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Educação Literária
A (48 pontos)
18/09/1933
Fernando Pessoa, Poesias.
B (40 pontos)
Lê as seis estrofes iniciais do poema “O Sentimento dum Ocidental”, de Cesário Verde.
4. Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético e relaciona-o com os efeitos que a cidade
nele provoca.
5. Identifica duas características temáticas da poesia de Cesário Verde, fundamentando a tua
resposta com elementos textuais pertinentes.
6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada
espaço.
Nestes versos são utilizados alguns recursos expressivos frequentes na poesia de Cesário
Verde: na expressão “as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia” (v. 3) está presente uma ____ a)
____; a comparação ocorre, por exemplo, em ____ b) ____.
a) b)
1. comparação 1. “E os edifícios, com as chaminés, e a turba / Toldam-se
duma cor monótona e londrina” (vv. 7-8).
2. metáfora
2. “” (v.)
3. enumeração 3. “Singram soberbas naus” (v. 24).
4. “Como morcegos, ao cair das badaladas, / Saltam de viga
4. personificação
em viga os mestres carpinteiros” (vv. 15-16).
1
pequena embarcação.
2
PALAVRAS 12
C (16 pontos)
“Fernando Pessoa buscou avidamente a felicidade, como quem nasceu para ser feliz. Buscou
sem encontrar, porque cedo o torturou a fome inextinguível de conhecer.”
Fernando Pessoa, Páginas de Estética, Teoria e Crítica Literárias (Prefácio)
Partindo do juízo expresso na afirmação acima transcrita, apresenta, num texto de oitenta a
cento e trinta palavras, o aspeto da poesia de Fernando Pessoa ortónimo destacado. O teu
comentário deverá atestar, através de exemplos, a tua experiência de leitura.
O surto da nossa Vanguarda literária está, sem dúvida, relacionado com o aparecimento
do movimento modernista, sobretudo a partir da publicação em 1915 da revista Orpheu. Aí se
fez sentir, realmente, uma violência no campo expressivo que muito contribuiu para uma
essencial subversão de formas. Tal movimento acabou por pôr em questão os processos de
5 expressão tradicionais, os quais se dirigiam a um público de gosto conservador – os
“lepidópteros burgueses”, como lhes chama Mário de Sá-Carneiro – que logo denunciará como
loucura o que esses escritores iam realizando.
Com efeito, o Modernismo (...) representa na história da literatura um momento que
corresponderia à consciência duma rutura total. A apreensão dessa rutura talvez advenha duma
10 vocação especial para emitir juízos de valor, através daquela atitude polémica a que nos
referimos e que se poderia tomar tão provocatória como a do “fora tu” atirado às mais
destacadas figuras literárias do seu tempo por Álvaro de Campos, no “Ultimatum”.
Mas há um certo perigo em confundir esses juízos de valor com a tal rutura que, visível
na sua aparência cultural, acabaria por não existir como algo que se demarcasse em termos
15 absolutos. Julgava-se, afinal, como totalidade isolável o que era um momento da continuidade
aberta por um certo discurso. Neste caso, aquilo que era entendido como rutura poderá ser
entrevisto em termos de sutura.
Com efeito, a palavra continuidade pode ser entendida, relativamente à produção
literária, em dois sentidos diferentes. Por um lado, significaria algo que aplainaria a própria
20 realidade textual ao nível dum denominador comum de natureza temática ou estilística. Por
outro lado, apontaria para a realização duma leitura renovada dos textos, aferida por um
discurso que acaba por se tornar homólogo e que era capaz, não de encontrar, mas antes de lhes
propor uma identidade na sua diferença real.
Fernando Guimarães, Simbolismo, Modernismo e Vanguardas.
3
PALAVRAS 12
3. No segmento “que logo denunciará como loucura” (l. 5), o antecedente do pronome
relativo “que” é
(A) “movimento” (l.3)
(B) “um público de gosto conservador” (l.4)
(C) “lepidópteros burgueses” (l.5)
(D) “Mário de Sá-Carneiro” (l.5)
4
PALAVRAS 12
Escrita
Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um
deles com um exemplo significativo.
Bom trabalho!
