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Fundamentos do Controle

de Ruído Industrial
Contextualização A palavra lei designa um comando
ou uma determinação. Na esfera do Direito, trata-se
de um preceito jurídico escrito, emanado de um poder estatal competente, com
caracte-
rísticas da generalidade (igual a todos), da coercitividade (dever de conduta) e da
duração
(tempo de vigência).
No mundo do trabalho não é diferente. Existem leis e outros dispositivos legais para
regulamentar as relações de trabalho entre todos os entes envolvidos – empregado,
em-
pregador, Estado e meio ambiente.
O ruído, por se tratar de um agente físico comumente encontrado na
sociedade,
principalmente nos ambientes de trabalho, e, também, por causar danos à saúde do
tra-
balhador ao longo de sua vida laboral, é abordado em diversos instrumentos legais
que
serão estudados nesta unidade.
Uma empresa é responsável pela saúde e segurança de seus trabalhadores. Para fazer

a gestão de saúde e segurança, a empresa deve elaborar, implementar e fazer


cumprir
diversos programas, tais como: PPRA, PCMSO, PCA etc.
Trabalhadores expostos a níveis de ruído acima do limite de tolerância, sem a prote-
ção adequada, têm direito ao adicional de insalubridade.
Trabalhadores que exerceram atividades por 25 anos sob ruídos elevados têm direito

a aposentaria especial.
Uma empresa deve respeitar os limites de ruído ambiental estabelecidos pelas
leis
federais, estaduais e municipais.
Estes, dentre outros assuntos, serão vistos a seguir.
Agora que você já conhece o Napo, que tal assistir a mais um vídeo?
Assista e Reflita ao vídeo “Napo in Stop that Noise “ em:
https://youtu.be/GGr64CY9uqY
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Legislação Trabalhista A Constituição de


1937 estabelecia, em seu artigo 136, que “O trabalho é um dever
social. ... A todos é garantido o direito de subsistir mediante o seu trabalho honesto e
este,
como meio de subsistência do indivíduo, constitui um bem que é dever do Estado
proteger,
assegurando-lhe condições favoráveis e meios de defesa” (BRASIL,1937; SOUTO,
2003).
Até então, as leis trabalhistas brasileiras haviam sido publicadas de forma
independente
e fracionada, o que dificultava sua difusão e aplicação pelo judiciário. Dessa
necessidade,
em 1941 houve a criação da Justiça do Trabalho e, em 1943, a criação da
Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT). Somente após a Constituição de 1946, a Justiça do
Trabalho
passou a integrar o Poder Judiciário. (SOUTO, 2003).
A última alteração do capítulo V do título II da Consolidação das Leis do Trabalho,
re-
lativo à segurança e medicina do trabalho, ocorreu com a Lei 6.514/77,
posteriormente
regulamentada pelo Ministério do Trabalho, através da Portaria 3.214/78, hoje
vigente
(BRASIL, 1943, 1977, 1978).
A Portaria 3.214/78 aprova as Normas Regulamentadoras (NR), que são normas re-
lativas à segurança e medicina do trabalho, “de observância obrigatória pelas
empresas
privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem
como
pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos
pela
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT” (BRASIL, 1978).
Dentre as NR existentes, com relação ao tema ruído, são de interesse:
• NR-6: Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
• NR-7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;
• NR-9: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA;
• NR-15: Atividades e Operações Insalubres.
Todas serão abordadas ao longo do curso.
NR-15: Atividades e Operações Insalubres
A NR-15 trata das atividades e operações insalubres, ou seja, atividades e operações
com exposição a agentes nocivos capazes de causar danos à saúde. Dentre os
agentes
insalubres, estão classificados agentes quantitativos, que possuem limite de
tolerância, ou
qualitativos, onde basta a sua constatação para caracterização da insalubridade.
São os
agentes físicos, químicos e biológicos:
• Agentes físicos: ruído contínuo ou intermitente, ruído de impacto, calor, frio,
radia-
ções ionizantes, radiações não ionizantes, condições hiperbáricas, vibração e
umidade,
listados nos anexos 1 a 10 da NR-15;
• Agentes químicos: podem se apresentar nas formas de poeiras, fumos, névoas, ne-
blinas, gases e vapores, listados nos anexos 11 e 13 da NR-15;
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UNIDADE Legislação e Programas de Segurança
• Agentes biológicos: contemplam os micro-organismos (vírus, bactérias, fungos e
pro-
tozoários), geneticamente modificados ou não, culturas de células, parasitas, toxinas
e
príons, sendo as atividades com exposição às mesmas listadas no anexo 14 da NR-
15
(BRASIL, 1978).
Nesta disciplina nos interessa aprofundar nos anexos 1 e 2 da NR-15, que tratam res-
pectivamente do ruído contínuo ou intermitente e ruído de impacto. Ambos são de
caráter
quantitativo e conferem ao trabalhador a percepção do adicional de insalubridade,
caso os
limites de tolerância sejam ultrapassados sem que se tome as devidas medidas de
proteção.
Ruído Contínuo e Intermitente
Considera-se ruído contínuo aquele cuja variação de nível de pressão sonora
varia
± 3dB durante um período longo de observação (maior que 15 minutos). O ruído
inter-
mitente possui variação igual ou maior que ± 3dB em curtos intervalos de tempo
(menor
que 15 minutos) e superior a 0,2 segundos (SALIBA, 2018). Do ponto de vista
ocupa-
cional, não há diferenciação entre o ruído contínuo e o ruído intermitente.
Portanto,
considera-se ruído contínuo ou intermitente o ruído que não é de impacto
(BRASIL,
1978). Diz o anexo 1 da NR-15:
Quadro 1 – NORMA REGULAMENTADORA 15 – ATIVIDADES E
OPERAÇÕES
INSALUBRES ANEXO I – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO
CONTÍNUO OU INTERMITENTE
NÍVEL DE RUÍDO DB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
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1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação
de
Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto.
2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB)
com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação
“A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao
ouvido do trabalhador.
3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de
tole-
rância fixados no Quadro deste anexo. (115.003-0/ I4)
4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a
má-
xima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado.
5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos
que
não estejam adequadamente protegidos.
6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a
ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de
forma que, se a soma das seguintes frações:
C1 + C2 + C3 ____________________ + Cn
T1 T2 T3 Tn
exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. Na equação
acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de

ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível,


segundo o Quadro deste Anexo.
7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído,
contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada,
oferecerão risco grave e iminente.
Ruído de Impacto
Considera-se ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica
de
duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo (BRASIL,
1978).
Diz o anexo 2 da NR-15:
NORMA REGULAMENTADORA 15 – ATIVIDADES E OPERAÇÕES
INSALUBRES
ANEXO II – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO
1. Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica
de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo.
2. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com
medidor de
nível de pressão sonora operando no circuito linear de resposta para impacto. As
leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância
para ruído de impacto será 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído
existente deverá ser avaliado como ruído contínuo.
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UNIDADE Legislação e Programas de Segurança
3. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de
resposta para impacto, será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida
(FAST)
e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será 120 dB(C).
4. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção
adequa-
da, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito

de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de res-


posta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente.

Legislação Previdenciária O Decreto


3.048/99, que aprova o regulamento da Previdência Social, garante ao
segurado os benefícios e serviços de: aposentadoria por invalidez,
aposentadoria por
idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, auxílio-
doença,
salário-família, salário-maternidade e auxílio-acidente (BRASIL, 1999).
Atualmente, o trabalhador comum se aposenta após 35 anos de contribuição, se
homem,
e 30 anos, se mulher. No caso de segurados que trabalham expostos a elevados
níveis de
ruído, é devida a aposentadoria especial após 25 anos de trabalho.
No âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), têm direito à
aposentadoria
especial os segurados que trabalharam por 25 anos sob as seguintes intensidades de
ruídos:
• Acima de 80 decibéis até 05/03/1997;
• Acima de 90 decibéis de 06/03/1997 até 18/11/2003;
• Acima de 85 decibéis a partir de 19/11/2003.
O INSS pode não reconhecer a aposentadoria especial por exposição ao ruído, baseado
na
justificativa de que o uso de equipamento de proteção individual (EPI) neutralizaria seus
efeitos.
O Poder Judiciário tem entendido que é devida a aposentadoria especial para
empregados que trabalharam por 25 anos sob as seguintes intensidades de ruídos:
• Acima de 80 decibéis até 05/03/1997;
• Acima de 85 decibéis a partir de 06/03/1997.
Ainda, no que se refere ao uso de EPI, o Judiciário é pacífico por entender que o seu
uso
não descaracteriza a nocividade do agente insalubre ruído, e que este não é capaz de
atenuar
os efeitos extra-auditivos da exposição.
Laudo Técnico das Condições do
Ambiente de Trabalho (LTCAT)
A concessão da aposentadoria especial depende da comprovação:
I. do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente;
II. da exposição do segurado aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou a
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física;
III. ou seja, neste estudo, da exposição permanente a níveis elevados de ruído.
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A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos é feita
me-
diante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico
de
condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de
segurança do trabalho (BRASIL, 1999).
No laudo técnico, deverão constar informações sobre a existência de tecnologia de
proteção coletiva ou individual, de sua eficácia, e deverá ser elaborado com
observância
das normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos procedimentos
esta-
belecidos pelo INSS (BRASIL, 1999).
A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes
no-
civos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir
documento
de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará
su-
jeita às penalidades previstas na legislação (BRASIL, 1999).
Qual profissional pode elaborar o LTCAT?
Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico do trabalha-
dor, contemplando as atividades desenvolvidas durante o período laboral,
documento
que a ele deverá ser fornecido, por cópia autêntica, no prazo de trinta dias da
rescisão
do seu contrato de trabalho, sob pena de sujeição às sanções previstas na
legislação
aplicável (BRASIL, 1999).
O perfil profissiográfico é um documento com o histórico laboral do
trabalhador,
segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter o
re-
sultado das avaliações ambientais, o nome dos responsáveis pela monitoração
biológica
e das avaliações ambientais, os resultados de monitoração biológica e os dados
adminis-
trativos correspondentes (BRASIL, 1999).
Quadro 2 – Seção 15 do PPP
15 – EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCOS:
15.1 –
Período
15.2 –
Tipo
15.3 –
Fator de
Risco
15.4 –
Intensidade/
Concentração
15.5 –
Técnica
Utilizada
15.6 –
EPC Eficaz
(S/N)
15.7 –
EPI Eficaz
(S/N)
15.8 –
CA EPI
__/__/__ a
__/__/__
A seção 15 do PPP trata da exposição a fatores de risco. Devem ser preenchidos:
• Período de exposição ao risco;
• Tipo: neste estudo, físico;
• Fator de risco: neste estudo, ruído;
• Intensidade/Concentração: neste estudo, o nível em dB mensurado;
• Técnica utilizada: tipo de avaliação utilizada para obtenção da intensidade/concen-
tração;
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UNIDADE Legislação e Programas de Segurança
• EPC Eficaz (S/N): se existe Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) eficaz. Sim
ou não.
• EPI Eficaz (S/N): se existe Equipamento de Proteção Individual (EPI) eficaz. Sim
ou não.
• CA EPI: O Certificado de Aprovação (CA) do EPI utilizado, quando houver.
Acesse o PPP na íntegra em: https://goo.gl/pkCfyo
Programa de Conservação Auditiva (PCA)
A Ordem de Serviço INSS/DAF/DSS nº 608, de 05/08/1998, aprova a norma

