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Análise crítica sobre o currículo mínimo para o primeiro ano do ensino médio do Estado

do Rio de Janeiro.

Pedro de Carvalho Guimarães Cruz1

Resumo

Este trabalho consiste em uma análise da construção e implantação do Currículo


Mínimo na rede estadual de educação do Estado de Rio de Janeiro, afim de entender a
problematização que este instrumento causou no meio educacional. Foi realizada uma
revisão bibliográfica em três artigos sobre o tema e mais o Currículo Mínimo
propriamente dito, para a análise, que pode nos mostrar os problemas enfrentados na
aplicação deste instrumento de política pública.

Palavras-Chave: currículo mínimo. política educacional. orientação curricular. geografia

Introdução

Na missão de mudar a realidade da educação estadual, o Governo do Estado do


Rio de Janeiro em meados da década de 2000, faz uma mudança, provocando uma
reestruturação na política educacional praticada no Estado. As novas diretrizes passam a
ter o Currículo Mínimo como um instrumento oficial de orientação curricular.

A construção de um Currículo Mínimo tem a função conforme consta na


apresentação do Currículo Mínimo da Secretária Estadual de Educação e Cultura do
Estado do Rio de Janeiro – SEEDUC-RJ, que diz

O Currículo Mínimo tem como objetivo estabelecer orientações institucionais


aos profissionais do ensino sobre as competências mínimas que os alunos
devem desenvolver a cada ano de escolaridade e em cada componente
curricular, imprimindo-se, assim, uma consistente linha de trabalho, focada
em qualidade, relevância e efetividade, nas escolas do Sistema Público
Estadual do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2012).

Portanto, é necessário a busca pelo entendimento dessa política educacional


como orientadora e seus desdobramentos e consequências sobre comunidade
educacional.

1
- Discente do 6º período de Licenciatura em Geografia – Consórcio CEDERJ. Polo: Nova Friburgo.
Matrícula: 20112140278.
No presente trabalho realizou-se uma análise crítica sobre a construção e
aplicação do Currículo Mínimo de Geografia, elaborado pela Secretária Estadual de
Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro – SEEDUC-RJ.

Desenvolvimento

O processo de construção de um Currículo Mínimo - CM vira uma tendência na


educação brasileira de modo a otimizar e padronizar o processo educacional, pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação - LDB, em vista disso o Estado do Rio de Janeiro
implantou o Currículo Mínimo na rede estadual de educação, construindo uma base
comum para todas as escolas estaduais. Nesse sentindo diversos autores discutem a
respeito da construção e implementação, pois essa política educacional causou muitas
críticas quanto a sua construção e sua implantação, tanto por parte dos profissionais que
atuam nesta rede quanto na comunidade acadêmica.

O Currículo Mínimo tem em sua finalidade a construção de um arcabouço de


habilidades e competências de forma a orientar, elementos básicos indispensáveis no
processo de ensino-aprendizagem, garantindo assim uma base comum a rede escolar.
Neste sentido a SEEDUC-RJ no ano de 2010 lança o Currículo Mínimo para o ensino
Fundamental Médio, que dentre suas funções

O Currículo Mínimo visa estabelecer harmonia em uma rede de ensino


múltipla e diversa, uma vez que propõe um ponto de partida mínimo - que
precisa ainda ser elaborado e preenchido em cada escola, por cada professor,
com aquilo que lhe é específico, peculiar ou lhe for apropriado (RIO DE
JANEIRO, 2012).

Portanto como explicitado no documento da SEEDUC-RJ o CM permiti uma


flexibilidade e adequação por parte dos professores diante de suas particularidades,
porém na prática não é que vemos acontecer, conforme destacam alguns autores que se
debruçam ao tema, sendo assim vale nos aqui uma revisão acerca do tema.

Em nosso estudo sobre a temática do CM temos por base res textos de autores
que estudaram sobre a implantação do CM, que aqui teremos por base para a analise do
CM para o primeiro ano do ensino médio doa rede estadual de educação. A seguir
faremos uma breve analise desses estudos como forma de entendermos o processo de
construção e o desdobramento após a sua implantação na rede estadual.
No artigo “o currículo mínimo da SEEDUC-RJ: a produção de politicas
curriculares e perspectivas para professores de Geografia” o autor faz uma análise
critica do processo de desenvolvimento, a fim de problematizar sobre questões
referentes a politica curricular. O autor se envereda por este caminho através de três
questionamentos:

- Como a concepção de currículo adotada pela SEEDUC-RJ se tornou um instrumento


político na tentativa de controlar processos e procedimentos na rede estadual de ensino?
- Quais foram às estratégias discursivas assumidas pela SEEDUC-RJ ao longo da
implementação política do currículo mínimo?

