operador-projecção é unitário.

𝑇𝑟(𝐿̂) = ∑𝑗⟨ej|𝐿̂|ej⟩

𝑇𝑟(|𝐴⟩⟨𝐴|) = ∑𝑗⟨ej| |A⟩⟨A| |ej⟩ = ∑𝑗⟨ej|A⟩⟨A|ej⟩ = ∑𝑗 Pj = 1

6. A soma de todos os operadores-projecção de um sistema base forma o operador-


identidade.

𝐼̂ = ∑𝑗 |ej⟩⟨ej|

7. O valor esperado do operador 𝐿̂ no estado |𝐴⟩ é dado por:

⟨𝐿̂⟩ = ⟨𝐴|𝐿̂|𝐴⟩ = 𝑇𝑟(|𝐴⟩⟨𝐴|𝐿̂)


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Demonstração:

𝑇𝑟(|𝐴⟩⟨𝐴|𝐿̂) = ∑𝑗⟨ej|A⟩⟨A|L̂ |ej⟩ = ∑𝑗⟨A|L̂ |ej⟩⟨ej|A⟩

𝑇𝑟(|𝐴⟩⟨𝐴|𝐿̂) = ⟨𝐴|𝐿̂𝐼|𝐴⟩ = ⟨𝐴|𝐿̂|𝐴⟩

5.1.10. Matriz Densidade

Suponha que existam dois estados possíveis, |𝐴⟩ e |𝐵⟩, para um observável 𝐿̂. Se a
probabilidade de se medir este observável for igual (50% ou 1/2) nos dois estados, então o
valor esperado será:

1 1
⟨𝐿̂⟩ = 2 𝑇𝑟(|𝐴⟩⟨𝐴|𝐿̂) + 2 𝑇𝑟(|𝐵⟩⟨𝐵|𝐿̂)

1 1
A matriz densidade 𝜌̂ será definida como: 𝜌̂ = 2 |𝐴⟩⟨𝐴| + 2 |𝐵⟩⟨𝐵|

De forma geral, se existirem 𝑁 estados |𝐴𝑗⟩, cada um com probabilidade 𝑃𝑗, para um
observável 𝐿̂, então:

𝜌̂ = 𝑃1|𝐴1⟩⟨𝐴1|+𝑃2|𝐴2⟩⟨𝐴2|+⋯+𝑃𝑁|𝐴𝑁⟩⟨𝐴𝑁|

𝜌̂ = ∑𝑁
𝑗 Pj|Aj⟩⟨Aj|

Se existir apenas um estado possível (𝑁=1), dizemos que o estado é puro. Caso contrário, a
matriz densidade representa um estado misto.

Usando a definição de matriz densidade, podemos reescrever o valor esperado do operador 𝐿̂:

⟨𝐿̂⟩ = 𝑇𝑟(𝜌̂𝐿̂)

Escrevendo a matriz densidade em termos de uma base |𝑎⟩, teremos a componente:


𝜌𝑎,𝑎′=⟨𝑎|𝜌̂|𝑎′⟩

Seja 𝐿𝑎,𝑎′ a representação matricial do operador 𝐿̂, Então :

⟨𝐿̂⟩ = ∑a,a′ ρa, a′La, a′


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Algumas propriedades da matriz densidade:

1. Matriz densidade é Hermitiana: 𝜌𝑎,𝑎′=𝜌𝑎′,𝑎∗

2. O traço da matriz densidade é unitário: 𝑇𝑟(𝜌̂) = 1

3. Os autovalores da matriz densidade são todos positivos e estão entre 0 e 1.

4. Para um estado puro ρ̂ 2 = 𝜌̂ e 𝑇𝑟(ρ̂ 2 )=1.

5. Para um estado misto (ou emaranhado) ρ̂ 2 ≠𝜌̂ e 𝑇𝑟(ρ̂ 2 ) <1.


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6. Conclusão

Durante a realização desse trabalho, conclui que na Mecânica Clássica, os vectores são
usados para definir posição, velocidade, aceleração e etc. Tudo que possa ter módulo,
direcção e sentido. Já na Mecânica Quântica, os bras e kets estão relacionados à
probabilidade de algo acontecer.

Conclui também que a componente de um ket (ou bra) é também chamada de amplitude de
probabilidade. O que é diferente da probabilidade em si. Esses vectores estão associados ao
estado de um fenómeno.

Pude concluir também que na Mecânica Clássica, usamos constantemente vectores em um


espaço Euclidiano de até três dimensões (ℝ3). Tais vectores são basicamente setas no espaço
com tamanho, direcção e sentidos bem definidos. Já nessa cadeira de Mecânica Quântica,
esse significado muda. O estudo é probabilístico, com isso precisamos de mais dimensões
(podendo ser infinitas). Paul Dirac desenvolveu uma nova notação matemática, definindo os
ket-vectores e os bra-vectores. Além disso, tais vectores estão no espaço de Hilbert (espaço
complexo que pode ter dimensões finitas ou infinitas), essa notação chama-se Notação Dirac.
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7. Referência bibliográfica

 PAM Dirac (1939). "A new notation for quantum mechanics". Mathematical
Proceedings of the Cambridge Philosophical Society 35 (3): 416–
418. doi:10.1017/S0305004100021162. ISSN 0305-0041 (em inglês)
 Cajori, Florian (1929). A History Of Mathematical Notations Volume II. Open Court
Publishing. p. 134. ISBN 978-0-486-67766-8. (em inglês)
 Quantum Mechanics Demystified, D. McMahon, Mc Graw Hill (USA),
2006, ISBN 0-071-45546-9 (em inglês)
 Carfì, David (abril de 2003). «Dirac-orthogonality in the space of tempered
distributions». Journal of Computational and Applied Mathematics. 153 (1–2): 99–
107. Bibcode:2003JCoAM.153...99C. doi:10.1016/S0377-0427(02)00634-9
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