técnica sobre perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis


elevados
de pressão sonora de origem ocupacional. Seu anexo II trata do Programa de
Conserva-
ção auditiva (PCA) (BRASIL, 1998). Basicamente, aplicam-se os fundamentos do
PPRA
para o risco físico ruído.
Conforme a ordem de serviço citada, para que o PCA seja eficaz, este deve conter:
1) Monitorização da exposição ao nível de pressão sonora elevado, a fim de:
a) avaliar a exposição de trabalhadores ao risco;
b) determinar se os níveis de pressão sonora elevados presentes podem interferir
com a comunicação e a percepção audível de sinais de alerta;
c) priorizar os esforços de controle do nível de pressão sonora elevado e definir e
estabelecer práticas de proteção auditiva;
d) identificar trabalhadores que vão participar do PCA;
e) avaliar o trabalho de controle do nível de pressão sonora elevado.
2) Controles de engenharia e administrativos: considera-se medidas de engenha-
ria como toda modificação ou substituição de equipamento que cause
alteração
física na origem ou na transmissão do nível de pressão sonora elevado (com exce-
ção dos EPI), reduzindo os níveis sonoros que chegam ao ouvido ao trabalhador.
As medidas administrativas são aquelas que têm por objetivo alterar o esquema de
trabalho ou das operações, produzindo redução da exposição, como, por exem-
plo, rodízio de empregados nas áreas de nível de pressão sonora elevado, funcio-
namento de determinadas máquinas em turnos ou horários com menor número
de pessoas presentes etc.
3) Monitorização audiométrico: tem como principal função a conservação auditiva
dos trabalhadores e funciona como uma das medidas de controle e avaliação da
efetividade do PCA. Serve para:
a) estabelecer a audiometria inicial de todos os trabalhadores;
b) identificar a situação auditiva (audiogramas normais e alterados), fazendo
o
acompanhamento periódico;
c) identificar os indivíduos que necessitam de encaminhamento ao médico otorri-
nolaringologista com objetivo de verificar possíveis alterações de orelha média;
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d) alertar os trabalhadores sobre os efeitos do nível de pressão sonora elevado,
bem como fornecer-lhes os resultados de cada exame;
e) contribuir significativamente para a implantação e efetividade do PCA.
Os audiogramas iniciais devem ser utilizados como referência e comparados, em ca-
ráter coletivo ou individual, com os exames realizados posteriormente, de modo a
verifi-
car se as medidas de controle do nível de pressão sonora elevado estão sendo
eficazes.
O diagnóstico de perda de audição não desclassifica o trabalhador do exercício de
suas funções laborativas. A monitorização deve ser utilizada como prevenção
da
progressão de perdas auditivas induzidas por ruído e não como meio de exclusão de
trabalhadores de suas atividades. Os trabalhadores devem receber cópia dos resulta-
dos de seus audiogramas.
4) Indicação de Equipamentos de Proteção Individual – EPI: o protetor au-
ricular tem por objetivo atenuar a potência da energia sonora transmitida ao
aparelho auditivo. A seleção do EPI mais adequado a cada situação é de respon-
sabilidade da equipe executora do PCA. Para tanto, alguns aspectos devem ser
considerados quando da seleção destes:
• nível de atenuação que represente efetiva redução da energia sonora que atinge as
estruturas da cóclea;
• modelo que se adeque à função exercida pelo trabalhador;
• conforto;
• aceitação do protetor pelo trabalhador.
5) Educação e motivação: O conhecimento e o envolvimento dos trabalhadores
na implantação das medidas são essenciais para o sucesso da prevenção da ex-
posição e seus efeitos. Prevê a execução de programas de treinamento, cursos,
