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TNR Wad ‘OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO. SUSTENTAVEL Pavel Recomendagao técnica rw para produgao e uso de biofertilizante aa eal Wardsson Lustrino Borges Aolibama da Silva de Moraes Enf&pa Natalia dos Santos Ferreira Flavio da Silva Costa Recomendagao técnica para produgao e uso de biofertilizante' + Wardsson Lustrino Borges, Engenheiro-agrénomo, doutor em Ciéncias do Solo, pesquisador da Embrapa Amapé, Macap, AP. Aolibama da Silva de Moraes, Gestora Ambiental, mestranda em Engenharia Agricola e Ambiental na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Natalia dos Santos Ferreira, idloga, doutoranda em Ciéncias do Solo na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Flavio da Silva Costa, Licenciado em Ciéncias Agrarias, doutor em Engenharia Agricola, docente da Universidade Federal do Amapa, Mazagao, AP. Introdugao Os sistemas de produgao de base ecolégica (organico, biolégico, natural, biodindmico, etc.) tém como finalidades ofertar produtos saudaveis isentos de con- taminantes, manter ou incrementar a fer- tilidade do solo a longo prazo, incremen- tar a atividade biolégica do solo, reciclar residues de origem organica reduzindo ao minimo o emprego de recursos nao renovaveis (Brasil, 2003). Adubagao ver- de, defensivos naturais, compostagem or- ganica, vermicompostagem e a aplicagao de diferentes tipos de caldas e de bioferti- lizantes so as praticas mais comumente adotadas pelos olericultores com a finali- dade de fomecer nutrientes ao solo nos sistemas de produgao de base ecolégica (Espindola et al., 2004; Diniz et al., 2017) A composigo dos biofertiizantes & resultado da decomposicao dos residuos organicos utiizados e do tipo de processo de biodigestdo adotado, que pode ser rea- lizado na presenga ou na auséncia de oxi- génio. Os biofertilizantes contém nutrientes e agentes biolégicos que melhoram o equi- librio nutricional das plantas cultivadas, ao mesmo tempo em que promovem protegao contra pragas (Brasil, 2008). A aplicagao de biofertllzantes tem sido relatada como benéfica tanto para as plantas em cultivo, quanto para o solo, reduzindo teores de aluminio (Al's), teores de hidrogénio (H") e aumentando os teores de matéria organica (MO) e de nutrientes como 0 nitrogénio (N), 0 fésforo (P) ¢ 0 potassio (K), especialmen- te quando 0 uso é continuado (Soares Filho et al,, 2015; Neves et al., 2017). O sistema de produgao de olerico- las é bastante intensivo e exportador de nutrientes. Em geral, as culturas desse sistema sao de ciclo curto e com ele- vada representatividade entre os siste- mas de produgao adotados no estado do Amapa. Portanto, neste trabalho apresenta-se uma recomendagao téc- nica de como produzir e de como apli- car biofertiizante para o manejo de solo cultivado com olericolas. Os resultados apresentados neste trabalho estao ali- nhados aos estimulos governamen- tais, recentemente criados no Brasil, como 0 Plano Nacional de Residuos Sélidos e 0 Programa Nacional de Bioinsumos e colaboram para o fortale- cimento da Bioeconomia, da Economia Circular e para o alcance das metas comprometidas em relagdo ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentavel 2 - Fome Zero e Agricultura Sustentavel — Acabar com a fome, alcangar a segu- ranga alimentar e melhoria da nutrigéo promover a agricultura sustentavel. Recomendagao técnica para produgao e aplicagao de biofertilizante Para a produgao do biofertilizante deve-se misturar residuo de origem ani- mal ¢ residuo de origem vegetal. Esses residuos sero as fontes de matéria or- ganica, micro-organismos e minerais. Recomenda-se utilizar esterco novo (fresco) @ os residuos vegetais devem ser triturados, em triturador forrageiro, para aumentar 0 contato dos residuos com os micro-organismos decomposito- res. Deve-se fazer uso de plantas que podem fornecer nitrogénio (N), fosforo (P) e potassio (K). Assim, sao indica- das as seguintes espécies: Gliricidia sepium (gliricidia), Inga spp. (inga); Cecropia spp. (embauba); Tithonia diversifolia (tithonia-girassol mexicano), Euterpe oleracea (agaizeiro) e Musa sp. (bananeira) (Figura 1). A biodigestao deve ser conduzida aerobicamente, ou Figura 1. Espécies vegetais selecionadas para o desenvolvimento do biofertiizantes. Cecropia sp. (embatiba) (A); Tithonia diversifolia (tithonia-girassol mexicano) (B); Gliricidia sepium (glricidia) (C); Inga edulis (inga-cips) (D); Euterpe oleracea (agaizeiro) (E); e Musa sp. (bananeira) (F). Fotos: Wardsson Lustrino Borges. Fotos: Aolibama da Silva de Moraes. seja, garantindo a presenga de oxigénio para respiragéo dos micro-organismos, € para isso 0 material deve ser agitado para que ocorra a aeragdo da mistura Recomenda-se que duas vezes por dia, durante ao menos 5 minutos, realize-se a aeragao da mistura e isso pode ser fei- to com auxilio de uma haste de madeira A aplicagao continuada de bioferti- lizante, produzido como recomendado q aqui, promove a elevagéo do pH do solo, a corregao do aluminio téxico do solo, e ao mesmo tempo aumenta os teores de matéria organica, fésfo- ro (P), potassio (K*), calcio (Ca") e de magnésio (Mg*?) Nas Figuras 2 e 3, sdo detalhadas e ilustradas as diferentes etapas reco- mendadas para a produgao e uso do biofertilizante. Figura 2. Etapas adotadas para a produgao dos biofertiizantes. Trituragao, dosagem e mistura dos insumos nas caixas d’agua (A, B e C); e acompanhamento do proceso de digestéo com aeragao diaria e posterior filtragem (D, E e F). o—— 2.1Utilizar preferencialmente folhas trituradas de embatba, ou alternativamente folhas trituradas de tithonia. 