- Em que medida docentes de geografia se apropriam e ou ressignificam o currículo


mínimo?

O autor busca num registro pós estrutural um arcabouço teórico metodológico


para sustentar seus argumentos, a partir da analise critica do processo de
desenvolvimento político do currículo da SEEDUC-RJ, ao longo de sua pesquisa.

No artigo “Currículo e ensino de geografia no estado do Rio de Janeiro” é


analisado o currículo mínimo como uma política de governo, através de uma análise
teórico metodológica descritiva abrangendo os percalços da educação brasileira. A
pesquisa se desenvolve demonstrando as dificuldades encontradas na elaboração do
currículo mínimo de geografia e também possui três questões norteadoras:

- Quais benefícios reais para a educação fluminense a criação de um currículo mínimo


unificado para todas as escolas da rede estadual traria?

- Qual o maior interesse do governo do Estado em criar tal política pública?

- As críticas e sugestões dadas pelos professores nas escutas e audiências foram levadas
em consideração na determinação do currículo?

No terceiro artigo o autor analisa o currículo mínimo através do seu processo de


a construção, verificando concepções teórico-metodológicas nos conteúdos da
disciplina, a fim de compreender quais competências e habilidades e estão determinadas
para cada série desde o Fundamental 2, até o Ensino Médio.

Nos três artigos acima analisados é possível perceber que o primeiro artigo olha
pelo aspecto como política curricular, já o segundo olha para o temo sobre o ângulo das
dificuldades encontradas na elaboração do CM, e no terceiro ele analisa a construção
CM de forma a compreender as competências e habilidades, comum aos três artigos está
na crítica negativa a construção e implantação do CM.

Nos três artigos foi verificado que do primeiro CM lançado em, foi feito a toque
de caixa com pouca ou nenhuma participação dos profissionais da rede e ainda muito
das contribuições que esses profissionais fizeram não foram levadas em conta, o que
levou a elaboração de um instrumento distante e desconexo da realidade da educação
fluminense, tendo recebido diversas criticas após o seu lançamento.

A primeira versão sofreu muitas críticas pelos professores da rede,


principalmente por conter ambiguidades e repetições dentro das habilidades e
competências. A segunda versão (2012) teve o privilégio de trabalhar em
cima de um material já preparado e com todas as críticas à disposição da
equipe FARIAS (2014).

Então em 2012 surge a segunda versão o CM, mais recente e atualizada, essa
segunda versão vem com uma experiência anterior adquirida que melhora em diversos
aspectos, mais sim deixa a desejar em muitos pontos, como nos diz Souza:

A autonomia do professor na verdade não ocorre na prática, pois esse tem


que aplicar os conteúdos no momento estabelecido pelo currículo para que os
alunos realizem o Saerjinho e ao final de cada bimestre tem que informar
durante o lançamento de notas que etapas do currículo conseguiu cumprir.
Para garantir esta aplicação do Currículo Mínimo, em 14 de fevereiro de
2013, a SEEDUC publicou a resolução nº 4.866, que dispõe sobre a
implantação e acompanhamento do currículo. Entre outras coisas, o
documento afirma, em seu artigo segundo, que o cumprimento do Currículo
Mínimo é obrigatório em sua totalidade, ainda que se respeite a autonomia do
professor para possíveis ajustes (SOUZA, 2016).

Portanto como pode ser visto a autonomia do professor fica comprometida


devido a quantidade de conteúdo, burocracia e obrigatoriedade do cumprimento de
calendário, levando a um enforcamento do planejamento de aula do professor que se
preso aquele ao cumprimento do currículo e que causa um engessamento da sua prática
como livre docente. Além do engessamento do conteúdo a obrigatoriedades de se
cumprir uma demanda de conteúdo faz com que implique em atividades mais lúdicas,
como saídas a campo, trabalhos de laboratório dentre outras atividades que possam
surgir de maneira espontânea entre os educandos e o corpo docente.
A respeito especificamente do CM de Geografia como nos ressalta Souza uma
vez que falta clareza no trato das concepções teórico-metodológicas (SOUZA, 2016) e
conforme Souza (apud OLIVEIRA, 1999, p. 47) há uma “concepção de Geografia
baseada no ecletismo” com falta de clareza no trato das concepções teórico-
metodológicas, que pode revelar mais a ausência do que a presença de uma concepção
filosófica, não tendo uma sustentação epistemológica da Ciência Geográfica.