debates, organização de comissões, participação em eventos e outras formas
apropriadas para essa aquisição.
As atividades integrantes do processo de informação devem garantir aos trabalhado-
res, no mínimo, a compreensão das seguintes questões:
a) os efeitos à saúde ocasionados pela exposição a nível de pressão sonora elevado;
b) a interpretação dos resultados dos exames audiométricos;
c) concepção, metodologia, estratégia e interpretação dos resultados das avalia-
ções ambientais;
d) medidas de proteção coletivas e individuais possíveis.
6) Conservação de registros: A empresa deve arquivar todos os dados referen-
tes a resultados de audiometrias, bem como avaliações ambientais e medidas
adotadas de proteção coletiva por período de 30 anos. Esses dados devem estar
disponíveis para os trabalhadores, órgãos de fiscalização e vigilância.
7) Avaliação da eficácia e eficiência do programa: Para que o PCA alcance
seus objetivos, é necessário que sua eficácia seja avaliada sistemática e periodi-
camente. A avaliação deve consistir dos seguintes aspectos básicos:
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UNIDADE Legislação e Programas de Segurança
·avaliação da perfeição e qualidade dos componentes do Programa;
·avaliação dos dados do exame audiológico;
·opinião dos trabalhadores (BRASIL, 1998).
Saiba mais sobre o PCA em: https://youtu.be/WFf6e1NYXGo
eSocial
O Decreto nº 8.373/14 instituiu o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações
Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). Por meio desse sistema, os
empregado-
res comunicam ao Governo, de forma unificada, as informações relativas aos
trabalha-
dores, tais como:
• GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social.
• CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para controlar
as
admissões e demissões de empregados sob o regime da CLT;
• RAIS – Relação Anual de Informações Sociais;
• LRE – Livro de Registro de Empregados;
• CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho;
• CD – Comunicação de Dispensa;
• CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social;
• PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário;
• DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte;
• DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais;
• QHT – Quadro de Horário de Trabalho;
• MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais;
• Folha de pagamento;
• GRF – Guia de Recolhimento do FGTS;
• GPS – Guia da Previdência Social.
A transmissão eletrônica dos dados simplifica a prestação das informações
referentes
às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, de forma a reduzir a
burocracia e
substitui o preenchimento e a entrega de formulários e declarações a cada ente.
O eSocial é uma ação conjunta dos seguintes órgãos e entidades do governo federal:
Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB, Caixa Econômica Federal, Instituto
Na-
cional do Seguro Social – INSS e Ministério do Trabalho – MTb.
O eSocial prevê o fornecimento de dados referentes a:
• Ambientes de trabalho: descrição de todos os ambientes de trabalho, indicando
os respectivos fatores de risco existentes, independentemente de ter atingido o nível
de ação ou limite de tolerância.
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• Equipamentos de proteção: descrição de todos os equipamentos de proteção
coletiva
(EPC) e equipamentos de proteção individual (EPI), com respectivos certificados de
aprovação (CA), existentes na empresa.
• Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT): preenchimento da CAT com os
dados referentes ao acidente ocorrido.
• Monitoramento da saúde do trabalhador e exame toxicológico: descrição das
avaliações clínicas bem como exames complementares aos quais o trabalhador

