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Davy Lucas Klein Balen – 21200965

Resumo do Excerto:
A Segunda Grande Depressão

“Tal como alguns poetas e políticos, e algumas mulheres encantadoras, há anos


que estão fadados para uma fama que os destaca da maioria: 1929 é um desses
anos” (Galbraith). Está data lembra a mais alta taxa de desemprego que o mundo
capitalista conheceu no Século XX, assim como é o ponto que anuncia a morte da
doutrina de Smith e do capitalismo liberal. Das cinzas da
Grande Depressão emergira o Estado intervencionista, o Leviatã moderno que
evitará novas crises. Sua fome inesgotável, porém crônica, em virtude da mãe
que o gerou, trará de volta o espectro da guerra, para que o outro cavaleiro do
Apocalipse, a Fome, seja afugentado. O nazismo e fascismo, nessa lógica, tornam-
se figuras menores, capuzes negros de um algo que existia, mais ou menos
aterrorizador, em todo o sistema.

Poucas crises econômicas chocaram tanto seus contemporâneos como a de 1929.


O próprio presidente Hoover, no dia seguinte à histórica “Quinta-Feira Negra”
de Wall Street, proclamava que “o negócio fundamental deste país, ou seja, a
produção de distribuição de bens de consumo, está-se desenvolvendo em bases
sólidas e prósperas”. A aparente paz que transmitia essa confiança aos dirigentes
e investidores em geral é que se transformou numa bomba de efeito retardado
que explodiu em Wall Street. Os efeitos de 29, ao atingir o mundo capitalista
como um todo e em todos os níveis sociais (ao contrário das crises anteriores),
gerarão ondas sucessivas de desemprego, deflação e falências que só a
intervenção estatal a médio prazo, e a Segunda Guerra Mundial, a longo prazo,
conseguirão contornar.

De acordo com Galbraith a “Grande Derrocada” de 1929 é mais facilmente


explicada do que a “Grande Depressão” que se seguiu (separação para fins
analíticos da eclosão da crise, das causas de sua continuação). Assim, a questão
central para a crise do mercado de ações foi a especulação alimentada pelo
excesso da confiança nos padrões anormalmente perfeitos da sociedade
americana. Dessa forma, o descontrole especulativo que daí surgiu não pôde ser
dominado pelos mecanismos clássicos, pois não havia “um anteparo entre os
capitais absorvidos pela vida econômica e os empregados na Bolsa”. Mesmo
como aumento de 20% ano na taxa de juros, os bancos federais tornaram-se
imponentes diante da especulação e limitaram-se, então, a acompanhar o
movimento, neste sentido, os investiments trusts, especializados em emissão e
colocação de títulos, contribuíram fortemente para a crise, pois investiam
quantidades superiores aos seus recursos e capitais, refazendo os valores
disponíveis e originando alta dos preços.

Não obstante, nas palavras de Galbraith: “Muito mais importante do que a taxa
de juros e o crédito é a disposição geral das pessoas. A especulação em larga
escala exige um sentido penetrante de confiança e de otimismo e a convicção de
que as pessoas comuns estão destinadas a ser ricas”. Portanto, a queda do valor
das ações teve sem dúvida seus efeito negativo sobre o mercado, desde a
diminuição de muitos orçamentos familiares que contavam com a Bolsa até a
retratação geral dos investimentos provocados pela perda de confiança no
sistema econômico, ou seja, pela desaparição daquilo que era, como um
“lubrificante da engrenagem econômica”. Todavia, culpar apenas Wall Street ou
seus reflexos pela Grande Depressão é não perceber que, em todos os setores, o
mercado apresentava sinais de instabilidade.

Por conseguinte, dada à derrocada financeira, muitos imaginaram que a


economia logo retornaria à normalidade, já que, como muitos sempre haviam
afirmado, a base do sistema era suficientemente forte para suportar aquilo que
parecia ser um estrego circunstancial e passageiro. O fato de que nada disso tenha
ocorrido e de que a crise tenha persistido nos anos seguintes, provocando uma
série de reações em cadeia, talvez seja a maior prova de que toda a economia
estava, na verdade, sem resistência. Tendo em vista isso, autores como:
Schumpeter, Rostow, Lesoud, Coben e Ellswoth. Colocam, embora de formas
diferentes, a crise financeira como reflexo ou, pelo menos, secundária em relação
à crise industrial, montando que a confiança gerada pelos prósperos anos 20
trouxeram uma crescente onda de investimentos no setor industrial, originado
uma crise de superprodução pela incapacidade de o mercado consumidor
acompanhar a velocidade do produtor.

Para W. W. Rostow, a persistência da depressão deve-se à liderança dos bens de


consumo de massa que existiam pleno emprego para que houvesse um bom
retorno do investimento. Além disso, a indústria de base é dominada pela de
bens de consumo, pois a procura de automóveis ou conservas depende do
aumento do mercado interno (e, portanto, do nível de renda), enquanto a procura
por ferrovias ou navios, típica do Século XIX, independe desse fator. Destarte,
como decorrência do domínio econômico exercido pelos EUA sobre o mundo e,
em particular, sobre a Europa, a crise acabou por atingi-la, consequentemente,
afetando-os em sua sustentação financeira, e obrigando os EUA a repatriar seus
capitais.

Quando a crise parecia amainar, o maior banco austríaco, o Credit-Anstalt


chegou à insolvência, gerando pânico nos principais centros financeiros do
mundo. A retirada dos capitais da Alemanha e da Inglaterra levou ao abandono
de pagamentos do padrão-ouro e à flutuação da libra de acordo com o Balanço
de pagamentos o que fez chegar a 30% da paridade de dezembro de 1931. O
fenômeno acabou por atingir os EUA que de fins de 1931 até início de 1933,
assistiram à falência de 8.812 bancos. Essa segunda onda é explicada não só como
decorrência da primeira, mas também em função da estrutura bancária
americana.

Isto posto percebe-se que a crise trouxe um violento choque social que variou do
aumento de divórcios até a queda do índice de investimentos na educação. A
incapacidade das agências particulares de auxílio social de solucionarem o
problema obrigou o Estado a assumir esse papel. Aumentaram as favelas em
torno dos centros urbanos assim como a subalimentação e até mesmo a agitação
social. Afim de contas, o americano não conseguia compreender como passara
tão rapidamente da prosperidade para a depressão.

Referências Bibliográficas:
FRANCO, Hilário, CHACON, Paulo. História Econômica Geral. São Paulo, Atlas, 1978.

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