Desse modo é possível perceber que a implantação de um CM na atual


conjuntura, é apenas mais uma ferramenta de conteudismo aplicada ao ensino que
engessa as práticas autônomas dos professores que se veem sufocados diante da
obrigatoriedade da execução de todo o conteúdo obrigatório.

Considerações finais

Concluímos que mesmo com toda uma nova lógica de desenvolvimento da


educação estadual, apoiadas em concepções teórico metodológicas atuais que versam
sobre a qualidade de ensino, ainda há um distancia entre a teoria e a prática, como pode
ser constatado no dia a dia da prática docente. Há uma necessidade não só de reformular
o conteúdo, mas a governança e gestão do sistema educacional como um todo. Não é
quantidade e qualidade de conteúdo que trazer mudanças na educação, mas sim uma
mudança de paradigma na educação.

Referências bibliográficas

CAMPOS SILVA, Suzana. Reflexões acerca do Currículo Mínimo de Geografia do


Estado do Rio de Janeiro. In: 5 Encontro Regional de Ensino de Geografia, 2016,
Campinas, São Paulo. Anais 2016 - 5 Encontro Regional de Ensino de Geografia, 2016.
p. 337.
FARIAS, SAULO CEZAR GUIMARÃES . Currículo e ensino de geografia no estado
do Rio de Janeiro / Curriculum and teaching of geography in the state of Rio de Janeiro
- DOI: 10.5752/P.2318-2962.2014v24n41p86. Caderno de Geografia (PUCMG.
Impresso) , v. 24, p. 86-97, 2014.
RIO DE JANEIRO. Currículo Mínimo 2012. In Secretaria de Estado de Educação,
Rio de Janeiro, 2012. Disponível em <https://seeduconline.educa.rj.gov.br/curr
%C3%ADculo-b%C3%A1sico>.
Acessado em: 17 de novembro de 2022.
RODRIGUES, P. F. . O Currículo Mínimo da SEEDUC-RJ: A Produção de Políticas
Curriculares e Perspectivas para Professores de Geografia. In: II Congresso Nacional de
Educação, 2015, Campina Grande. Anais II Conedu - (2015). Campina Grande: Realize
Eventos e Editora, 2015. v. 2
Atividade Proposta

CONHECENDO E INTERPRETANDO QUESTÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE


MAPAS TEMÁTICOS.

Ano: 1° ano do Ensino Médio

Tempo: 2 aulas de 50min

Tema: A temática a ser trabalhada será transversal a todo o conteúdo do 1° ano do


Ensino Médio, tendo como foco principal a questão ambiental tema do 4° bimestre do
ano letivo, mas utilizará conceitos de cartografia (1°bimestre) e dinâmica climática e os
biomas (2°bimestre), bem como promove a interdisciplinaridade como conceitos e
temas da Biologia.

Objetivos:

Identificar, comparar e analisar criticamente problemas ambientais de impacto nacional

Desenvolvimento:

Esta aula será realizada de forma on-line onde cada aluno a partir do computador de sua
casa acessará uma plataforma de comunicação virtual, onde será ministrada a aula e
também acessará a plataforma do projeto MapBiomas.

Obs.: para que essa aula ocorra os alunos previamente já tiveram contato com essas
duas plataformas em aulas anteriores e em sala de aula de forma presencial com o
professor de forma a se familiarizarem com essas ferramentas.

Será realizado um exercício prático, com manuseio do MapBiomas para identificação


dos principais aspectos sobre as questões ambientais, concomitante com uma explicação
oral pelo professor. Posterior a este momento será feito um exercício de levantamento
de hipóteses sobre a dinâmica do homem sobre a natureza e seus usos.

Conclusão

Com esta aula espera-se que os alunos possam construir uma visão espacial da
problemática ambiental em nível nacional observando pontos estratégicos da pressão
humana sobre os recursos naturais e sua dinâmica, para construção de um pensamento
crítico a este tema.

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