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O FINGIMENTO ARTISTICO Nos poemas «Autopsicografia» (p. 25) e «Isto» (p. 27), Fernando Pessoa apre- senta a ideia que tem sobre a criagao postica, ou seja, sobre como se escreve um texto lirico. (Por outro lado, também desenvolveu esta ideia em cartas e Noutros textos em prosa.) Em «Autopsicografia» e «Isto», 0 eu liico defende que o poeta nao pretende representar diretamente os seus sentimentos e as suas experiéncias interiores tal qual os viveu. Nesta sua conce¢ao de poesia, Pessoa afirma que 0 poeta parte das emogdes que experienciou («a dor que deveras sente») e representa- as poeticamente, por palavras, transformando essas emog6es em arte, ao com- por 0 poema. A escrita poética resulta, portanto, de um processo de racionalizagao dos senti- mentos e de imaginacao artistica (trabalho poético) para escrever 0 poema. Pessoa chama a esse processo fingimento artistico: «O poeta é um fingidor». Mas fingimento néo significa aqui falta de autenticidade ou de sinceridade. O poeta apenas ganha distanciago em relagdo aos seus sentimentos para os poder representar esteticamente, por palavras. Pessoa chega a afirmar que a sensibilidade é inimiga do posta. Em escritos em prosa, o autor faz entdo distingdo entre dois tipos de poesia: a que é explicada em «Autopsicografia», em que 0 posta é critico, reflexivo e trabalha cuidadosa- mente a palavra e a forma no processo de criagao; , por outro lado, a poesia em que 0 poeta se diz «sincero» e espontaneo ao escrever uma composicao postica. Quanto ao leitor, cujo papel na interpretacao da poesia é referido na estrofe dois de « Autopsicografia», a dor que ele ndo tem sao os sentimentos que experiencia na interpretaco do poema e que ndo é a sua — no viveu esas emogées, elas desencadeiam-se na leitura do poema SONHO E REALIDADE ‘Algans posmas de Pessca otro atm o tema do soe, abordando-o am can- trast com a nogSo de realidade, Ene estes cntan-se «As vezes, em sonho tates, «Domi, soak. No infrme labntos,«Enire sono eo sono» (p35), ‘sp sel 86 sno, 88 ride» (o.33) «Sono sem fen nem undo © eco das composites posticas qe versa este ta ni eneontra a felie- dade ne reside do uetono porque se sere tomado pola ruta, plo wo (21 pel ei. O Sonho@ a dimenséo em que ele se idealiza «on cr corsegur realzar-se eating a pletude ovo ello: metaoricarente, referee a este ‘como sum pals / Onde ser faz cnsiste / Apenas om ser feliz» («AS vezes, en soho Na pocsa de Pessaa,oespag ents (ou sj, 0 mundo do sono) ndo funciona ‘como uma evaso ou um escape Eanes um auto gar onde eu acredita que pode ecuperar uma experiéncia perdida (sda ici) cu set 0 que no Se € m9 rund sea (0.6 sonkado no 6 ua cura pesos: 6, sin, uma outa feta do eu ice: +N Sei s0 6 sono, se realidade, So uma mistura de sonho @ vida (N&O 50 0 6 sonho, serealdades, p33) sujato sents, pi, did ene o que 6 «ea Imostes 00 qu dessiata ser. Ess smart presente nests dos mundos: fs soos, defacto, ead sori que soars ou, recrend alas

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