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RESUMO
Este artigo tem o objetivo de apresentar, a partir de referenciais teóricos e breve
análise de textos bíblicos a temática acerca do conceito de Reino de Deus no Novo
Testamento, mais precisamente nos Evangelhos. O conceito já é apresentado no
Antigo Testamento, no relacionamento entre Deus e o povo de Israel, passando pela
monarquia, despertando o surgimento da chamada expectativa Messiânica, até sua
realização em Jesus. O método utilizado foram os de pesquisa bibliográfica e análise
de textos bíblicos.
PALAVRAS-CHAVE
Bíblia, Reino de Deus, Jesus, Evangelho.
ABSTRACT
This article aims to present, from theoretical references and brief analysis of biblical
texts, the theme about the concept of Kingdom of God in the New Testament, more
precisely in the Gospels. The concept is already presented in the Old Testament, in
the relationship between God and the people of Israel, passing through the
monarchy, awakening the emergence of the so-called Messianic expectation, until its
realization in Jesus. The method used were bibliographic research and analysis of
biblical texts.
KEYWORDS
Bible, Kingdom of God, Jesus, Gospel.
Neste artigo serão postas algumas questões que irão despertar o leitor na
busca por uma compreensão mais profunda acerca desta temática. Para melhor
orientação o texto está dividido em três partes, sendo que em cada parágrafo pode-
se observar o desenvolvimento do assunto, desde o Antigo Testamento até o Novo
Testamento. Também a relação entre o Reino de Deus e a Igreja é fundamental
para a leitura deste trabalho.
Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o
evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está
próximo; arrependei-vos e crede no evangelho. 2
Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está
próximo o reino dos céus. 3
Ele, porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de
Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado 4.
Jeremias afirma que o termo surge com muita frequência nos sinóticos, em
contraste com o número relativamente pequeno de referências no judaísmo
contemporâneo e no resto do Novo Testamento. Isto indica a importância do ensino
para Jesus e para os escritores dos evangelhos sinóticos. A maneira como a
temática é abordada não encontra paralelos na literatura do meio ambiente de
Jesus.
2 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Mc 1.14–15). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
3 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Mt 4.17). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
4 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Lc 4.43). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
“Reino de Deus é um tema que pode ser rastreado até ao início do Antigo
Testamento. Aparece primeiramente em Gênesis 14, onde encontramos
Abraão oferecendo o dízimo dos despojos de guerra a Melquisedeque, um
misterioso rei que mais tarde recebeu um status semidivino (Sl 110) e a
quem Jesus foi comparado (Hb 5:6). O saltério contém vários salmos “reais”
nos quais o rei é retratado em termos escatológicos que vão além de
qualquer coisa normalmente associado a um governante humano”5.
“Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o mundo para que não se
abale e julga os povos com equidade”. 7
“Reina o SENHOR. Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas”. 8
Percebe-se que nos Salmos correspondentes, o pensamento de Reinado do
Senhor Deus está relacionado com o fato de ser o Criador e sustentador de todas as
coisas que existem. Podemos resumir a questão afirmando que o Senhor fez uma
aliança com Israel e este pacto deveria ser visto como uma relação entre o Rei, o
Senhor Deus e seu povo, que seria um reino de sacerdotes, isto é, aqueles que
iriam glorificá-lo e servi-lo nesta terra.
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha
aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos;
porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação
santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel” 9.
5Bray, G. (2018). O Reino de Deus. In B. Ellis, M. Ward, & J. Parks (Orgs.), Sumário de Teologia
Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press.
6 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Sl 93.1). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
7 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Sl 96.10). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
8 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Sl 97.1). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
9 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Êx 19.5–6). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
estabelecerei o seu trono para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será
por filho; a minha misericórdia não apartarei dele, como a retirei daquele
que foi antes de ti. Mas o confirmarei na minha casa e no meu reino para
sempre, e o seu trono será estabelecido para sempre”. 10
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre
os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e
venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o
estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para
sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” 11.
Segundo Hendriksen:
10 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (1Cr 17.11–14). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
11 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Is 9.6–7). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
A palavra usada no original olha tanto para trás como para adiante.
