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Impactos dos processos de globalização nas dinâmicas de informação | Laura Matos

UC Dinâmicas Globais de Informação e Jornalismo de Proximidade

Prof. Paulo Agostinho

Atividade 1 - Síntese crítica

Sabendo que globalização é um fenómeno intrinsecamente ligado ao capitalismo


e ao poder económico, podemo-nos questionar como é que tal vai ter efeito sobre
os meios de comunicação. Com efeito, a globalização não compreende apenas
a abertura e aceleração dos mercados financeiros. “A globalização é política,
tecnológica e cultural, além de económica. Acima de tudo, tem sido influenciada
pelo progresso nos sistemas de comunicação, registado a partir do final da
década de 1960.” (Giddens, 2000, p.22).
O progresso nos sistemas de comunicação, mencionado por Giddens, traduz-se
no aparecimento (e evolução) de variadas ferramentas de comunicação, como a
o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão, e claro, a internet. Verificou-se um
grande aumento de fluxos informacionais, uma grande facilidade de
comunicação com pessoas do outro lado globo, a par com a abertura das
relações comerciais e com o surgir das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC). O resultado: vivemos atualmente na chamada Sociedade
da Informação e do Conhecimento (Colombo & Valentim, 2021).
No que toca ao aspeto político, é importante perceber que os governos tomaram
certas e determinadas medidas no sentido de liberalizar e desregular as
economias nacionais (Giddens, 2000). Abriram-se mercados, liberalizou-se o
comércio e aboliram-se fronteiras. Isto, juntamente com o advento das novas
tecnologias, propiciou uma difusão cultural. E as consequências vêem-se no
nosso dia-a-dia, como a alteração de hábitos e costumes, como o esquecer de
tradições… Fortuna (1999) atenta à ideia de cultura global, em que há tendência
para a instauração da semelhança ou homogeneidade cultural; em oposição, há
quem procure preservar a diferença ou heterogeneidade cultural, mantendo a
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sua identidade.
Impactos dos processos de globalização nas dinâmicas de informação | Laura Matos

Aqui é pertinente inserir o tema da dicotomia global / local. Aparentemente, o


local está a desvanecer, em detrimento do global. Ao ligar a televisão ou ao abrir
o jornal, mais depressa nos deparamos com uma notícia internacional, do que
uma notícia sobre a terra em que vivemos. No entanto, e como menciona
Camponez (2002), esta conjuntura abriu portas ao “mercado da proximidade”.
As elites locais tomaram consciência da importância da sua identidade.
Autores como Gritti e Ringlet (cit. em Camponez, 2002) apoiam a noção de que
a informação local está dependente da sua localização geográfica. Contudo, tal
noção é obsoleta, considerando os atuais sistemas de comunicação em rede.
Defende Camponez (2002) que os novos media possibilitam formas mais
personalizadas, segmentadas e interativas de comunicação, pondo fim ao
tradicional modelo de comunicação em massa.
Os meios de comunicação locais têm de se adaptar, de mudar a sua estratégia.
Modernizar-se, usufruir do digital, ganhar visibilidade. Não é a proximidade
geográfica que faz o local, é a produção de conteúdos que denotem proximidade,
isto é, com que nos identifiquemos.
Julgo que Colombo & Valentim (2021) resumem bem os impactos da
globalização no âmbito da informação na seguinte frase:

“Para este modelo de sociedade [da informação e do conhecimento], a


globalização trouxe inúmeras mudanças e em ordens diferentes como a
questão ontológica, a questão epistemológica e a questão metodológica.
No âmbito ontológico, a globalização possibilita o questionamento sobre a
relação tempo-espaço alterando o modo de se ver o mundo. No âmbito
epistemológico agregou novos espaços para outras concepções do que é
o conhecimento. E, por fim, o âmbito metodológico compreendeu novas
formas de produção e compartilhamento do conhecimento (…). (pp.10-11).
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Referências bibliográficas

- Camponez, C. (2002). Jornalismo de Proximidade. Minerva. Coimbra (p. 107-


129).

- Colombo, G. & Valentim, M. (2021). Informação globalizada ou globalização da


informação: reflexões sobre a sociedade da informação e do conhecimento.
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 17, n. esp., p. 01-16.
V Seminário de Competência em Informação, São Paulo.

- Fortuna, C. (1999). Identidades, Percursos e Paisagens Culturais. Celta


Editora. Oeiras (p. 11-21).

- Giddens, A. (2000). O Mundo na Era da Globalização. Editorial Presença.


Lisboa (p. 19-29).

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