5
Teste 12.º ano
outubro 2019
PROPOSTA DE CORREÇÃO
GRUPO I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
A
1. O sujeito poético reconhece o seu lado emotivo.
Na verdade, admite que chega a convencer-se de que é regido por emoções, por
sentimentos (“Tenho tanto sentimento / Que é frequente persuadir-me / De que sou
sentimental.”), mas acaba por afirmar que esse sentimento não é nada mais do que
pensamento que não sentiu na realidade, é uma emoção racionalizada, como comprova a
expressão ”tudo isso é pensamento”.
Concluindo, o “eu” tem consciência da construção da sua emotividade.
2. O eu lírico reconhece alguma semelhança entre si e os outros.
Assim, em todos os outros, como nele, há dualidade entre uma vida vivida e uma
vida pensada, entre o sentimento e a razão, mas que “a única vida que temos / É essa
que é dividida / Entre a verdadeira e a errada.”.
Em suma, a vida está dividida entre dois polos: a realidade e a imaginação.
3. O sujeito poético manifesta dúvida quanto à vida vivida e à vida pensada.
Efetivamente, não sabe explicar, como ninguém sabe, qual das duas vidas, a
sentida ou a pensada, é a verdadeira ou a errada. No entanto, opta, nos dois últimos
versos, por admitir que a nossa vida “É a que tem que pensar”.
Em conclusão, o sujeito parece admitir a inevitabilidade de se pensar sobre a
nossa vida.
B
4. O estado de espírito do sujeito poético é influenciado pela cidade de Lisboa.
Na verdade, ao percorrer as ruas de Lisboa, perceciona a cidade como um espaço
de aprisionamento, conotado com a escuridão e com o valor simbólico negativo da
noite: “sombras” (v.3), “gaiolas” (v.13), “morcegos” (v.15). Ao deambular, sente que o
ambiente soturno e melancólico da cidade o afeta física e psicologicamente, despertando
nele uma morbidez, “um desejo absurdo de sofrer” (v.4). Há, portanto, uma relação
causa/consequência entre o espaço exterior e o estado de alma do sujeito poético
expressa pela subordinação “Há tal soturnidade (…) que as sombras (…) despertam-
me” (vv. 2 a 4).
Em suma, os aspetos negativos da cidade interferem com e estado emocional do
sujeito.
5. Neste excerto de “O Sentimento dum Ocidental” estão presentes algumas das
características temáticas da poesia de Cesário Verde.
Na verdade, por um lado, Lisboa é-nos apresentada a partir da deambulação do
sujeito poético, que se embrenha “por boqueirões, por becos” ou erra pelo “cais”. Por
outro lado, a cidade, lugar de atração e de repulsa, que asfixia, que apresenta o binómio
oprimidos/ociosos, condiciona o desejo de libertação, no espaço e no tempo, por parte
do sujeito poético (“Felizes!” (v.10) os que partem e, por isso, “Ocorrem-me (…)
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo”).
Assim, em resultado das sensações que recebe do ambiente que o rodeia, o “eu”
dá conta de uma cidade que, simultaneamente, o incomoda, asfixia e aprisiona, mas
também o inspira.
1
Teste 12.º ano
outubro 2019
6. a) 3; b) 4.
C
7. Fernando Pessoa concebe a arte poética enquanto processamento estético das
emoções.
Na verdade, cria um sistema altamente intelectualizado que o impede de atingir de
forma espontânea a felicidade. Devido à sua extrema lucidez, Pessoa é incapaz de sentir
apenas, não consegue experimentar momentos de inconsciência, como tanto deseja.
Paradoxalmente, gostaria de “Ter […] alegre inconsciência, / E a consciência disso”, daí
ser uma pessoa infeliz, experimentando a dor de pensar. O sujeito poético afirma que
“Cansa sentir quando se pensa”, pelo que sonha com momentos de espontaneidade e,
consequentemente, de felicidade.
Concluindo, condenado a ser lúcido, a sentir com a imaginação, inveja a
ingenuidade de quem não tem consciência da sua vida dura, mas, contudo, é feliz.
(118 palavras)
GRUPO II
LEITURA|GRAMÁTICA
Item
1. (D)
2. (A)
3. (B)
4. (D)
5. (B)
6. a) Complemento indireto.
7. b) Complemento do nome.
7. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
Grupo III
ESCRITA
Tópicos sugeridos
• emotividade
➢ impulsividade
➢ sentimentos conscientes
➢ geradora de escolhas racionais (estudos de neurocientistas: António
Damásio)
➢ …
• racionalidade
➢ cálculo de riscos
➢ decisões prévias
➢ eficiência
➢ …