Portanto, a tradução “convertei-vos” é provavelmente melhor que
“arrependei-vos”. Além disso, a conversão afeta não só as emoções, mas
também a mente e a vontade. No original, o termo usado por João Batista
indica uma mudança radical de mente e de coração, que conduz a uma
mudança completa de vida12
Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu
fazes, se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em verdade,
em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer,
sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda
vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer
da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de
eu te dizer: importa-vos nascer de novo14.
12Hendriksen, W. (2010). Mateus. (V. G. Martins, Trad.) (2a edição em português, Vol. 1, p. 245).
Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.
13 Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.
14 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Jo 3.2–7). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
Ou seja, o início da manifestação do reino de Deus entre os homens seria
através das vidas transformadas e submissas ao governo de Deus em seus
corações. A partir do testemunho dessas vidas redimidas, então o Senhor começa a
estabelecer o seu reinado, seu governo e seu propósito. Tudo começa a partir do
arrependimento para com Deus e a fé na proclamação do Evangelho do Reino, que
anuncia o fim do domínio do pecado e de satanás entre o povo.
Segundo John Stott (1986, p. 18 a 20) apresenta este texto neste sentido. A
simplicidade das palavras e a profundidade das ideias encantam todas as pessoas
que se dedicam à leitura desta passagem da Bíblia. As Bem-aventuranças
descrevem o caráter equilibrado e diversificado do cristão. Trata-se de oito
qualidades do mesmo grupo de pessoas e não características separadas. Ou seja,
de acordo com o autor, os valores deste texto são especificações dadas pelo próprio
Cristo quanto ao que cada Cristão deve ser.
15 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Mt 5.1–12). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
O que pode ser destacado nas Bem-aventuranças é que os humildes em
espírito, os quebrantados de coração, aqueles que buscam a justiça de Deus, são
pacificadores e puros de coração, entre outras características, é que de fato são os
que nasceram no Espírito e vivem para Deus.
16Bray, G. (2018). O Reino de Deus. In B. Ellis, M. Ward, & J. Parks (Orgs.), Sumário de Teologia
Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press.
17 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (At 1.8). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
hospitais, prisões, e assim por diante, a agências missionárias ativas em
exercício em todo o mundo18.
18Bray, G. (2018). A Missão da Igreja. In B. Ellis, M. Ward, & J. Parks (Orgs.), Sumário de Teologia
Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press.
19Kimble, J. (2018). Comunhão na Vida da Igreja. In B. Ellis, M. Ward, & J. Parks (Orgs.), Sumário de
Teologia Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press.
Toda a prática da Igreja deve refletir o Reino de Deus. Paulo afirma em
Romanos no capítulo 14 acerca desta questão:
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e
alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é
agradável a Deus e aprovado pelos homens. Assim, pois, seguimos as
coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros”.20
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que,
antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis
alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”21.
20 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (Rm 14.17–19). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
21 Almeida Revista e Atualizada. (1993). (1Pe 2.9–10). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.
CONCLUSÃO
Desde o livro de Gênesis podemos observar o projeto de Deus para a
salvação do homem. Deus tem se manifestado aos homens mostrando seu poder e
sua soberania, pois a Bíblia é a própria história de Deus com os homens.
Esperamos que este trabalho tenha contribuído para iniciar uma reflexão
acerca da vida da Igreja como comunidade que anuncia e busca viver o Reino de
Deus entre os homens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Bíblia. DE ALMEIDA, J. F. (Trad.). Nova Almeida Atualizada. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 3ª Edição, 2017.
BRAY, In B. Ellis, M. Ward, & J. Parks (Orgs.), Sumário de Teologia Lexham.
Bellingham, WA: Lexham Press, 2018.
HENDRIKSEN, W. (V. G. Martins, Trad.) Mateus. São Paulo, SP: Editora Cultura
Cristã. 2ª edição, 2010.
JEREMIAS, Joachim. Teologia do Novo Testamento, São Paulo. Paulinas, 1977.
LOHSE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento. São Paulo. Paulinas, 2ª
edição, 2004.
SKARSAUNE, Oscar. À Sombra do Templo. São Paulo, Editora Vida, 1ª Edição,
2001.
R. W. STOTT, John. A Mensagem do Sermão da Montanha. São Paulo, Editora
ABU, 1ª Edição, 1986.
STRONG, J. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 1ª Edição, 2002.