2.2 Utilizar folhas trituradas de gliricidia, ou alternativamente folhas trituradas de ingazeiro. 2.3 Utilizar folhas trituradas de agaizeiro, ou alternativamente folhas trituradas de bananeira. Desenho: Wardssen Lustrino Borges Definido os residuos disponiveis, adotar como proporeaio para a mistura partes iguais de cada insumo (Exemplo: 1:1 de esterco com embatiba; 1:1:1 de esterco, embatiba e gliricidia ou 1:1:1:1 de esterco, thitonia, gliricidia e agaizeiro). \ Conduzir a digestao em caixa d’agua ou outro reservatorio, aberto e com aeragao diaria durante 60 dias. Filtrar, com 0 auxilio de alguma malha (por exemplo sombrite), separando fase liquida e fase solida 6 remanescente. Austar 0 volume da fase liquida para um volume igual ao 7 volume de Agua utilizado no inicio do processo (Exemplo: 20 kg de esterco, 20 kg embaiba e 160 L de Agua, fitrar e ajustar para 160 L de biofertlizante), Figura 3. Etapas recomendadas para a produgao ¢ uso do biofertilizante. Consideragées finais Neste trabalho foi apresentada a possibilidade de uso de biofertilizantes, produzidos com residuos orgdnicos de facil acesso, como insumos vidveis para © manejo de solo em sistemas de pro- dugo. Acredita-se que 0 uso continua- do desse insumo, associado ao uso de outros insumos e técnicas também de baixo custo, como composto organico, adubagdo verde, cobertura morta e rota- go de culturas, promove melhorias sig- nificativas no solo sob cultivo intensive e colabora para o desenvolvimento de sistemas de produgao, onde as plantas nutridas se tornarao mais produtivas e tolerantes ao ataque de pragas. Ressaltase que a recomendagao aqui apresentada foi considerada, nao exclusivamente, mas especialmente vol- tada para aqueles produtores de olerico- las, que adotam canteiros suspensos e geralmente nao fazem uso das praticas de calagem e adubagao dos solos que so utilizados para preenchimento dos canteiros. A recomendagao se tora interessante também para aqueles que vislumbram adequagéo aos preceitos da Lei n® 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que regula os sistemas organicos de produgao e proibe a utilizagéo de adubos produzidos por processos indus- triais para aumento de solubilidade. Agradecimentos Aos empregados da Embrapa Amapa Aluizio da Assungao Lopes, José Luiz Leal Dias, Pedro Paulo Batista Serrao, Paulo André Rodrigues da Silva, Raimundo Nonato Teixeira Moura, Edilaldo Santana Nunes, Daniel Marcos de Freitas Aratijo e Leandro Fernandes Damasceno, pelo apoio. Referéncias BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento, Instrugo Normativa n° 64, de 18 de dezembro de 2008. Diario Oficial da Unido, 19 dez. 2008, Segao 1. Disponivel em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/vigilancia- agropecuaria/ivegotal/bebidas-arquivos/in-no-64- de-18-de-dezembro-de-2008.pdfiview. Acesso ‘om: 1 jan. 2018, BRASIL. Lei n° 10831, de 23 de dezembro de 2003. Dispée sobre a agricultura organica e da outras providéncias. Didtio Oficial da Unido, p. 8, 24 dez. 2003. Disponivel em: http://www. planalto.gov.briccivil_03/LEIS/2003/L.10.831 htm. ‘Acesso em: 1 jan. 2018. DINIZ, E. R.: VARGAS, T. O.; PEREIRA, W. D.; SANTOS, R. H. S.; URQUIAGA, S.; MODOLO, A. J. Levels of Crotalaria juncea on growth, production, recovery and efficiency of the use of N in broccoli. Horticultura Brasileira, v. 35, n. 3, p. 395-401, jul/set. 2017 ESPINDOLA, J. A. A.; ALMEIDA, D. L. GUERRA, J. G. M. Estratégias para utilizagao de leguminosas para adubagao verde em unidades de produgao agroecolégica. ‘Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2004. 14 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 174) NEVES, A. C.; BERGAMINI, C, N.; LEONARDO, R. 0; GONGALVES, M. P.; ZENATTI, D. C.; HERMES, E. Effect of biofertilizer obtained by anaerobic digestion of cassava effluent on the development of crambe plants, Revista Brasil de Engenharia Agricola e Ambiental, v. 21, 1. 10, p. 681-685, 2017. SOARES FILHO, C. V.; HEINRICHS, R.; PERRI, S.H.V.; CORREIA, A. C. Atributos quimicos no ‘solo e produgao de Cynoden dactylon cv. Tierra Verde sob doses de biofertilizante organico. Revista Brasileira de Satide e Produgao Animal, v. 16, n. 1, p. 23-35, 2015. Embrapa Amapé Rodovia Juscelino Kubitschek, n° 2.600, (Comnié Lncal do Publicagioe Km 05, CEP 68903-619 Presidente Caixa Postal 10, CEP 68906-970, Sonia Maria Schaofor haar Secrolirio-Executvo Fone: (96) 3203-0201 Daniol Marcos de Freitas Araijo ‘wivw.ombrapa be nw ombrapa bifale-conosco!sac Membros ‘Adolina do Socorro Serro Belém, Eisabote ¥ odigao,

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