foi submetido.
• Condições ambientais de trabalho – fatores de risco: informa a exposição do
trabalhador a agentes insalubres, perigosos e/ou especiais.
• Treinamentos e capacitações: prestação de informações sobre os treinamentos,
capacitações, exercícios simulados realizados, bem como informações aos
trabalhadores relativas à segurança e saúde no trabalho.
É muito importante que exista consistência, coerência e integração entre os
programas
de saúde e segurança do trabalho, visto que os dados serão “cruzados” através do
eSocial.
Saiba mais sobre o eSocial em: https://goo.gl/TQy1ig

Legislação Ambiental Existem legislações


ambientais brasileiras, nos níveis federal, estadual e municipal.
O Artigo 225 da Constituição Federal garante o direito ao meio ambiente
ecologica-
mente equilibrado. Ainda na esfera federal, o Conselho Nacional de Meio
Ambiente
(CONAMA), publicou a Lei nº 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio
Ambiente, regulamentada pelo Decreto nº 99.274/90. A Resolução CONAMA nº
001,
de 08.03.1990, estabelece critérios e padrões para a emissão de ruídos, em
decorrência
de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas. Já a
Resolução
CONAMA nº 002, de 08.03.1990, institui o Programa Nacional de Educação e Con-
trole de Poluição Sonora – Silêncio.
As normas técnicas nº 10.151 e 10.152, da Associação Brasileira de Normas Técni-
cas (ABNT), dispõem sobre: Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas,
visando
o conforto da comunidade – Procedimento e Níveis de Ruído para Conforto
Acústico,
respectivamente.
Acesse a Norma ABNT NBR 10151 – Acústica – Avaliação do
ruído em áreas habitadas,
visando o conforto da comunidade – Procedimento, em:
https://goo.gl/UNMs1P
Acesse a Norma ABNT NBR 10152 – Níveis de Ruído para
Conforto Acústico, disponível em:
https://goo.gl/WH1kYi
As legislações estaduais e municipais devem ser avaliadas conforme a localidade de
atuação. Nesta unidade, tomaremos a cidade de São Paulo – SP, como referência.
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UNIDADE Legislação e Programas de Segurança
Na esfera estadual, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
( CETESB),
ligada à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, coordena ações de
ges-
tão ambiental relativas à poluição sonora em caráter preventivo e em caráter
corretivo,
quando ocorre incômodo na comunidade. No estado de São Paulo, as ações de
controle
de ruído são principalmente voltadas ao controle de fontes industriais. Alguns
municípios
executam o controle de outras atividades, geralmente nos casos onde ocorre
alguma
reclamação por parte da população.
Na esfera municipal, a Prefeitura da cidade de São Paulo instituiu o
Programa
Silêncio Urbano (PSIU), com o objetivo de atender a legislação, combater a
poluição
sonora e tornar mais pacífica a convivência entre os cidadãos. O PSIU fiscaliza esta-
belecimentos comerciais, indústrias, instituições de ensino, templos religiosos, bailes

funk/pancadões etc., sendo que a Lei não permite a vistoria em residências e obras.
Com a aprovação da Lei 16.402/16, regulamentada pelo Decreto nº 57.443/16, foi
estabelecido no Artigo 113, que os usos residenciais e não residenciais deverão
atender
aos parâmetros de incomodidade relativos a: I – ruído; II – vibração
associada; III –
radiação; IV – odores; V – gases, vapores e material particulado, em conformidade
com o Quadro 4B desta lei. Ainda, no Artigo 146, fica proibida a emissão de ruídos
produzidos por quaisquer meios ou por quaisquer espécies, com níveis superiores
aos determinados pela legislação federal, estadual ou municipal, prevalecendo
a
mais restritiva.
Para a avaliação de ruído ambiental na cidade de São Paulo:
• Aplicam-se a legislação pertinente e as normas técnicas brasileiras – ABNT em vigor.
• No caso dos aeroportos, aplica-se o nível de ruído conforme norma técnica especí-
fica (SÃO PAULO, 2016).

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